Fanfic: Melhor amiga. | Tema: Independente.

Fechei o caderno com as mãos tremulas, atirando o caderno e um lápis quebrado ao meu lado, a casa cheirava a mofo e eu cheirava a vodka. Fiquei fitando a capa do caderno preta até que com dificuldades movi minha cabeça para frente, encarando a parede manchada e a pequena foto beijando o rosto da Amanda, enquanto ela sorria.

— Tão linda... Tão... Mô, eu não quero mais ficar sozinha. —
Eu olhava pra sua foto que agora estava turva, meus olhos choravam lágrimas novamente, era tanta dor, eu não agüentava. Deixei meus joelhos caírem pro lado encostando-se ao chão, levei minhas mãos a cabeça e comecei a chorar, até perceber que estava gritando de dor. 
— Por quê? — 
Era só o que eu sabia dizer.
— Volta, volta pra mim meu amor! Você está aí ainda? —
Eu suplicava olhando para a foto, implorando por um milagre. Eu estava tremendo de frio e de medo. Eu sabia que não tinha mais motivos para viver mais, eu queria partir para perto da Amanda. Então me arrastei andando de “quatro” pelo chão do quarto até a cama, colocando meus braços por cima do colchão para pegar um pedaço de lâmina, que estava ali há alguns dias já, eu só estava esperando me destruir um pouco mais, para ir atrás dela.
— Eu estou indo... Eu... —
Olhei para cima, prendendo na minha mão direita a lâmina que transmitia a pouca luz daquele ambiente. Peguei com fraqueza um último cigarro, o levei até meus lábios e lá o deixei preso entre os mesmos enquanto tentava acender com meu isqueiro. Depois de feito dei uma tragada no cigarro, sentindo todo seu ar e fumaça dentro de mim, o que me fez por uma hora relaxar e fechar os olhos, que doíam. Traguei mais umas duas vezes e então o apaguei, agora eu fitava a lâmina.
Com força nas mãos a conduzi até meu braço esquerdo, a posicionei na curvatura do meu cotovelo e então afundei a lâmina na minha pele e fui puxando para cima, cortando o braço inteiro, eu gritei de dor ao ver o sangue escorrer por entre as peles separadas, foi um corte longo, mas não chegou até o topo para atingir a veia porque eu já teria soltado a lâmina e estava gritando desesperadamente no chão, me contorcendo enquanto melava-me de sangue. Eu já não comia a dois dias, eu estava tão fraca, eu não conseguia enxergar nada além da nossa foto, então meus olhos já não reagiam e eu apaguei.