Fanfic: Melhor amiga. | Tema: Independente.

“Nossa, até que enfim, os médicos deram autorização para deixar minha mãe trazer o meu caderno de capa preta para eu escrever um pouco. Hmm então eu vou explicar o que aconteceu exatamente, é vocês leram médicos. Eu estou em uma reabilitação a hmm quanto tempo mesmo? Ah, a dois meses e quatro dias. Bom, pelo que minha mãe contou quando eu fui encontrada deitada naquele lixo que eu chamava de lugar eles me trouxeram para cá, então eles conversaram comigo quando eu acordei, que demorou a propósito, eu estava tão mal que mal conseguia falar. Bom, agora meu braço está enfaixado, do pulso ao cotovelo, eu sou observada 24h e isso é meio constrangedor sabem? Eu fico aqui no tédio assistindo TV. Eles deixaram trazer meus DVD de Harry Potter, assisti todos, em todas as línguas possíveis em todos os idiomas possíveis. KKK Enfim, eu estou me sentindo melhor e naquele dia eu estava realmente querendo morrer, eu não sei como mas, eu queria infelizmente não deu. É... Então eu não tive mais recaídas, só na primeira semana, acreditam que eles não estavam deixando trazer o caderno pra eu escrever? Nossa, o que eles acham? Que vou bolar um plano e fazer de uma folha de papel uma bomba pra fufir fugir daqui? Enfim, eu sonhei com Amanda ontem, e no sonho ela me dizia que me amava muito e que estava bem onde ela estava. Eu acordei chorando e quando fui contar pra minha mãe ela chorou comigo. Isso me fez sentir bem, ela parecia feliz. Ops espera!”

Minha mãe entrou no meu quarto com muitas sacolas na mão. Meu sorriso se abriu ao vê-la, eu e minha mãe voltamos a ficar próximas agora que minha crise de bebedeira, suicídios e cigarros tinham passado. Ah... Cigarros! Só em pensar me deu água na boca, era meu pior vicio de se livrar. Mordi meu lábio prendendo minha vontade e a espantando para longe. Eu me ajeitei na cama esticando meu braço para guardar meu caderno na mesinha ao lado da cama onde se encontrava um copo com água. Fiquei com minha caneta as mãos.  
— Hey! — 
— Boa tarde meu amor, olha o que eu trouxe pra você! — 
Eu fiquei empolgada, então ela tirou de dentro da sacola uma caixa e imediatamente eu senti o cheiro. Fechei meus olhos expirando aquele aroma maravilhoso. 
— Yakisoba! — 
Eu sussurrei aquela palavra lentamente, abri meus olhos e abri meus braços para aquela maravilha, ela retirou talheres e andou pra perto de, com seu sorriso lindo. Colocou a bandeja por cima do meu colo e separou nossos pratos, meus olhos brilhavam, ela sentou-se ao meu lado em uma poltrona e começamos a comer. 
— Mãe, você é a melhor mãe do mundo! — 
— Agoooooora não é? — 
Rimos, eu concordei com a cabeça continuando a comer. Depois ficamos a tarde inteira conversando sobre as noticias lá fora e sobre meu colégio, eu recebi a noticia que já tinha reprovado e que esperaria o próximo ano para começar novamente. Quando chegou ás 19h00min minha mãe teve que ir pra casa. 

Eu estava assistindo repórter deitada na cama com um saco de Fandangos enorme do meu lado, estava tão interessada na noticia que quem olhasse de longe acharia que era o melhor programa de televisão do mundo, até ver que era repórter é claro, eu nunca gostei muito de repórter, alias qual adolescente gostava realmente? Mas agora eu estava preocupada com o que acontecia. Estranho. 
O relógio na parede marcava 22h00mim e já não passava mais nada de interessante na TV, cuja mesma estava nesse momento desligada. Eu olhava através do vidro daquela enorme janela, encarando o céu da noite de São Paulo, encontrando apenas duas estrelas solitárias, eu estava pensando na minha casa, de como seria entrar no meu quarto novamente, de tocar meu violão... Eu parei, lembrei-me do que eu teria feito com o violão, quebrado, meus olhos encheram de lágrimas, ele teria sido um presente, eu não deveria ter feito aquilo com o mesmo. 
Então veio na minha cabeça a Sophia, será que ela estava feliz? Se dando bem com os estudos por lá? Meu primeiro amor, eu sorri com meus pensamentos lembrando os nossos dias juntos. E a Amanda entrou em minha cabeça no momento, do sonho que ela dizia estar bem, eu não chorei dessa vez, eu sorri lembrando-me do seu sorriso.
O telefone do meu quarto tocou, pensei em ser minha mãe ou meu pai já que só eles tinham o número do quarto onde eu estava, mas o que teria acontecido? Não está um pouco tarde? Estiquei-me inteira pegando o telefone em mãos, sentei-me na cama encostando-me no travesseiro, então com um suspiro apertei o botão.
— Alô? — 
— Bianca? — 
Sophia! 

Eu não esperava ouvir daquela linda a voz da Sophia, meu coração acelerou como há muito tempo não tinha, agora eu já estava em pé em um pulo rápido ao lado da janela, eu olhava por entre seu vidro fitando o nada, minha respiração estava difícil de achar, eu paralisei, não sabia o que falar, foi quando a voz dela me despertou.
— Bianca, você está aí? —
— Sophia, sim, eu... —
— Desculpa te ligar a essas horas, sei que aí é uma clínica. Acordei você? —
— Ah, que nada eu estava só... Pensando, tudo bem. —
— É... Quanto tempo que não falava contigo. —
— Pois é então... Sophia, como você está? — (soltei um riso nervoso) 
— Estou bem, quer dizer, arrasada, preocupada... Mas, como VOCÊ está? —
— Bom, eu estou bem melhor. Falou com minha mãe é? —
— Sim, ela me mandou ligar pra esse número. Eu... Sinto muito pela Mand. —
— Eu não esperava por aquilo, mas eu superei, sei que ela está bem onde está. —
— Só liguei pra conversar um pouco, aí deve ser um saco. —
— Nossa nem me fale, é muito parado, mas eu gosto. —
— Não gostei nem um pouco da sua reação, você quase morre! —
— Quase, mas não morri então... —
— Não é assim que encaramos os problemas. —
— Eu caí, mas encarei, pelo menos não fugi. —
Fez-se silêncio por alguns segundos e eu dei um tapa em minha testa.
— Desculpa pelo meu comentário irônico. —
— Tudo bem Bia, eu tenho que desligar, tchau se cuide. —
— Vo... —
Eu ia me despedir, mas a ligação já tinha sido cancelada, eu fiquei sem entender, aquela noite eu fui dormir pensando na Sophia.