Fanfic: Marido Por Acaso AyA [Finalizada] | Tema: AyA

Alfonso puxou sua cadeira mais para trás e apoiou os pés sobre a mesa, olhando, através da vidraça, para fora do prédio.

Tudo parecia estar indo muito bem até o momento. Não podia ter escolhido uma garota melhor para o papel. Anahí era esperta, tinha sempre boas respostas na ponta da língua, não fazia muita questão de ser gentil e parecia não ter tato algum, qualidades estas que garantiriam o espanto e o total repúdio de Camila Herrera.

E Anahí era também muito bonita. Não linda como as mulheres que Camila costumava escolher para seu propósito mais imediato de casar o neto. Mas, mesmo com as roupas simples que usava para trabalhar, Anahí era bastante atraente. Alta, magra, com as curvas nos lugares certos e grandes olhos azuis. Além, é claro, do delicado queixo sempre altivo, dos cabelos ondulados, suaves, de cor natural.

Na verdade, a primeira ideia que ocorreria a Camila seria: "Como essa garota tão comum conseguiu chamar a atenção de Alfonso?"

Havia certas moças, Alfonso ponderava, que sua avó jamais acreditaria que tivessem sido capazes de fazê-lo voltar-se para um segundo olhar. Anahí não era uma delas. No entanto, assim que Camila se visse diante daquela boca pequena, das frases agudas, da falta de verniz…

E Anahí iria manter seu emprego também, assim como ele esperava que fizesse. E a ideia de ter uma neta que trabalhasse no turno da noite da produção iria deixar Camila roxa de raiva e vergonha. Alfonso sentia-se cada vez mais seguro de que fizera a escolha certa. Anahí era mais que adequada.

Levantou-se, pegou o paletó que deixara pendurado num cabideiro ao lado e preparou-se para sair. Louise já deveria ter feito a ligação que pedira, assim, já podia ir para casa, brincar com sua filhinha e alvoroçar sua avó com a novidade. Para ser franco, estava ansioso por fazer isso.


Todos naquela parte da fábrica sabiam que Anahí estava atrasada naquele dia porque havia sido convocada pelo patrão. E, como Anahí não podia contar a eles o que conversara com Alfonso Herrera, o melhor era ficar calada e suportar os comentários que a acompanhavam conforme caminhava.

E, mesmo quando não respondia, as observações ficavam mais sugestivas e desagradáveis, mas nenhuma delas foi cruel. Ademais, se antes esperava estar livre daquela gente em dois anos, agora tinha o ânimo renovado, com a perspectiva de deixar a Herrera dentro de muito menos tempo, ao ser tão bem remunerada pelo que iria fazer.

Esquecera-se de perguntar a seu patrão por quanto tempo ele pretendia levar a mentira adiante, mas tinha certeza de que não seria por vinte e quatro meses. E, assim que tudo terminasse, teria dinheiro bastante para resolver todos os seus problemas. Poderia dedicar-se de corpo e alma a seus estudos, sem o peso de tanto esforço, que a esperava todas as noites.

Precisaria devolver todo o dinheiro, é claro, e o faria, não importava como. Sentira que Alfonso Herrera não acreditara nessa sua intenção, mas Anahí agora encarava aquele empréstimo como se tivesse sido feito de um banco. Imaginava-se no futuro, já acertando as contas com Alfonso ao mesmo tempo que teria um outro emprego, do qual gostasse muito. Visualizava a expressão de Alfonso ao ser ressarcido, mal podendo crer que Anahí falara sério quando lhe prometera devolver cada centavo.