Fanfic: Lembre-se de Mim AyA -Finalizada | Tema: AyA

Hesitou por um instante, depois manteve o revólver apontado para ele.
Quando Rodrigo a viu, ficou perturbado. Como era linda! Mas, então, o olhar dele deslizou do rosto dela para o revólver que empunhava. Franziu a testa. Ali estava uma coisa que não esperava. Deu um passo à frente e no mesmo momento Anahí moveu-se, passando a mirá-lo. Ele parou, chocado. O olhar dela parecia tão...

Ele sentiu o peito apertar. Por falta de palavra melhor, tudo que pode pensar era que a expressão de Anahí era a de uma morta. Tentou sorrir e falou com suavidade, como um pai falando com a filha.

- Anahí... o que está fazendo? Largue esse revólver.

Um brilho passou pelos olhos dela, que não se mexeu. No entanto uma reação nervosa interrompera por um segundo a sua concentração.

- Vamos, Anahí. Você não pode atirar em mim. Lembra-se de quem sou? Sou o mesmo que a consolava quando você chorava. Eu lhe ensinei a amarrar os cordãos dos sapatos. Trancei seus cabelos e li histórias para você quando estava doente. Eu a amo, Anahí. Você me pertence.

Lágrimas brilharam nos olhos de Anahí.

- Eu confiei em você.... antes. Mas olhe o que fez. Levou-me embora da minha casa... separou-me do meu marido. Roubou dois anos da minha vida e da minha inocência. Isso não é amor, é obsessão. – Ela respirou ofegante quando Anuar distanciou-se um pouco de Rodrigo. – Não se mexa! – gritou e apontou para a cabeça de Anuar de novo.

Anuar ficou tenso. Com menos de três metros entre eles, se ela atirasse bem dificilmente erraria.
Rodrigo respirou fundo. A coisa estava mais complicada do que esperava. Ergueu a mão e deu um passo à frente. Àquele movimento, Anahí voltou a apontar o revólver para ele, e nesse momento Anuar avançou sobre ela.

Antes que Rodrigo pudesse piscar, Anahí disparou dois tiros em rápida sucessão. As pernas de Anuar dobraram, primeiro a direita e em seguida a esquerda, no momento em que as balas entraram nos joelhos e saíram por trás, estraçalhando ossos e músculos. A pistola que ele segurava caiu e deslizou pelo chão. Anahí chutou-a para longe dele, voltando ao mesmo tempo a mirar Rodrigo.

Os gritos agoniados de Anuar de repente encheram o hall, tornando impossível qualquer conversa coerente. Aturdido, Rodrigo só conseguia sentir descrença do que Anahí fizera com seu assecla. Não havia medo no rosto dela, apenas fúria. Ele pensou em Alfonso Herrera, caído na neve, e só então ocorreu-lhe que sua vida estava sendo ameaçada.


- Anahí, não faça isso... – pediu, abriu os braços para demonstrar que estava desarmado. – Não quero machucar você.

Os gritos de Anuar foram baixando até se transformarem em gemidos.
Anahí teve a impressão de ouvir sirenes à distância, mas não podia ter certeza.
O sangue... Havia sangue por todo lado.
Ninguém a avisara sobre o sangue quando comprara aquele maldito revólver e quando treinara.

- Escute, Anahí...

Rodrigo deu mais um passo na direção dela, que segurou o revólver com mais firmeza e aproximou-se um pouco mais da porta.

- Você me estuprou, seu maldito!

Ele ficou paralisado diante daquelas palavras.

- Nunca!

- Estuprou, sim! Estuprou! Lembro-me do peso do seu corpo em cima do meu. Vi a expressão dos seus olhos. Eu sei, Rodrigo, eu sei!

As palavras dela soaram como gemidos.