Fanfic: O Preço de uma Conquista - Vondy Adapatada. | Tema: Vondy

— Dulce?

— Aqui na cozinha, Christopher. — Era o momento temido. Ela escutou os passos se

aproximando pelo corredor, até que Christopher chegou à porta da cozinha, um sorriso no rosto, os olhos revelando o prazer de estar em casa... com ela.

— Não vai cozinhar hoje?

Os lábios dela se moveram para fazer a palavra "não", mas a voz não saiu.

Ele ficou imóvel, enquanto ela enxugava as mãos suadas e franziu a testa ao ver que

vestia jeans e camiseta; ficou ainda mais sério ao notar como estava pálida.

— Você está doente, Dulce?

Sim, pensou ela. Doente de amor. Ainda nutria um restinho de esperança de que ele a

amasse de verdade e que mudasse de idéia quanto a ter um filho. Havia uma chance, não havia?

Quem não joga não tem chance de ganhar...

Ela respirou fundo, rezando mentalmente ao dizer:

— Estou grávida, Christopher.

Os olhos refletiram o choque, o rosto dele perdeu a cor e as mãos se fecharam com

força.Havia algo terrível na sua imobilidade e só quando sentiu dor no peito foi que Dulce percebeu que segurava a respiração. Forçou-se a respirar e aguardar que ele falasse alguma coisa foi agoniante.

— E o que você quer fazer a respeito? — disse Christopher, por fim, com voz sem cor.

Dulce ficou gelada diante da completa ausência de expressão.

A pequena esperança desapareceu. Ele dissera o que você pretende fazer e não nós. Era a gravidez dela. Será que Christopher queria que fizesse um aborto? Suas mãos subiram, instintivamente,protegendo o ventre.

— Vou ter o bebê — disse ela, num fio de voz.

Mais um silêncio pesado. Viu Christopher abrir e fechar as mãos com força e seus lábios contorceram-se num sorriso sardônico:

— Então, foi esse o motivo de tudo aquilo ontem à noite. Dourando a pílula antes de me entregar para engolir?

Aquilo a machucou. Ele não notara que fora um ato de amor? Não percebia como ela

precisava, com desespero, que a abraçasse e dissesse que estava tudo bem? Não notava sua agonia?

— Por quê, Dulce? Vivermos juntos não lhe bastava? Você tinha de pressionar para

casarmos e termos filhos? Você acha que pode me convencer?

As palavras agressivas estavam cheias de amargura. Ela percebeu que Christopher pensava em seu casamento fracassado, porém isso não diminuiu a dor que sentia. Ele não tinha o direito de pensar assim a seu respeito! Mas o fato é que aceitara os termos dele. Se soubesse... Era tarde demais para se culpar por não ter feito o exame de gravidez antes. Procurou responder com firmeza:

— Apenas aconteceu, Christopher. Eu não planejei isto.

— Eu lhe disse que não queria filhos e hoje em dia ninguém engravida sem querer.

— Sinto, muito mais do que você pode imaginar. Mas não posso fazer nada. Aconteceu e não dá para desfazer.

— Os olhos fixaram-se nela sem pena, sem amor, e Dulce ergueu o queixo, orgulhosa:

— Ontem, eu estava lhe dizendo adeus, Christopher. Foi isso o que aconteceu. Achei

que não devia sair de sua vida sem explicar o motivo. O filho é tão seu quanto meu e apesar de saber que você não o quer, achei que devia ser informado. Por isso voltei para contar.

— Voltou?

— Sim. Levei minhas coisas para outro lugar. Você me avisou, desde o começo, por isso pensei que um rompimento franco era o melhor. Não estou lhe pedindo para cuidar de mim.

— Mas é claro que eu vou cuidar de você! Que tipo de homem pensa que eu sou?

Ela ignorou o que ele dissera, apressando-se em continuar:

— Não levei nada do que você me deu. Lamento por todo o dinheiro que gastou comigo, mas nunca pedi para que o fizesse. No entanto, aceitei... Não posso fazer mais nada, agora. Não planejei ter o bebê, não importa o que você pense. Se me der licença, chamo um táxi e vou...Não conseguiu terminar e foi para o telefone. Suas mãos tremiam. Tentou ler o número no cartão, mas as lágrimas embaralhavam tudo.

— Mas que droga, Dulce! — o telefone foi arrancado da mão dela. Mãos fortes seguraram na pelos ombros e a fizeram voltar-se.