Fanfic: O Preço de uma Conquista - Vondy Adapatada. | Tema: Vondy

Ela sentiu um gosto amargo na boca. Maldito Jeff! Se ainda fosse se casar com ela, se ele estivesse ali, teria escapado desse comentário de Christopher Uckermann, que não se atreveria tanto.

Ergueu os olhos para ele. Pelo menos Christopher merecia respeito por não se vestir em pele de cordeiro, como Jeff fizera. Sabia o que esperar dele, sabia que Christopher não fingia e que ia direto ao que queria, sem insinuar casamento. Nunca mais cairia nessa! Como fora estúpida dando a Jeff o que ele queria...

Antes que percebesse o que ocorria, lágrimas ardentes encheram-lhe os olhos e desceram pelas faces. Christopher se aproximou:

— Eu cuido das lágrimas, desta vez — disse, levando o lenço aos olhos dela.

— Cuidado com a maquiagem!

— Sossegue, Dulce. Eu tenho consciência do que é importante na vida, sabia?

Ela ficou imóvel como uma estátua. Por que o deixava fazer aquilo? Devia ser porque não conseguia se controlar. Eram provações demais: o casamento de Marlee, o fora de Jeff, Christopher Uckermann sendo tão gentil... Marlee dizia que ele era gentil. Talvez fosse. O fato é que se mostrava suave com ela naquele momento. Não havia porque procurar significados ocultos.Dulce precisava que alguém lhe desse atenção e carinho, por causa do vazio que sentia.

Jeff se fora, Marlee ficaria com Ray e ela não tinha ninguém. Ninguém, mesmo. Olhou outra vez para Christopher Uckermann. Aquela gentileza toda era boa educação, uma cortesia superficial. Tratava-se de uma atitude que qualquer homem razoavelmente bem-educado tomaria, nem que fosse por causa das aparências. No entanto, ele mostrava uma certa suavidade, ou seria compaixão?, que parecia derreter parte da amargura que se espalhara dentro dela, fazendo com que se sentisse...Respirou fundo, livrando-se desses pensamentos e combatendo a fraqueza boba que a tornava tão vulnerável. Era loucura achar que Christopher poderia se importar com ela. E era mais loucura ainda querer que se importasse. As emoções estavam escapando de seu controle e isso não podia acontecer. Era preciso ser dura para sobreviver neste mundo. Não aprendera essa lição há muito tempo? Respirou fundo de novo.

— Fique quieta — Christopher meio pediu, meio ordenou. — Não quero machucar seus olhos.

— Estou bem agora — garantiu ela, distanciando-se dele. — Não vou mais chorar.

Ele recuou, olhando-a com intensidade, e murmurou:

— É assim que me vê?

"Assim", como?, pensou ela. Forçou um sorriso:

— Duvido que possa saber o que vejo em você, Christopher.

— É mesmo? Me diga, então.

A suavidade continuava lá, nos olhos dele, e o instinto de defesa de Dulce se manifestou violento, obrigando-a a se defender, a lutar contra possíveis ameaças, como fizera a vida toda.

Antes que pudesse se conter, desandou a falar:

— Você é esperto, calculista, auto-confiante, cínico, muito controlado e manipulador.

Análise nada simpática, mas era verdade, pensou ela. Apesar do quanto ele era atraente,não ia se esquecer do que havia por baixo.

— Ah! Você consegue enxergar dentro de mim até essa profundidade? — os lábios dele se apertaram.

— Que é mais fundo do que você consegue ver em mim. — Os olhos castanhos fixaram-se nos dela, muito sérios:

— Que eu saiba, esta é a conversa mais longa que tivemos, Dulce. Se não permitir que eu me aproxime, que fale com você...

— Falar não é bem o que tem em mente quando olha para mim, Sr. Uckermann.

Em seguida ela sorriu, percebendo que não mantinha a imagem amigável que convinha ao casamento.

— Mas é um começo — defendeu-se ele, depressa.

— Não. É um fim.

Ele a fitou com ar de desafio:

— Você não sente a química entre nós? A interação... — Dulce não pôde evitar de ficar vermelha e reagiu:

— Você é maluco se pensa assim!

— Seria maluco se não pensasse.