Fanfics Brasil - 026 - Capítulo VI Amanhecer contigo [Adaptada AyA] (Finalizada)

Fanfic: Amanhecer contigo [Adaptada AyA] (Finalizada) | Tema: Rebelde


Capítulo: 026 - Capítulo VI

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Capítulo 6



Essa noite não dormiu. Esteve acordada, sentindo a passagem dos segundos e dos minutos que logo se converteram em horas.

Alfonso tinha razão: a vida lhe dava medo, porque a própria vida lhe havia ensinado que, se pedisse demais, seria castigada. Havia aprendido a não pedir nada em absoluto, de tal modo que não arriscava nada. Tinha se privado de amigos, de família, até do consolo elementar de uma casa própria, tudo porque tinha medo de se arriscar a sair ferida de novo.

Não era próprio de ela negar a verdade, assim que a encarava de frente. Sua mãe não havia sido um exemplo típico de maternidade; seu marido tampouco havia sido o típico marido. Os dois a haviam machucado, mas não devia dar as costas a todos os demais por culpa deles. Dulce lhe havia oferecido sua amizade, mas ela tinha se inibido e havia posto em dúvida seus motivos.

Essas dúvidas eram só uma desculpa para justificar o impulso instintivo de se recolher sobre si mesma cada vez que alguém se aproximava dela.

Tinha que correr algum risco, ou sua vida seria uma farsa, por mais pacientes que pudesse ajudar.
Necessitava tanta ajuda como Alfonso.

Mas encarar a verdade e enfrentá-la eram duas coisas muito distintas. A mínima ideia de baixar a guarda e deixar que outro se aproximasse a deixava debilitada. Até as coisas mais insignificantes a superavam; não podia enfrentá-las.

Nunca havia passado a noite com uma amiga se partindo de tanto rir, nunca havia ido a uma festa, nem havia aprendido a se relacionar com os demais com normalidade. Havia passado a vida com as costas contra a parede, e sua desconfiança era mais que um hábito: era parte de seu ser, levava-a gravada nas células.


 


Talvez não tivesse remédio; talvez a amargura e o horror de sua infância tivessem alterado sua psique tão drasticamente que nunca seria capaz de se elevar sobre o fosso de sua memória.

Por um momento teve uma visão de seu futuro, um futuro largo, triste e solitário, e um soluço seco retorceu suas entranhas. Mas não chorou, ainda que lhe ardessem tanto os olhos que sentia as pálpebras quentes. Para que desperdiçar lágrimas pensando em anos que se estendiam, vazios, até mais além de onde a vista alcançava?

Estava acostumada a estar sozinha, e pelo menos tinha seu trabalho. Graças a ele podia tocar outras pessoas, dar-lhes esperança, ajudá-las; talvez não fosse o suficiente, mas sem dúvida era melhor que a destruição que com toda certeza a aguardava se permitisse que alguém voltasse a machucá-la de novo.

De repente a lembrança de Derrick relampagueou em sua memória, e esteve a ponto de começar a chorar.
Levantou as mãos na escuridão para afugentá-lo. O mal-estar que sentia se converteu em uma náusea, e teve que tragar a saliva convulsivamente para dominar-se.

Por um instante oscilou à beira de um abismo negro do qual pendiam as lembranças como morcegos que saíram de uma cova pestilenta para se precipitar sobre ela. Apertou os dentes para conter o choro que ia se acumulando dentro dela e esticou a mão trêmula para acender a lâmpada.

A luz afastou os horrores, e ela ficou olhando as sombras.

Para combater as lembranças às deixou de lado com esforço e evocou o rosto de Alfonso como uma espécie de talismã contra as perversidades de seu passado. Viu seus olhos verdes, nos quais ardia o desespero, e ficou sem fôlego.

Por que estava ali deitada, se preocupando consigo mesma, quando Alfonso agitava à beira de seu próprio abismo? Alfonso era quem importava não ela. Se perdesse o interesse, sua recuperação ia para o espaço.


 


Ela havia se esforçado durante anos para deixar de lado seus interesses e seus problemas pessoais e se concentrar por completo em seus pacientes. Eles haviam colhidos os benefícios, e aquele processo tinha se convertido em parte de suas defesas internas quando as coisas ameaçavam superá-la. Agora fez o mesmo: expulsou sem atenção todos seus pensamentos salvo os que se referiam a Alfonso, e ficou olhando para o teto com tanto empenho que poderia ter aberto um buraco nele.

À primeira vista, o problema era muito simples: Alfonso necessitava saber que ainda podia responder ante uma mulher, que ainda era capaz de fazer amor.

Ela ignorava porque não podia ainda, como não fosse pelas razões óbvias que lhe havia dado fazia um par de horas. Se era assim, à medida que sua saúde melhorasse e recobrasse as forças, seus impulsos sexuais voltariam a se despertar de maneira natural, se houvesse alguém que lhe interessasse.

Mordeu o lábio inferior enquanto considerava aquele problema.

Evidentemente, Alfonso não ia começar a sair com mulheres em seguida; seu orgulho não suportaria ver-se obrigado a pedir ajuda para entrar e sair de um carro ou um restaurante, nem sequer ainda que Anahí lhe permitisse alterar seu horário tão drasticamente, coisa impensável. Não, tinha que seguir fazendo reabilitação, e estavam entrando na parte mais dura, a que lhe exigiria mais tempo, mais esforço e mais dor.


 


Simplesmente, as mulheres estavam escassas na sua vida este momento; uma escassez necessária, mas escassez afinal de contas.

Além de Dulce, Alberta e Ângela, só restava ela, e se descartou automaticamente.
Como podia atrair alguém? Se algum homem tentava se aproximar dela, reagia como um gato escaldado, o qual não era um bom começo.

Uma expressão carrancuda franziu suas sobrancelhas. Isso valia para todos os homens... menos para Alfonso.
Alfonso a tocava, e ela não se assustava.


 



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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 118



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  • maria_cecilia Postado em 19/12/2012 - 22:01:16

    aaa a web é lindaaaaaaaaaaaaaa

  • ana_carolina Postado em 10/11/2012 - 21:18:03

    Ainh que pena que acabou =(

  • ana_carolina Postado em 10/11/2012 - 21:18:03

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  • ana_carolina Postado em 10/11/2012 - 21:18:03

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  • ana_carolina Postado em 10/11/2012 - 21:18:03

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  • ana_carolina Postado em 10/11/2012 - 21:18:02

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  • ana_carolina Postado em 10/11/2012 - 21:18:02

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