Fanfic: Marido Por Acaso AyA [Finalizada] | Tema: AyA

— Fui grosseiro demais quando lhe pedi para usar suas roupas de operária, não é? Olhe, quero apenas que se sinta à vontade. Fique o mais perto possível da realidade. Sempre achei que assim seria mais seguro. Você age, e eu a sigo, certo?

— Segue e pega os pedaços, não é? — Anahí acrescentou, um tanto amarga.

Quando já chegavam diante de seu prédio, voltou a falar:

— Obrigada pela carona. Assim vou ter mais tempo para passar alvejante nos cabelos e pintar minhas unhas de verde.

Anahí saiu logo do carro, sem esperar para ver se Alfonso iria ou não responder a tal farpa de ironia.


O apartamento não tinha campainha, então Alfonso apenas bateu à porta, observando os pequenos pedaços de tinta seca que caíam conforme o fazia. 
 
Quando Anahí abriu, já vestia o casaco, e isso o fez sentir uma certa ansiedade. Haviam ambos feito brincadeiras bobas sobre a maneira como Anahí deveria se vestir, mas, embora seus cabelos estivessem um tanto mais claros agora, ela, com certeza, não os alvejara.  
  
— Poderia tê-lo esperado do lado de fora, mas achei que este anel não combinava muito bem com a vizinhança… — Moveu a mão direita para indicar as casas de péssima aparência ao redor.  
  
— O que houve com o esmalte verde? — Alfonso brincou, notando suas unhas limpas e bem-cuidadas. No entanto, parecia um tanto aliviado por não ver nenhuma tonalidade estranha nelas.  
  
— Sinto desapontá-lo, mas minha colega de quarto acabou com o vidrinho ontem, antes de eu chegar. No entanto, me emprestou a roupa, para compensar o que fez.  
  
Já se encaminhavam para o automóvel quando Anahí comentou, mais para ter o que dizer do que pelo significado das palavras:  
  
— Estou surpresa por não ter trazido sua avó para ver onde moro. Ou está reservando isso para o caso de precisar nocauteá-la mais tarde?

Alfonso percebia que Anahí estava tensa. Mesmo uma mulher que soubesse o que a esperava estaria nervosa diante de um encontro com Camila Herrera.
 
— Por que reside aqui, afinal, Anahí? Sei que não lhe pago uma fortuna, pelo menos não ainda, mas sei que seu salário é razoável.
 
— Porque os dois bairros mais elegantes da cidade estavam sem casas para alugar quando decidi me mudar para cá. — A zombaria era, parecia óbvio, um modo de não dizer-lhe seus motivos, Alfonso notou. 
 
Anahí, com certeza, não se orgulhava do local em que morava. Devia ter dívidas. Não fosse por isso, não lhe teria pedido aquela quantia enorme de dinheiro pelo "serviço".
 
Isso, contudo, não somava pontos a favor de sua determinação em pagar cada centavo, como dissera que iria fazer… Mas tal fato não importava, já que Alfonso não levara a sério essa promessa.
 
Considerando-se as diferenças regionais, a distância não era tão grande assim entre a rua pobre onde ficava o edifício de Anahí e a imensa mansão vitoriana que os Herrera ocupavam havia gerações, por mais de cem anos.

Alfonso estacionou diante da entrada principal, na elegante curva do jardim, e voltou-se para ver a reação de Anahí. Tudo que pôde ver foi sua nuca, onde os cabelos estavam presos em um rabo-de-cavalo, pois Anahí olhava pela janela, quase engasgada diante de tanto esplendor.