Fanfic: KISSES TO GO - Noiva De Aluguel (adaptada) - {Vondy} | Tema: Vondy

— Olá?

— Dulce, querida, é você mesmo?

Um gritinho de excitação seguiu-se à voz de falsete. Então, resplandecente num conjunto azul-néon de minissaia que deixava à mostra quase a perna toda, Rosalinda saiu de trás de uma das cadeiras de espaldar alto.

—Rosalinda! Seu doce! Está ótimo! Maravilhoso! Estou tão feliz em vê-lo...

As outras expressões de carinho foram amortecidas, quando Rosalinda puxou Dulce para dentro de um abraço de urso. Ela afastou-se, arquejando sem fôlego.

— O que está fazendo na Inglaterra? Meu Deus, está tudo bem? Meus pais...?

— Ora, amiga, não se preocupe com seus pais. Telefonei para sua mãe antes de partir, só para ver se você estava lá, mas não deixei escapar que estava sumida.

— Não estou sumida. Resolvi prolongar minhas férias por alguns dias. — Dulce olhou-o de cima a baixo.

— Belo conjunto.

— Gostou? Pensei que era apropriado para a travessia do Atlântico.

— Com todo esse tamanho de pernas, fico surpresa que você tenha se encaixado no assento!

— Não na primeira classe — ele retrucou. Sacudiu as sobrancelhas sugestivamente.

— Uau! Onde você... como você?...

— Sente-se doçura. Tenho muita coisa para lhe contar. A propósito, você está absolutamente fabulosa. — Rosalinda agarrou a mão de Dulce. — E o que é isto? É o mais incrível caco de vidro que já vi na vida!

Dulce puxou a mão e escondeu-a atrás das costas. Rosalinda agarrou-a de novo e examinou o anel Uckermann, maravilhado. Soltou um longo assobio.

— Queira me desculpar, mas isto aqui não é falso.

— Rosalinda, não posso falar sobre isso agora. Prometo que lhe contarei tudo quando voltarmos para casa. Agora, tem de contar como veio para a Inglaterra de primeira classe, e o que o trouxe aqui.

— Vamos sentar primeiro? Estas sandálias estão me matando. Acho que meus dias de salto agulha estão contados.

Dulce sentou-se muna cadeira de aspecto frágil, enquanto Rosalinda escolhia um sofá que parecia reforçado.

— Bem, depois que você partiu, as coisas ficaram um tédio. Mas adivinha quem veio bater à minha porta, gritando e batendo com toda a força, exigindo que eu contasse onde você estava?

— Rodrigo?

— O próprio. Ele teve a coragem de me dizer que tinha encontrado seus prospectos de viagem. E exigiu saber de você, como se eu fosse contar ao safado.

O homenzarrão abanou a face com as mãos, dramático.

— E você não disse nada, não é?

— Detesto lhe dizer, mas aquele babaca gritou que iria atrás de você até o fim do mundo, querida. E como estou indo a Paris resolver um probleminha de trabalho, achei melhor dar um pulo aqui antes, para avisá-la.

— Mas o que o faz pensar que ele está vindo para cá?

— Ele não está vindo, Dulce. Está estourando por aí! Imaginei que fosse muito preguiçoso para ir à agencia de viagens, aquela virando a esquina, sabe? Bem, aconteceu de eu passar por lá para pegar minha passagem, e vi uma com o nome de Rodrigo. Desviei a atenção da atendente, li o número do vôo e o destino. É provável que Rodrigo já esteja na Inglaterra, doçura. E, sem dúvida, vindo às pressas para cá.

— Oh, Deus! — Dulce gemeu. A situação passara de horrível para insuportável num instante. — Talvez ele não tenha conseguido o endereço. Eu só o tinha escrito num pedaço de papel em minha carteira, eu acho.

— Pense bem, Dulce. Ele encontrou a carta.

— A carta dando-me as boas-vindas a Uckermann?

— Acho que sim. Ele leu para mim, através da porta, veja só. Ele sabe onde você está, e vai achá-la, a menos que você se mande daqui.

— Droga, não farei isso, não tenho medo dele.

— Não tem medo de quem, minha querida?

Dulce teve um sobressalto, ao ouvir a voz profunda de Ucker às suas costas. Então, girou nos calcanhares, caindo nos braços dele.

— Ucker! Você... oh, oh!

— E as boas maneiras, querida? — Ucker fez um gesto na direção do estranho em sua casa.

Rosalinda postava-se ao lado do sofá, com um sorriso imbecil nos lábios cuidadosamente pintados.

Dulce olhou para Ucker, tentando detectar o seu humor. Como explicar Rosalinda? Resolveu jogar limpo.

— Ucker gostaria de lhe apresentar Rosalinda Rosas, meu amigo de Nova York. Rosalinda, este é Christopher Uckermann, décimo sexto conde de Uckermann.

Ucker deu um sorriso estranhamente acolhedor ao estender a mão. Rosalinda livrou-se totalmente da persona feminina, e os dois homens pareceram se entender ao apertarem as mãos.

— Prazer em conhecê-lo — Rosalinda disse, a voz firme e máscula. Dulce julgou que ele parecia testar o conde.

Ucker sorriu.

— O prazer é meu. Dulce, você...

A frase foi cortada por outra pessoa na sala.

— O que temos aqui?

Brian! Dulce sentiu-se afundar no buraco que ela e Ucker tinham cavado. O que aquele sujeito estava fazendo ali?

Rosalinda estendeu a mão e murmurou, com sua voz de barítono:

— Rosalinda Rosas, um amigo de Dulce de Nova York. E você, quem é?

Dulce pestanejou quando Brian mediu o gigante de conjunto azul "já cheguei". Estendeu a mão, contudo. Boa criação, ela pensou, sempre falava mais alto.

— Rosalinda é um transformista — disse, dirigindo-se tanto a Ucker quanto a Brian.

— Sua noiva tem amigos interessantes, Ucker.

Rosalinda detectou o termo "noiva". E Dulce rezou para que ele não tivesse um acesso de gritinhos. Mas, graças a Deus só pôde ler nos olhos do amigo: Que bom por você, Dulce. Pescou um conde inglês.

Os três se entreolharam, e a sala caiu em silêncio. Então, a porta abriu-se, deixando entrar Any e os Walsh. Dulce não sabia mais o que poderia acontecer para piorar as coisas, agora que todos estavam reunidos num mesmo lugar, a se fitarem com perguntas mudas. Mais uma rodada de apresentações se seguiu.

Duarte surgiu no limiar da porta, parecendo amarfanhado, os fios de cabelo em pé, a gravata-borboleta torta.

— Milorde, há um...

Não conseguiu terminar. Alguém o empurrou de lado e irrompeu sala adentro.

Dulce olhou horrorizada para o intruso. Rodrigo.

— O que está acontecendo aqui? — A voz era irritante e estridente.

Dulce sentiu a garganta fechar-se, mas conseguiu balbuciar:

— Vá embora, Rodrigo. Seu lugar não é aqui.

Ucker aproximou-se e passou o braço pela cintura de Dulce. E ela sentiu que sua arrogância a contaminava. Rodrigo aproximou-se.

— Você parece ótima, Dulds. Mas é hora de voltar para casa.

— Fora, Rodrigo. Não é bem-vindo aqui e não tem nada a reivindicar de mim ou de meu tempo.

Ucker deu um passo à frente.

— Ouviu minha noiva. Você não é bem-vindo em minha casa. Duarte vai lhe mostrar a saída.

Rodrigo parou a meros centímetros de distância.

— Noiva? Ouvi direito?

Levou as mãos aos quadris, os longos dedos de artista a tremer.

Dulce virou-se para Ucker, enterrando o rosto em seu peito.

— Tire esse homem daqui por mim, por favor.

Ucker não hesitou, apesar de tanta platéia. Brian era um dos mais curiosos.

— Fora!

A voz de comando deu calafrios em Dulce. Rodrigo, sem um cérebro pensante e, pela aparência desmazelada, sem dinheiro também, avançou e agarrou Dulce pelo braço.

— Você vai para casa comigo.

— Tire as mãos de cima dela.

Rodrigo bufou e apertou os dedos com mais força no braço de Dulce.

Toda a reserva aristocrática cuidadosamente cultivada desapareceu. Com um gesto rápido, Ucker agarrou Rodrigo pelo pulso, forçando-o a soltar Dulce.

— Largue minha mão, imbecil! Sou um artista.

Rodrigo lutou para livrar-se, mas Ucker aumentou a pressão. Seria fácil quebrar-lhe o pulso. Sem dar atenção aos arquejos de Dee Walsh e de sua irmã, o conde arrastou o sujeito para a porta.