Fanfics Brasil - 012 Amanhecer contigo [Adaptada AyA] (Finalizada)

Fanfic: Amanhecer contigo [Adaptada AyA] (Finalizada) | Tema: Rebelde


Capítulo: 012

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Dulce se calou imediatamente, ainda que parecesse aborrecida. Evidentemente, Alfonso seguia sendo o irmão maior, apesar de sua má saúde. Sua voz tinha o timbre inconfundível da autoridade. Alfonso Herrera estava acostumado a dar ordens e a que estas se cumprissem imediatamente. A manhã que havia passado com ela deveria ir absolutamente conta sua natureza.

Era a primeira vez que Anahí saía ao pátio, e lhe pareceu muito formoso, fresco e cheiroso, apesar do sol brutal do Arizona. As flores e diversas variedades de cactos cresciam em perfeita harmonia com plantas que podiam ser encontradas em climas muito mais amenos. A irrigação cuidadosa explicava a diversidade de plantas. Isso, e o uso bem planificado da sombra. Haviam sido colocadas pedrinhas brancas para formar um caminho, e a fonte central lançava no ar sua água musicalmente, em um jorro perfeito. Ao fundo do pátio, onde uma grade muito alta dava à zona da piscina, havia um banco belamente trabalhado de uma delicada cor cinza pérola. Anahí ignorava de que madeira estava feito, mas era precioso.

O pátio estava, em efeito, desordenado. Evidentemente, os peões que Christopher havia contratado o haviam usado para armazenar os móveis da piscina que lhes estorvavam, e alguns materiais que não necessitavam de momento. Anahí viu, no entanto, que haviam tido cuidado de não mover nenhuma planta; tudo estava colocado sobre as pedras. Mas Dulce correu ao lindo banco e apontou uma larga rachadura que havia no lado.

- Olha! - gritou.

Os olhos de Alfonso brilharam.

- Sim, já estou vendo. Bem, senhorita Anahí, parece que seus trabalhadores fizeram estrago num banco cujo valor considero incalculável. Meu pai deu de presente à minha mãe quando se mudaram para esta casa; ela se sentava aí cada tarde, e é aí onde eu a imagino quando penso nela. Quero que tudo isso desapareça da minha vista antes que causem algum outro dano, e quero que você saia da minha casa.


 


Anahí se preocupava que o banco tivesse sofrido algum dano, e abriu a boca para se desculpar; mas então viu um lampejo de júbilo nos olhos de Dulce e se deteve. Para dar-se tempo a pensar, se aproximou do banco e se inclinou para examinar a madeira arranhada. Passou um dedo pensativamente pela rachadura. Ao dar uma olhada a Dulce, pensou ter distinguido um assomo de nervosismo em seus expressivos olhos.

O que era que a preocupava?

Voltou a olhar o banco e a resposta se fez evidente: a madeira estava estragada, em efeito, mas a rachadura era bastante antiga como para estar desgastada pela intempérie. Certamente, não havia sido feita essa manhã.

Poderia ter acusado Dulce de tentar causar problemas deliberadamente, mas não o fez.

Dulce estava lutando por seu querido irmão, e ainda que sua batalha fosse absurda, Anahí não podia julgá-la por isso. Simplesmente, teria que separá-la de Alfonso para poder continuar com seu trabalho sem interrupções Christopher teria que por pra funcionar aquele cérebro, parecido com um raio laser, para manter sua mulher ocupada.

- Entendo que estejam desgostosos - disse suavemente - mas esta rachadura não é de hoje. Veem? - perguntou, apontando para a madeira - Não é uma cicatriz fresca. Creio que leva aí várias semanas.

Alfonso aproximou a cadeira de rodas e se inclinou para inspecionar o banco. Logo se endireitou lentamente.

- Tem razão - suspirou - De fato, temo que o culpado seja eu.

Alfonso deixou escapar um gemido de surpresa.

- O que está querendo dizer?
- Faz um par de semanas, saí com a cadeira e tropecei com o banco. Como vês, essa rachadura está na altura da roda - esfregou os olhos com uma mão fraca e trêmula - Deus, sinto muito,Dulce.
- Não se culpe! - gemeu ela, e correu a seu lado para dar-lhe a mão - Não tem importância. Por favor, não fique triste. Vem, vamos para dentro. Temos que comer. Sei que você está cansado. Não pode estar te fazendo nenhum bem se esgotar assim. Necessita descansar.


 


Anahí observou Deulce enquanto esta caminhava junto à cadeira, toda amor e preocupação. Sacudiu a cabeça um pouco, entre divertida e exasperada, e os seguiu.

Dulce permaneceu junto a Alfonso o resto do dia, dando voltas ao redor deles como uma galinha que só tem um pintinho. Alfonso estava cansado depois de seu primeiro dia de reabilitação, e se deixou mimar. Ainda que Anahí tinha prevista outra seção de exercícios e massagem, decidiu não apresentar batalha. No dia seguinte... No dia seguinte, tudo seria muito distinto.

Christopher chegou na hora do jantar. Alberta havia dito a Anahí que ele só jantaria ali quando Dulce estivesse; ou seja, todos os dias. Observava sua esposa em silêncio enquanto ela vagava ao redor de Alfonso com nervosismo, e ainda que seu semblante parecesse inexpressivo, Anahí compreendeu que aquilo não lhe fazia nenhuma graça. Depois do jantar, enquanto Dulce acomodava Alfonso em seu escritório, Anahí aproveitou a oportunidade para falar com Christopher em particular.

Saíram ao pátio e se sentaram em um dos bancos dispersos por ali. Anahí levantou o olhar até as incontáveis estrelas que se viam no céu transparente do deserto.

- Tenho um problema com Dulce - disse sem preâmbulos.

Ele suspirou.

- Eu sei. Eu tenho problemas com ela desde o acidente deAlfonso. Entendo como se sente, mas me está deixando louco.
-Alfonso disse hoje que foi ele quem a criou.
- Praticamente. Dulce tinha treze anos quando sua mãe morreu. Foi muito duro para ela. Passaram semanas sem que pudesse perder Alfonso de vista um instante sequer. Parecia sentir que todas as pessoas que amava morriam. Primeiro seu pai; logo, sua mãe. Estava muito unida a ela. Sei que lhe aterroriza que passe algo a Alfonso, mas ao mesmo tempo não posso evitar sentir rancor.
- Pese a quem pesar - disse Anahí com certa tristeza.
- Exato. Quero recuperar minha mulher.


 


-Alfonso disse que você não dá bola pra ela, que está muito aliado ao seu trabalho.

Ele esfregou a nuca com nervosismo.

- Tenho muito trabalho, com Alfonso estando assim. Meu Deus, o que eu não daria por poder ir para casa e desfrutar de um pouco do carinho com que ela asfixia a Alfonso todas as horas.
- Falei com Alberta sobre trocar as fechaduras, mas, quanto mais me enrolo, mais parece que não é uma boa ideia - confessou -Alfonso ficaria furioso se alguém impedisse sua irmã de entrar em sua casa. O problema é que não posso obrigá-lo a cumprir um horário se ela interfere.
- Verei o que posso fazer - disse ele, indeciso - mas qualquer sugestão que suponha que pode afastá-la de Alfonso será recebida como um surto de peste - olhou-a, e seus dentes brilharam tão logo sorriu - Você deve estar com os nervos à flor da pele. Foi interessante o de hoje?
- Teve seus momentos - respondeu ela, rindo um pouco - Atirou o café da manhã em mim.

Christopher desatou a rir.

- Queria ter visto. Alfonso sempre teve mau gênio, mas levava um ano tão deprimido que não havia maneira de fazê-lo se zangar, por mais que tentasse. Se tivesse estado aqui para vê-lo, haveria sido como nos velhos tempos.
- Espero levá-lo a um ponto em que já não faça falta que se zangue - disse ela - Estou segura de que progredirá mais rapidamente se não nos interromperem. Confio que vai te ocorrer algo para manter Dulce ocupada.
- Se tivesse alguma ideia, já haveria usado - disse ele com tédio - Além de sequestra-la, não me ocorre nada que funcione.
- Então, por que não faz?
- O que?
- Sequestra-la. Leve ela a uma segunda lua de mel. O que está fazendo falta...
- O da segunda lua de mel soa bem - reconheceu ele - Mas não posso tirar férias até que Alfonso volte ao trabalho e se encarregue de tudo. Alguma outra ideia?
- Temo que você terá que pensar em algo sozinho. Eu apenas a conheço. Mas necessito de intimidade para trabalhar com Alfonso.


 


- Então a terá - prometeu ele depois de pensar um momento - Não sei o que vou fazer, mas a manterei afastada daqui tudo o que possa. A menos que esteja completamente morto, não creio que tarde muito tempo em se dar conta de que, de todos os modos, prefere que você o deixe agoniado a que sua própria irmã o faça.

Anahí se remexeu, incômoda, ao advertir em sua voz um evidente tom de admiração. Era consciente de sua beleza, mas ao mesmo tempo não queria que ninguém falasse dela. Alfonso era seu paciente; não podia iniciar com ele uma relação sexual de nenhum tipo, isso estava descartado. Não só ia contra seus princípios éticos, senão que lhe resultava impossível. Já não se despertava de noite tentando gritar desesperadamente, com a garganta consternada pelo terror, e não ia fazer nada que pudesse despertar de novo aqueles pesadelos. Havia deixado o horror para trás, onde deveria ficar.

Christopher, que sentiu seu desassossego, disse:

-Anahí ? - sua voz era baixa e parecia surpreendida - Aconteceu alguma coisa? - lhe pôs a mão sobre seu braço e ela se sobressaltou, como se a tivessem espetado. Era incapaz de suportar seu contato. Christopher se levantou, alarmado por sua reação -Anahí... - disse de novo.
-Eu... sinto muito - murmurou, abraçando-se em um esforço por controlar os tremores que haviam se apoderado dela - Não posso te explicar... Sinto muito...
- Mas, o que aconteceu? - perguntou ele, e tornou a esticar a mão até ela, mas Anahí se retirou bruscamente, levantando-se de um salto.

Sabia que não podia se explicar, mas tampouco suportava permanecer ali por mais tempo.

- Boa noite - disse atropeladamente, e se afastou dele. Entrou na casa e esteve a ponto de tropeçar com Dulce, que ia saindo ao pátio.


 


- Ah, você está aí - disse -Alfonso foi para a cama. Estava muito cansado.

Anahí conseguiu recobrar a compostura o suficiente para responder sem que a voz tremesse.

- Sim, isso parecia - disse. Logo se sentiu muito cansada e foi incapaz de sufocar um bocejo - Me perdoe - disse - Foi um dia muito longo.

Dulce lhe lançou um olhar estranho e inquisitivo.

- Então, Christopher e eu nos vamos. Não quero te atrapalhar. Amanhã virei ver Alfonso.
- Amanhã vou aumentar seus exercícios - Anahí lhe informou, aproveitando a oportunidade para deixar claro que com sua presença estorvava, mais que ajudava - Seria preferível que você esperasse até à tarde, a partir das quatro, digamos.
- Mas isso é demais! - exclamou Dulce - Todavia ele está muito débil.
- Neste momento, sou eu que faço quase todo o trabalho - repôs Anahí secamente - Mas me ocuparei de que não se esforce demasiado.

Se Dulce notou o sarcasmo que Anahí não foi capaz de reprimir, não deu mostras disso. Se limitou a assentir com a cabeça.

- Entendo - disse com frieza - Muito bem. Virei a vê-lo amanhã de tarde.

Enfim, as maravilhas que a vontade operava nunca deixavam de surpreendê-la, pensou Anahí com ironia enquanto subia as escadas. Só havia tido que mencionar que Alfonso estaria ocupado e, ainda que Dulce não tivesse feito nenhuma gracinha, havia se conformado.

Depois de se preparar para se meter na cama, chamou suavemente à porta de Alfonso; ao não ouvir resposta abriu a porta o suficiente para se debruçar. Estava profundamente dormido, tombado de costas, com a cabeça caída sobre o ombro. Iluminado pela luz que entrava do corredor parecia mais jovem. As rugas do sofrimento não apareciam.


 


Anahí fechou a porta sem fazer ruído e regressou a seu quarto. Estava cansada, tanto que lhe doíam os membros, mas depois de meter-se na cama descobriu que não podia conciliar o sono. Sabia o porquê, e permaneceu acordada olhando o teto, consciente de que não poderia dormir a noite toda. Que coisa tão estúpida e trivial... Só porque Christopher a havia tocado.

Apesar de tudo, não era trivial, e ela sabia. Talvez poderia afugentar os pesadelos e reconstruir sua vida por inteiro, mas seu passado era seu, formava parte dela, e não era trivial. Uma violação nunca era trivial. Desde essa noite, não podia suportar que ninguém a tocasse. Havia chegado a um compromisso consigo mesma e satisfazia suas necessidades afetivas trabalhando com seus pacientes, tocando-os, mas só suportava o contato enquanto fosse ela quem dominava a situação.

Em aparência se havia recuperado completamente; havia edificado um muro entre seu eu de agora e seu eu do passado, sem parar pra pensar no ocorrido, obrigando-se literalmente a reunir os farrapos de sua vida decomposta e remendá-los com determinação, a base de força de vontade, até construir um tecido mais forte. Podia rir e desfrutar a vida. E, o que era mais importante ainda, havia aprendido a respeitar a si mesma, o mais difícil de tudo.

Mas não suportava que nenhum homem a tocasse.

Essa noite a havia impedido para sempre de se casar e formar uma família. Dado que essa faceta da vida lhe havia sido negada, procurava ignorá-la, e jamais lamentava o que poderia ter sido. Havia se convertido em uma espécie de vagabunda que viajava ao redor do país para ajudar os outros. Enquanto estava concentrada em um caso, mantinha uma relação intensa, cheia de afeto e atenções, mas despojada de qualquer matiz sexual. Queria seus pacientes e, inevitavelmente, eles a queriam... enquanto durava. Se convertiam em sua família até o dia em que tudo acabava e ela os deixava com um sorriso na cara, pronta para passar ao próximo caso e à sua nova «família».


 


Ao começar sua formação, havia se perguntado se alguma vez seria capaz de trabalhar com um homem. Aquilo a preocupou até que chegou à conclusão de que, se não podia, prejudicaria seriamente sua carreira, e decidiu fazer o que fosse preciso. A primeira vez que trabalhou com um homem teve que apertar os dentes e fazer provisão de vontade para obrigar-se a tocá-lo, mas ao cabo de uns minutos se deu conta de que um homem que necessitava terapia não estava, obviamente, em condições de atacá-la. Os homens eram seres humanos que necessitavam ajuda igual que os demais.

Mas, de todos os modos, preferia trabalhar com crianças. As crianças amavam tão livremente, de forma tão completa... As únicas carícias que tolerava eram as das crianças. Havia aprendido a desfrutar da sensação que produziam nela seus bracinhos ao enlaçá-la pelo pescoço em um alegre abraço. Se havia algum pesar de que não conseguia se desprender totalmente, era o pesar de não poder ter filhos. O dominava redobrando seus esforços quando trabalhava com crianças, mas no fundo sentia a necessidade de ter seus próprios filhos, alguém que pertencesse a ela e ao qual ela pertenceria, alguém que formasse parte de seu ser.

Tão logo um som amortecido captou sua atenção e ela levantou a cabeça do travesseiro, esperando ver se repetia. Seria Alfonso? Estaria chamando por ela?

Só ouvia silêncio, mas não poderia descansar até se assegurar de que Alfonso estava bem. Levantou-se, pôs a bata e se aproximou sigilosamente da porta do quarto contíguo. Abriu-a o suficiente para olhar dentro e viu-o deitado na mesma posição.

Ia fechar quando viu que ele tentava girar de lado e que, ao não mover suas pernas, proferia o mesmo som, a meio termo entre um suspiro e um gemido, que havia ouvido antes.

Ninguém nunca pensa em ajudá-lo a trocar de postura? Se perguntou, e entrou sem fazer ruído no quarto com os pés descalços.


 



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  Se levava dois anos dormindo de costas, não era de estranhar que tivesse o temperamento de um búfalo aquático .   Anahí não sabia se estava acordado ou não; parecia que não. Seguramente só tentava mudar de postura, como fazia todo mundo de maneira natural enquanto dormia. Como todo mundo tinha ido dormir, ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 118



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  • maria_cecilia Postado em 19/12/2012 - 22:01:16

    aaa a web é lindaaaaaaaaaaaaaa

  • ana_carolina Postado em 10/11/2012 - 21:18:03

    Ainh que pena que acabou =(

  • ana_carolina Postado em 10/11/2012 - 21:18:03

    Ainh que pena que acabou =(

  • ana_carolina Postado em 10/11/2012 - 21:18:03

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  • ana_carolina Postado em 10/11/2012 - 21:18:03

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  • ana_carolina Postado em 10/11/2012 - 21:18:02

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  • ana_carolina Postado em 10/11/2012 - 21:18:02

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