Fanfic: O Preço de uma Conquista - Vondy Adapatada. | Tema: Vondy

Até então, Dulce não contara a Christopher sobre o filho de Marlee e Ray, pois tinha medo de perder o controle. No fim de semana seguinte, foram convidados para um jantar e Christopher resolveu escolher o que ela iria usar. Felizmente, o vestido escolhido foi um elegante modelo estilo reto, solto, em crepe negro.

Ela estava vestida e pronta para sair quando ele pediu-lhe que ficasse imóvel e fechasse os olhos. Sentiu algo ser colocado em seu pescoço e se emocionou. Não podia aceitar mais nada, pensou. Uma semana, talvez duas, e teria de sumir para sempre da vida dele. Christopher já comentara, brincando, que ela estava engordando. Mas não se importava, dissera, rindo, porque sempre achara as mulheres rechonchudas dos quadros de Rubens muito atraentes.

Era um longo fio de pérolas. Pérolas de verdade, que deviam valer uma fortuna.

— Um amigo comprou o colar para você, no Japão. Gostou? — Dulce sentiu o sangue

sumir do rosto:

— É... é lindo. Mas não quero que compre jóias para mim. Não posso aceitar -— disse, tentando tirar o colar.

— Por que não? Quero que fique com ele, Dulce.

— Não me sinto bem, Christopher. Tanto dinheiro...

— Ora, gasto o meu dinheiro como quero! Fica linda com essas pérolas. Não o tire, Dulce, por mim.

— Está bem — concordou ela, relutante. — Mas as pérolas são suas, Christopher, não minhas.

Lembre-se sempre disso.

Ele franziu a testa:

— As pérolas são suas e pode usá-las quando quiser — disse, sério.

O colar pareceu atrapalhar a respiração de Dulce a noite toda. Mais do que nunca parecialhe errado continuar fingindo e a idéia de perder Christopher era cada vez mais terrível.O que tem de ser feito, será feito, pensou ela, tentando ser forte.

Quando o fim de semana acabou, Dulce começou a procurar casa. Os aluguéis eram

apavorantes, mas por fim encontrou, em Glebe, um apartamento que podia pagar. Era um sala quarto-banheiro pequeno, com móveis baratos. Teria que dividir a cozinha do andar com três outras pessoas, mas isso não seria problema.

Assinou o contrato, pagou um mês de aluguel adiantado. Hesitara por Glebe ser muito

perto de Redfern, onde passara sua triste infância, mas se conformara: a baía iria separá-la de Christopher e tinha transporte direto para o escritório de Ray.

Tendo onde morar, não havia nada que a obrigasse a ficar com Christopher, exceto a terrível dor da separação. Mais uma noite, decidiu, mais uma noite de amor que seria a lembrança final.Fez o prato predileto de Christopher para o jantar, pôs champanhe no gelo, separou os discos laser preferidos dos dois. Arrumou a mesa com velas e flores. Escolheu um vestido de seda.

— Vamos ter visita? — perguntou ele, quando viu os arranjos.

— Não, só nós dois.

— Será que estou esquecendo de uma data especial? Seu aniversário?

Ela riu, fez que não e disse:

— Cada noite com você é especial, Christopher. Cada noite e cada dia. Quero que saiba disso.

— Para mim também... — Christopher beijou-a com suavidade. Foi uma noite maravilhosa, tudo que Dulce desejava e ainda mais. Acabou dormindo nos braços dele e quando acordou, no dia seguinte,Christopher  já estava pronto para ir trabalhar.

— Trouxe café pra você — disse, apontando a xícara na cabeceira. — Estou atrasado,

preciso correr.

Não havia tempo de abraçá-lo outra vez e Dulce ficou olhando; ele chegou à porta, parou e disse, sorrindo:

— Até logo. — Então, se foi.

Abatida, Dulce arrumou suas coisas em duas malas, sem incluir nada do que Christopher lhe dera, chamou um táxi e pouco depois chegou em sua "casa". Como lá não caberiam suas plantas, levara apenas quatro. Foi um dia longo, de arrumação. Estava pálida de cansaço ao voltar para o apartamento de Christopher para a despedida final.Passou o tempo que restava na varanda, pensando, triste, que Christopher se livraria de todas as plantas. Não iria desejar nada que o fizesse lembrar dela.Quando a hora de ele chegar se aproximou, foi para a cozinha, deixou a bolsa e o cartão com o telefone do ponto de táxi junto do telefone e se apoiou no balcão, tentando ordenar os pensamentos.