Fanfic: Marido Por Acaso AyA [Finalizada] | Tema: AyA

E agora, quando pensava no assunto, Anahí compreendia que tudo se encaixava. Uma criança que pouco via o pai não poderia, de fato, tratá-lo de maneira diferente.

Ele mesmo falara que já levara Annebelle à firma diversas vezes, mas naquela ocasião Anahí estava por demais preocupada em enfrentar Camila para prestar atenção a esse detalhe de sua conversa. Assim, sua imagem de Alfonso como um pai distante acabara sendo reforçada quase sem que sentisse.

Entendeu que não poderia basear de novo sua opinião apenas em aparências, porque o fato de Alfonso ter trazido a menina para um passeio até seu prédio não significava que fosse alguém muito dedicado ao bebê.

Alfonso estava vestido de maneira informal: calça esporte, camisa aberta no pescoço e uma jaqueta de couro que pareceu a Anahí suave como seda.

— Perdoe-me pelo atraso, Alfonso. Nem mesmo tenho a desculpa de não saber o que usar, porque o que tenho é basicamente isto. — Anahí fez um gesto ao longo do corpo, mostrando a calça simples e a blusa de lã que emprestara de Maria. — Não gostei quando disse que eu não tinha um vestido para usar, mas hoje tenho de admitir que não tenho mesmo.


Alfonso nada respondeu, apenas sorriu de leve. Anahí notou que ele parecia cansado. Talvez tivesse trabalhado logo cedo.

— Olá! — Anahí cumprimentou Annebelle, tocando de leve o rosto rechonchudo.

— Quer que eu leve sua mochila?

— E vai carregar Annebelle também, Alfonso? Não, deixe, estou acostumada. Espero que Camila deteste jeans, porque vou usá-lo o tempo todo em que estiver em sua casa.

— Vovó nunca disse nada quanto aos meus, embora não tenha muito tempo para usá-los. Também não acho que Sybil tivesse uma calça de brim que fosse.

Sybil… Esse era o nome da mãe de Annebelle. Como Anahí poderia esperar um nome comum, afinal? Sybil deveria ter sido uma moça cheia de glamour, mistério e elegância. Uma jovem refinada, da alta sociedade. Do jeito exato como Anahí jamais poderia ser.

E esse era, sem dúvida, o motivo pelo qual haviam firmado aquele acordo. Para que ficasse bem claro o contraste entre ela e tudo o que Alfonso merecia ter numa esposa.

— Mais alguma coisa? — Alfonso referia-se à bagagem.

— Não… Ah! O anel! Quase esqueci!

Anahí foi depressa até a cozinha, que era, na verdade, apenas um canto daquele cômodo, separada por uma estante velha, e abriu a geladeira. Com o auxílio de um garfo, retirou a joia do fundo do pote, deixando Alfonso atônito ao ver o formato bizarro que a joia adquirira por estar coberta com a camada espessa de leite coalhado.

— Sinto que tenha de ver isto. — Anahí colocou o solitário sob o jato da torneira da pia.

Instantes depois entravam no automóvel. Após ajeitar-se no banco e colocar o cinto de segurança, Anahí voltou-se para Alfonso e inquiriu:

— Há algo que eu deva saber antes do fim de semana?

— Como o quê, por exemplo?

— Não sei… Detalhes que sua avó poderia esperar que você tivesse me contado, ou que eu poderia ter insistido em saber. Como o aniversário de Annebelle.

— Final de setembro.

— E o seu?

— Março. Portanto, nem precisa se preocupar em organizar uma festa surpresa para nenhum de nós.

— Que pena! Seria uma oportunidade perfeita para chocar sua avó.

— Como? Colocando uma dançarina nua que sai de dentro de um imenso bolo?

— Não. Eu teria pensado em algo mais original e pior do que isso. Ela e Sybil se davam bem?

— É claro.