Fanfic: Segunda Chance - AyA [Adp] {Finalizada} | Tema: AyA

— Anahi Portilla !
Uma face pálida, menor do que ele se recordava, estava repousada no travesseiro.
— Como você ousa?! Eu lhe avisei que não queria um filho! Achou que eu estava mentindo? Pensou que me forçaria a casar, com essa armadilha?! — Alfonso franziu a testa, ao ver que ela nada dizia.
— Anahi ! Você não me ouviu? — A porta se abriu.
— Suponho que todos o ouviram, sr. Herrera — disse uma enfermeira que fora amiga da mãe dele. — Poderia sair do quarto, por favor?
— Não! Eu quero algumas respostas! — Alfonso encarou Anahi .
Então, ergueu uma sobrancelha. Suas faces muito brancas tinham perdido ainda mais a cor. Antes que pudesse expressar preocupação, a enfermeira o pegou pelo braço.
— Acho que seria melhor você sair. Nossa paciente precisa descansar.
— Anahi !
— Por favor, vá.
Antes que Alfonso pudesse tornar a questionar Anahi , a senhora o conduziu para o corredor.
— Alfonso, qualquer assunto que tenha para discutir com a srta. Portilla terá de esperar, por enquanto. Ela está passando por um momento difícil e precisa de toda energia para se recuperar.
— O que quer dizer? — Então, Alfonso se deu conta de quão pálida e apática Anahi estava. — O que está errado com ela?
— Vocês, homens! A srta. Portilla acaba de ter uma criança! Agora, fique fora daquele quarto ou chamarei o médico!
Alfonso andou de lá para cá, confuso, ainda zangado, porém preocupado. Passou pelo berçário no caminho para o quarto da irmã e parou para ver a criança que diziam ser sua.
Como podia aquela coisinha tão delicada ser parte dele? Até mesmo quando Alfonso Júnior era bebê, não parecera tão pequenino. Ou tão delicado. Bonito como Anahi .
Contraiu os músculos sem querer. Agira mal sete meses atrás quando...
Sete meses! Horrorizado, respirou fundo e se encostou contra a parede. Anahi já estava grávida quando sugerira mudar-se para a casa dele, formarem uma família.
E Alfonso gritara com ela e a mandara-a embora.
Sua mãe o criara para ser um cavalheiro, mas não o fora, naquela ocasião. Gostara do corpo de Anahi . Até mesmo admitia que gostado dela.
Era diferente de Merilee. Sua esposa fora vibrante, cheia de vida, sempre o centro de tudo. Anahi era tranqüila, reservada, às vezes até tímida. Alfonso notara que tinha o mesmo tipo de solidão arrebatadora que ele sentia.
Pensara que Anahi entenderia o porquê de ele não querer nada sério, nada permanente. E também Anahi nunca havia lhe cobrado nada.
Quando a deixou, depois daquela sugestão hesitante, nunca lhe ocorrera que já estivesse grávida. Envergonhara-se do que fizera. Tinha até mesmo considerado desculpar-se, mas não queria que Anahi pensasse que ele mudara de ideia. Sorte dela livrar-se dele e prosseguir sozinha.
Mas não poderia, porque estava grávida.
— Que lástima!
— Alfonso? Admirando meu filho? Ele não é um presente de Deus? — Derrick Kirby, o marido de Maite , lhe interrompeu os devaneios. — Oh, desculpe-me Alfonso! Eu estava tão excitado que me esqueci... quero dizer... Veio ver Maite ?


— Sim — assentiu Alfonso, melancólico. — É isso o que vim fazer.
Os dois seguiram até os aposentos de Maite . A irmã de Alfonso sorria, e Derrick correu para o lado dela, abraçando-a e beijando-a, antes de se referir a Alfonso.
— Ei, meu amor, você viu quem está aqui?
— Alfonso, estou muito feliz que tenha vindo! Você já o viu? Meu bebê não é lindo? — O semblante de Maite transbordava felicidade.
Tudo o que surgiu na mente de Alfonso foi a imagem pálida de Anahi e a tristeza em seu olhar. Observou em volta. O quarto era idêntico, mas o de Maite estava cheio de flores... e com um marido apaixonado.
Anahi não tinha nada.
O remorso o invadiu. Anahi estivera sozinha nos últimos meses. De repente, ficava fácil entender por que sua irmã fora vê-la para oferecer sua amizade depois que eles terminaram e Anahi recusara, alegando que seria muito doloroso.
Alfonso à vezes perguntava a Maite se tinha notícias sobre Anahi . Mas ela não saía muito de casa, vivia reclusa.
Escondendo a gravidez...
— Alfonso? Isso é muito difícil para você? Se for, vá embora, eu entenderei. — Maite ofereceu um sorriso amoroso, esquecendo a própria alegria para se preocupar com o irmão.
Ele se inclinou e a beijou na face.
— Não, querida, estou bem. Seu filho é uma beleza. Tem o direito de se orgulhar.
Os dois o fitaram.
— Já avisaram papai e mamãe?

— Ah, sim, acabei de falar com eles. Devem estar fazendo as malas agora. Papai até sugeriu que mamãe viesse de avião, mas ela insistiu em acompanhá-lo de carro, para certificar-se de que papai não vai se perder. — Maite riu.
Os pais deles eram aposentados e tinham se mudado para a Flórida logo após o casamento de Maite , dois anos antes.
— Quando terá alta? — Alfonso imaginou que, uma vez que os dois bebês tinham nascido no mesmo dia, Anahi iria para casa no mesmo dia também.
— Amanhã ou quinta. O médico disse que dependerá de nossa recuperação. Alfonso, não se incomodou por termos posto seu nome nele?
Ele tentou parecer contente.
— Não, querida, fiquei muito vaidoso. Alfonso Jack son é um nome e tanto. Bem, agora tenho de ir. Precisa de alguma coisa, Maite ?
— Não, querido, Derrick está cuidando muito bem de mim.
E Anahi estava só.
Ela chegara à cidade fazia quase um ano, para ser a nova bibliotecária. Como era tímida, demorou um pouco para fazer amigos, apesar de todos gostarem muito dela.
Alfonso a descobrira por acaso, ao fazer compras para Billy, um caubói aposentado que cuidava de sua casa e da cozinha, e que havia torcido o pé. Anahi se oferecera para ajudá-lo na escolha do livro.
A atração instantânea surpreendeu Alfonso e até mesmo o incomodou, mas Anahi não era uma garota que parecia esperar atenção. Depois de todo o mundo ter tentado empurrá-lo para os braços de alguma mulher, qualquer que fosse, o desinteresse de Anahi era... sedutor.
Assim, no dia seguinte, quando flagrara-se pensando nela, voltara à livraria com alguma desculpa ridícula.