Fanfic: Marido Por Acaso AyA [Finalizada] | Tema: AyA

Camila tivera de ir a uma festa, e só chegou quanto Alfonso já tinha dado banho em Annebelle e a colocava no berço.

— Pensei que a sra. Wilson já devesse estar de volta.

— Eu disse a ela que poderia voltar quando quisesse esta noite, vovó.

— Por quê? Submete-se demais à vontade dessa mulher, menino. É claro que quando você e Anahí se casarem…— Camila fez uma pequena pausa, o que deu ensejo a Alfonso de se lembrar das afirmações de Anahí naquela tarde sobre sua avó considerá-la uma caça-dotes que não saberia desempenhar o papel de mãe. Achou que poderia aproveitar a chance para levar seu plano adiante mais depressa ainda.

— Vou ter de suportar a sra. Wilson por um bom tempo ainda, vovó. Anahí não poderá levar Annebelle para assistir às aulas com ela.

— Sei, sei… — Camila limitou-se a menear a cabeça, no entanto, Alfonso pareceu notar um brilho de satisfação em seu olhar.

De fato, Camila andara agindo por conta própria com as tais candidatas nos últimos meses, mas isso fora óbvio demais. Entretanto, agora estavam diante de um plano arquitetado e que poderia, caso perdessem o controle, magoar alguém.

Alfonso esperava que Anahí soubesse o que estava fazendo. Bem, afinal, por que se preocupar com ela, já que a estava pagando, e muito bem? Se Anahí acabasse ferida no processo, não seria responsabilizado pelo "acidente de trabalho".

Alfonso sentou-se na cadeira de balanço do quarto de Annebelle, tendo a garotinha nos braços.

— O que achou dela, vovó?

— De Anahí? — Camila pareceu pensar por instantes. — É… interessante. Claro que é muito diferente de Sybil. — Ela acariciou os cabelos de Annebelle e deu um beijo leve no rosto do neto, deixando o só com a filha.
No silêncio, quebrado apenas pelo chiar suave da antiga cadeira, que ia e vinha, Alfonso permaneceu abraçado à filhinha, observando-lhe os traços suaves até que adormecesse. Annebelle seria uma linda mulher, como sua mãe.

Fechou os olhos e pôde ainda rever o semblante da esposa, tão claro como no dia em que ela morrera. "É muito diferente de Sybil", sua avó falara sobre Anahí. Alfonso permaneceu ali, balançando-se de lá para cá, até bem depois que Annebelle adormeceu. Então, a porta se abriu, e a sra. Wilson espiou para dentro, dizendo, baixinho:

— Há quanto tempo ela está dormindo?

— Eu já lhe disse inúmeras vezes que ficar acordada até mais tarde não lhe fará mal algum — Alfonso respondeu, no mesmo tom de voz, adivinhando-lhe a intenção da questão.

— Claro que não! Como também não faz mal adormecê-la no colo, com esse balanço — a enfermeira acrescentou, repreensiva.

Alfonso acabou por sentir-se culpado. Mas gostava tanto de ficar com a Annebelle no colo que não pudera evitar. Levantou-se e acomodou-a no berço. A menina iniciou um breve resmungo, mas parou logo, e voltou a dormir.

— Ela vai acordar pelo menos duas vezes esta noite querendo o senhor — continuou a repreender a sra. Wilson.— Sempre faz isso quando a coloca na cama.
Alfonso franziu a testa.

— A senhora nunca me falou isso.

— Porque consigo resolver o problema sem incomodá-lo.

— Da próxima vez, resolva o problema me incomodando. — Após acariciar os cabelos de Annebelle mais uma vez, Alfonso se afastou, nas pontas dos pés..

No andar de baixo, apenas as minúsculas luzes do alarme contra roubo permaneciam acesas. A grande escadaria encontrava-se mergulhada numa penumbra desconcertante. A porta do quarto de Camila estava fechada, o que significava que ela já se recolhera.

Em seu quarto, a cama já estava preparada. Decidira deixar a suíte principal desde a morte da esposa. Havia ainda muitas coisas dela lá, seu perfume e as lembranças…

O carro de Sybil deslizara e batera de frente, no inverno anterior. Era sempre muito difícil controlar um automóvel numa estrada coberta de gelo. O BMW se chocara contra o muro de concreto, deslizara pela pista e fora jogado precipício abaixo. Alfonso fora chamado à meia-noite, mas não conseguira chegar ao hospital a tempo.