Fanfic: Amanhecer contigo [Adaptada AyA] (Finalizada) | Tema: Rebelde

- É o dia do nosso casamento - ofegou ela.

Seu corpo começou a executar uma dança lenta e ondulante. Alfonso  levantou a cabeça ao compreender o que queria dizer.

- Não posso persuadir você pra nos casarmos antes?
- Não sei - gemeu ela.

Cravou as unhas em seus ombros. Tal qual estava nesse momento, Alfonso  podia convencê-la de tudo que queria. Ainda que houvessem
feito amor uns momentos antes, o desejo que a embargava era tão intenso que parecia ter transcorrido anos desde a última vez que a havia tomado.

Se voltou para Alfonso  e colou seu corpo gracioso e suave ao dele, e ele compreendeu sem necessidade de palavras o que queria. Ficou atrás e suas mãos a guiaram enquanto se colocava sobre ele.

Anahí ficava louca quando a amava assim; seu longo cabelo mel se derramava por suas costas, e caía sobre o rosto quando se inclinava para frente. Ela o venerava com a dança antiga e carnal do amor, e
o coração de rubi jazia sobre seus seios como uma gota de fogo líquido.

Durante dois dias nada perturbou o feliz fascínio que os envolvia. Seu compromisso alegrou a todo mundo, desde o taciturno Miguel até a efervescente Dulce. Alberta estava tão contente como se ela tivesse feito tudo, e Ângela passava o dia cantarolando. Dulce lhes transmitiu a felicitação de Christopher. Saltava a vista que todos queriam um casamento, e Anahí quase esqueceu pelo que havia sido tão cautelosa no princípio.

No terceiro dia, Dulce foi jantar, só e pálida, ainda que tranqüila.

- Melhor que eu conte antes para vocês antes que descubram por outra pessoa - disse com calma - Christopher e eu nos separamos.

Anahí sufocou um gemido de surpresa.
Durante as semanas anteriores havia estado tão bem que havia deixado de se preocupar por eles. Olhou rapidamente para Alfonso  e surpreendeu de novo sua mudança de expressão. O havia visto risonho, apaixonado, brincalhão, zangado, até assustado, mas nunca antes o havia visto tão concentrado e colérico.

De repente se deu conta de que nunca havia sentido por completo a força de sua personalidade porque sempre havia temperado seus atos por consideração a ela. Agora, enquanto se disponibilizava a defender a sua irmã, sua energia pura e forte era refletida em seu rosto.

- O que quer que eu faça? - perguntou a Dulce em um tom tranqüilo e letal.

Ela o olhou e até sorriu. Seus olhos estavam cheios de amor.

- Nada - disse com simplicidade - Isso é algo que tenho que solucionar com Christopher. Por favor, Alfonso , não permita que isto interfira na relação profissional da vocês dois. É mais culpa minha que sua, e não seria justo que pagasse com ele.
- Por que a culpa é tua? - grunhiu ele.
- Por não amadurecer nem deixar claras as minhas prioridades até que era já muito tarde - contestou, e em sua voz apareceu una nota forte - Não vou me dar por vencida sem lutar. Não me faça mais perguntas, porque não vou respondê-las. É meu marido, e é um assunto privado.

Alfonso  a olhou em silêncio um momento e logo assentiu com a cabeça
brevemente.

- Está bem. Mas você já sabe que farei tudo o que puder, quando me pedir.
- Claro que sim - retrucou ela, e seu semblante se relaxou - É que isto tenho que fazer sozinha. Tenho que aprender a lutar em minhas próprias batalhas - enquanto falava lançou a Anahí um olhar que parecia dizer: «Vê? Eu estou tentando».

Anahí assentiu com a cabeça, compreensiva, e ao levantar a vista viu que Alfonso  havia surpreendido seu gesto e a estava observando com férrea determinação. Anahí sustentou o olhar sem expressão alguma.

Ele podia perguntar, mas ela não tinha porque responder. Se Dulce queria que seu irmão soubesse que tentava por distância entre eles, que dissesse ela. Senão, Alfonso  teria que averiguar por si próprio.

Christopher e Dulce não necessitavam novas interferências em seu matrimônio, e se Alfonso  descobrisse que ele era o motivo fundamental de sua separação, era muito capaz de falar com Christopher.

Essa noite, depois de fazer o amor a Anahí com uma intensidade que a deixou aturdida e sonolenta, disse languidamente:

- O que você e Dulce estão escondendo? Todos esses olhares têm que significar alguma coisa.

Anahí se deu conta de que era uma armação e lutou para acordar. Alfonso  havia feito amor como sempre e havia esperado que estivesse meio sonolenta para pegá-la desprevenida.

Para amenizar a situação, Anahí ficou a seu lado e deslizou a mão por suas costas em uma longa e lenta carícia. Ao alcançar suas coxas, notou que todo seu corpo ficava tenso.

- Não era nada - murmurou ao mesmo tempo em que depositava beijos suaves e ardentes sobre seu peito - Só uma conversa que tivemos no dia que me levou pra comprar essa roupa tão sexy que você tanto gosta. Ela deve de ter um fascínio secreto pela roupa de baixo indecente. Foi ela quem escolheu quase todas essas camisolas transparentes, e logo me presenteou essa lingerie de Natal.

Os dedos fortes de Alfonso  se fecharam em torno de seu pulso para separar a mão. Se inclinou e acendeu a lâmpada, que os banhou de luz.

Anahí o observava, consciente de que queria ver as matrizes de sua expressão. Tentou ocultar seus pensamentos, mas uma inquietante frieza recorreu sua pele enquanto olhava os olhos verdes e penetrantes de Alfonso .

- Não tente mudar de assunto - disse ele com dureza - Estava advertindo Dulce para que se afastasse de Christopher?

Lá vinha ele com isso outra vez! Ela se empertigou, zangada e dolorida porque a haviam acusado constantemente de ver Christopher às escondidas.

Como ele podia pensar tal coisa dela?

Havia aceitado se casar com ele só dois dias antes, mas por alguma razão não podia tirar da cabeça dele que não estava com nenhum outro homem.

Se sentou; o lençol escorregou até sua cintura, mas estava tão aborrecida que não lhe preocupava sua nudez.

- Posso saber o que acontece com você? - perguntou, furiosa - Parece um disco quebrado. Por que suspeita de mim? Por que acredita que sou sempre eu que causo os problemas de Dulce e Christopher?
- Porque Christopher não tira o olho de você quando estão juntos - respondeu, sua boca uma linha dura.

- Eu não tenho culpa disso - era uma acusação tão injusta que dava vontade de gritar.
- Ah, não? - replicou ele - Cada vez que ele te olha é como se estivesse mandando mensagens secretas.
- Você acaba de me acusar de fazer o mesmo com Dulce. Também acredita que estou saindo com ela? - estalou Anahí.

Apertou os punhos em um esforço por controlar a fúria que brotava dentro dela. Seria absurdo perder as estribeiras, de modo que se obrigou a respirar fundo para acalmar-se e procurou relaxar os músculos.

Alfonso  a olhava com os olhos encostados.

- Se não tem nada para ocultar, então por que não me diz o que Dulce queria dizer? - perguntou.

Outro estratagema. Anahí engoliu o golpe e se deu conta de que havia voltado a surpreendê-la com a guarda baixa.

- Se tem tanta curiosidade, por que não pergunta à ela? - disse com aspereza, e voltou a deitar-se.