Fanfic: KISSES TO GO - Noiva De Aluguel (adaptada) - {Vondy} | Tema: Vondy

Capítulo II

Parecia cenário de novela, Christopher Uckermann estava de pé diante da lareira, conversando com um homem mais velho. Ambos trajavam smokings, mas os olhos de Dulce se cravavam no conde.

Uau! Ele estava... ma-ra-vi-lho-so!

Levou a mão direita ao coração. Os dois a fitaram, e o homem errado sorriu. Entrou constrangida na sala de estar. Era uma forasteira que poderia, naquelas circunstâncias, ser considerada "uma contratada". Endireitou os ombros e livrou-se do pensamento idiota. Seguiu na direção da lareira, alheia a qualquer outra coisa a não ser sua postura e a necessidade de falar com suavidade.

— Quem é essa criatura adorável? — o tio do conde perguntou. Dulce percebeu que o olhar do homem mergulhava no decote de seu vestido.

— Esta é Dulce Maria Saviñón, uma amiga de Anahi. Srta. Saviñón, lorde Clark Uckermann, meu tio.

Ela estendeu a mão.

O cavalheiro pegou-a entre as palmas frias e úmidas, e a levou até os lábios. Estavam tão molhados e pegajosos como as mãos dele.

Dulce forçou um sorriso.

— Prazer em conhecê-lo.

Clark teve um pequeno sobressalto.

— Uma americana?

Dulce percebeu que o tom de voz do lorde mudara do cordial para evidentemente gélido. O instinto a alertou. Ora essa, ele não gostava de americanos; provavelmente um traço de família, ela imaginou.

— Sou americana, e sempre quis visitar a Inglaterra. Realmente, um belo país.

O cavalheiro fez um gesto para uma jovem, provavelmente a filha, que se adiantou.

— Minha esposa, srta. Saviñón.

Dulce pensou duas vezes antes de esticar a mão. A moça, loira, curvilínea e excessivamente maquiada, deu uma risadinha, e disse "Como vai?" de um jeito teatral. Any surgiu do nada, e Dulce foi invadida por uma onda de alívio quando a garota iniciou uma conversa animada.

Christopher aproximou-se e perguntou se Dulce gostaria de um xerez. Ela recusou com um menear de cabeça. Pensou em pedir uma coca-cola gelada, e a simples idéia de deixar pasmo o anfitrião a fez sorrir.

O conde a encarou como se tentasse descobrir o motivo daquela mudança repentina de expressão mas, em seguida, desviou os olhos.

Que se dane. Cada um na sua. Dulce tinha um total de dois inimigos na sala. O tio e o conde. Poderia lidar com eles. Era só tratá-los como clientes num restaurante. Por uma fração de segundo, ela pensou que poderia ter cuspido na sopa e eles jamais saberiam...

Jack entrou na sala para anunciar o jantar, parecendo extremamente formal com as caudas do fraque de mordomo e o colarinho duro.

O cavalheiro estendeu a mão e pegou o braço da esposa. Dulce viu que ele a apertava como se repreendesse uma criança. Havia algo ali, ela pensou. Mas o que quer que fosse, não era da sua conta.

Any acompanhou o casal para a sala de jantar, deixando Dulce com o conde. E, surpreendentemente, ele murmurou;

— Posso ter o prazer?

Christopher aproximou-se, tomou-lhe a mão e colocou-a na curva do braço. Como nos filmes antigos e nos livros.

Dulce ergueu a cabeça, e se defrontou com o olhar firme e avaliador do conde. Era um teste, pensou. Um em que precisava ter boa avaliação para representar bem o seu país e sua criação menos nobre.

Com um gesto quase imperceptível, ele a conduziu para a sala de jantar.

A mesa enorme, com as pesadas cadeiras de carvalho, fora posta para o jantar. Jack e sua ajudante haviam arrumado a porcelana, os cristais e a baixela de prata georgiana para cinco lugares.

Depois de levar Dulce até a cadeira ao lado da de seu tio, Christopher assumiu a cabeceira da mesa, com a tia e a irmã sentadas à sua direita. Parecia um ritual, com todos esperando que o conde desse o sinal para se sentarem. Que coisa mais antiquada! Um jantar de família!

Jack e a ajudante entraram com uma terrina de porcelana maravilhosa num carrinho. A sopa foi servida, um consomê leve com endro que Dulce preparara no dia anterior.

Comeram em silêncio, em pequenas colheradas, enxugando os lábios com os guardanapos de linho brancos como a neve. Tudo muito, terrivelmente elegante.

Any virou-se para a nova tia e perguntou se ela havia apreciado o passeio até a cidade.

A mulher pareceu vagamente nervosa antes de responder, com palavras medidas. Clark se pôs a fazer alguns comentários sobre o clima. Dulce estava prestes a cair num coma. Oh, como gostaria de chacoalhar aquele pessoal! Any, especialmente. A garota que normalmente falava bastante, agora, estava ali, escondendo a espontaneidade atrás daquela chatice formal.

Como se sentisse o que Dulce pensava, Christopher dirigiu-se a ela, o tom monótono e desinteressado:

— Srta. Saviñón, gostou do passeio a Bath?

Com outra chance para demonstrar que não era uma selvagem, ela pensou um segundo antes de responder:

— A cidade é fascinante. Gostei do tour pelas termas antigas. Any... Anahi me mostrou os pontos interessantes.

— E ela a levou até a Ponte Pulteney?

— Sim, e achei muito inteligente a idéia do arquiteto fazer com que parecesse uma rua comum.

Lorde Clark se intrometeu.

— Há coisas muito mais inteligentes nos Estados Unidos, eu imagino.

Outra armadilha, pensou Dulce.

— Sim, de fato, mas não é a Ponte Pulteney. Só existe uma, e é em Bath. Aprecio a Inglaterra pelo que é, e meu país pelo que é. Há maçãs e laranjas. Gosto de ambas.

Os lábios do cavalheiro se afinaram num sorriso. Ele inclinou a cabeça e depois se virou para o sobrinho.

Dulce sentiu-se como se tivesse sido dispensada quando percebeu a mão do lorde em sua coxa, deslizando sutilmente.

Que velho bastardo, revoltante!

Segurando o garfo, ela o desceu até onde Clark se atrevera a ir, e comprimiu os dentes contra o dorso da "mão boba", e depois a empurrou para o colo do sujeitinho asqueroso. Ele não disse uma palavra, não moveu um músculo do rosto. Mas o resto da refeição foi um inferno, com ela à espreita de outro ataque traiçoeiro do "nobre" sentado a seu lado.

Christopher mal conseguiu se controlar. Vira a mão do tio se mover para o colo da srta. Saviñón e depois o sobressalto nos olhos dela, quando o velho safado correra a mão provavelmente em direção a... Nem quis pensar. Tinha de dar um crédito à moça. Julgara que ela fosse berrar. Em vez disso, ela havia bloqueado a intrusão.

Agir como um bode velho fazia parte da natureza de seu tio. E Christopher teria de se desculpar mais tarde pelo comportamento de Clark. Contudo, tinha de admitir que fora um ponto a favor de Dulce Maria. Ela soubera lidar com a situação.

Também havia tirado de letra asprovocações antiamericanas, pensou. Saíra-se muito bem. Sem confrontações. Outro ponto positivo.

O que ele não conseguia tirar da cabeça, porém, fora sua entrada espetacular na sala. Christopher ainda não a vira em outra coisa que não fosse as calças jeans e as camisas largas ou os suéteres.

Mas aquele vestidinho, de decote baixo e a barra na altura das coxas, por mais simples que fosse, exibia suas formas maravilhosamente. Quem haveria de pensar que ela poderia surgir parecendo tão... tão... bonita?

Algo faiscou em sua virilha, provocando uma onda de calor em sua coxa. Pelos fogos do inferno!

A última coisa de que precisava era a distração de uma mulher, sua hóspede pagante, naquele exato momento.

Quando o jantar terminou, ele e o tio seguiram para a biblioteca. Any cuidaria das damas, com certeza. Tinha de conversar com Clark. Não poderia divagar com seios macios e coxas suaves.

Deus do céu!