Fanfic: Melhor amiga. | Tema: Independente.

          Estava tudo tão escuro, eu não saberia de fato o que tinha me acontecido, eu não conseguia me mover direito, e minha nuca doía demasiadamente. Eu tentei mexer minha mão e pude notar que tinha algo fino preso a minha mão, mesmo com os olhos fechados. Um barulho soava a cada dez segundos um “pin” bem irritante. Onde eu estava? Eu tentei abrir meus olhos mais uma luz redonda acima da minha cabeça fez com que meus olhos se fechassem por impulso, então permaneci de olhos fechados tentando lembrar-me de alguma coisa. Festa, Polícia...

         Algo me escapava, o que estava faltando, vamos lembre-se. O barulho soou novamente “pin”, o aparelho tocou, creio eu que fosse um. Sophia! O nome dela veio com tudo em minha memória, eu abri os olhos rapidamente, ignorando a dor que a luz causou a atingir minha visão, eu me movimentei brutalmente em cima daquela cama branca enorme e fofa demais, tudo em minha volta era branco. O aparelho começou a tocar mais rápido “pin, pin, pin, pin” sem intervalos de dois segundos mais ou menos. Eu estava em um hospital, hospital! 
          Puxei meu braço com força, fazendo com que a agulha que estava presa em minha mão soltasse, eu dei um grito fino, a dor foi rápida, e agora a região onde a agulha estava instalada começava a ficar avermelhada. Foda-se! 

          — Acalme-se Bianca! — Uma voz rouca, grossa e grave falava comigo agora.
          O homem de bata branca ao meu lado pousou sua mão em meu ombro e eu comecei a me acalmar, o aparelho diminuiu, eu não entendia nada de hospitais, mas aquele provavelmente mostrava meus batimentos. O homem que estava comigo naquela sala, um médico acredito eu, era bem alto, de cor morena, cabelos pretos, a barba caia perfeitamente em seu rosto e seus olhos castanhos claros os deixava lindo. Acho que teria na faixa dos 40 anos.

         — Sophia... — Minha boca estava seca, eu passei minha língua em meus lábios os umedecendo, minha voz era fraca, então respirei fundo e tentei novamente. — Onde está a Sophia? —
          O médico estava de costas, mexendo em alguma coisa dentro de uma gaveta, ele se virou pra mim e segurou minha mão, amarrando uma borracha em meu braço, eu apertei minha mão em um soco como fazia quando ia tirar sangue e a soltei devagar, ele recolocou uma agulha nova em minha mão.
          — Doutor... — Eu fiz esforço pra ler o nome que tinha em seu crachá. — Dr. Roberto, o senhor a conhece? — Ele me olhou e abriu um sorriso confortador.

          — Sim Bianca, ela foi pra casa hoje de manhã, ela dormiu aqui no hospital, você dormiu muito. — Ele olhava pro papel lendo o mesmo que estava preso numa prancheta enquanto conversava comigo ao mesmo tempo agora.
          — Dormi muito? — Fiz uma pausa, pensando e depois prossegui. — Quanto tempo? — 
          — Dois dias, pensamos que não iria acordar. — Ele disse brincando no fim.
          — Isso tudo, por quê? — Como assim dois dias? Puta que o pariu, eu levei um tiro por acaso? Ta quero saber da Sophia.
          — Bom, a pancada em sua nuca foi forte, então demos um medicamento para dormir, você não parava de chamar pela Sophia, então não tínhamos como tirar o exame com você daquele jeito, bom você é fraca em relação ao remédio. Resumindo, você ficou dopada até hoje. — Nossa que história linda.
          Sacudi minha cabeça não dando importância.
          — Ok! Ok! A Sophia saiu daqui certo? Ela está bem? E o Pietro? — Respostas, já!

         — Nossa! Uma história e tanto em, você quase matou uma pessoa para salvar seu amor, meus parabéns, teve muita coragem. — Ele estava sendo sincero, quero um tio assim pra mim.
          — Quase matei, então quer dizer que ele está vivo! Quero que ele morra mais não em minhas mãos. — Meu corpo afundou no colchão, eu estava aliviada, fechei meus olhos, relaxando-me por completa.
          — Sim, ele merece morrer mesmo. Pelo que ele fez com a garota. Não veja isso como um comentário de um profissional. — Ele riu e eu ri com ele, abrindo meus olhos novamente. Ele continuou. — E seus pais estiveram aqui agora pouco, está tudo esclarecido, e o policial que fez isso com você, me pediu para que você aceitasse as desculpas dele. — Eu concordei com a cabeça.
          — Ok relaxe, eu vou atender outros pacientes, à noite você levará alta. — Ele riu, cumprimentou-me, apertando minha mão e em seguida saiu da sala.
          Eu olhei para o teto, agora sem aquele globo de luz acima da minha cabeça, ela estava bem, eu não era uma assassina, e ela teria passado a noite ali no hospital comigo, ela ainda me ama. Sem perceber, senti lágrimas escorrem pelas minhas bochechas. Então a Sophia do nada, abriu a porta do quarto. Meu coração acelerou e o aparelho fez “pin, pin, pin, pin” novamente. Eu fiquei paralisada.
          — Vim apenas para pedir obrigada, pelo que fez por mim. — Ela tentou sorrir e fechou a porta novamente, apenas isso. 
          Acabou!