Fanfic: KISSES TO GO - Noiva De Aluguel (adaptada) - {Vondy} | Tema: Vondy
Dulce gostaria que ele não fosse tão formal, mas aquela era uma das coisas que iria consertar. Ou tentar, pelo menos.
— Você é britânico.
Ele tossiu para esconder o ar de riso.
— Muito observadora. Continue.
— Bem, é que os americanos têm modos diferentes de olhar as coisas... de agir com relação a outras pessoas. Não sei se você realmente percebeu, mas somos menos formais, pode-se dizer.
— Notei.
Os olhos de Christopher desceram pelo corpo de Dulce com um ar avaliador. Ela mordeu a bochecha para reprimir o desconforto.
— Primeiro jeans e camisetas e suéteres são bons para ficar em casa. — Com um olhar franco, ela apontou as calças de corte impecável, a camisa elegante e o casaco. — Ninguém estaria vestido assim para andar pela casa depois do jantar. Da ceia — corrigiu-se.
— Então, acha que estou vestido de maneira inadequada?
— Claro! Quero dizer... Você está muito bem e tudo o mais, e com um ar de homem de negócios, mas não é hora de parecer que está posando para uma capa de revista.
— Ah... Compreendo. — A expressão o desmentia. — O que propõe que eu useSrta. Saviñón?
— Bem, isso aí é ótimo quando se encontrar com seus convidados pela primeira vez, claro. Mas se sentirem que terão de se arrumar o tempo todo, não irão relaxar, ficar à vontade. Se relaxarem, apreciarão muito mais a estadia aqui e serão mais amistosos com relação à sua proposta.
Christopher pareceu ruminar sobre a questão.
— Mais alguma coisa?
— Vão fazer perguntas. Montes de perguntas, provavelmente sobre a Inglaterra. Fique longe da Segunda Guerra e evite usar a palavra "ianque". Limite-se à história de sua família. É possível que queiram saber tudo sobre o pessoal daqui, e seria excelente que pudesse responder com algumas piadas e anedotas. Peculiaridades de família, esse tipo de coisa. Dulce ganhou confiança.
— E depois este lugar é lindo. Mesmo que os europeus considerem brega, os americanos gostam de ver as coisas das pessoas. Alguns ricos gostam de comparar o que têm com o que os outros possuem. Em suas cabeças, é isso.
As sobrancelhas de Christopher se arquearam.
— Não está sugerindo que eu faça um tour pela casa.
— Não, nada assim. Mas tenho quase certeza de que a esposa do homem gostaria de ver alguns dos quartos. Agora, não acho que você deveria levá-la por aí, mas talvez Any pudesse. Do jeito que me mostrou quando cheguei aqui.
— Algo mais? — Christopher estava de pé; pernas separadas; as mãos atrás das costas; em cada centímetro, exibindo o ar de aristocrata.
— Sim. Solte-se.
— O quê? Ela o rodeou.
— Tem de se soltar. Está sempre tão rígido. Tão, não sei... Tão altivo.
— Altivo? — As feições de Christopher se entortaram por um segundo antes de ele reassumir a expressão desinteressada.
— Você alguma vez largou o corpo? Ele riu desta vez.
— O que quer dizer?
Dulce correu a mão pelas costas dele. Ele saltou e fez meia-volta, mas ela continuou a rodeá-lo, com olhar crítico e avaliador.
— Ora, você sabe. Sempre anda em posição de sentido. Ombros para trás, barriga encolhida, espinha dura. — Pousaram as duas mãos em seus ombros, e deslizou-as ao redor. Havia músculos sólidos debaixo de suas palmas, e a sensação era realmente boa, mas Dulce ignorou-a, decidida a ajudar o conde.
Ele enrubesceu ligeiramente e levou a mão ao colarinho.
— E como sugere que eu ande? Realmente, Srta. Saviñón...
— Dulce — ela o corrigiu. — Não sei. Acha que poderia... Passear?
Ele empalideceu.
— Passear?
— Andar à vontade, você sabe. Não como se fosse conquistar o mundo sozinho, o que, a propósito, é impossível, mas como se estivesse se... Divertindo?
A mão de Christopher subiu do colarinho para enxugar a testa.
— Devo andar com a impressão de me... Divertir? Dulce soltou um suspiro.
— Sim, claro. Vai estar com pessoas que provavelmente há de querer desfrutar da viagem, e você deve agir com se estivesse encantado em tê-los aqui. Como se gostasse deles. Como gente. Não como sacos de dinheiro.
— Mostre-me.
— Hein?
— Mostre como devo andar.
Dulce pensou um instante e então começou a percorrer o corredor. Normalmente.
O conde ficou parado, observando, os olhos a acompanhar a ondulação dos quadris conforme se remexiam suavemente. Notou como os ombros de Dulce moviam-se a cada passada, como seus cabelos dançavam nas costas. E a graciosidade do andar. Ela era cheia de vida, e os movimentos eram animados e muito provocantes. A fantasia invadiu lhea mente, e ele pensaram naqueles quadris e no bumbum que ela apontara para ele no avião e, mais uma vez, imaginou-se tocando aquele traseiro adorável.
— Hum, Srta. Saviñón... Dulce Maria... Acho que entendi o que quer dizer. Quer que eu me mova mais solto, mostre minha casa, aja completamente em desacordo com minha personalidade... E depois?
Ignorando o sarcasmo, Dulce o encarou com aqueles olhos inacreditáveis e disse, simplesmente:
— Poderia tentar sorrir?
— Eu sorrio com frequência. — Christopher sentiu o colarinho apertar-se em tomo de seu pescoço outra vez.
— Não, não sorri não o bastante. Discute muito, isso sim. Faz carranca, é ríspido, de uma expressão de pedra, mas não sorri.
Ora essa. A americana queria que ele sorrisse? Ele sorriria. Sorriria como bobo. E sorriu.
Dulce recuou um passo.
— Assim não. Parece um psicopata! Ora, vamos lá. Tente. Um sorriso simpático, agradável.
Juntando as sobrancelhas, Christopher concentrou-se, e sentiu os cantos da boca se erguerem ligeiramente. Desta vez, ela saltou para trás.
— Não, não, não! Assim é demais! Você não é o assassino da serra elétrica, é um camarada simpático, grandão, amistoso, que está feliz em conhecer essa gente. Preste atenção veja.
Dulce parou em frente a Christopher, mais perto agora, quase o tocando. Ergueu os olhos, fitou-o, e um sorriso brotou em seus lábios, banhando o conde em raios de sol. Ele experimentou uma onda de tontura que o fez balançar, chegar mais perto dela, perto o bastante para tocá-la, ainda perdido naquele olhar. Com um gesto suave, ela tocou-lhe a face.
— Não tão intenso, se puder controlar.
As mãos de Christopher subiram para segurar as de Dulce, mas ela deu um passo para trás, mais uma vez examinando sua expressão com ar crítico. Ele pensou ter visto uma fagulha de interesse naqueles olhos, algo tão breve que não tinha certeza se vira mesmo ou simplesmente desejara que estivesse lá.
— Aí está! É isso. Acha que consegue parecer assim mais vezes? — Dulce inclinou a cabeça e o mediu de cima a baixo outra vez.
Christopher cerrou os dentes para controlar as emoções que fervilhavam em seu íntimo.
— Tudo que posso fazer é tentar.
Aquela maluquinha o surpreendeu de novo, incrível! Completamente alheia a tudo que se passava dentro dele, Dulce virou-se e saiu pelo corredor. No fim da galeria, olhou por sobre o ombro e disse claramente, de um jeito tão distinto que a frase ecoou pela passagem estreita.
— Tudo que se pode fazer é esperar.
Christopher viu uma forma fantasmagórica no jardim dos fundos. Era ela. Abotoou a camisa às pressas. Ao sair para o pátio, procurou por ela. Lá estava. Perto do portão. O que estava fazendo ali de novo?
O arco da mordida latejou em sua palma.
Ele disparou numa corrida para alcançá-la. Nunca fora violento com uma mulher, mas aquela tentava sua paciência.
Dulce deslizava com graça, a saia dançando contra suas pernas torneadas. Muito provocante. Muito perigosa. Aonde ia?
Então, ela parou. Seu peito arfava como se ela tivesse corrido, não ele.
— Dulce! — ele murmurou.
Ela virou-se devagar.
Ele adiantou-se.
Os dois caminharam na direção um do outro até que estavam a um palmo de distância.
— Eu lhe disse para não vir aqui. A noite pode ser perigosa.
— À noite, ou você? Eu estava inquieta. Precisava sair sentir a noite ao meu redor.
— Não deve sair sozinha.
— Não estou sozinha. Você está comigo. O fogo começou a arder em sua virilha.
Mantenha o controle. Não deixe que ela se aproxime. Não a toque.
Ao estender a mão, Christopher tomou a dela. Sem uma palavra, sem tentar se livrar, ela o seguiu. Então, de repente, começou a puxá-lo, segurando-lhe a mão com firmeza.
A porta do estábulo abriu-se com um rangido. Cheiros familiares assaltaram as narinas de Christopher. Calor. Couro. Cavalos. Christopher a observou. Não suportava mulheres que faziam careta diante de estrume de cavalo. Seus estábulos eram arrumados. Como sua vida... Até que aquela mulher sentara o delicioso traseiro perto dele no avião.
Dulce percorreu o corredor, afagando os focinhos dos cavalos, enfeitiçando-os. E enfeitiçando Christopher.
Ela era magnífica. Orgulhosa. Adorável. Reluzente com sua luz própria. Evanescente. Radiante.
Deus do céu. Ele tinha de possuí-la. Seu corpo se retorcia, requeimava, ardia.
Dulce virou-se e o encarou. Christopher aproximou-se, atraído pelo magnetismo contra o qual não conseguia lutar, não conseguia explicar.
Sem uma palavra, ela entrou no círculo de seus braços. Ele inclinou-se, tocou-lhe os cabelos com os lábios, inalou a deliciosa fragrância. Seu coração disparou no peito, o sangue quente e pesado a fluir pelas veias até que ele julgou que fosse explodir.
Com um olhar, um "sim" implícito, ela deixou que ele a levasse a uma baia cheia de feno macio e doce. Deitaram-se na palha, e ele não soube dizer como as roupas de Dulce saíram. Ou como Dulce, por sua vez, arrancou-lhe a camisa, lutou contra o cinto, tirou-lhe as calças.
Então... Estavam diante um do outro, envolvidos num fogo que quase fez o feno incendiar-se, a trocar carícias e beijos num jogo enlouquecedor de sensações que só poderia levar à plenitude.
Ela o montou. Oh, não! Oh, isso, querida, isso, assim, assim...
Os cabelos de Dulce escorregavam como seda entre os dedos de Ucker. Os lábios... Maduros e doces como as frutas de verão. Os seios... Voluptuosos e suculentos... Era tudo dele, para tomá-los. Aquele anjo acariciava lhe a pele, lambia-lhe a face... Lambia seu...
Ucker acordou com a virilha pulsando, quente como fogo, e com o focinho de Potter a centímetros de distância.
— Jesus Cristo! Potter, seu cachorro horroroso. Fora. Suma da minha vida!
— Não há nada que eu respeite mais que um homem de família — declarou Fredrick Walsh. — Dá estabilidade à vida de um homem. E não há nada como os filhos para fazer um homem parar e pensar no futuro e em como seguir adiante.
Ucker suspirou. Seus hóspedes eram tudo que Dulce o avisara que seriam. E o ar de sincero contentamento que exibiam o fez pensar que talvez um homem pudesse beneficiar-se com um casamento feliz.
Os dois se encaixavam como peças de um quebra-cabeça, mesmo quando não estavam perto um do outro. E tanto Fred, como o sujeito gostava de ser chamado, e sua esposa, Dee, eram perspicazes e inteligentes, ambos bem-educados e confiantes.
— Vejo que você tem uma bela família, Ucker — ele continuou, com o tratamento pelo primeiro nome já estabelecido, enquanto percorriam a galeria. — Todos estes parentes... Devem deixá-lo orgulhoso. Imagino que sinta um peso às vezes.
Desta vez, Ucker se permitiu rir.
— Não sabe da missa a metade. Às vezes meus antepassados exercem uma pressão imensa sobre mim.
— Sou bastante pressionado por meus próprios pais. Fui um pouco rebelde na juventude, admito. Mas conhecer Dee foi a melhor coisa que poderia ter acontecido comigo. Meu pai me levou para o negócio da família então... Depois que teve certeza de que eu estava pronto para me juntar a ele. Não me importo em lhe contar que eu era um desapontamento para ele antes de conhecer Dee.
Fred Walsh piscou para a esposa, ali perto.
— Sempre achei que um bom casamento completa um homem, toma-o mais forte, e com o apoio de uma boa esposa, esse homem se torna confiável nos negócios assim como na vida em geral.
Um sino de advertência soou no cérebro de Ucker. Gostaria de não saber o que vinha pela frente, mas já se vira diante daquela mesma situação muitas vezes antes.
— Às vezes custa um pouco para encontrar a parceira certa — ele emendou, esperando parecer evasivo o bastante para pôr um fim à conversa.
O que estaria retendo sua irmã? Ela sabia que deveria estar ali para ajudar a entreter os hóspedes. Ele não era bom com conversas fúteis.
Finalmente, ouviu o clique da porta do salão, e percebeu que seu resgate chegava.
— Anahi! Que bom que finalmente se juntou a nós. — Esboçou um sorriso tenso, decidido a conversar com ela mais tarde.
— Sinto muito, Ucker , e sr. e sra. Walsh. Um telefonema inesperado me reteve. Depois, tive de dar uma olhada em Darcy.
A sra. Walsh se aproximou com ar maternal.
— Não se preocupe com isso. Podemos imaginar as dificuldades de administrar uma casa, não podemos, Fred?
Passou o braço pelos ombros de Any e conduziu-a até o sofá. Logo, as duas conversavam animadamente, deixando Ucker com Fredrick.
O americano conhecia seu negócio. Ucker ouviu cuidadosamente enquanto ele delineava o que esperava conseguir para se envolver num empreendimento.
— Eu realmente gostaria de ver Rivendell, se isso puder ser arranjado.
Ucker sentiu um tremor incomum na barriga. Era hora de soltar a linha.
— Poderemos ir amanhã, se quiser. Já passou da metade, mas você terá uma ideia clara daquilo que será.
Walsh meneou a cabeça.
— Depois de amanhã. Minha esposa tem alguns planos. Se você falou sério quando disse que nos mostraria a região.
Ucker controlou a impaciência sem demonstrar irritação.
— Claro... Rivendell ainda estará lá depois de amanhã.
Foi sua imaginação, ou ele sentiu mesmo que havia uma ligeira desaprovação, algo segurando o americano?
Desejou poder ler as pessoas melhor. Havia algo, uma cautela que ele não notara a princípio, mas que sentia agora naquele homem.
Jack surgiu sem ruído no limiar da porta e, com um gesto discreto, indicou que o jantar seria servido.
Any também viu o mordomo e levantou-se, com um sorriso. Olhou para a porta e depois para Ucker, de sobrancelha erguida com ar de interrogação. Ucker aproximou-se e ofereceu o braço à Dee Walsh, e conduziu-a à sala de jantar Fred Walsh fez o mesmo com Any.
As palavras faltaram a Ucker quando ele viu a antiga mesa de carvalho posta para uma refeição formal. Jack e Darcy tinham retirado toda a prataria do esconderijo e preparado o cenário para o banquete. Taças cintilantes de cristal e cálices de vinho refletiam a luz do imenso candelabro e dos castiçais das paredes. Uma toalha de linho cobria toda a extensão da mesa e caía em dobras delicadas pelos lados, destacando os pratos de bordas em ouro e as bandejas de prata.
Seus hóspedes arquejaram diante do esplendor do cenário.
Ele e Any entreolharam-se com assombro. Fazia muitos anos desde que aquela mesa, aquela sala fora arrumada daquele jeito. Desde que a mãe os abandonara. Ucker inclinou a cabeça quando se deu conta de quanto tempo se passara.
Acomodou os hóspedes e a irmã, murmurando que gostaria que Dulce se sentasse à mesa com eles. Any assegurou que ela viria. Contudo, até o meio da refeição, ela ainda não aparecera.
Walsh colocou o guardanapo de lado e murmurou:
— Esta foi a melhor comida que tive o prazer de comer — Sua satisfação se refletia no sorriso lento, contente.
— Eu nunca, jamais comi uma refeição mais deliciosa. Seria possível conhecermos a pessoa responsável por isso? — Dee Walsh emendou.
Ucker enxugou os lábios com extremo cuidado.
— Na verdade, Dulce deveria ter se reunido a nós para o jantar. Se puderem me dar licença, acho que irei procurá-la.
Quando ele se levantou, Walsh fez um ar intrigado. Sem dar tempo a ninguém para responder, o americano emendou com um entusiasmo exagerado, do ponto de vista de Ucker :
— Se eu fosse jovem e solteiro e tivesse uma mulher em casa que soubesse cozinhar assim, mesmo que ela fosse velha o bastante para ser minha avó, eu me casaria com ela num piscar de olhos.
Um trovão ribombou na cabeça de Ucker . Estrelas se chocaram, fogos de artifício estouraram em cores. E, ao dar um passo, ele viu com um imenso alívio que Dulce entrava na sala.
— Desculpem o atraso — ela murmurou. — Mas... eu trouxe a sobremesa.
Ucker fitou-a como se nunca realmente a tivesse visto antes.
Os cabelos de Dulce caíam em suaves anéis úmidos em torno das faces enrubescidas. Os olhos pareciam imensos no rostinho delicado. Ela usava aquele único vestido preto e as sandálias que pareciam se prender a seus pés por mágica. A boca se curvava num sorriso tímido. E ele... ele perdeu a cabeça.
Em passos apressados, alcançou-a. Enlaçou-a pela cintura e murmurou ao seu ouvido:
— Coopere, por favor, Dulce.
Então, sem mais explicações, ergueu-a do chão e beijou-a em plena boca.
— Posso apresentar-lhe o sr. e a sra. Walsh? Fred, Dee, esta é a mulher que preparou a magnífica refeição com que nos deliciamos, minha chef... e minha noiva, Dulce Maria Saviñón.
Os olhos de Dulce se arregalaram, e Ucker abraçou-a pelos ombros. Apertou-a contra o peito com força.
— Por favor — murmurou, com um fervor que nunca sentira em sua vida inteira.
O coração de Dulce parou de bater Um tremor alastrou-se por seu peito e, depois, um vácuo se fez até que a pulsação começasse de novo. O que acontecera?
Oh, isso é ridículo, ela pensou. Ucker a apresentara como sua noiva.
Certo, cooperar.... Cooperar com o quê? Com a piada?
Difícil. Ela já tivera sua cota de homens gozadores em sua vida. Aprendera a lição. Mesmo assim, notara o olhar desesperado de Ucker . A súplica não declarada.
E, então, ele a beijara.
Caramba! Que beijo... E o poder dos braços fortes em torno dela, o calor dos montes de músculos esculpidos contra seus seios...
A emoção da surpresa e a tensão que invadira fizeram seus dedos dos pés se curvarem nas sandálias. Bravo!
A sobremesa passou em branco, e Dulce mal ouviu os convidados elogiarem seus esforços. Não poderia falar. A língua não funcionava. A respiração arfava. A tontura deixara seu cérebro imerso num tipo de sonho... ou pesadelo.
E depois, Ucker a arrastara pelo corredor até o escritório e fechara a porta.
O clique da maçaneta trouxe a realidade de volta. Ela sentiu que as palavras voltavam a fluir.
— Como ousa?
Afastou-se e, ao ver que ele se aproximava de novo, ela agitou os punhos cerrados.
Ucker, com o rosto vermelho e um ar de incerteza, tentou tocá-la. Ela recuou.
— Dulce, por favor, me escute. Sei que eu a peguei de surpresa, mas posso explicar. Os Walsh são pessoas muito gentis.
— Pessoas muito ricas.
— Sim, realmente, são ricas. E eu preciso de um pouco desse dinheiro.
O desespero brilhava nos olhos de Ucker claramente agora, e Dulce sabia que, se deixasse que isso a contagiasse, terminaria "entrando numa fria".
— Que conversa é essa de sua noiva?
Ucker apontou as plantas presas num quadro de cortiça na parede.
— Este projeto significa muito para mim. Não apenas para mim, mas para uma porção de outras pessoas. Infelizmente, pessoas que têm pouca voz ativa naquilo que acontece em suas vidas. Preciso de dinheiro para concluir Rivendell para elas, Dul.
— Não sou sua noiva — ela repetiu. — Não tenho certeza nem se gosto muito de você, e sei que você não gosta de mim. Só concordei em cozinhar. Por que inventou essa mentira?
— Fredrick passou a noite exortando as virtudes do casamento e insinuou com veemência que preferiria negociar com indivíduos bem casados.
Ah... Então era isso. Uma lampadinha se acendeu por fim. Como nas novelas, acontecera de Dulce estar no lugar certo, na hora certa.
— Então, você precisava de uma esposa ou, pelo menos, de uma noiva, naquele exato momento.
— Sim.
— E já que eu era sua cozinheira, você imaginou que eu poderia representar um papel duplo, como sua futura esposa.
— Eu não imaginei nada, Dul. Veio assim num estalo. Você parou no limiar da porta e, de repente, eu pensei que daria uma boa noiva. Para a ocasião, pelo menos.
Dulce passou a mão pelo rosto.
— Não posso fazer isso. Ele se aproximou.
— Dulce, por favor, me escute. — Calou-se, a expressão hesitante, profundamente comovente. — Minha irmã lhe disse alguma vez que eu sou o segundo filho?
Aquilo era novidade. Ela ergueu o queixo, como se o desafiasse a convencê-la.
— Por direito, eu jamais teria herdado meu título. Antes de eu nascer, meu pai teve um outro filho. Peter foi o primogênito, nascido de uma mãe diferente. Infelizmente, meu irmão mais velho tinha a síndrome de Down.
Dulce conteve a respiração.
— Meu pai divorciou-se dessa esposa, colocou Luis numa instituição bem longe daqui, e tentou se esquecer dele. Depois, casou-se com uma mulher que julgou forte, vibrante. Uma americana, minha mãe, que me gerou no primeiro ano do casamento. Luis viveu até os quatorze anos.
— Eu... eu... eu não sei o que dizer.
A velha Dulce estendeu a mão para Ucker , e a nova e aprimorada Dulce, manteve-se distante, cruzando os braços no peito.
— Luis não era muito forte. Teve complicações. Seus pulmões, o sistema imunológico, nunca funcionaram bem. Meu pai sabia que ele não duraria muito, principalmente num hospital de segunda categoria, ventoso, sem a família por perto. Meu pai nunca visitou meu irmão depois que o afastou. A mãe de Luis abandonou o país e nunca votou. Minha própria mãe ficou sabendo de Luis e foi visitá-lo várias vezes. Tentou tornar a vida dele agradável, mas papai recusou-se a permitir que ele voltasse para casa, mesmo quando os médicos sugeriam que ele ficaria melhor aqui. Sei que discutiram por causa disso. — A voz de Ucker reduziu-se quase a um murmúrio.
— Eu vi aquele lugar, Dul. Era velho e decrépito. Particular, claro, e o pessoal que trabalhava lá era o epítome da discrição. Mas não se importavam. Faziam seu trabalho, e não se importavam com os pacientes. Podíamos levar presentes a Luis, fazer com que tivesse tudo que queria, mas não trazê-lo para casa... para cá, para Uckermann. Era isso realmente o que ele precisava.
Ele se aprumou e deu alguns passos pelo escritório.
— Esse lugar que estou construindo, Rivendell, é um conceito totalmente novo. É projetado para acomodar cadeiras de rodas e pessoas com necessidades especiais, velhos e jovens. Haverá uma clínica para cuidar dos problemas médicos. Serviço de refeições. Lavanderia. É também projetado para os mais velhos e os mentalmente limitados. Pessoas como Luis que podem fazer pequenas tarefas e estão ansiosas por isso. Poderiam ajudar os mais velhos, e os mais velhos, por sua vez, propiciariam uma atmosfera familiar, afastando a sensação crua e fechada de uma instituição. Nada disso jamais acontecerá se eu não tiver o dinheiro para completar o projeto.
Dulce sentiu sua determinação fraquejar depois de ouvir aquilo. E o homem diante dela expunha uma brecha na armadura, uma fraqueza que ela duvidava que ele alguma vez tivesse mostrado a alguém.
Ou talvez fosse um tremendo ator, aliciando-a para atender a seus próprios propósitos, sem se importar com ela nem um pouco.
Porém, ela sempre poderia perguntar a Any para saber a verdade.
Ucker sabia disso. Ele não estava mentindo sobre o irmão.
Dulce tentou não deixar as emoções à mostra. Coisa que sabia não controlar direito. Sempre dava uma bandeira. Eis por que nunca jogava pôquer com os irmãos.
Eis por que sempre terminava se metendo em confusão.
— Está certo. Não estou dizendo que cooperarei com isso, mas pensarei no assunto. E é melhor saber que, se eu consentir em representar o papel de sua noiva, vou querer algo em troca. Algo grande, Ucker . Algo a ser decidido por mim e pago por você antes que eu volte a Nova York.
Mesmo sem coments postei! Mas Agora só posto com coments!
Autor(a): girlcandyhive
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
onlydm e liliam Bem vindas! Capítulo IV A noite na Inglaterra era mais negra que qualquer coisa que Dulce já vira em sua vida. Crescera nos arredores de Nova York e suas noites eram cheias de mais luz ambiente do que de luz das estrelas. Os americanos usavam iluminação potente para poder ler um mapa dentro de u ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 27
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beatris Postado em 11/12/2017 - 23:12:16
amei mto msm foi otm
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stellabarcelos Postado em 19/12/2015 - 13:13:37
Amei muito! Linda! Parabéns
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bida Postado em 27/07/2012 - 18:21:03
parabens..queria ver os filhos deles :(..mas amei a web
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onlydm Postado em 27/07/2012 - 14:30:25
Que lindo o final da web, gosti. Parabéns muito boa
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onlydm Postado em 25/07/2012 - 21:40:43
Posta amor
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breco Postado em 24/07/2012 - 23:23:28
Ansiedade modo ON! Continua!
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breco Postado em 24/07/2012 - 23:22:47
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breco Postado em 24/07/2012 - 23:22:33
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onlydm Postado em 23/07/2012 - 16:58:13
Tomara que ela não vá. Divulguei
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thallesdias Postado em 23/07/2012 - 12:03:14
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