Fanfic: Marido Por Acaso AyA [Finalizada] | Tema: AyA

Alfonso já estava à mesa, na manhã seguinte, quando Anahí desceu para o desjejum. Annebelle estava praticamente escondida por trás do jornal que ele lia. Camila não se encontrava lá. A menina ergueu os braços para Anahí assim que a viu. E, embora um tanto vacilante, lembrando-se ainda do beijo da noite anterior, Anahí conseguiu murmurar, pegando o bebê:

— Bom dia. Espero que tenha dormido bem. Alfonso deixou o periódico.

— Na verdade, não tanto quanto poderia ter sido — disse, lançando um olhar ardente por todo o corpo de Anahí.

Naquele momento, Camila apareceu à porta da varanda, impecável, como sempre.

— Bom dia! — saudou, muito alegre. — Bem, tudo já está em seu devido lugar. Você vai ver, minha cara, que administrar uma casa deste tamanho não é tão complicado se há funcionários competentes fazendo o serviço. E então? Que planos vocês têm para hoje?

— Pensei em levar Annebelle até o Aquário Municipal, se Anahí estiver de acordo. — Alfonso erguia a xícara para que Albert, que acabara de entrar, a enchesse de novo com café.

— Preciso estudar para uma prova que terei na segunda-feira — Anahí respondeu de imediato.

— Estaremos de volta na hora do almoço, Anahí. Você terá a tarde toda para fazer o que quiser. — O tom de voz dele deixava claro que já havia decidido, e não queria contestações.

— Se espera encontrar Roger Herrington lá, meu filho, creio que ele não faz parte da diretoria já há algum tempo.

— Nem me lembrei que Roger era um dos diretores, vovó. — Anahí manteve-se em silêncio, tentando entender aquela conversa.

Alfonso não parecia ter contado à avó que recebera um telefonema de Herrington na véspera. Mais tarde, quando já estavam no carro a caminho do aquário, ela não pôde evitar a indagação:

— Não falou com Camila sobre o telefonema de seu ex-sogro?

— Falei. Logo cedo.

— E sua avó não se aborreceu por saber apenas hoje?

— Não, quando lhe disse o que ele queria.

— Então, o sr. Herrington não pareceu muito satisfeito…

— Não.

— Bem, mas isso é bom para nós, não? Quero dizer, se o pai de Sybil não gostou da idéia de nos ver casados, Camila deve achar que… — Anahí meneou a cabeça, tentando colocar os pensamentos em ordem. — Sabe, esta situação está ficando complicada demais.

— Tem razão. Aliás, você continua achando que minha avó a considera inadequada.

— Você também pensaria assim se tivesse ouvido o que ela me disse ontem.

— Já a escutei falar muitas coisas, e várias delas são contraditórias, Anahí. Em minha opinião, devemos simplificar nosso plano.

— Como assim?

— Você deve partir meu coração.

— Mas… em que isso ajudaria?

— Se vamos nos envolver um pouco nesta farsa…

— Ah, já entendi aonde quer chegar!

— Não me interrompa! Se vamos levar nossa farsa até o fim, nada impede que tenhamos bons momentos juntos, certo? E, quando tudo acabar, posso fingir que você me deixou e que estou com o coração em frangalhos, sofrendo como louco. Assim, vovó vai me deixar em paz, pelo menos por algum tempo.

Anahí aquietou-se, pensativa. Quando ergueu os olhos outra vez, percebeu que estavam passando por uma rua residencial, onde as casas tinham estilos arquitetônicos muito interessantes.

— Está gostando? — Alfonso pareceu adivinhar seus pensamentos. — Quer que pare o automóvel? Podemos dar umas voltas por aí a pé. O carrinho de Annebelle está no porta-malas.

Animada, Anahí aceitou a sugestão de pronto. Pouco depois, Alfonso já montava o carro da menina e a colocava nele.

— Nunca lhe perguntei que tipo de arquiteta quer ser. — Alfonso afivelou a faixa que passava pelo peito do bebê.

— Do tipo que recebe serviços.

— Isso não é resposta.

— É, sim, quando se precisa muito de dinheiro, como eu. Vou fazer o que me pedirem.

— Você me pareceu muito interessada em residências. Por que não se especializa nelas?

Anahí encarou-o. Havia sinceridade em Alfonso, e isso agradou-a.

— Fui assim tão transparente? — Tentou sorrir. — Adoraria me ocupar apenas delas, mas… é o campo mais difícil, sabia?

— Não me parece ser do tipo que desiste com facilidade, Anahí.

— Isso depende da competição. Há muitos e grandes arquitetos com essa preferência. E não são muitos os que contratam profissionais dessa área, por não se importarem se sua casa terá um design especial ou não. Sabe o que eu gostaria de fato? De poder realizar trabalhos por conta própria e ter tanto serviço que poderia recusar aqueles cujos proprietários não seguissem uma boa linha de construção. Afinal, todo lar tem uma alma. — Alfonso achou graça.

— Nada mal para quem está começando! Por que não cria um teste de qualificação para os clientes em potencial? Assim vai poder escolhê-los a dedo.

— Ora, por que não pensei nisso antes?! Bem, mas o que importa é que terei de me esforçar muito antes de ter todos os recursos de que vou precisar. Há tantas dívidas a pagar!

Alfonso se manteve em silêncio por alguns minutos, e Anahí imaginou se ele estaria se lembrando da devolução que ela prometera fazer.

— Não tem muita saída, não é, Anahí? Precisa se desdobrar para poder continuar os estudos e, mesmo assim, não tem tempo suficiente para fazê-lo.

Anahí deu de ombros.

— Prefiro pensar nisso como um desafio, para não esmorecer.

— Talvez eu possa dispensá-la de me reembolsar.

— Como? Desenhando uma casa nova para você? Não acredito que queira sair da obra-prima de Bellows.

— Não, não era isso o que eu tinha em mente. Escute, não quer me mostrar seu trabalho? Talvez, se eu gostar, possa abater um tanto do que vai me dever depois que nossa farsa chegar ao fim.