Fanfic: Entre nós dois. - AyA

Poncho estava no chuveiro, ela tinha as mãos apoiadas na parede e a cabeça baixa, enquanto a água lhe percorria o corpo. Lembrava de Laura, era estranho, mas só conseguia pensar nela longe da presença de Anahí, porque estando ao seu lado, tudo o que lhe passava pela cabeça eram aqueles grande olhos azuis, aquela boca chamativa, os cabelos perfeitos, as curvas bem definidas, tudo nela era lindo, tudo nela o chamava atenção. Mas quando estava só, voltava aquela angústia, aquela saudade da jovem que havia que entregado de corpo e alma a ele.

Laura: - Bebê, fala sério. Você é muito mal! – Fazendo bico.

Poncho:  - Ah, não faz essa cara pra mim Laura Watson.

Laura: - Por que não? Por que você não resiste, por um acaso? – Poncho soltou uma gargalhada e a puxou pela cintura.

Poncho: - É, eu não resisto! – Ela a beijou com toda paixão em si, e aquele beijo romântico e calmo foi se acelerando e logo Poncho já a levava pro quarto.

Era cruel lembrar daquelas coisas, lembrar de tanto sofrimento causado pela perda dela em sua vida, era cruel não conseguir esquecer de tudo de uma vez por todas. Ele saiu do banho com a toalha enrolada à sua cintura, e em um flash, já não havia nenhuma Laura em seus pensamentos, eles estavam focando naquela loira em pé perto da bancada olhando uma foto.

Anny: - Sua namorada? – Ela mostrou-lhe o porta-retrato com um foto de Poncho junto a Laura.

Poncho: - Não te interessa, que faz aqui? – Ele seguiu até ela, pegou a foto e pôs no lugar.

Anny: - Vim te perguntar uma coisa.

Poncho: - O que?

Anny: - Por que tem medo?

Poncho: - Medo? Eu não tenho medo.

Anny: - Ah Alfonso, vai tentar enganar a vovozinha ok? Me diz... Por que tem medo de ter uma relação com alguém, ou admitir que gosta de alguém, nem que seja um pouquinho?

Poncho: - Anny... Já chega! – Ele foi tentar passar por ela, que entrou em sua frente.

Anny: - Me responde, não é tão difícil.

Poncho: - Quer saber mesmo? – Ela balançou a cabeça, e em um olhar compreensivo o ouviu falar tudo que quisesse. – Eu era um jovem galinha, irresponsável e muito canalha, saia com todas as garotas sem me importar com os sentimentos delas, até que em um verão que passei na Califórnia, conheci a mulher que fez meu mundo ter sentido. Depois dela, jamais consegui beijar outra, não com vontade ao menos. Até que ela voltou para a Inglaterra, já que também era britânica, marcamos de nos encontrar e ela estava morando no mesmo prédio que Dulce, minha melhor amiga. Vivemos muito mais do que um romance, vivemos um amor de verdade, o meu primeiro e único amor... Sentia necessidade de estar com ela, de fazê-la minha, e de protegê-la de todo e qualquer mal. De uma hora pra outra, me senti sem chão, sem ar, sem mundo, sem razão alguma pra  viver, pois vi passar na minha frente o corpo da mais incrível e admirável pessoa que já conheci na vida. Um corpo já sem vida! Percebi que qualquer coisa pode tirar quem se ama assim, em um piscar de olhos. Acha que quero voltar a sentir alguma coisa por alguém? – Anny estava com os olhos lagrimejados, tudo aquilo parecia muito semelhante, como se soubesse exatamente como Poncho se sentia, e ela sabia! – Eu vim pra cá pra tentar esquecer-me dela, mas ta difícil ainda mais com você me fazendo lembrar dela cada vez que toca nesse assunto, se você não liga ao menos finja que liga.

Anny: - Qual é a sua? Pensa que não tenho coração é? Você acha que é fácil pra mim conviver todos os dias com a imagem daquele maldito carro caindo do penhasco, o carro o qual eu estava dentro? Você acha que é fácil me recordar todos os dias do rosto da minha mãe e lembrar que ela já não está aqui? Você acha que é fácil saber que meu pai é um assassino cruel e frio? Se você acha que é fácil... Então me diz como faz isso, porque eu adoraria achar fácil! – As lágrimas já percorriam a face de Anny como no rosto de uma criança que acabara de receber um não dos pais. E então, que história era mais complicada? Mais triste, ou talvez mais trágica? Um amor de homem e mulher, ou um amor de mãe e filha? Poncho não se segurou e se aproximou de Anny, e em um impulso ela enrolou seus braços debaixo dos dele, e se abraçaram, como se fossem amigos de infância.

Depois de longos minutos ali, Anny secou as lágrimas e levantou a cabeça, olhou e Poncho e pela primeira vez em muitos anos conseguiu sentir a segurança e confiança que havia perdido após sobreviver ao acidente.

Poncho: - Já chega dessas brigas idiotas não é?

Anny: - Ahã! – Anny sorriu, e limpou as lágrimas. Eles se afastaram, e mantiveram um olhar de cumplicidade, agora que estavam bem não seria mais tão difícil a convivência debaixo do mesmo teto. Na verdade, não era nem um pouco!