Fanfics Brasil - Capítulo 3. The Allyson diarie

Fanfic: The Allyson diarie | Tema: Vampiros e hibridos


Capítulo: Capítulo 3.

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Capítulo 3


O despertador apitou, eu taquei a mão em cima com força para desliga-lo, hoje eu não senti o peito quente de Tyler ao meu lado, e sabia que nunca mais sentiria, eu tinha estragado tudo! Porque eu tinha que dormir com o desgraçado do Mason! Por que!


Eu me sentei na cama e segurei minha cabeça com as mãos, examinei o despertador e quase o quebrei, se eu tivesse quebrado, seria o sexto despertador que eu quebrei em duas semanas. Levantei-me sonolenta e andei até o banheiro, tirei a roupa e entrei no box, liguei a água quente e me sentei no chão, deixando a água bater em minhas costas, pensei em tudo. Dês de Tyler até minha família. Fazia oito anos que eu não os via, Matthew devia estar com vinte e seis anos agora e Melissa deveria estar com vinte e dois, certamente deviam estar casados, eu sentia saudades de vez em quando, quando eu estava sozinha com meus pensamentos eles me vinham à cabeça, mas eu tinha medo de voltar, tinha medo de eles me reprovarem, eu tinha medo... Simplesmente, medo. A garota mais durona também tem medo, ninguém é de ferro, mesmo sendo resistente por fora como eu, uma hibrida, ainda temos de certo modo, um coração, ainda podemos sentir saudade, ainda nos é permitido sentir... Pelo menos isso nós temos de bom, além da destruição física e moral que causamos, temos algo de bom pelo menos.


Eu levantei do chão e tomei banho direito, depois me troquei, colocando uma camiseta preta normal com mangas, sem nada escrito, uma calça jeans escura normal e uma jaqueta marrom. Parei no meio do quarto e comecei a observa-lo. As paredes cor de areia, o piso de madeira escura, a cama de casal com lençóis brancos, as prateleiras enormes com livros... O armário com a porta pintada de branca, a janela transparente com cortinas brancas... Era totalmente diferente do meu quarto em Brighton, na Inglaterra... Meu quarto, eu não sei explicar ao certo, mas a cor que mais denominava meu quarto era o rosa. Quando me transformei em hibrida, eu tive que começar a agir friamente para suportar tudo o que eu tive que suportar. Tudo que eu tinha de alegre, vivo e rosa em mim simplesmente sumiu.


Saí de casa com um dos carros que nós tínhamos, na verdade, com o meu, cheguei até onde seria filmada a cena, onde Tyler teria que beijar uma garota, não sei se eu aguentaria ter que ver isso, esperando que Tyler me ignorasse e não olhasse na minha cara...


- Oi amor! – Eu ouvi Tyler atrás de mim, logo depois me dando um beijo, ali, na frente de todo mundo, claro que teve aqueles olhares de queixo caído. Eu fiquei sem fala por um momento.


- Eu... Ahn... Pensei que você nunca mais quisesse... Olhar na minha cara...


- Porque você pensou isso? – Ele disse rindo sarcasticamente.


- Eu não sei. Talvez porque ontem eu te mordi, doeu, você gritou e agora está com duas mordidas, uma de cada lado do pescoço.


- Nada que uma gola de jaqueta não resolva. – Eu percebi que ele tinha levantado a gola da jaqueta que era alta, tampando as mordidas. – E um pouco de maquiagem ajuda também quando não tem gola. Tenho que ir. – Ele me deu outro beijo daqueles.


- Tyler! – Eu recuei antes de ele terminar o beijo.


- Quê?


- Na frente de todo mundo? – Eu disse ignorando o fato de que ele já tinha me beijado na frente de todo mundo minutos ou segundos antes.


- Ué, o que quê tem? – Pelo que eu decifrei, ele realmente não ligava.


- Ok. – Eu disse terminando de beijar ele em seguida, atraindo mais olhares arregalados para mim.


Eu não queria decifrar a mente de um por um, porque eu tinha que me concentrar, e iria demorar, mas eu acho que eles pensavam tipo, a garota chegou faz duas semanas e já tá pegando o ator mais gostoso? Claro que no meu sentido eu não falaria “pegando”, mas sim “amando”. Eu precisava de Tyler, o que foi normal nos outros dias, nós agíamos normalmente, mas claro de vez em quando, alguns selinhos e alguns beijinhos. Sem falar que ele vivia pedindo para tirar fotos minhas e mandava algumas no twitter, eu realmente ficava sem graça. Eu ia quase sempre à casa dele, para fazer você sabe o que... Depois de três semanas ele me levou para ir à casa dele assistir a um filme, e claro que ele comeu durante o filme, dava até inveja, corpo de híbridos ou vampiros só podiam receber líquidos, não faziam digestão de alimentos sólidos. Quando o filme acabou eu peguei o copo dele para levar na pia, depois que voltei ele estava sentado no sofá e estendeu as mãos para mim, eu as dei de modo que fiquei de frente para ele, ele se levantou e me deu um beijo bem demorado e... Bom também.


- Eu sei que a gente já ta... Mas... Só para deixar mais... Oficial... Sei lá... – Ok... E eu entendi tudinho o que ele pronunciou.


- Ahn... E o que você quer falar? – Eu resolvi tentar não decifrar a mente dele e deixar ele me surpreender, se é que eu seria surpreendida.


- Allyson Skylar... Você quer namorar comigo? – Eu sei que estávamos parecendo dois adolescentes, mas não estávamos nem ai. Eu perdi a fala e tive um pouco de dificuldade para raciocinar.


- Ahn...– O que? A fala vai sumir numa hora dessas? Sério mesmo? Deu vontade me bater em mim mesmo naquela hora.


- O que você falou? – Ele perguntou confuso. Ainda bem que ele não entendeu, nem eu tinha entendido!


- Claro! Claro que quero. – Eu consegui voltar meu raciocínio e pulei nele dando um abraço, ele me rodopiou e depois me beijou. – Mas Tyler...


- O que?


- Eu... Sou uma hibrida...


- E?


- E? E eu sou uma hibrida!


- Três palavrinhas para isso... Que se foda!


Eu não pude conter um sorriso sincero que se alargava em minha boca só quando eu estava com ele. Fomos para a cama, e como sempre ele me satisfazia, de vez em quando eu o mordia, para esquentar mais as coisas. Depois que tínhamos terminado o momento intimo, nós deitamos para dormir, mas eu não consegui dormir. Agora eu estava namorando com ele, oficialmente, mas eu sabia que ele iria envelhecer e eu não, eu sabia que um dia ele me pediria para transforma-lo ou iria me deixar, não iríamos dar certo no momento em que ele começasse a ficar muito mais velho que eu. Talvez ele já quisesse discutir isso em seu próximo aniversário ou até no “meu aniversário”, aquilo não era um talvez na verdade, não era um e se, era uma afirmação, era um É. Ele com certeza iria tocar nesse assunto em algum dia, talvez mesmo quando ele acordasse, no momento que eu menos esperasse ele iria falar disso, e eu teria que ficar preparada. Deixa-lo não era uma opção, depois de tudo isso. Ele não me deixou depois que eu o mordi, tudo bem que são duas comparações bem diferentes, mas mesmo assim, eu não podia mais deixa-lo, eu não conseguiria fazer isso, se os outros três caçadores mudassem de cidade, eles teriam que ir sozinhos, eu estava decidida a NÃO deixar Tyler, enquanto eu vivesse, e também estava decidida para fazer o que fosse preciso para que ele vivesse o maior tempo possível.


Eu não consegui dormir, sequer cochilar por um segundo com essa imensidão de pensamentos em minha cabeça. Como de costume, o relógio despertou cinco e meia da manhã, mas naquele dia entraríamos mais tarde, não faço a mínima ideia do porque, mas entraríamos às dez horas. Eu o ouvi batendo a mão fortemente no despertador.


- Quer competir comigo? – Eu disse num som sonolento.


- Por quê? – Ele perguntou também em tom sonolento.


- Eu consegui quebrar seis despertadores em duas semanas.


- O despertador tem que ficar do meu lado mesmo então. – Nós dois rimos e voltamos a deitar. – Aly...


- O que foi querido?


- Você vai ficar jovem pra sempre... – Eu disse que seria no momento que eu menos esperava!


- Sim...


- E eu vou continuar envelhecendo...


- E?


- Você tem que me transformar...


- Não Tyler! Eu não vou fazer isso!


- Mas é o único jeito!


- Não Tyler! Não posso te transformar no que eu sou, eu odeio o que eu sou, e não quero que você seja isso. Você tem a escolha que eu não tive, aproveite-a. Por favor.


- Eu estou aproveitando. Eu escolhi isso, eu pensei muito, e fiz essa escolha.


- Podemos ver isso outro dia? Por favor?


- Tudo bem, amor...


Ele passou um braço debaixo do meu enlaçando-o na minha cintura. Voltamos a dormir. Corrigindo: ele voltou a dormir. Eu sabia que ele não iria largar do meu pé enquanto aquele assunto não fosse resolvido, mas eu sinceramente não sabia o que eu ia fazer! Transforma-lo não era uma opção! Ou talvez fosse... Mas eu não podia fazer aquilo com ele, como eu mesmo disse, ele tem uma opção, a opção que eu não tive, eu nem sequer sabia de nada, fui simplesmente transformada em um segundo, no outro eu já acordei hibrida, sentindo o cheiro do sangue do meu irmão. E para eu aprender a me controlar, também não foi fácil. Eu fiquei afastada de qualquer pessoa por um mês e meio, até que eu conseguisse ficar em meio de milhares de bolsas de sangue sem pegar nenhuma, depois tive que ficar em meio a milhares de pessoas no centro da cidade sem atacar nenhuma, com o cheiro do sangue delas me intoxicando e implorando para que eu pegasse a primeira que eu visse na minha frente e fincasse os dentes em seu pescoço. Eu tenho até hoje sangue de pessoas em minhas mãos, por perda de controle. É horrível, eu consegui passar por tudo isso sem derramar uma lágrima, mas eu sei o quanto é difícil não sentar em qualquer canto e chorar ali o dia inteiro, eu sei o que não é poder abraçar alguém com medo de morde-lo. Eu sei qual é o sofrimento, e não quero Tyler também saiba como são essas horríveis sensações... Eu não quero isso para ele, eu o amo, e sei que se transformar não é o melhor para ninguém, nem mesmo em lobisomem que nem sequer está morto ou bebe sangue, mas toda lua cheia quebra todos os seus ossos do corpo para poder se transformar em um lobo. Assim como nós híbridos podemos fazer. Para maior controle, eu tive que me transformar mais de mil vezes em uma semana, transformações seguidas, sem parar, tive que quebrar todos os ossos de meu corpo milhares de vezes presa em uma corrente e depois acordar com meus ossos normais e quebra-los de novo, tudo isso por controle da transformação e também... Tudo isso para que eu não fosse uma coisa morta sem sentimentos que ataca qualquer um que vê pela frente, mata e depois larga o corpo em qualquer lugar. Nada é fácil nessa vida, muito menos na pós-vida. Tyler não podia ser como eu. Eu simplesmente não posso fazer isso com ele, não posso fazer ele quebrar seus ossos todos os dias, não posso ter que bater nele para ele se controlar e não atacar as milhares de bolsas, não posso deixar que ele tenha sangue inocente em suas mãos, assim como eu tenho. Simplesmente... Não posso. Não posso e não posso. Isso é injusto. Assim como foi injusto para mim. Ninguém merece isso, muito menos Tyler, assim como eu não merecia.


Acordei sete horas da manhã e Tyler não estava ao meu lado na cama, eu sentia a presença dele na casa, mas mesmo assim não pude conter a pontada de preocupação.


- Tyler? – Eu exclamei me levantando da cama, eu estava com um jortinho bem curto e justo e uma regata vermelha. – Tyler... Cadê você? – Eu comecei a andar devagar pelos corredores ainda sentindo a presença dele, mas porque ele não respondia? – Você está em casa?


Me deu vontade de pular nele e nunca mais soltar depois que eu vi que ele estava só escovando os dentes em um outro banheiro mais para frente do quarto dele, ele não estava me respondendo por estar escovando os dentes.


- Ah Tyler... – Eu disse soltando um suspiro de alivio e colocando a mão no peito ao ficar de frente com ele. – Dava para você, por favor, responder?


- Como? Eu tava escovando os dentes! – Ele disse bocejando. – Viu como é difícil falar? – Ele falou como se estivesse de boca cheia, depois que terminou de escovar ele deu um beijo em mim. – Ficou assustada?


- Claro que fiquei. Se você respondesse...


- Mas eu to aqui pequena... – Ele disse me abraçando de modo que minha cabeça e minhas mãos descansaram em seu peito nu, ele estava só com a calça do pijama, e se eu não fosse uma hibrida ele iria quebrar meus ossos com aquele abraço.


- Ain. – Eu reclamei quando ele começou me apertar.


- Que foi?


- Você tá me apertando...


- Que bom... – Ele me apertou mais forte ainda, eu dei um beijo no pescoço dele. Esse era o ponto fraco, ele afrouxou um pouco o abraço. – Danada... – Eu recuei soltando um sorriso.


-Tenho que ir pra casa.


- Mas ainda são sete horas, a gente só vai entrar as dez, fica mais um pouco, por favor.


- Não, não dá Ty... Tenho que ir... A gente se vê daqui a pouco.


- Mas eu vou ter que te levar né?


- Não, meu carro tá aqui.


- Mesmo?


- Ahan.


- To muito desligado da vida...


- Percebi... – Eu dei um beijo nele e fui para o quarto.


Eu fui para o quarto e comecei a pegar minhas roupas, minha calça estava debaixo da calça dele na cadeira, eu puxei a minha e de dentro do bolso da calça dele caiu uma foto. Uma garota de uns dezoito anos abraçada com ele, eu ia abrir a boca para chama-lo e perguntar quem ela era, quando virei à foto e vi o que estava escrito.


Dedicatória


Tyler, o irmão mais perfeito do mundo para mim!


Te amo meu chato!


Eu ouvi os passos dele para o quarto e enfiei a foto debaixo da calça rapidamente, voltei a pegar minhas roupas e fui embora. Dirigindo e obedecendo todos os sinais, coisa que eu raramente fazia, se eu não era humana, porque obedecer às leis deles? Mas como minha cabeça não se concentrava em um só pensamento, eu viajei para aquela foto, a garota era irmã dele e tinha os mesmos traços dele, o cabelo escuro, mas ela era mais branca, com um ar de alemã, Tyler era moreno mexicano. Lembrei da minha irmã, algumas pessoas falavam que seriamos gêmeas se não fosse a cor dos olhos, eu era a única na família com olhos prateados, os dela eram castanhos. Ah, a saudade... Procurava não me lembrar de não só da minha irmã, mas de todos eles, quando eles vinham à cabeça me dava vontade de sair da onde eu estivesse e sair correndo até eles, nem que eu estivesse do outro lado do mundo, eu não me importava... Só queria ver eles... Lembrei de quando eu e meu irmão sentávamos no balanço da varanda, ele tocava e eu cantava. Lembrei de quando eu e minha irmã íamos até  o pet shop e ficávamos observando os cães por horas. Lembrei de quando minha mãe gritava para todos nós que o almoço ou a janta estava pronta, quando chegávamos lá ela estava colocando os pratos na mesa cuidadosamente com as mãos delicadas de seda cobertas por luvas. Lembrei de quando meu pai acendia uma fogueira de noite no quintal, me sentava em seu colo e nos mandava ficar em volta, e contava as histórias de sua vida, essas que nós ficávamos de queixo caído. Doía, doía lembrar de tudo isso, por isso eu procurava não lembrar. Tyler ainda podia ver a sua família abertamente, só não moravam na mesma cidade por ele ter que gravar a série, mas ele podia sempre visita-los sem bota-los em perigo, eu não queria tirar esse direito dele transformando-o. Eu não queria que ele sentisse essas saudades enormes depois de oito anos como hibrido. Eu vejo Hunter, ele já tem setecentos anos, ele teve que deixar sua família, eles morreram, e ele nunca mais os viu, nem sequer se despediu. Claro que eu podia voltar até minha casa, eu queria poder fazer isso algum dia, mas todo cuidado era pouco, até aqui eu ficava preocupada com todos à minha volta, e também com Tyler, a prioridade. E a minha família? Não podia coloca-los em perigo. Se eu fosse visita-los, poderia ser por um dia, o que não valeria a pena, e Hunter não deixaria.


Eu parei na frente da minha casa, desliguei o carro e encostei a cabeça no banco e fechei os olhos, fiquei ali por um bom tempo, não pensando em nada, só tendo um tempo sozinha num mundo vazio para que eu pudesse entrar na realidade, voltei a cabeça ao normal e abri os olhos. Saí do carro e quando o sol bateu em meu rosto, a claridade não me incomodava, mas eu percebi que várias lágrimas caíram dos meus olhos, o motivo delas terem escorrido eu não sei qual é o certo, mas estavam lá. Limpei meu rosto com as costas da mão e entrei na casa, porque estar triste? Claro que tinha motivos, mas eu estava namorando oficialmente com Tyler, o meu amor por ele era um grande motivo para ficar feliz que equivalia a mil para ficar triste...


Subi as escadas lentamente, Charles estava deitado no sofá supostamente dormindo com um livro cobrindo a cara. Não fazia ideia da onde Elijah e Hunter estavam. Cheguei ao quarto, retirei a jaqueta e joguei na cadeira do raque do computador, me joguei sentada na cama e peguei um papelzinho que vi no bolso da minha jaqueta, provavelmente era do Tyler. Escrito com letra cursiva, de mão. Aquela letra não me era estranha.


O papel:


 “O amor não força nada, ao contrario ele abre o caminho”.


 


Bom, seria mentira eu falar que entendi aquilo e sabia de quem era o papel. Peguei e desci, Charles estava no mesmo lugar dormindo. Eu tirei o livro da cara dele e gritei o seu nome.


- Charles! – Ele levantou correndo assustado como se a casa tivesse pegando fogo.


- O que? O que foi? Ahn?


- Nada idiota, só quero saber se esse papel é seu. – Ele olhou e pegou da minha mão, examinado o papel e o que tinha escrito em letras pretas miúdas.


- O amor não força nada... Ao contrário ele abre o caminho... Que diabos é isso? – Ele disse com cara de confuso.


- Então tá dizendo que não é seu?


- Não... Vê com o Hunter e o Elijah... Talvez seu namorado. – Eu tomei o papel da mão dele e saí procurando Elijah.


Achei-o lendo um livro precisamente na mesa da cozinha, só íamos lá para ler ou buscar uma bolsa de sangue. Tinha uma chance de o papel ser dele, ele sempre fez o estilo poeta romântico.


- Elijah, esse papel é seu?


- Qual? – Eu estendi a mão na frente dele com o papel, ele pegou e examinou.


- Não... Não é meu...


- Será que é do Hunter? – Eu disse me encostando à bancada.


- Eu acho que... Não... Hunter faz o estilo durão, e não poeta apaixonado.


- Talvez ele esconde um lado romântico, quem sabe. – Nós dois rimos. – Onde ele está?


- Eu acho que ele tá treinando lá na sala de treinamento, vai lá.


- Ok. – Eu guardei o papel no bolso da minha calça.


Eu saí da cozinha e passei pelos corredores vazio da casa, que era enorme. Olhei pelo vidrinho transparente da porta da sala de treinamento e vi ele dando socos num saco de areia pendurado no teto, abri a porta um pouco com vergonha, não sei porque, sempre tinha essa sensação quando eu interrompia Hunter nesse tipo de coisa, ou quando ele estava lendo livros.


- Hunter? – Eu disse adentrando a sala e depois fechando a porta.


- Oi querida. - Ele parou de socar o saco e se virou para mim.


- Desculpa interromper.


- Eu já passei setecentos anos treinando, não tem problema interromper só um né. – Nós dois rimos. Eu tirei o papel e estendi para ele.


- Isso é seu? – Ele pegou e começou a ler. Examinando cada palavra. Era até relaxante ver os movimentos das pupilas cinza avermelhadas, movendo-se de um lado para o outro.


- Não, não é meu. Isso é seu. – Ele disse me devolvendo o papel e acalmando o olhar que antes corria pelo papel.


- Ahn, desculpa Hunter, mas isso não é meu, eu não me lembro disso. – Eu disse com um sorriso vergonhoso.


- É claro que você não iria se lembrar, eu poderia só ter dado ele para você... Eu teria que explicar mesmo.


- Explicar o que?


- Eu coloquei isso no seu bolso ontem antes de você sair.


- Por quê?


- Lembra quando você foi transformada?


- Sim. – Infelizmente eu lembro.


- Você estava lendo um livro, e quando ela te... “matou”, você derrubou o livro e isso caiu de dentro, eu peguei e guardei comigo todos esses anos. Só ontem eu me lembrei de que devia ter te devolvido há oito anos.


- Ah! – Eu comecei me lembrar. - Eu e meu irmão procuramos frases em todos os livros do papai e todos os livros da biblioteca de nossa casa. Estávamos à procura de uma frase bonita para que a gente colocasse no cartão do presente da mamãe, era aniversário dela... Eu me transformei e parti... Na véspera do aniversário dela...


- Oh minha querida... – Ele disse me abraçando tentando me consolar. Sem perceber as lagrimas começaram a escorregar dos meus olhos e algumas caindo no peito coberto pelo tecido da regata de Hunter. – Eu sinto muito minha querida... – Ele passava as mãos carinhosamente pelos meus cabelos. Hunter tinha sido como um pai pra mim todos esses anos.


- Porque você entregou de volta?


- Não quero que você esqueça que você tem uma família. Como eu esqueci que tive uma um dia, e que minha geração está viva ainda... Você pode visita-los quando quiser.


- Mas eu vou coloca-los em perigo!


- Não enquanto eu, Charles e Elijah estivermos vivos. Não deixaremos que nada aconteça a você, ou a sua família enquanto vivermos. – Eu dei outro abraço apertado nele.


 


Continua...



 



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Autor(a): Mac

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