Fanfic: Melhor amiga. | Tema: Independente.

Depois que a Sophia bateu a porta do apartamento, eu fiquei parada em frente da mesma, a fitando completamente fora de si, sem saber o que fazer. Respirei fundo e ainda sentia seu perfume em torno de mim, contagiando-me de uma forma que... Puta que pariu, eu vou ter que morrer pra acabar com essa indecisão? Ok, agora eu tinha que respirar e voltar pra Amanda. Andei até a porta do quarto passando as mãos pelo meu rosto, tentando esconder meu desespero de alguma forma.
Abri a mesa e dei de cara com a Amanda deitada na cama olhando o meu caderno da escola, ela olhou pra mim séria.
— Pensei que não ia voltar. —
— Para de drama vai. — Mandei um beijo pra ela sentando-me na cama e encostando minhas costas em suas pernas. 
Com o meu celular na mão disquei o número da minha mãe.
— Alô? Mãe é a Bia. —
“Eu sei filha, eu tenho seu número.”
— Aí, para de ser palhaça —
“O que você disse?”
— Nada, ô, eu tenho que pintar meu quarto, pode mandar o carinha lá mandar tinta lilás? Por favor, mãe eu preciso disso hoje. —
“Pintar o quarto? Você? Você ta se drogando?”
— A Amanda vai me ajudar. —
— Eu vou o que? — Amanda me olhou com seus olhos quase pulando do seu rosto.
— Shiii. — Eu apontei meu dedo pra ela e ela ficou quieta, soltando um suspiro em seguida, eu quase ri.
“Ta bom, mas você paga.”
— Eu te amo mamãe. Agora! — Desliguei a chamada.
Amanda ia falar alguma coisa, sua boca se abriu e seu dedo estava levantando, ela ia questionar.
— Eu... —
— Vai e ponto. — Ela me fuzilou abaixando a mão e fechando seus lábios. Eu ri alto.

Eu passei, digamos que uns vinte minutos tentando convencer a Amanda a pintar o quarto comigo, ela ficava sempre repetindo que eu era maluca, mas enfim. Considerei a propósito eu era mesmo. Quando eu convenci a ela pra se juntar a minhas merdas começamos a retirar os acessórios pequenos do quarto, como livro, vídeo-game, TV, aparelho DVD, e entre outras coisas, quando não restava mais nada ali dentro, apenas a cama, guarda-roupa e meu armário para livros. Puxamos esses móveis ao centro do quarto, deixando as paredes totalmente livres, fomos até o quarto de coisas inúteis como meu pai costumava chamar e pegamos o máximo de jornais que podemos. O piso do meu quarto agora era coberto por fotos e letras, até que ficou charmoso. Não mentira minha. Retiramos das paredes alguns dos posts das minhas bandas preferidas, quadros e algumas fotos. 
Novamente eu voltei ao quarto de coisas inúteis que ficava ao lado do quarto dos meus pais para pegar os baldes e pinceis, peguei quatro, dois enormes sabem daqueles que enrolam, é eu sou péssima com nomes de ferramentas, enfim. E dois pequenos. Quando ouvi a campainha tocar, corri antes entrando no meu quarto jogando os materiais que eu teria ido pegar. Jogando os mesmo na entrada do meu quarto, Amanda estava ao fundo, sentada lendo alguma coisa do chão de jornal. Idiota meu! Eu ri muito indo até a porta atender. Era o carinha com as tintas, eu quase pulei nos braços dele agradecendo mais apenas gritei um obrigado, OMG. Ele tinha em mãos baldes de tinta lilás. Ele foi embora e eu dei duas viagens carregando as tintas porque a Amanda disse que não iria me ajudar que era bem feito e que já estava fazendo muito em pintar. Como se ela não tivesse culpa não é mesmo? Mas eu não respondi para evitar discussão. Eu despejei o liquido da tinta nos baldes, a cor era linda. Dividimos as paredes, duas minhas duas delas. Até apostamos quem pintava mais rápido e bonito, em troca uma das duas teria que pagar um sorvete em uma tarde qualquer.

Começamos a pintar a parede, eu pelo menos tinha começado, comecei com o pincel pequeno, pintando o canto da porta, eu iria ter um pouco mais de facilidade por causa do desenho, creio eu, pintei duas vezes os cantos no mesmo lugar. Até agora estava lindo, com uma textura linda. Eu fui devolver o pincel pequeno ao lugar dele, pra pegar o grande, quando vi a Amanda de costas pra mim, cantarolando uma música eletrônica qualquer, mexendo seu corpo no ritmo maluco dela. Ela fazia os barulhos das batidas com a boca, eu quase morri de rir. Com o pincel molhado da tinta, tive uma idéia. 

A Amanda estava de costas então eu sacudi o pincel em sua direção fazendo com que o pouco de tinta caísse em suas costas, sujando seu ombro, cabelo e blusa. Ela se virou pra mim com a boca aberto, paralisada, e eu claro, sentei ao chão, rindo como uma criança.

Da mesma forma que eu cai encostada a parede de tanto risos eu fiquei, depois só vi a Amanda vindo pra cima de mim com as mãos completamente lilás em minha direção.
— Ah não. Não! Não, não! Amanda! — Eu gritei com minhas mãos em sua direção tentando de alguma forma impedi - lá de chegar até a mim, mas era impossível já que eu estava praticamente deitada e ela em pé. Foram muito rápidas, suas mãos já estavam nas minhas bochechas, pescoço e braços, sujando-me inteira, o cheiro de tinta em meu rosto. 
Eu só conseguia rir, eu fiquei no chão, tentando lutar contra meus risos, eu estava quase sem ar, então afundei minha mão enchendo-as de tinta e atirei na direção dela, melando da cintura para baixo, sujando até a parede um pouco. 
— Sua idiota! Você quer guerra meu amor? Quer? — Ela também ria, gritávamos.
Eu me levantei ficando de pé em sua frente, nos encaramos e do nada cada uma correu em direção ao seu balde pegando pincel e melando nossas mãos, pulamos uma em cima da outra, nos melando inteira, roupas, rostos, nossos corpos. Eu consegui derrubar ela ao chão e então derramei a tinta em minhas mãos pela sua barriga. Ela gritava e ria, gritávamos e riamos. 
Sentada por cima de seu corpo ela não conseguia nem se mexer direito, mais ela enrolou suas mãos nos meus cabelos lindos curtos, os deitando lilás. Eu gritava como se fosse morrer. E sabe, aquele foi um dos melhores momentos que passei com ela, nos divertimos muito. Foi lindo!

Depois te ter nos acalmado e ela ter me ameaçado com o balde inteiro pra eu pedir desculpas, eu realmente pedi, e voltamos a pintar as paredes do meu quarto, porque nós já teríamos pintados nós mesmas. Ligamos o som no ultimo volume da eletrônica e começamos a pintar sério. Ainda bem que a tinta secava rápido, porque o quarto tinha que ficar pronto pra hoje à noite. Passamos umas duas horas ou mais, não sei ao certo, pintando. E no final ela me abraçou, tínhamos feito um lindo trabalho, estava lindo, ficamos parada na porta do quarto, olhando pra nossa arte, completamente sujas e apaixonadas.
— Obrigada amor! Se não fosse você... —
— Tudo por ti sua vadia. — Eu estava com meu braço em seu ombro e ela na minha cintura, lado a lado, ela se esticou beijando meu rosto.
— Eca! Tinta. — Ela riu e eu fiquei olhando aquele sorriso dela.
Nós esperamos apenas meia hora para que o cheiro abaixasse e a tinta secasse para arrumar o quarto, jogar os jornais, recolocar tudo em seu devido lugar. No fim, estávamos alem de sujas, suadas e cansadas. Mas acima de tudo orgulhosas.
Ela foi tomar um banho enquanto eu arrumava os últimos e pequenos detalhes, decidimos tomar banho separado, porque senão, seria mais um ano dentro do banheiro, porque não é? Depois que ela saiu era minha vez, ela reclamou da tinta em seu cabelo e orelha, eu só fiz e rir e tomar o meu banho enquanto ela se arrumava.