Fanfics Brasil - Capítulo Único It’s a beautiful world with ugly people

Fanfic: It’s a beautiful world with ugly people | Tema: drogas, música, amor, relacionamento, morte, ilusão, vício


Capítulo: Capítulo Único

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“É como se você estivesse gritando e ninguém pudesse ouvir. Você então fica quase envergonhado por alguém ser assim tão importante em sua vida, que sem ele você se sente como um nada. Ninguém nunca vai entender o quanto isso dói. Você se sente sem esperanças, como se nada pudesses salvá-lo, e quando tudo acaba e ele se vai, você quase deseja ter toda aquela merda de volta, porque assim você pode ter de volta a parte boa. “


Notas:


A história não se passa em uma linha de tempo linear.


Drogas, insinuações sexuais e linguagem imprópria




A água da banheira já estava fria. Ela furiosa o encarou, ele acendeu um cigarro, deu um longo trago e soprou a fumaça para onde ela estava.
Ela era linda, mas furiosa era particularmente atraente. Os olhos de um verde cristalino adquiriam um brilho quase mortal, o que lembrava a ele um felino que acabou de levar uma bofetada de uma formiga e estava pronto, não para matar, mas estraçalhar a pequena. Os lábios eram extremamente cheios, de um formato perfeito, aquele tipo de lábio que era realmente perfeito para se beijar. O maxilar estava visivelmente tenso, era como se ela tivesse medo de abrir a boca e não conseguir controlar o que iria sair dali. Os cabelos muito lisos estavam pintados de um vermelho-alaranjado intenso que caiam até as costas, estavam molhados e bagunçados, as bochechas avermelhadas e a maquiagem preta que deixavam os olhos particularmente mortais, borrada. O pescoço se tencionou mais quando a fumaça chegou ao nariz. Um nariz fino e pequeno, com uma argola preta. Ela lhe lançou um olhar de relance, soltou um alto muxoxo. O sorriso dele abriu ainda mais.
Ele estava deitado na banheira ao lado dela, com uma calça jeans escura, rasgadas em várias partes, a camisa em frangalhos estava no chão, o peito nú tinha várias cicatrizes avermelhadas na pele clara e algumas sangravam. Ele era tão atraente quanto ela, com olhos amarelo-esverdeados muito grandes. O nariz era fino, mas tinha uma saliência em sua extensão, presente de uma briga quando era mais novo, e lhe dava um charme especial. Os lábios eram finos e delicados, tinha um pequeno corte na parte inferior do canto esquerdo, e sangrava um pouco. No pescoço levava uma corrente com um cadeado. As mãos eram grandes e seguravam gentilmente um cigarro e um isqueiro preto.
Ela estava com uma camiseta branca e desenhos pretos, com vários buracos feitos pelos anos de uso e traças talvez, um short jeans e botas de combate pretas desamarrada, as meias eram cor de rosa, com um bonito padrão de corações amarelos, que se estendia até a metade da fina canela.
Ela suspirou alto e se levantou, as roupas molhadas deixavam um rastro de grandes poças d’agua por todo o caminho do banheiro até a sala. A porta da entrada se abriu, e ele ouviu quando ela a fechou, fazendo com que o mundo estremecesse.
“Espero que ela não tenha esquecido as chaves.” Com esse pensamento ele submergiu o corpo e a cabeça no que sobrou da água da banheira, com os olhos abertos, ele encarou a lâmpada no teto, por baixo da agua a luz parecia feita de gelatina brilhante.



...



Ele acordou assustado, ela ao seu lado gritava sem parar “outro pesadelo” ele pensou enquanto dizia com a voz suave “Anna, Anna ‘tá’ tudo bem, foi só um pesadelo amor, foi só um pesadelo...” Os gritos ecoavam por todo a kitnet de 50 metros quadrados, eles deitados em um colchão no meio do que deveria ser o quarto, mas era só um cômodo com um colchão no chão e várias sacolas plásticas de roupas velhas e gastas. Ela o abraçou forte quando os gritos pararam, o seu corpo tremia e o suor havia molhado as roupas e o colchão onde ela estava deitada. “Cam eu preciso de mais, por favor, eu preciso...”. Seus olhos eram grandes e suplicantes, e era visível a dor não havia como negar. Ele a abraçou forte e se levantou, ela já havia tirado toda a roupa e nua se enrolava no lençol que eles usavam como cobertor naqueles dias quentes. Ele foi até a pia, às mãos já haviam começado a tremer, sem esperanças, fechou os punhos, a raiva o tomou e ele deu um soco na parece, pedaços da sua pele ficaram ali, manchando a parede branca. Pegou a colher já manchada e suja de sangue. Abriu a primeira porta do armário e pegou uma lata de achocolatado. Abriu com calma e dentro dela haviam vários pequenos envelopes, ele pegou um e o abriu, dentro havia algo parecido com um pequeno contagotas. Cam o abriu com ansiedade tentando não perder o precioso conteúdo, devido aos tremores causados pela abstinência.
Despejou metade do conteúdo na colher, algumas gotas de água, algumas gotas de limão, acendeu a vela que estava encima da pequena pia e o seu ritual começava. Um pouco para Anna e um pouco para si.



...



A porta fez um estrondo assombroso. Ela chegou até o corredor e apertou o botão que chamava o elevador. Alguns segundos depois a porta se abriu e ela entrou. O elevador era velho e insistentemente fazia estranhos barulhos que sempre a assustavam. Mas conseguiu descer sete andares e ela se dirigiu até a portaria, deu um tímido sorriso a Maria que estava ali e saiu com longos e duros passos.



...


Ele estava sentado esperando o trem, usava uma jaqueta de couro preta com a manga dobrada até os cutuvelos, uma blusa branca puída e manchada, com um desenho indistinguível na frente. A gola tinha sido cortada, fazendo uma abertura que ia até quase a metade do peito. A calça jeans era escura e tinha poucos furos naquela época, e uma bota de couro também preto e muito suja , os cabelos muito escuros estavam começando a crescer na cabeça que tinha sido raspada recentemente. Usava um grande bracelete de couro preto e uma tira de couro preta amarrada no pescoço. Ao seu lado uma mochila grande, de um jeans azul desbotado e muito velho. Ele acendeu o cigarro e colocou na boca, deu um longo trago e soltou a fumaça.
Foi então que reparou nela sentada ao seu lado. Os longos cabelos pretos e grandes olhos verdes marcados por uma maquiagem preta exagerada, pele muito branca e parecia ser tão suave. Vestia uma curtíssima saia e meias arrastão com liga. O casaco era de pelúcia, com estampa de pele de onça. Ela o encarou e sorriu. Ele sorriu de volta.



...



A velocidade máxima que o carro podia chegar era 200 km por hora, mas ali dentro eles pareciam estar a mil quilômetros por hora. A paisagem parecia um borrão, a pintura que após finalizada o artista simplesmente tentou apagar com um pano sujo. Ela ria alto e gritava de excitação. Ele acelerava mais e mais. As luzes dos outros carros eram surreais, parecia uma festa eterna que nunca acabaria, ela se sentia como um super herói voando para longe dos problemas, voando para longe da realidade. Uma curva, um grito. Uma buzina um sorriso. O perigo era mais do que excitante, era inexistente, porque agora ambos eram super heróis e nada nem ninguém poderia para-los.
Cam estava muito distraído beijando Anna para perceber a luz ao longe que vinha em alta velocidade em direção ao carro onde ambos estavam.



...



“Para onde está indo?”
“Para qualquer lugar longe daqui...”
“Posso ir com você?”



...


A loja era pequena, do tipo que você encontra nos pontos de ônibus, com um pouco de tudo e mais um pouco. O estacionamento no entanto era enorme. Anna entrou correndo. Os cabelos escuros estavam emaranhados, rindo alto, evidentemente bêbada. Segundos depois Cam entrou, a agarrou sorrindo e a beijou, Anna se desequilibrou e Cam não tinha reflexos rápidos naquele momento, deixou que ela caísse encima de si, o impacto com o chão foi doloroso, mas foi obscurecido pelo cheiro que vinha dela. Único, e doce. E só ele conhecia. Ela o beijou de novo, caídos no chão. Ele a apertou mais forte, como se precisasse dela para respirar, Anna mesmo ficando sem ar, não queria se afastar dos lábios de Cam.
O único caixa do local parou em pé ao lado de ambos, encarando com um ar repressivo. Ela levantou os olhos e deu de cara com os pés do homem, que usava um feio chinelo velho. Ambos sorriram para ele.
“Ela está tentando me assaltar. Pode chamar a policia?” Cam disse sorrindo. Ela lhe deu um sonoro mas inofensivo soco no braço direito, ele apenas piscou para ela e se levantaram.
“É melhor vocês comprarem ou saírem daqui agora, ou vou chamar a policia mesmo!”
“Senhor, entenda, eu a amo!”
“Ame-a longe daqui seu pentelho”
Cam então lhe lançou um falso olhar tristonha e fez uma careta.
Ele e Anna riram da confusão do homem.



...


Ele se ajoelhou segurando um grande buquê improvisado de flores, folhas, galhos e restos de lixo que ele havia montado enquanto corria atrás dela.
“Casa comigo?”
Os olhos e rosto de Anna estavam muito vermelhos de tanto chorar, a manga da blusa de algodão listrada que ela usava já estava muito molhada. Ela estava sentada no chão do parque, e não tinha forças para se levantar. As palavras de Cam soavam vazias e desesperadas. Pareciam aqueles olhos que a encaravam. Sem sentido...
“Você é um idiota! Como eu me casaria com um idiota, por favor Cam, por favor, eu imploro, por favor, eu amo você, eu amo você, eu amo você...” a garganta estava seca e doía, a voz diminuía gradativamente enquanto as lágrimas continuavam insistentemente a cair.
“Por favor, eu imploro, eu faço qualquer coisa por você, não me deixa, não me deixa..” ela implorava desesperadamente, encarando um Cam que não conseguia entender o que estava acontecendo, e a encarava de volta entorpecido.



...



Suas pernas doíam de tanto correr, o ar parecia não estar ali, pois não conseguia suga-lo para dentro de si. Cam vinha correndo atrás dela, com um grande sorriso. As ruas estavam vazias e escuras naquela hora, mas enquanto via a distancia entre ambos diminuir, o medo de qualquer coisa simplesmente esvanecia.
“O presente de casamento perfeito para uma noiva perfeita!”
Ela sorriu e fez uma mesura de agradecimento. Ele trazia consigo várias garrafas de vodka, salgadinhos e chocolate.
“Ele não vem atrás da gente?” ela já sabia a resposta antes mesmo dele responder.
“Não...”
“Então, o que vamos fazer agora?” ela perguntou enquanto abria a garrafa de vodka e tomava um gole direto do gargalo, o liquido transparente queimava lhe a língua e a garganta, deixando o cérebro praticamente entorpecido.
Ele não respondeu, apenas agarrou o braço dela e voltaram a correr em zig-zag pela avenida vazia. Chegaram no parque e correram para dentro. O cheiro era de grama recém cortada, ela respirou fundo e fechou os olhos, tentando absorver absolutamente tudo enquanto acontecia. Ele parou e jogou as garrafas na grama fofa, e se jogou, rolando e rindo alto. Agarrou as pernas dela a jogando no chão. Arrastou-se até ela e a beijou novamente. Os lábios eram perfeitos, o beijo quente e feroz.
Ela não resistiu, deixou-se levar. Ele tinha um jeito único de fazer tudo parecer perfeito. E aquele momento era perfeito. Ela relaxou o corpo enquanto ele gentilmente abria o casaco de pelúcia, e deslizava as pontas dos dedos por debaixo da blusa branca que ela usava, subindo devagar enquanto a beijava. A ela podia sentir o coração dele batendo tão perto do seu, e batiam no mesmo ritmo, ele deslizou os lábios até o pescoço dela, fazendo com que se arrepiasse dos pés a cabeça. Ela então abriu os olhos, o céu estava lindo, tantas estrelas...



...



De repente ela não conseguia mais suportar o próprio peso. Ela pesava uma tonelada, os joelhos fraquejaram. A dor foi intensa. A explosão fez tudo escurecer.
O que seus pais pensariam quando encontrassem aquilo? O que as pessoas pensariam quando tudo aquilo fosse mostrado? Amor não deveria nunca ser assim, deveria fazer as pessoas melhores, não deveria doer tanto.
“Eles mentiram, eles mentiram, amor dói, dói tanto. Dói tanto com você, dói tanto sem você. Dói como um tiro de bala no coração. Ele se quebra sempre que você me deixa, então por favor, não me deixe. Não me deixe sozinha, eu não posso sem você”
O sangue havia se espalhado por todo o lado, enquanto caia, Anna fechou os olhos.



...



Ao encontrar a parede o vidro estilhaçou voando para todos os lados. Uma chuva de pequenos e dolorosos cristais.
“Eu não posso, eu não posso, eu não posso!!” Ele gritou, a garganta já doía, os olhos doíam, o corpo doía.
“Eu não posso viver sem você Anna, eu não posso!”
“Deveria ter pensado nisso antes!”
“Eu sempre fui verdadeiro, eu sempre disse a verdade, eu amo você!”
“Você ama qualquer coisa, menos eu! Eu não quero mais ouvir Eu te amo, eu quero ver! Mostra! Você não pode mostrar, você não pode mostrar porque não ama nada, não ama ninguém! Eu sempre pensei que você me amasse...
Você é só mais um idiota, um idiota viciado que vai acabar comigo! Minha vida é importante e eu não sei como viver sem você...”
As lágrimas começaram a rolar do rosto dela, enquanto o sentimento de impotência a tomava por completo.
Ele estava sentado no chão, as pernas esticadas davam a impressão de um boneco largado no canto. A cabeça baixa, e os cabelos tampavam o rosto, mas as lagrimas continuavam a cair silenciosas uma após a outra.
“Eu amo você... Ninguém nunca vai amar você do jeito que eu amo...” foi o que ele sussurrou, levando a arma até a têmpora e sorrindo.



...



“Você mal me conhece”
“Eu conheço você e eu amo tudo em você...”
Ela sorriu desajeitada.
“O que você eu não sei sobre você?”
“A verdade...”
Ele sorriu para ela e balançou a cabeça.
“Ok me convenceu, qual é a proposta?”
“Antes de irmos, vamos ter o dia mais louco de nossas vidas”
Ele abriu a mão e ofereceu a ela. Uma pequena pílula branca, onde no meio havia um coração vermelho. Ela esticou a mão um pouco temerosa e pegou a pílula.
“Tem medo de se apaixonar por mim? Você não vai querer viver sem mim depois disso”
“Eu nunca vou me apaixonar por você! E sim, vamos seguir nossas vidas depois de hoje.”



...



Os cortes eram profundos e recentes, o sangue não parava, formando uma enorme poça no chão da pequena sala, ele estava tão assustado quanto furioso.
“Porque você fez isso?”
“Porque eu quis....”
“Porque você fez isso?”
“Porque não havia outra coisa a se fazer...”
“PORQUE VOCÊ FEZ ISSO?” a raiva tomou todo o seu ser, e ele gritou.
“PORQUE VOCÊ ME DEIXOU” ela gritou de volta e virando o corpo e se dirigindo até a porta.



...



Ele sacava as lágrimas do rosto dela com a própria mão. Ela soluçava sem conseguir parar, com a cabeça baixa sem conseguir encara-lo. Ele a puxou para si e a abraçou.
Ela não resistiu.
“É um mundo maravilhoso Anna, mas ele está cheio de pessoas horríveis...”



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Autor(a): stardust777

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1



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  • manolorhcp Postado em 11/07/2012 - 02:01:56

    Muiito legal stardust (:


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