Fanfic: O Preço de uma Conquista - Vondy Adapatada. | Tema: Vondy

Ela empurrou o portão e entrou. Quando chegou ao alto da escada Kate Reid saiu de seu apartamento.

— Oi! Como foi? — indagou, toda animada.

— O trabalho foi bem e ninguém notou que estou grávida.

— Ah! O corte do vestido é ótimo, não?

— Sem dúvida.

— Você deve estar cansada e hoje não precisa cozinhar para mim! — brincou a garota. — Vou encontrar uns amigos no Enzio`s. Quer ir? A gente pode se empanturrar de boa pasta italiana por dez dólares.

Dulce hesitou. Não estava com fome e esse dinheiro podia ser usado em outra coisa. Mas a idéia de ficar sozinha não a agradava.

— Sim, acho que vou.

— Então, se apronte, saímos em dez minutos. Eu bato na sua porta.

No simpático restaurante italiano, Dulce forçara-se a comer, a sorrir para os amigos de

Kate a conversar com eles. Quando voltaram para casa sentia-se abençoadamente cansada e foi direto para a cama.

Não viu Ray no dia seguinte. Christopher não a esperava quando saiu. Sim, estava

definitivamente acabado. Voltou para casa e fez um belo jantar chinês para Kate, que adorou. Isso animou-a um pouco.

Mas Kate tinha trabalhos da faculdade para fazer e ao ficar sozinha em seu apartamentoDulce não conseguiu evitar a depressão. Se tivesse uma televisão. Procurava uma fita com música que a animasse quando bateram na porta. Abriu, pensando que era Kate e ficou surpresa ao ver Marlee, com o rostinho preocupado e sombrio. Surpresa, sorriu e abraçou a amiga, expressando o amor que sentia e sempre sentiria por ela.

Mas Marlee não retribuiu o abraço e Dulce recuou, sem entender:

— Algo errado, Marlee? — perguntou, confusa.

— Sim, muito errado. Posso entrar?

— Claro! — disse Dulce, afastando-se para ela passar. — Não é nada grandioso, mas dá para mim. Sente-se.

Esperando que Marlee aceitasse o convite, Dulce sentou-se na cama. Mas Marlee não se sentou. Continuou de pé, olhando-a como se fosse uma estranha.

— Vim para lhe dizer adeus, Dulce — disse ela, afinal.

— Como assim? Você e o Ray vão viajar?

Marlee fez que não e perguntou, por sua vez:

— Nós passamos por muita coisa juntas, não foi, Dulce?

— Sim, passamos — respondeu Dulce — e ficamos sempre unidas, como irmãs.

— Mas desta vez você fez uma coisa muito, muito errada, Dulce.

— Do que está falando, Marlee?

— Nunca imaginei que você fosse assim! — os olhos meigos encheram-se de lágrimas. — Pensei que a conhecesse bem.

— Marlee? O que foi que eu fiz?

— Você está castigando o Christopher porque a magoou. — A voz de Marlee era dura,

acusadora. — Castiga-o por não ter correspondido aos seus sonhos quando você queria. Não é justa com Christopher, nem com seu filho. Nunca pensei que fosse tão má!

— Você não sabe o que aconteceu entre nós, Marlee — rebelou-se Dulce.

— Sei o bastante para ver que você está errada, Dulce, que é uma egoísta.

— Eu, egoísta? — Dulce mal conseguia falar. — Você acha que estou sendo egoísta?

— Sim! Você foi viver com o Christopher porque o amava, pelo menos foi o que disse. Acreditei em você, Dulce. Mesmo quando devia ter contado a ele sobre o bebê e não contou, achei que sabia o que estava fazendo. Sempre confiei nas suas opiniões, mas não a ponto de não ver quando está errada. — Marlee fez um pausa, tomando fôlego e coragem para continuar. — Tem que haver confiança entre duas pessoas que se amam e você não quis dar ao Christopher a oportunidade de mostrar que a ama o bastante para entender o que aconteceu. Recusou-se a tentarem ajeitar as

coisas juntos. Você foi injusta, egoísta e agiu errado!

— Ele teve a chance, Marlee — teimou Dulce.

— Depois de você ter mentido para ele — rebateu Marlee. — Não pode culpá-lo por reagir mal diante disso.

—- Você não está entendendo...

— Entendo que o Christopher foi nos procurar naquela noite — interrompeu-a a amiga —desesperado por ter deixado você ir embora. Como você exigiu que eu não dissesse a ele onde estava, eu não contei. Marlee começou a tremer e Dulce assustou-se: nunca a vira nesse estado. Mesmo assim,ela continuou:

— Fiz isso por você. Fiquei calada, vendo o homem que a ama descer ao inferno por sua causa. Christopher continuou nos procurando na esperança de arranjar um meio de ter contato com você. Ele me implorou para contar quais eram seus sonhos, me fez ir com ele procurar uma casa de que você gostasse, uma casa com terreno grande o bastante para você ter seu jardim... — A voz de Marlee afogou-se nos soluços contidos, mas ela se refez:

— Ele queria lhe dar tudo que você deseja. No fim da semana passada encontramos o tipo da casa na qual você vivia falando, Dulce, com varanda em toda a volta e muito espaço para crianças. Christopher pagou a entrada por ela e, então, não pude mais ficar do seu lado, entende? Contei que você ia trabalhar com o Ray... É errado você não dar uma chance a ele. Christopher a ama muito!

-— Mas o bebê...

— Ele quer o bebê, Dulce! — Marlee segurou-a pelos ombros e sacudiu-a. — Ele quer!

— Mas o primeiro filho dele... — começou Dulce.

— Converse com Christopher sobre isso! — explodiu Marlee.

— De que jeito? — desanimou-se Dulce.

— Ele lhe deu uma oportunidade. Vai lhe dar outra. Ele vai lhe dar qualquer coisa que você queira! — A meiga Marlee estava irreconhecível. — Não posso deixá-la fazer isso com você mesma e com seu filho, Dulce. Você não deu tempo para o Christopher pensar na situação e ontem, quando ele quis explicar tudo, você não escutou. Sei que ele a machucou, mas você também o machucou, está machucando e muito! Christopher quer acertar tudo e você não deixa. E se... Marlee rompeu num choro convulsivo e Dulce saltou da cama para abraçá-la, mas ela recuou, rejeitando o carinho da amiga.

— Eu não quero mais saber de você! — gritou, angustiada. — Não é a Dulce que conheço e amo. Você virou outra pessoa. É má!

Soluçando muito, Marlee saiu do apartamento, batendo a porta, deixando Dulce paralisada, em choque: sua grande amiga renegava a amizade delas, tomando o partido de Christopher! Teve a sensação de ser traída e compreendeu que perdera as duas únicas pessoas que amava.

A culpa era sua?

E o filho que Christopher  já tinha?

Ele poderia explicar o pouco caso que fazia desse filho, supondo-se que Marlee estivesse certa?

Eu devia ter escutado o que Christopher tinha a me dizer!, pensou, perturbada, e estas palavras ficaram girando em sua mente, até que ela não conseguiu mais suportar a culpa. Marlee estava certa, sim. Havia sido egoísta, mentira a Christopher para proteger sua felicidade com ele e havia se justificado dizendo que mentia também por ele, mas a verdade é que fora motivada pelo desejo de permanecer ao lado do homem que amava. E culpara Christopher pelas mentiras, depois o acusara de não confiar nela. Mas ele a perdoara e ela não conseguira perdoá-lo. Christopher fora mais compreensivo, enquanto ela se recusara a ouvir, a acreditar quando ele dissera que a amava e que também queria o filho deles.

Só havia uma coisa a fazer.A única coisa certa.

Christopher dissera que podia ligar se precisasse de alguma coisa e estava precisando.Precisava ouvir as palavras que não quisera ouvir antes. Precisava descobrir se estava errada e quanto. Precisava acertar tudo, se fosse possível.

E precisava pensar em Marlee, no mal que estava causando à sua amiga.