Fanfic: O Preço de uma Conquista - Vondy Adapatada. | Tema: Vondy

Os sonhos estavam ali, flutuando entre elas. Tudo o que haviam conversado enquanto cresciam. Os sonhos que as amparavam quando tinham tão pouco controle sobre suas vidas.Dulce sentiu o coração se partir em pedacinhos. Os sonhos que haviam partilhado eram belos, perfeitos, completos. Não queria olhar para eles agora. Tinha que ser forte.

— Existem outros sonhos, Marlee... — ela não sabia se era verdade, mas precisava

agarrar-se em alguma coisa.

— Sim — murmurou a amiga. — Quero que você seja feliz. E se está feliz...

— Estou — afirmou Dulce, forçando-se a sorrir. — Estou mesmo, de verdade.

— Dulce, se precisar, sabe que sempre pode contar comigo.

— Sim, eu sei.

— A qualquer hora — insistiu Marlee, enxugando as lágrimas, num gesto quase infantil. —Sempre.

— Eu sei, Marlee. Obrigada.

Quando foram embora, Christopher mostrava-se fechado. Não falou durante o caminho para casa, o que não era normal. Dulce teve a sensação de que ele estava remoendo alguma coisa.Tentou puxar conversa duas vezes, mas as respostas curtas não a encorajaram. Então, ficou em silêncio, imaginando se tinha feito algo errado.

Quando entraram no apartamento, ela se ofereceu para fazer um café, esperando que o humor de Christopher melhorasse. Ele a acompanhou à cozinha e ficou apoiado no balcão, enquanto ela fazia o café, consciente de que ele a observava. Por fim não conseguiu agüentar mais:

— O que houve, Christopher? Algo errado? — Ele não negou, apenas disse:

— Ray insistiu em ter uma conversa de homem para homem comigo, esta tarde.

— E...?

— E o quê? — Dulce suspirou:

— Imagino que tenha sido a Marlee quem o convenceu a fazer isso, pois ela montou uma conversa de mulher para mulher comigo. Acha que você não é o homem certo para mim. Mas eu cuidei disso, Christopher.

Os olhos a fixaram intensamente:

— Acho que também quero ter uma conversa séria com você, Dulce.

— Sobre o quê?

— Perguntei-lhe, no casamento, se a situação entre você e Jeff era séria. Você disse que não era muito.

Dulce ficou alerta ao notar um tom de orgulho ferido na voz dele. Disse, calma:

— E daí? Eu não podia querer nada sério com um homem que não me queria. Contei-lhe, depois, que foi ele quem rompeu comigo. O que mais podia dizer?

— Você não me disse que ele praticamente a deixou no altar, Dulce, que o casamento

estava marcado para dali a três meses e que esperava receber o anel de noivado naquela semana.Não me contou o quanto estava apaixonada por ele, nem que o rompimento acontecera naquela manhã.

Dulce sentiu vergonha ao ver como bancara a boba com Jeff. Sabia, agora, que naquela época estava mais interessada na idéia do amor e do casamento do que em Jeff propriamente.

Christopher notou que ela ficara vermelha e acrescentou:

— Achei que se tratava apenas de um namoro que acabara antes de se tornar sério. Masnão foi isso, foi?

Ela respirou fundo, antes de falar:

— Quando Jeff ligou, naquela manhã, tive impressão que era o fim do mundo. Mas a vida continuou, Christopher, e descobri que o mundo também continuava.

— Ray sugeriu que talvez você não esteja num estado de equilíbrio emocional — disse ele, sério — e sugeriu que sua decisão de vir morar comigo foi algo assim como uma vingança. —Sorriu, amargo. — E eu achei que estava errado por tirar vantagem de uma mulher com profundo trauma emocional...

— Você se importa com isso? — perguntou Dulce, brava por ele questionar suas decisões.

— Importo.

— Mas conseguiu o que queria, Christopher.

— Eu não quero ser só um substituto — desabafou ele. Dulce viu orgulho nos olhos dele,viu a necessidade que tinha de ser amado e que as palavras de Ray haviam despertado incertezas com as quais ele não queria conviver.

— Eu quero você, Christopher — disse, com sinceridade. — Não sei como fez, mas tirou Jeff completamente da minha cabeça, na noite do casamento. É o que você queria ouvir?

— Se for verdade, é.

Ela se aproximou e deslizou as mãos pelo peito dele, os olhos expressando claramente o amor que sentia. Será que Christopher tinha condições de percebê-lo?

— Você acha que eu teria sido tão feliz esta semana se você não fosse o homem certo para mim, Christopher? — perguntou, emocionada. — Acha que sou capaz de fingir tanto?

Viu o alívio surgir nos olhos dele, suavizando-lhe o rosto.

— Dulce...

As mãos dela passaram pelo pescoço dele, puxando-o para si e murmurando:

— Quero você, Christopher. Agora, aqui. Por favor?

Ele a abraçou, com força, as mãos percorrendo o corpo macio com fervor, amoldando seu desejo ao dela. Beijou-a com uma paixão sobre a qual não tinha controle. Apesar da cozinha não ser dos locais mais confortáveis para se fazer amor, de certo modo foi mais importante para Dulce do que todas as outras vezes. Ela entregou-se cheia de amor, feliz, porque ele a desejava. Talvez Christopher não a amasse como ela o amava, mas era claro que a queria apenas para si. Não gostava da idéia de ela dedicar seu pensamento ou atenção a outro. Dulce sabia que não se tratava simplesmente de orgulho; era uma reação decorrente da necessidade que ele tinha de não ser um solitário. Ela também se sentia assim.