Fanfic: Melhor amiga. | Tema: Independente.

          Eu tinha que pensar em alguma coisa, o que eu iria falar, eu teria estragado tudo, com todo esse meu surto. Se ela entrasse e encontrasse a Amanda... Não quero nem imaginar.
— O QUE TEM AI DENTRO BIANCA? — Agora ela gritou, estava realmente brava.
— Eu acabei de pintar o quarto. — Porra! De onde eu tinha tirado isso? 
— O que? — Ela voltou a falar novamente, mas com o tom ainda alto. Ela pareceu não ter entender nada, e eu também não estava.
— É isso aí, eu pintei meu quarto. —
— Sério, me deixa ver então? —
— Não. —
— Por quê? — 
— Cor lilás, depois você ver quando secar. E você tem alergia a cheiro de tinta, não quero que comece a tossir loucamente como uma pirralha. —
— É mesmo. — Isso foi um “ela acredita em mim” tive vontade de me beijar. 
— Dormir até no quarto livre hoje. —
— E eu pensando coisa! —
— Que tipo de coisa? Eu tenho uma bomba atônica guardada ai dentro sabia? —
— Ridícula, sei lá, só pensei. — Ela desceu passos pra trás voltando pra sala, eu me virei olhando a porta rapidamente só pra ter certeza que eu tinha conseguido, antes de andar atrás da Sophia.
— Eu tenho vergonha de tocar e cantar pra alguém amor. — Eu disse já na sala, desviando de assunto o mais rápido possível, mas era verdade, ninguém nunca tinha me visto tocar, principalmente cantar.
— Sabe que ainda to pensando no lance do quarto? — Cheguei por trás dela, abraçando sua cintura por trás, encostei meu queixo em seu ombro e cheirei seu pescoço, eu dei um leve sorriso segurando em suas mãos na frente.
— Amor, o que foi agora? Você quer entrar lá, eu mostro. —
— Não tudo bem, se você me diz acredito... —
— Mesmo? —
— Sabe que confio em você. — Ela virou-se em meus braços, ficando de frente pra mim, passando seus braços em volta do meu pescoço e olhando fixamente nos meus olhos. Aqueles seus olhos perfeitos e claros, me fez sentir-me culpada.

Agora eu tinha duas responsabilidades: Procurar uma música para Sophia e pintar meu quarto. É eu tinha que pintá-lo. Conversamos um pouco, ali sentadas no sofá mesmo, abraçadas, trocando beijos e mordidas, rindo como duas bobas. Às vezes eu esquecia totalmente que a Amanda estava lá dentro, trancada em meu quarto, mas às vezes me pegava pensando nela, na noite que tivermos, e a quem eu estava abraçando agora. Minha cabeça rodava. 

Entre nossos carinhos retardados de nos bater e morder uma a outra o telefone dela tocou e nós duas olhamos em direção ao mesmo que estava no outro sofá. Eu sorri com uma cara de criança prestes a aprontar alguma coisa. Com um pulo do sofá, sai correndo em direção ao celular dela, o peguei e olhei pra sua tela. Enquanto ela ficou sentada no sofá me observando.
— “Mamãe” — Eu li em voz alta com uma voz de criança, bem menininha.
— Me dáaaaaa Bia. — Ela veio em minha direção e eu levantei o braço onde eu segurava o celular pro alto, colocando-o para trás com uma distância breve da mão da Sophia que procurava agarrar o celular, uma tentativa que não deu muito certo.
O celular parou de tocar, e ela olhou pra mim com uma cara de bravinha tão linda.
— Viu ô, ela vai querer saber agora porque eu não atendi. — Ela bateu em meu ombro, que fez com que meu corpo desse um passo pra trás com a pressão.
— Ah, ela vai ligar de novo, vou falar com minha sogrinha. — Eu soltei um riso irônico. 
— Ah não. Para Bia! —

— O que? Ela não sabe da gente? — Eu a desafiei mostrando que se ela ligasse novamente eu atenderia, levantei minha sobrancelha.
— Sabe, mas ela não falou com você ainda, então não sei. —
Como eu tinha previsto, ela ligou novamente, o celular tocava.
Eu toquei na tela no nome “Atender” e levei o celular dela até meu ouvido direito. Eu coloquei meu dedo indicador no lábio a mandandoela fazer silêncio. Ela ficou calada, não tinha chances de tomar o celular da minha mão mesmo.
“Por que não está me atendendo mocinha?” 
A voz da Cris era suave e grave ao mesmo tempo do outro lado da linha.
Eu suspirei alto, com a intenção que ela ouvisse e desse algum sinal, pelo menos uma respiração que nem isso eu conseguia ouvir. Ela notou meu suspiro de impaciência, ou infelicidade. Será que a tia Cris estava chateada comigo, ou brava de verdade por a filha dela está namorando com uma garota? Nossa essa ideia fez meu corpo estremecer por dentro. Seria totalmente horrível ter a minha sogra contra o meu relacionamento, já pensou? Ainda mais a Tia Cris, que era como se fosse uma tia pra mim, e eu fico a chamando de Tia, como se fosse uma amiguinha da Sophia. Eu ri por dentro também, acho que não ia conseguir parar de chamá-la assim, era um costume, uma rotina.
“Bianca? É você”
— Sim, ual, a senhora demorou pra responder, fiquei com medo... —
“Medo? Eu só tava lembrando da sua voz sua bagunceira.”
— É sabe, sei lá, pelo que ta acontecendo entre eu e sua filha. —
“Vamos pare com isso, eu nunca fui uma mulher preconceituosa, você sabe disso, vocês sabem, nem eu e nem seus pais. Conversamos no hospital. E é melhor você com ela, do que um monstro que a bata.”
— É eu concordo Tia. Obrigada! Mesmo eu to muito feliz, sua filhinha vai ser muito feliz em. Prometo. —
“Eu sei disso minha lindinha, eu confio em você”
Eu não sei porque ela ainda me tratava como criança e também não sabia porque aquela palavrinha “confiar” me dava vontade de sair correndo.
A Sophia agora sorria, um sorriso enorme no rosto, ela me olhava com seus olhos brilhando.
— O que queria falar com a Sophia mesmo? —
“O tio dela chegou do Rio, e quer vê-la.”
— Eu aviso pode deixar. Beijos tia Cris. —
Desliguei o telefone dando o aviso a Sophia, ela me bateu depois pelo medo que ela tomou, mas me beijou em seguida, saindo do meu apartamento.