Fanfic: Lembre-se de Mim AyA -Finalizada | Tema: AyA

Christopher olhou pelo espelhinho retrovisor.

- Esse trecho da rua está precisando de reparos...

Christian assentiu. A luz azulada no painel do carro faziam sobressair as linhas de preocupação no rosto do investigador. O desaparecimento de Anahí Herrera fora o caso que mais o intrigara entre muitos que tivera e resolvera. Para começar, sentia-se frustrado diante da completa ausência de pistas e, apesar dos meses de investigação, não fora capaz de conseguir argumentos suficientes para convencer o promotor público a levar Alfonso Herrera a julgamento. Agitava-se só de pensar no telefonema dele. O crime fora perfeito, por que então confessaria agora?

- Lá esta o hospital. – Christian apontou para a entrada iluminada de um edifício mais adiante.

- É, estou vendo – resmungou Christopher, parando num sinal vermelho.

Nesse momento, a caminhonete da empresa Herrera parou ao lado dele.

- Ei, olhe ele aí!- apontou Christian.

- Estou vendo – irritou-se Christopher.

Entraram no estacionamento perto do pronto-socorro e Alfonso já corria para a entrada do hospital antes que Christopher soltasse o cinto de segurança.

- Ele está com pressa por causa de alguma coisa – deduziu Christian.

Os dois policiais saíram correndo sob a chuva, espirrando água a cada passo. Quando entraram, estavam molhados.
Para surpresa deles, o pai de Alfonso Herrera os esperava junto à porta.

- Os senhores podem me acompanhar, por favor?

Os dois olharam-se desconfiados. O que Herrera estava maquinando?

- Olhe, sr. Herrera, viemos falar com seu filho e preferimos fazê-lo aqui no saguão.

Winston assentiu.

- Se preferirem assim... Mas se querem saber a verdade, venham comigo.

Voltou-se e saiu pelo corredor até uma saleta cheia de cadeiras, onde a esposa o esperava.

- Ei , ali está Alfonso Herrera – apontou Christian para um homem escostado na parede.

Momentos depois os dois adversários estavam frente a frente mais uma vez.

- Então, Herrera, o que tem a me dizer?

A expressão de Alfonso era indecifrável quando ele apontou para uma porta.

- Senhores, quero apresentar-lhes minha esposa, Anahí Herrera. Ela reapareceu lá em casa hoje e enquanto conversávamos passou mal. Os médicos a estão examinando, mas as marcas de agulhas nos braços dela são sinal de que há algo muito errado.

Christian passou pelo parceiro, que olhava fixo para a mulher estendida na mesa de exames.

- Isto é uma brincadeira? – zangou-se Christopher.

Alfonso encarou o policial como se ele tivesse ficado louco.

- Por acaso estou rindo?

Os dois policiais entraram um pouco na sala para ver a mulher que era examinada.
Anahí sentia-se envolta num negro túnel de dor. Tinha a impressão de ouvir a voz de Alfonso à distância, mas não conseguia compreender o que ele dizia. Voltou a cabeça na direção da voz dele, dando a Christopher e Christian uma clara visão de seu rosto.

- Santa Mãe de Deus! – murmurou Christian, fazendo o sinal da cruz.

Christopher apenas olhava. Betty Herrera levantou-se de onde estava sentada.

- Sim ... É um milagre, não?

- Parece – respondeu Christopher e saiu da sala.

A sra. Herrera abraçou o filho. Ele parecia sem saber o que fazer. Ela pegou-o pela mão.

- Poncho, meu bem, venha sentar-se aqui comigo – exortou, docemente.

- Obrigado, mamãe, mas acho que não consigo ficar sentado.

Ela deu-lhe amorosas pancadinhas no braço, depois foi sentar-se junto do marido, buscando conforto na presença dele, como fizera tantas vezes no decorrer de anos. Apesar da confusão do que estava acontecendo, havia algo a respeito das condições de Anahí que a afligia. Betty jamais tinha visto alguém sob o efeito de uma overdose até então, mas lera sobre o assunto, e alguns sintomas não estavam de acordo.

Enquanto isso Christopher aproximou-se de Alfonso, desconfiado daquele miraculoso reaparecimento.

- Onde ela estava?- perguntou.

Os olhos de Alfonso escureceram e ele apontou para a sala de exames.

- Eu gostaria de saber... Ela não tinha essas marcas nos braços quando sumiu.

O policial foi olhar de novo, dessa vez reparando nas, marcas de agulhas nos braços de Anahí.

- Mas que coisa! - resmungou .

Christian olhou para o parceiro, depois enfiou as mãos nos bolsos.

- Olhe sr. Herrera, sinto muito pelo modo como o pressionamos, mas o senhor sabe o que parecia.

Alfonso assentiu.

- Sim e sei como as coisas eram do meu lado, também.

Christopher teve a decência de corar. Estendeu a mão.

- Se isto ajuda, peço desculpas.

Na sala do pronto-socorro, de repente, Anahí gemeu e em seguida gritou, como se estivesse sentindo uma dor terrível.
O coração de Alfonso confrangeu-se, e antes que pudessem detê-lo, entrou.

- O que está acontecendo?

- Por favor, vá esperar lá fora, senhor – disse uma enfermeira.

Empurrava-o para a saleta quando Anahí arquejou:

- Cuidado com o ônibus!

Um alarme começou a soar, Alfonso olhou ansiosamente para a esposa e as máquinas que a rodeavam. Antes que pudesse ver qual delas dera o alarme, puseram-no para fora da sala.