Fanfic: Marido Por Acaso AyA [Finalizada] | Tema: AyA

Annebelle, tendo sido deixada na poltrona por Anahí e perdido o anel que queria segurar, se pôs a chorar.

— Não acho que este seja o local ou o momento apropriado para esclarecerem nada — Camila opinou.

Anahí notou que a velhinha mal podia esperar para ver-se livre dela.

— Mais tarde, está bem, Alfonso? Sei que tem muitas coisas a acertar agora. Você sabe onde me encontrar. — Ela deixou a sala, notando, ao passar, que a cadeira antes ocupada pela sra. Wilson estava vazia.

Os Herrington também se levantaram, e Roger chegou a oferecer a Anahí, no hall:

— Aceitaria uma carona, senhorita?

— É muito gentil de sua parte, mas prefiro andar. Tenho muitas coisas a pensar pelo caminho. Obrigada.

Assim que o casal se retirou, Albert providenciou a bagagem de Anahí, que deixara guardada num armário próximo. Da sala de música, o som da voz de Camila foi claro:

— Aqui está a joia, Alfonso. Não vai querer perdê-la, vai?

Ele respondeu alguma coisa, mas num tom tão baixo e rouco que Anahí não foi capaz de compreender.

— Foi pego, não, meu querido?

Anahí podia sentir a reprovação de Camila.

— Srta. Portilla? — Albert chamou-a. — Eu gostaria de dizer que sinto muito. Na verdade, todos os criados sentem.

Anahí cerrou os dentes, para evitar chorar. Agradeceu, então, e saiu da casa. Queria ter se voltado ainda uma vez para admirar as linhas arquitetônicas da propriedade onde vivera momentos inesquecíveis. Mas não o fez. Não tinha mais nada a ver com Cinderela. O sonho se acabara. Na verdade, sentia-se como a abóbora da história, amassada e sem valor.



A avaliação de segunda-feira foi ainda mais difícil do que Anahí esperava. Sabia muito bem a matéria, mas seu estado psicológico não era dos melhores, o que atrapalhou, e muito, sua concentração. Quando saiu da sala, sua amiga Maite a esperava.

— Prova difícil, hein? Bem, mas agora você pode ir para casa e descansar.

Anahí, porém, sabia que haveria ainda um teste mais complicado naquele dia: voltar ao trabalho e encarar Alfonso Herrera como seu patrão.

— E então, como foi o feriado? — Maite quis saber. — Você disse que me contaria tudo depois… Meus pais saíram para jantar no sábado à noite e disseram que a viram com um homem muito atraente, que parecia rico. E então, vai contar ou não?

Quando dobraram a esquina, rumo ao edifício de Anahí, notaram que um furgão de uma floricultura passava devagar diante das residências, à procura dos números.

— Por favor, poderiam me ajudar a encontrar um endereço? — perguntou o rapaz, por trás do volante. — Wilson Court… é aqui, não?
Elas assentiram, e o jovem estacionou logo adiante, descendo e abrindo a parte de trás do veículo, de onde tirou um ramalhete enorme.

— Conhecem… — Ele olhava o nome num bloco que trazia no bolso. — Anahí Portilla?

— E ela! — Maite apontou, enquanto o coração de Anahí disparava. — Vamos, Anahí, pegue as flores!

Ela assim o fez, surpresa e atônita, sem ousar imaginar que Alfonso poderia ter sido capaz de um ato tão gentil. Queria muito acreditar que sim, mas procurava enganar-se, achando que talvez Camila tivesse mandado o arranjo. Não queria sofrer. Não podia continuar com o sonho impossível.

— Então, queria me convencer de que tudo estava acabado, não, espertinha? — Maite repreendeu-a, empurrando-a com carinho até a porta de seu apartamento.

Lá dentro, Anahí apressou-se a abrir o pequeno envelope que estava grampeado ao plástico. "Sentimos muito por a termos julgado mal", dizia o cartão. "Marilyn e Roger Herrington."

A esperança que nascera por breves momentos se esvaiu como fumaça, deixando Anahí ainda mais triste. Entregou o cartão à amiga e disse apenas:

— Cuide das flores. Tenho de me arrumar para ir para a fábrica.

Mesmo decepcionada, Anahí via a parte boa daquilo: os Herrington tinham apreciado sua honestidade. Era como se aquela atitude deles restituísse a confiança de que agira da maneira mais certa. Esperava que Alfonso também reconhecesse o mesmo. Se não fosse assim, a conversa que ainda iriam ter não seria muito agradável…

A Herrera estava funcionando, barulhenta como sempre. Anahí entrou na produção às quatro horas, aceitando o fato de que sua vida voltara ao normal. Em especial, o serviço duro. Não houve recado algum para que se dirigisse ao escritório da presidência, o que, de certa forma, a decepcionou. Talvez Alfonso já tivesse esfriado a cabeça e resolvido deixar que tudo seguisse seu rumo. Afinal, o que teriam ainda a dizer um ao outro? Anahí lhe devolvera o solitário, e era mais do que óbvio que Alfonso não a chamaria a sua sala para acertarem detalhes do projeto arquitetônico que ele mencionara.