Fanfic: Lembre-se de Mim AyA -Finalizada | Tema: AyA

Ele jamais considerara a possibilidade de que a mulher poderia ter escapado ilesa. Não depois de ter visto a casa.
Portanto, Anuar esperava, sabendo que o movimento seguinte deveria partir de Rodrigo, pois apenas ele tinha autoridade para dizer o que deveria ser feito. Tudo que podia fazer era economizar seu fôlego para quando fosse preciso agir.
Haveria tempo mais tarde para recuperar o que fora perdido.

Depois de algumas horas de ter voltado a si, Anahí teve uma recuperação notável. Na manhã seguinte deixaram que se sentasse na poltrona ao lado da cama e a tarde, apoiada no braço de Alfonso, caminhou um pouco pelo corredor. O delicado queixo erguido de modo desafiador combinava com as ondas douradas que lhe emolduravam o rosto, fazendo-a parecer uma criança zangada por causa de uma punição injusta.

- Quero ir embora daqui – reclamou. – Não gosto de ficar sem fazer nada.

Alfonso suspirou. Não era a primeira vez que ela dizia isso e, pela expressão de seus olhos, não seria a última. Mas se ele fosse honesto consigo mesmo, teria que admitir que também estava querendo a mesma cosia. No hospital ela estava sob o olhar vigilante do seu médico e das enfermeiras, assim como ele próprio. Quando voltassem para casa teriam sua privacidade de novo. Para dizer a verdade, estava com medo. Como poderia enfrentar normalmente os dias de novo se cada manhã que saísse para o trabalho pensaria se a encontraria em casa ao voltar?

- O médico disse que você precisa ficar aqui mais uma noite. Tenha paciência, Any. Logo voltará para casa.

Ela se dirigiu para uma das duas cadeiras juntoà janela, colocadas de maneira que era possível ver a cidade lá embaixo, e sentou-se. Não sabia como explicar a ansiedade que a dominava. Desde o momento em que acordara naquele hospital sentia um impulso quase incontrolável de fugir. Por quê? E fugir para onde? Alfonso era tudo no mundo para ela. Era tudo que lhe importava. E a pequena casa que tinham alugado ao se casarem era de fato o seu primeiro lar. Amava aquela casa. Amava Alfonso. Então, por que o pânico?

- Eu sei, mas...

Ela suspirou e não completou o que ia falar; baixou a cabeça e olhou para as mãos. Estranhou o esmalte vermelho escuro que lhe cobria as unhas. Aquela era uma cor que jamais teria escolhido. Perguntou a si mesma o que mais estaria diferente nela.
- Poncho?

- O quê?

- Eu pareço diferente?

- Como assim?

Anahí franziu as sobrancelhas e piscou para impedir que as lágrimas aumentassem e caíssem. Detestava sentir-se tão desligada de tudo.

- Eu quero dizer, fisicamente. Estou mais gorda ou mais magra? Meu cabelo sempre foi desta cor? Tenho alguma marca, alguma cicatriz que não tinha antes?

Alfonso sentou-se ao lado dela e pegou-lhe a mão. Ela parecia tão sincera! Se, pelo menos, ele se atrevesse a acreditar.....

- Está mais magra, mas não muito. Seu cabelo agora é menor porém a cor é a mesma.

Ela observava os lábios dele ao falar e, apesar de estar entendendo o que o marido dizia, lembrava-se da sensação que aquela boca despertava no seu corpo. Olhou os dedos dele, entrelaçados com os seus, e teve um estremecimento. As mãos dele. Sempre as mãos de Alfonso. Fortes e morenas, tinham calos causados pelo trabalho, no entanto seu toque era suave e derretia seus ossos.
De repente, percebeu que ele não estava mais falando. Ficou vermelha, imaginando há quanto tempo Alfonso estaria em silêncio. Ergueu o rosto. Os olhos dele, verdes, espelhavam uma dor secreta. Dor causada por ela. E havia raiva, também. Estremecendo, Anahí desviou o olhar

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