Fanfic: Acompanhada pelo Frio | Tema: American Horror Story

Naquela manhã, eu acordei, mas nem ao menos me dei ao trabalho de levantar-me da cama. Minha noite havia sido horrível, e eu não consegui dormir nem um pouco. Não teria conseguido, nem se quisesse. Eu não ia conseguir me concentrar na escola, de qualquer maneira. Não teria valhido a pena me levantar. 
E além de todos estes motivos, eu não estava com vontade nenhuma de me levantar daquela cama, não por muitos anos. 
Na noite anterior, os meus pais haviam brigado. Não que eles não brigassem, o que acontecia com uma frequência que me irritava bastente, por sinal. Mas daquela vez foi diferente. Eles gritaram. 
E não costumavam fazer isso. Na verdade, apesar dos nossos problemas, eles faziam o que podiam e o que não podiam para esconder eles da nossa vizinhança. Nossa família vivia de aparências, e fazíamos de tudo para que ninguém notasse a sujeira que escondíamos debaixo do tapete, ou o exército de esqueletos que escondíamos nos nossos armários. 
Apesar dos gritos, eu não pude perceber (ou talvez eu simplesmente tenha ignorado inconscientemente) o motivo desta nova discussão. Deve ser um dos motivos de sempre. Dinheiro.Amor. Solidão. Ou talvez um dos problemas que meu pai insiste em conquistar. O último problema tinha 20. Qual será a idade do desta vez?
Bem, não importa. E não vou mentir que não fiquei mal com isso. Porque, então, qual o motivo de eu ter passado a manhã inteira nesta cama?
Apesar de não sermos uma família ideal, não sentarmos na mesa durante o jantar para discutir o nosso dia, nem nos encararmos com um largo sorriso no rosto, eles eram a minha família, e eram tudo o que eu tinha. 
Então, me permiti chorar. Não havia ninguém para me ver neste momento de fraqueza, qual era o risco?

-------------------------------------
Já era a hora do almoço, mas eu não estava com um pingo de fome. Ao invés de preencher meu estomago, eu simplesmente me sentei à cama. A essa hora, minhas lágrimas já haviam secado, e eu não tinha mais vontade de chorar. Estava quieta, olhando para a parede, quando eu ouvi um barulho nos arbustos ao  lado de minha janela. 
Eu cheguei mais perto para olhar e...

-Filho da... - me contive.
-Hey, esquisita. Senti sua falta hoje. - ele disse, já pulando a minha janela, entrando dentro do meu quarto.
-Eu só... Não tive vontade de ir.
-Você tá realmente bem? - ele me perguntou.
-Ah, claro que estou. Estou normal. 
-Vem, eu quero te mostrar uma coisa. 
Eu levantei a sombrancelha, olhando para ele com uma cara que ele sabia o que era.
-Eu não vou te matar, ok? Só quero te mostrar um lugar. - ele disse, me mostrando a língua. 
-Se eu aparecer nos noticiários, pelo menos escolha uma foto minha bonita. - eu disse, e o segui pela janela.