Fanfics Brasil - Capítulo 5. The Allyson diarie

Fanfic: The Allyson diarie | Tema: Vampiros e hibridos


Capítulo: Capítulo 5.

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Capítulo 5


Eu acordei na mesma sala da casa de Tyler, estava atordoada, com a visão dupla, fui me recuperando, olhei para a esquerda. Tyler do meu lado ainda amarrado e acordado, mas com os olhos fechados. Olhei para a direita. Três homens encostados na parede, rindo. Um deles se aproximou de mim e retirou o lenço que estava em minha boca. Fez uma expressão que eu não pude identificar e depois olhou para os outros dois.


- Tem razão, ela é bonita mesmo.


- Eu te disse. – Um dos dois falou. Os três pareciam ter vinte e cinco anos. Um loiro e dois morenos. E certamente, vampiros, todos nós temos um radar que permite localizar vampiros e híbridos próximos.


- Tire ele daqui. – O que estava na minha frente falou. Os outros dois se desencostaram da parede e levantaram Tyler levando-o pelos braços. Ele se debatia tentando se soltar. Por dentro eu queria levantar dali e livrar Tyler, mas eu ainda estava um pouco atordoada, incapaz de me mover com severidade. Os dois rapazes levaram ele para algum lugar e depois reapareceram na sala. – Saiam vocês dois.


- O que? Não! – Eles protestaram.


- Saiam. Agora.


- Fazer o quê né... – Eles saíram dali, e foram longe, no ponto em que eu não conseguia localiza-los em meu radar. O que ficou ali comigo deveria ser um grande líder.


- Então queridinha. Que honra estar com Allyson Parker, a caçadora quase mais odiada do mundo dos vampiros, depois de Hunter e os outros dois. – Ele retirou o lenço da minha boca e depois colocou meu cabelo solto que estava para frente para trás. Eu estava tensa para raciocinar o que ele falou. – Eu quero me divertir um pouquinho... – Ele pegou uma faca de prata dentro de uma bolsa e colocou-a no meu pescoço, eu encontrei forças para falar.


- Não tenho fraqueza contra prata.


- Quem disse que eu iria te matar com isso? – Ele disse rindo, logo depois pegou uma estaca de madeira na bolsa e colocou-a na mesa ao meu lado. – Ou se preferir, posso utilizar as mãos também. – Me veio à cabeça quando eu tive que perfurar a pele de um vampiro com as mãos e retirar o coração...


- O que você quer de nós? – Eu quase gritei.


- Vocês são... Uma pedra no sapato do Eric. – Eu senti um sorriso se abrindo no meu rosto automaticamente.


- Então é o desgraçado do Eric... – Levantei a cabeça de modo a ficar um pouco empinada. Ele veio até mim com a faca e rasgou minha camiseta ao meio na frente, deixando minha barriga e meu sutiã expostos.


- Uau... Que corpinho lindo queridinha. – Ele começou a transcorrer uma trilha de meu pescoço até a barra de minha calça com os dedos das mãos. Eu me retorci um pouco para que ele parasse. – Shh... Eu não vou ser tão maldoso como o Eric. Prometo.


- Claro que não. Logo você vai morrer. – Eu praticamente cuspi as palavras. Ele soltou uma leve gargalhada.


- Pode pensar o que quiser, amor.


- Pare de me chamar assim!


- Ah é! Quem te chama de amor é o Tyler não é? Quem sabe podemos resolver isso, hum? É só eu ligar aqui e mandar meus dois parceiros acabar com ele. Ele é humano não é? Vai ser fácil! Não vai te incomodar mais.


- Não faça isso! – Ele direcionou a faca embaixo do meu sutiã, no meio dos meus seios, como se fosse cortar o tecido, começou a forçar para cortar lentamente. Ele aproximou o rosto do meu, ameaçador, tão perto que mais três centímetros ele poderia me beijar, eu não recuei, simplesmente retribuí o olhar ameaçador sem algum movimento. Eu comecei a estraçalhar a corda que prendia meus pulsos com as mãos, que começaram a se cortar e fazendo meus pulsos sangrarem, sem que ele percebesse.


- Ora querida... Eu acho que estou em um “pouco” mais de vantagem aqui entre nós dois não é? – Ele conseguiu rasgar um pouco do tecido, mas não o suficiente para que ele abrisse. A corda que prendia meu pulso estava quase solta.


- Eu faço o que você quiser! Pode até me matar! Mas por favor... Deixa o Tyler! – Ele deu alguns passos para trás e fez uma expressão de pensativo, depois voltou o olhar para mim.


- E o que eu ganharia com isso?


- Por favor... Deixe ele. – Eu tinha conseguido soltar a corda, mas esperei o momento certo para atacar. Os cortes feitos pela corda em minha mão começaram a se fechar.


- Me diga... – Ele se posicionou a minha frente, colocando as mãos nos braços da cadeira e com o rosto de frente com o meu. – E O QUE EU GANHARIA? – Ele me chacoalhou e gritou as palavras. Eu continuei quieta sem fala simplesmente olhando para ele, tentando fingir uma expressão de assustada. – Já não basta ter que ser quem eu sou... – Mas em sua mente ele parecia dizer: Eu não quero fazer isso, não quero, não quero! Ele virou de costas e colocou a faca na mesa. Momento perfeito.


Eu soltei as cordas e levantei num movimento rápido, pegando-o por trás e quebrando seu pescoço. Ele era um vampiro, daqui trinta minutos ele acordaria novamente, mas eu tinha um tempo, eu queria mata-lo, mas algo me impediu, eu não sei o que, mas uma sensação de... Pena, remorso... Não faço a mínima ideia o que era na verdade. Não me deixou arrancar seu coração com as mãos, ou enfiar a sua própria estaca em seu coração, fazendo-o em pó ali no meio da sala de estar de Tyler. Eu saí da casa o mais rápido que pude. Cinco metros adiante eu consegui localizar os dois vampiros, tinha um sinal fraco vindo de um beco uns dez metros adiante da onde eu estava. Comecei a andar, cada vez mais rápido, os passos cada vez mais apressados e quando me dei conta eu estava correndo, ainda com a camiseta rasgada e um pouco do sutiã também rasgado. O vento fazia alguns fios de cabelos ficarem em meu rosto, me atrapalhando um pouco. Entrei num beco escuro e fechado, apertei os olhos e vi a cena, Tyler encostado na parede, e os dois vampiros dando socos nele, em seu estomago, em seu rosto, nos quadris... Eu simplesmente fui tomada pela raiva, não senti mais nada, qualquer sensação de pena que eu tinha sentido pelo outro vampiro, foram dominados pela raiva do que meus olhos viam. Meus punhos se fecharam forçadamente, eu avancei rapidamente e em um segundo eu via dois corações arrancados em minhas mãos, dois corpos se fazendo em pó dos meus dois lados e Tyler caído no chão gelado, ainda acordado e sangrando com uma expressão de quem estava aterrorizado, ele estava muito machucado, tomar uma surra de vampiro não equivale nem a dez homens de dois metros de altura te batendo, equivale a muito, muito mais. Por impulso eu rasguei meu braço com os dentes e ofereci a Tyler, ele recuou assustado e com os olhos arregalados. Eu implorei para que ele bebesse, senão eu teria que hipnotiza-lo. Mas não precisei, depois de alguns segundos ele cedeu e começou a beber, bebeu um pouco e recuou tossindo. Depois se encostou a parede ainda sentado e deixou a cabeça cair, fechando os olhos. Eu observei atentamente os cortes e hematomas sumindo e se fechando, quinze segundos depois, só tinha sangue, nenhum machucado.  Eu rasguei uma parte do tecido da minha camiseta e limpei seu sangue, ele abriu os olhos novamente e me abraçou. Hoje foi a gota d’água, ele não tinha mais motivos justificáveis para ficar comigo. Ele não tinha prós, só contras, e o primeiro contra, seria sua morte.


- Posso saber por que você está com a camiseta aberta mostrando o sutiã? – Ele disse depois de me abraçar. Eu ri tentando conter um pouco o tanto de alivio que eu senti por ele pronunciar algo humorístico naquela hora.


- Tyler... – Eu disse pegando as mãos deles e cobrindo-as com as minhas, acariciando-as com o meu polegar. – Não há mais motivos para ficar comigo. Você quase... – Eu senti lágrimas descendo pelo meu rosto e levantei uma das mãos para limpar. – Você quase morreu Ty. Eu não posso te perder... Você tem que me deixar.


- Shh... – Ele disse me abraçando novamente. – Eu nunca... Nunca... Vou te deixar. Nem que eu passe a pior tortura da minha vida por você. Eu nunca teria coragem de deixa-la. Eu não posso mais te deixar, você é parte da minha vida agora. Eu não consigo mais viver sem você. Seria impossível. – Ele começou a afagar meus cabelos e colocou o nariz em meu pescoço, fazendo meus pelos eriçarem. – Eu te amo pequena. – Eu não contive um milhão de lágrimas que saíram juntas em meus olhos naquele momento. Ele colocou o rosto em frente aos meus e colocou as mãos em meu rosto, acariciando meus cabelos com o polegar.


- Eu também te amo Ty... Muito mesmo... – Ele me beijou e limpou minhas lágrimas com as mãos.


- Agora vamos ali pra minha casa, podemos tomar banho e trocar essa roupa.


- Não podemos...


- Por quê?


- O outro vampiro ainda está lá... – Ele se levantou e pegou uma de minhas mãos, eu ainda estava sentada no chão.


- Você não o matou?


- Não... – Ele me olhou confuso e surpreso ao mesmo tempo.


- Por quê?


- Eu não... – Eu fechei os olhos, suspirei fundo, os abri novamente e voltei o olhar para Tyler. – Eu simplesmente não consegui. Eu não sei... Por... Quê... Simplesmente não consegui... – Tyler me puxou pelos pulsos delicadamente e me fez levantar, ficando de frente com ele. Ele olhou em meus olhos e depois me abraçou novamente. Eu senti que ele tinha entendido os motivos pelo qual eu não matei o vampiro. Depois houve um silêncio enquanto nós continuávamos abraçados.


- Você descobriu o porquê ele fez isso com a gente? – Ele disse depois de um tempo, recuando o abraço delicadamente.


- Ele tem algo com Eric... – Eu disse me lembrando da noite que contei sobre Eric Adams para ele. E do modo tranquilo que ele reagiu. Não falou nada, simplesmente acariciou meu rosto com as costas da mão e depois me beijou falando: Tudo vai ficar bem. Eu sei disso.


- Tá explicado então.


- Acho melhor a gente ir para a casa e contar pro Hunter.


- Mas você está com a camiseta... – Eu puxei a camiseta dos dois lados, cobrindo a parte exposta e cruzando os braços para que a camiseta ficasse daquele jeito.


- Pronto.


- Ok. Vamos logo. O que você fez com o vampiro? – Ele disse colocando o braço em meu ombro e começando a andar, me levando junto.


- Eu quebrei o pescoço dele, devemos ter vinte minutos para sumir daqui. A chave do carro tá com você? A minha deve ter caído do meu bolso lá na sua casa. Eu simplesmente não quero entrar lá de novo e você também não vai entrar. – Ele colocou as mãos nos bolsos de trás vasculhando, pegou uma chave com um chaveirinho escrito I LOVE L.A. e balançou.


- Está aqui.


- E o seu carro tá estacionado na rua?


- Sim, não tive tempo de estacionar na garagem. – Andamos rápido sem perceber e quando olhamos para frente o carro já estava ali. Já estávamos de frente com a casa de Tyler. Apressamos-nos a entrar.


Eu insisti para que Tyler me deixasse dirigir, mas ele não deixou. Eu tentei usar o motivo dele estar machucado, mas ele disse que não estava mais, que era verdade. Ele correu na estrada até a minha casa.


Saí do carro me esquecendo totalmente do estado precário da minha camiseta, e como eu estava de costas para Tyler, ele não viu para me avisar, adentrei a casa correndo e vi Elijah, Charles e Hunter sentados no sofá se entreolhando com cara de preocupação, quando me viu Hunter levantou para me abraçar, Charles e Elijah ficaram surpresos e começaram a rir do estado da minha camiseta, Hunter deu um passo atrás e percebeu também, olhando para minha cara com uma expressão que só um pai faria quando a filha entra nesse estado em casa. Eu olhei para baixo sem graça e puxei os dois lados de volta, cobrindo a parte exposta. Tyler entrou na casa e fechou a porta.


- Alguém pode me explicar o que diabos aconteceu? – Hunter disse olhando para nós dois. Eu me virei e olhei para Tyler dando um sorrisinho, depois comecei a subir a escada. Eu estava muito, muito cansada para ter que explicar tudo, eu só iria tomar um banho, beber uma bolsa de sangue e me jogar na cama. Eu estava cansada. Tyler poderia estar também, antes de beber meu sangue, ele explicaria tudo para os três.


Depois de fazer tudo o que eu planejei eu me joguei na cama literalmente, rejeitei as cobertas e me espatifei de bruços agarrando o travesseiro. Alguns minutos depois Tyler apareceu na minha porta, eu abri os olhos e ele percebeu que eu estava acordada, eu o senti se aliviando e soltando um leve suspiro.


- Ahn... Aly... Eu... Posso dormir aqui com você? Eu não quero... Voltar pra casa hoje...


- Claro. Sério que você ainda perguntou? É claro que pode. Deve. – Eu disse sorrindo pra ele e sentando na cama. – Só tira a camiseta e deita aqui.


- Ok. – Ele disse sorrindo e começou a tirar a camiseta. – Obrigado. – Eu assenti e dei um sorriso, a cama ficava encostada na parede, eu fui para o canto, ele fechou a porta e se deitou ao meu lado. Tyler enlaçou os braços em minha cintura, suspirou e fechou os olhos. Minutos depois ele dormiu como um bebê.


Meu sonho foi tão estranho quanto ao que eu tive com meu pai no avião.


“Eu havia acordado no chão de uma sala, que parecia uma cripta feita de pedras, com um pouco de areia no chão duro e gelado, uma pequena janela bem no canto da sala, bem no alto e uma porta enorme reforçada de ferro. Minha visão estava embaçada, eu me recuperei aos poucos e quando eu olhei para frente... Tyler. Tyler preso por correntes, se debatendo. Seus olhos estavam cinza como o de um hibrido, só percebi que ele era um quando avistei as veias negras e fortes distribuídas pelo rosto e oito presas afiadas em sua boca.Tentei me levantar para ajuda-lo e quando me dei conta eu também estava presa por correntes, que por instinto, tentei quebra-las com a mão e depois com a boca. Tyler já havia parado de se debater e agora olhava para mim que estava lá tentando quebrar as correntes. Eu percebi que eram reforçadas e que nem um vampiro original de mais de mil anos conseguiria quebra-las. Mesmo sabendo que era inútil, eu continuei. Tyler estava sentado me olhando com cada mão em cada um dos joelhos.


- Eu já tentei. É inútil Aly. – Ele falou. No momento eu parei de me debater, olhei para ele e me encostei-me à parede.


- Onde estamos?


- Não sei. Não faço a mínima ideia. – Começamos a ouvir um barulho, como alguém raspando alguma coisa de madeira nas pedras, cada vez mais alto. – É ele.


- Ele quem? – Tyler não respondeu. Só ficou olhando para a porta. – ELE QUEM TY? – Tyler ainda não respondia.


A porta se abriu. Era ele. Sim. Era ele. Meu cunhado, Poe, com uma estaca de madeira na mão. Ele olhou para nós dois. Tyler ficou com a cabeça abaixada olhando para o chão. Eu continuei a encarar Poe. Ele veio em minha direção, Tyler começou a gritar para que ele recuasse de perto de mim, mas Poe o ignorou completamente.


- Ah querida... Dois eu já peguei não é? Você foi uma pedra no meu sapato por anos. Aquele nojento do seu companheirinho Hunter foi um pé no saco por setecentos anos. Agora é minha hora.


Poe colocou a estaca para trás, como movimento de fincá-la em meu peito. Depois ele a movimentou em minha direção”.


 


E foi ai que eu acordei num susto, sentando-me a cama. Aliviei-me por não ter acordado Tyler, ele parecia bem cansado. Peguei meu celular, ainda era três horas da manhã e para os outros, ainda estávamos fora, tínhamos um dia ainda de folga do trabalho. Mas eu realmente fiquei curiosa com meu sonho. Pareceu real. E porque eu não liguei por Tyler ser um hibrido? Porque Poe? Porque ele? Porque Hunter foi um pé no saco por setecentos anos? Eu tinha tantas perguntas sobre tudo aquilo. Eu senti que aquilo tinha a ver com Eric. Poe também, tinha alguma coisa nesse rapaz, e eu precisava descobrir o que era. O problema é que agora ele estava em outro país. Eu senti que o que ocorreu conosco, Poe, Eric. Tudo tinha uma conexão, eu só precisava descobrir essa conexão. Ou poderia ser um simples sonho sem sentido e eu poderia estar paranoica e talvez eu não tivesse gostado realmente do meu novo cunhado. Talvez seja só isso!


Mas não é. Não é só isso. Não é!


Eu levantei da cama pulando por cima do Tyler e saí, andando nas pontas dos pés eu fui até o quarto de Hunter e abri, sem bater ou nada, ele estava dormindo, mas eu comecei a chacoalha-lo para acordar. Ele acordou e abriu os olhos preguiçosamente, sentou-se na cama e ficou olhando para a minha cara com uma expressão de confuso. Em oito anos eu nunca tinha feito isso. E claro, não fazia a mínima ideia de como ele reagiria, mas eu não conseguiria dormir sem ter a opinião dele para me tranquilizar, ou piorar ainda mais a situação.


- O que diabos você tá fazendo aqui, Aly? – Ele perguntou com os olhos ainda meio fechados, ele estava escorado nas mãos que estavam para trás. Com uma regata branca e um jorte preto um pouco acima dos joelhos. Ele passou as mãos pelos cabelos loiros.


- Eu tive um sonho muito estranho. – Ele olhou para mim com uma expressão irônica.


- Ah! Um sonho! Deve ser importante para você me acordar – Pegou o celular dele para ver a hora. – Três e dois da manhã! – Eu comecei a contar o sonho para ele, detalhe por detalhe, ele ouvia atentamente olhando para seu colo e em alguns momentos direcionava o olhar para mim.


- E então eu acordei. – Eu disse no fim da explicação.


- Que estranho esse sonho... Mas porque você veio aqui? – Ele estava esperando uma boa resposta. Eu percebi pelo seu olhar.


- Porque eu não me importei de Tyler ser um hibrido? Porque o Poe? Porque ele disse que você foi um pé no saco por setecentos anos e eu fui um pé no saco nos últimos anos se a única pessoa que estamos caçando é o Eric? Tem alguma conexão ai. Eu sei que tem, Hunter. Poe tem alguma coisa. Nesse caso minha irmã pode estar correndo perigo. – Isso simplesmente saltou da minha boca e agora eu tinha mais alguma coisa para me preocupar. A segurança da minha família biológica. Porque por anos Hunter, Elijah e Charles fora minha família. Hunter colocou as mãos na boca para pensar. Eu o tinha convencido que tinha algo errado. Depois de raciocinar um pouco ele levantou com uma expressão de tipo “Ei! Eu já sei! Descobri!”.


- O que Hunter? O que foi? – Eu perguntei.


- Eu vou mandar Elijah para Brighton. Ele vai tirar uma duvida para mim.


- O que? Eu também vou!


- Não. Você não vai.


- Eu quero ir!


- Você. Não. Vai. – Ok, era melhor parar, ele falou com pausas.


- Ok, mas que duvida?


- Só vou falar quando eu confirmar.


- Hunter! – Ele lançou um olhar ameaçador para mim.


- Vai dormir.


- Como eu vou dormir com isso na cabeça?


- Deite na cama, agarre o Tyler, feche os olhos, e durma. – Ele olhou em meus olhos, suas pupilas diminuíram, acho que naquele momento ele tinha me hipnotizado. Vampiros podem hipnotizar outros. Com tanto que sejam mais velhos que estes. Se eu fosse hipnotizar Hunter, não daria, ele é mais velho que eu.


Eu simplesmente saí do quarto sem reclamar ou falar nada. Fui para a cama e me deitei. Exatamente como ele disse. Deitei na cama, agarrei Tyler, fechei os olhos e dormi. Acordei novamente, onze horas da manhã, Tyler estava colocando a camiseta para ir embora.


- Aonde você vai? – Eu perguntei sonolenta me espreguiçando.


- Eu ia pra minha casa treinar algumas falas pra série.


- Quer que eu vá junto? – Eu disse me lembrando de que na noite anterior tinha um vampiro com o pescoço quebrado no meio da sala dele.


- Acho que não precisa, a menos que você queira, ou você prefere que eu passe o dia com você?


- Não, tudo bem, eu to precisando de um dia sozinha... Muita coisa pra minha cabeça.


- Ok. Te amo. – Ele me beijou na boca e depois na testa e saiu pela minha porta. Ouvi o ranger da porta da casa e o barulho do motor do carro. Falando nisso. Meu carro ainda estava lá. Mandei uma mensagem para que ele procurasse a chave e me trouxesse amanhã no trabalho.


Eu estava muito confusa. Levantei, arrumei a cama e me sentei na cadeira do computador, olhando para a janela transparente que ilustrava o sol meio coberto com nuvens que pareciam desenhos de tão redondas. Naquele momento, um mar de pensamentos se encheu em minha cabeça. Qual era a duvida de Hunter? Provavelmente Elijah já tinha pegado um avião para Brighton, e minha irmã? Estava segura ou não? Minha família? Meus sobrinhos? Quem era Poe? Porque eu tive que ser o que eu sou para ter essa vida tão complicada, eu poderia continuar como estava, terminar os estudos, fazer uma faculdade de medicina veterinária ou até arquiteta e levar a vida naquele ritmo, lento e tranquilo. Porque eu tinha de colocar todos a minha volta em perigo? Deve estar escrito em minha testa “PERIGO LOGO AQUI”. Só pode ser isso. Sou um imã para o perigo, e infelizmente Tyler está colado em mim. Por quais outros sofrimentos ele vai ter que passar?


Levantei e fui pegar um livro para ler, eu estava lendo Vampiro: A máscara, mas o que eu menos queria era algo que me lembrasse de vampiros, já não chega eu mesma para me lembrar de vampiros e ainda lobisomens. Eu peguei um livro qualquer que falava sobre a vida de uma garotinha alemã no tempo de 1940. Já no começo eu me peguei em lágrimas lendo o livro, a história era muito envolvente, não faço a mínima ideia de como esse livro fora parar lá, mas de uma coisa eu sei, nunca o li. Fiquei tão intrigada com a história que passei mais ou menos umas cinco horas lendo, quando me dei conta, estava na página duzentos e dezessete. Já eram quatro horas, peguei uma bolsa de sangue e coloquei um pouco em um copo de uísque, liguei a TV e me joguei no sofá. Estava passando uma série de um vampiro que se apaixona por uma garota humana. O dia estava bastante irônico comigo hoje. Mudei de canal, estava passando um filme de vampiros, o que diabos? Mudei de canal novamente, oh! Ótimo, um filme de zumbis... Era a única coisa que eu suportaria assistir naquela hora. Esperei umas três horas até que o filme acabasse, por sorte o peguei no começo e o filme era bastante comprido. Sete horas, eu estava entediada, fui tomar um banho. Depois resolvi fazer o que eu sempre fazia nesses dias antes de conhecer Tyler. Fui para meu quarto e peguei as roupas mais escuras que eu consegui encontrar, uma calça jeans preta, camiseta preta, botas de couro pretas e um sobretudo preto que eu usei fechado.


Saí pela cidade movimentada prestando atenção em todos os rapazes bonitos e musculosos. Não, eu não iria trair Tyler. Nenhum me chamou a atenção, depois de um tempo procurando alguém que eu quisesse mesmo, me sentei em um banco numa praça bastante movimentada e comecei a olhar as pessoas que andavam com seus telefones colados no rosto, velhos jogando xadrez e damas em mesas de cimento e nerds sentados nos bancos lendo livros. Sem querer eu virei minha cabeça para a direita e avistei pernas longas cobertas por um jeans claro, fui subindo os olhos e encontrei uma camiseta de manga comprida bege de botões marrons, subi mais um pouco, um lindo homem musculoso de cabelos loiros e macios, com os olhos castanhos claros brilhantes. Seria ele. Ele se sentou ao banco onde eu estava, não iria conversar com ele, não gosto de conversar muito com a comida, depois de conhecê-lo, algo em mim me impede de ataca-lo. Simplesmente me virei para ele e o hipnotizei, mandando-o me seguir. Levantei-me do banco com as mãos nos bolsos, o rapaz estava atrás de mim me seguindo. Andei um pouco até que encontrei um beco escuro e fechado. Caramba, essa cidade é cheia de becos para todo quanto é lado! O fiz encostar-se à parede e me pus em sua frente, o hipnotizei novamente para não gritar. Eu o mordi, o sangue dele era bom... Não como o do Tyler, mas era bom, e ia ficando melhor a cada gole. Eu senti vontade de drena-lo, mas não podia fazer isso, era só um inocente rapaz. Retirei as presas de seu pescoço e comecei a lamber, o sangramento parou. Eu percebi que ele já estava pálido e um pouco mole, devo ter tirado bastante sangue, me sentia saciada. O garoto estava com uma expressão aterrorizada e não conseguia se mover. Eu comecei a olhar para aquele rosto e quando olhei atentamente, aquele rosto me era familiar, espera ai...


- Nate! – Eu gritei, me lembrando de que Nate fora meu melhor amigo durante anos, até que quando eu tinha onze anos ele se mudou aqui para Los Angeles, mas eu nunca mais me lembrei dele.


- A... Sky? – Ele disse se apertando ainda mais contra a parede, tentando recuar inutilmente. Antigamente ele me chamava de Sky por causa de meu segundo nome.


- O que você tá fazendo aqui? – Eu sabia que ele poderia não responder, ainda estava aterrorizado. Até que me surpreendeu dando um suspiro e ajeitou o corpo em minha frente, me fazendo dar um passo para trás.


- Eu esperava que acontecesse de novo. Mas não esperava que fosse você. – Ok, do que diabos ele estava falando?


- O que?


- Eu já fui atacado por um hibrido, há dois anos, mas ele não foi tão cuidadoso como você. Eu quase morri. E também fui levado para uma festinha estranha de vampiros, servi como comida, mas eles não me mataram, eu já sei como é. – Eu me afastei um pouco dele me encostando a outra parede do beco. Eu olhei para baixo, com vergonha, senti nojo de mim mesma, eu tinha mordido meu melhor amigo em função de me alimentar... Eu sentia nojo, reprovação, tristeza, angustia...


- Eu me alimentei... De você... – Eu voltei o olhar para ele.


- Tudo bem, Sky. – Ele pegou minha mão. – Você não me machucou.


- Eu me alimentei de você Nate! A que ponto eu cheguei! Eu não quero mais viver assim! – Eu me sentia humilhada, pela primeira vez em oito anos dês de quando morri, eu estava chorando por quem eu era.


- Shh... Você ainda é a Sky, só que agora têm presas e precisa se alimentar de uma coisa especifica. Só isso.


- Só isso? Só isso? Tem certeza? Eu sou uma assassina Nate!


- Não, você não é. Você é a Sky. Eu enxergo isso. Eu te entendo. Lembra? – Eu me lembrei de como Nate era para mim, era como meu psicólogo, era o único que me entendia naquela cidade, nem minha mãe ou minha irmã eram capazes de ver em mim o que Nate via. Sentávamos-nos no meio fio das calçadas e ficávamos horas conversando sobre o que Nate via em mim, o que ele pressentia sobre mim.


- Você me entendia Nate. Não mais. Não há meios de entender um morto.


- Você pode estar morta aqui. – Ele gesticulou como se tivesse falando “o mundo”. – Mas está viva aqui. – Ele pegou minha mão e colocou em seu peito. – Sempre haverá um meio de te entender. – Eu comecei a chorar e o abracei. – Bom você me fez perder um encontro, mas acho que eu não iria gostar dela mesmo.


- Me desculpe! – Eu disse colocando a mão sobre a boca.


- Não tem nada, talvez eu ainda a alcance.


- Ok, pode ir...


- A gente se vê algum dia.


- Claro. – Ele foi saindo do beco. – Me desculpe pela marca de mordida! – Eu gritei para que ele ouvisse, ele olhou para trás e retribuiu com um sorriso.


Eu realmente experimentei a sensação do constrangimento. Alimentei-me de meu melhor amigo. Balancei a cabeça inutilmente sem saber o porquê alguns minutos depois que ele saiu, saí também caminhando devagar pelas ruas escuras e frias da noite. Meu radar, ele estava identificando alguma coisa, não uma pessoa, não um hibrido, mas um vampiro. Parei de andar automaticamente sem mover um músculo. Quando me dei conta que precisava sumir dali eu virei para a rua à minha direita, e porque eu fiz isso... A rua era a mais escura, com casas que geralmente estavam abandonadas e não tinha movimento algum, nem sequer uma barata ali. Fui andando rápido olhando para meus pés, até que trombei em algo duro e gelado, quando olhei para frente, lá estava ele. O vampiro. Alto e magrelo, pálido, com a expressão fria, as mãos nos bolsos da blusa. Parecia ter uns dezessete anos e também parecia ser um recém-nascido, ou melhor, recém-morrido, pelo seu olhar ele tinha pelo menos um três meses de vampiro e parecia difícil se controlar. Ele tinha cabelos castanho-escuros com fios que caíam na testa, olhos âmbar salpicados de cinza.


- Veio aqui para me matar? Ok. Vamos resolver isso logo. – Ele riu e voltou o olhar para mim.


- Não. Eu não vim te matar. Só vim te entregar isso. Acho que é melhor não me matar também.


- Entregar o que? – Eu estava ficando irritada, não sei por quê.


- Isto. – Tirou do bolso de trás um pequeno papel. Eu tomei da mão dele. – Ei! Calminha. – Olhei para ele com um olhar fulminante e comecei a abrir o papel furiosamente.


 


“Eric te quer.”


 


- O que diabos é isso? – Eu perguntei confusa. – Agora o Eric é apaixonado por mim? – Eu disse sarcasticamente com um sorriso no rosto.


- Não... Não... Não é isso... Mas você irá entender... – O garoto disse isso e em um terço de segundo ele havia sumido.


No meu quarto, em cima da minha cama, eu li aquela merda daquele papel umas trezentas vezes tentando entender o que ele queria dizer com “te quer”. Como assim? Se ele não estava apaixonado por mim, por que ele me queria? Hunter não estava em casa, eu ainda não poderia contar a ele, mas hesitei um pouco para contar para ele. Ele devia mesmo saber daquilo? Bom... Era o certo, eu acho. Mas mesmo assim fiquei em dúvida. Fiquei um tempão encarando o papel. Ouvi barulho de porta bater e um suspiro cansado. Hunter havia ido trabalhar e ficou até mais tarde pelo visto. Eu iria falar com ele depois que ele descansasse. Mas eu teria de me apressar.


 


•    •     •


 


- “Eric te quer”... – Hunter ficava repetindo olhando o papel em sua mão.


- Dá pra parar de repetir o que tá escrito e ver uma solução logo? – Eu disse irritada.


- Quer que eu te faça um chazinho para você se acalmar Aly? – Charles disse sorrindo sarcasticamente. Eu ignorei o comentário dele.


- Como assim ele te quer? – Até que enfim Hunter decidiu falar algo que não estava no maldito papel. – Não faz sentido nenhum... – Chegou uma mensagem no celular de Hunter, de Elijah, eu me inclinei um pouco para ver e consegui ler somente “É ele”.


- Ele quem? – Eu perguntei automaticamente para Hunter. Ele engoliu em seco olhando para o nada antes de responder. Virou-se para mim.


- Poe...


- O que tem ele?


- Poe é Eric. – Oh meu Deus! Não pode ser verdade!


- O que? – Eu gritei de um jeitinho agudo que eles detestavam. – Como assim? Eu estive lá! Eu não senti a presença dele no meu radar! – Eu quase paralisei, eu estive frente a frente com a presa e ainda a cumprimentei como se fosse um amigo. Argh!


- Allyson! Eric é um original! O cara tem mais de mil anos! Ele pode fazer isso com qualquer vampiro que ele tenha visto. – Charles falou como se estivesse falando com uma retardada.


- Mas e minha irmã? Minha família?


- Você teve sorte. Sua irmã implicou com ele e agora ela quer abrir um divórcio, claro que contra a vontade dele.


- Mas ela está grávida!


- O que você falou? – Hunter perguntou. Aí que eu me dei conta que minha irmã estava grávida de Eric! Ai meu Deus! Por um momento eu torci que minha irmã tivesse sido infiel ao marido.


- Minha irmã... Está grávida... – Hunter e Charles se entreolharam preocupados.


- Kennedy... – Hunter exclamou.


- Quem é Kennedy?


- Uma bruxa. Deve ter o ajudado para que ele conseguisse engravidar sua irmã, ele estava sobre um feitiço que não o permitia engravidar mulheres, ele nunca se interessou em quebra-lo. Sendo assim, pode não ser um humano que está crescendo dentro de sua irmã.


- Mas o que é então? Um vampiro? Um hibrido?


- Não sei ainda... – Ele fez uma pausa. – Porém, Eric sumiu, Elijah está voltando para Los Angeles. – Ele começou a passar os dedos pela bancada da cozinha. - Aly...


- O que?


- Tem certeza que ele não está apaixonado por você?


- Foi isso que o vampirinho disse.


- Ok... Temos um quebra-cabeça para resolver. Vamos todos deitar. Amanhã continuamos isso.


- Ok. – Eu e Charles pronunciamos juntos.


Quando só nos viramos para ir para nossos quartos ouvimos batidas na porta. Já era muito tarde da noite, a essa hora pessoas normais não costumavam bater nas portas. A não ser que não fosse uma pessoa normal. Todos se entreolharam confusos. Hunter tomou a frente e caminhou até porta, Charles e eu estávamos alguns passos atrás dele. Hunter colocou a mão na maçaneta e a girou devagar, quando se abriu, estava lá um rapaz que aparentava ter uns vinte e dois anos, alto, musculoso, gelado e o mesmo tom de pele de Tyler, moreno mexicano, o cabelo negro que parecia penas de tão macios, bagunçado de um jeito bonito, os olhos acinzentados salpicados de uma cor vermelha escura, estava de calças jeans escuras e uma camiseta roxa de mangas compridas, com o símbolo de alguma marca de roupa em frente ao peito esquerdo.


- Posso ajuda-lo? – Hunter disse fazendo uma expressão de confuso.


- Ahn... Eu... – Ele falou colocando uma das mãos na nuca. Estava com vergonha.


- David! – Finalmente eu me lembrei daquele rosto...


Para você entender melhor, vou dar uma pequena explicaçãozinha. David “trabalhava” para Eric, é um vampiro. Há dois anos quando eu estava em Denver, Eric o mandou para me matar. Por um momento ele quis me matar, na verdade, ainda queria, mas quando eu decifrei a mente dele eu simplesmente fiquei aterrorizada e saí correndo. Ele me achava bonita e repetia isso na sua mente, como um mantra para conseguir me matar. Mas eu não entendia porque falar isso iria ajudar, eu achava que iria piorar a situação. Depois de eu sair correndo dele, Eric nunca mais mandou outra pessoa para me matar. Nunca mais vi David.


- O que você está fazendo aqui? – Eu entrei na frente de Hunter para falar melhor com David.


- Eu precisava de um lugar pra ficar... – Ele disse desconfortável.


- Ah! Precisa de um lugar pra ficar e vem na casa do inimigo? Muito esperto você! Me dê um motivo em cinco segundos para que eu não enfie a mão em seu peito e arranque seu coração.


- Não! – Ele tirou a mão da nuca, colocou sobre suas coxas, olhou para baixo e soltou um suspiro. Voltou a olhar para mim, o olhar dele tinha algo que mexia comigo, não sei de que jeito, mas algo em mim parecia mudar quando eu olhava em seus olhos. – Eu desisti de Eric...


- E ele te deixou sair? Assim? Sem mais nem menos? – Charles disse rindo e se pondo ao meu lado.


- Eu... Fugi...


- E porque veio aqui para nós? – Hunter estava sério. Ele suspeitava de alguma coisa.


- Eu quero matar Eric. E vocês era o único grupo que já saiu vivo de várias brigas com ele. Eu conheço a estratégia dele. Podia ajudar vocês. E também poderia... Me vingar.


- E você vai ficar aqui com a gente? – Eu disse rindo, quando eu olhei para fora discretamente enxerguei as malas dentro do carro. Charles e Hunter viram também. David não respondeu, somente olhou para seus pés com um tênis preto da Nike. – Oh! Não, não e não!


- Tudo bem garoto, pegue suas malas, há mais dois quartos aqui. Essa casa é enorme. – Hunter disse, eu olhei para ele com uma expressão de surpresa e reprovação. Ele retribuiu um olhar que eu já tinha compreendido que era pra eu ver se o garoto falava a verdade. Pelo que eu vi em sua mente... Ele falava a verdade... Infelizmente. Eu saí dali pisando duro para meu quarto. Hunter sabia que isso significava um “Sim, ele está falando a verdade”. – Vá lá.


- Ok... – O garoto saiu e foi pegar as malas.


Pulei na cama sem me importar de tirar os sapatos. Agarrei o travesseiro e gritei abafado. Eu já tinha que aguentar tudo isso de que Eric poderia estar atrás de mim, ter que me preocupar com a segurança da minha família e a segurança de Tyler, agora tinha que me preocupar com o garoto que tentou me matar morando dentro da minha casa. Oh céus... O que eu fiz para merecer isso? Levantei a cabeça e olhei para a lua. Tão bonita. Tão grande. Tão... Simples... Tão prestativa... E eu aqui, eu sabia que era bonita, mas era fraca por dentro, complicada, que só servia para incomodar e botar os outros em perigo, talvez eu quisesse ser uma lua e ficar lá em cima rindo da desgraça das pessoas aqui na Terra. Seria melhor do que isso. Muito melhor...


Tirei os sapatos, troquei de roupa e deitei na cama. Acordei duas horas da manhã e resolvi descer até a cozinha para pegar uma bolsa de sangue, não estava conseguindo dormir sem ter aquele maldito pesadelo em que Poe... Eric me mata... Ou não, sei lá. Não vejo se a estaca se finca em meu coração. Andei nas pontas dos pés, peguei uma bolsa dentro do refrigerador. Ah... Sangue frio... Horrível, tenho que viver disso, mas é horrível, o melhor é você sentir o sangue quente direto da fonte, sei que isso parece um pensamento horrível para quem é humano, mas para nós é simplesmente normal. Ouvi um ruído de passos, me virei e me encostei-me à bancada onde eu tinha a visão da cozinha inteira, vi uma sombra saindo do corredor, minhas presas saíram involuntariamente, eu sabia que tinha quatro vampiros em casa, mas não tinha motivos para eles fazerem isso. A silhueta escura começou a esclarecer e se moldar, de pijama com as mãos nos bolsos da calça. David.


- O que diabos você quer aqui? – Eu disse me virando para colocar sangue no copo.


- Eu só queria me desculpar...


- Pelo quê?


- Por ter tentado te matar...


- Ah. São águas passadas. Não se preocupe grande amigo! – Eu falei com um sorriso sarcástico no rosto.


- É sério... Me perdoe, por favor. Eric me forçou a fazer isso... Agora não mais... – Eu sentia que ele não estava dizendo a verdade sobre nada, por mais que eu decifrasse sua mente e sabia que cada palavra correspondia ao seu pensamento. Eu sentia que grande parte das palavras que ele dizia era mentira. Era mentira. Era sim.


- Ok... – Eu tomei um gole do copo e limpei a boca com o dedo indicador. – Eu te perdoo. Isso não quer dizer que somos amigos.


- Tudo tem seu tempo. – Ele deu de ombros. – Mas obrigado por ter aceitado as desculpas.


- Ok... – Eu virei o copo tomando tudo e coloquei na pia. Saí da cozinha e subi em meu quarto. Sem nem olhar para a cara dele.


 


•    •    •


- O que diabos ele está fazendo na sua casa Aly? – Tyler gritava enquanto a maquiadora saiu para pegar mais... Mais... Alguma coisa que eu nem prestei atenção quando ela falou.


- Eu não sei Ty! Bom... Ele disse que quer se juntar a nós para se vingar do Eric... Mas não confio em uma palavra do que aquele traíra diz.


- É bom não confiar mesmo. É melhor você dormir na minha casa por um tempo.


- Não. Eu preciso olhar o comportamento dele. Ver se ele está mesmo dizendo a verdade...


- Hum... – Tyler virou a cabeça para o outro lado. Ciúmes.


- Ei. – Eu virei a cabeça dele delicadamente pelo queixo em direção a mim.


- O que? – Ele levantou a sobrancelhas.


- Eu não gosto dele. Fica tranquilo. Eu te amo Tyler.


- Eu sei disso...


- Sabe. Mas tá desconfiando de mim.


- Hum... – Ele olhou para baixo. Virei o rosto dele de novo e lhe lancei um beijo.


- Eu te amo. Ok?


- Ok... Eu te amo também.


•     •     •


Três semanas que a praga estava em casa. Parecíamos dois irmãos que ficavam brigando o tempo todo. Ele vinha e falava algo que me irritava, como eu disse, me irritava, eu partia para a briga e então começava o bate-boca. Eu estava quase explodindo. Estava pior que Charles. David me alfinetava o tempo todo, todo o tempo sem parar nem um segundo, eu quase pulava de alegria quando Tyler vinha em casa. Por algum motivo, Tyler fazia ele se sentir desconfortável e ele quase não falava comigo, a não ser que estivesse procurando alguma coisa e perguntava para mim. Quanto a Eric, não fizemos nenhum progresso, David explicou algumas coisas sobre Eric para nós, suas táticas, mas sinceramente não foram de grande ajuda, a cada vez ele usava uma tática diferente, e agora estava sumido, em qualquer lugar do mundo. Minha família? Hunter dizia que eles estavam bem, mas era melhor que eu mantivesse distância pela segurança deles, foi difícil ter que ouvir isso, mas é verdade não é?


 


•     •     •


Dois meses que a criatura estava em casa. Eu não suportava mais. Ele começou a dar em cima de mim e isso foi à gota d’água, tentei falar com Hunter sobre isso, mas Hunter falou que era só zuação, que ele só estava fazendo isso para me irritar. Mas não era isso que eu pressentia. Eric? Recebi mais um bilhete do mesmo vampiro em outra noite. O qual dizia “Está chegando a hora. PS: Eric”. Só isso, quanto ao resto, nenhum progresso, as investigações pareciam cada vez mais desnecessárias com menos e menos resultados.


Numa noite qualquer eu saí para rondar pela cidade. Não para me alimentar ou ir para algum lugar, somente rondar a cidade sem ter o que fazer, andar, sentar no banco da praça, ver os velhinhos jogarem damas, crianças fazendo birra para que os pais comprassem algum brinquedo... Voltando para casa eu resolvi cortar caminho por um dos milhares de becos de Los Angeles, coisa normal que eu sempre fazia. Naquele dia eu estava tranquila, mas cortar caminhos era um costume meu. Quando entrei em um, senti a presença de um vampiro. David para ser mais clara. Eu conseguia guardar a presença de cada vampiro dentro de mim após pelo menos duas semanas de convivência. Era impossível eu não reconhecer a presença de Hunter, Charles ou Elijah, e agora de David também.


- Virou meu perseguidor oficial? – Eu disse me virando e soltando uma risada. Ele veio caminhando lentamente até a minha direção.


- Não...


- A não? Então porque você veio até aqui justamente no beco onde eu estou?


- Ah... Só vim observar uma vadia qualquer que bebe sangue de humanos e que anda pela cidade sem ter o que fazer... Procurando encrenca. – Em um segundo eu estava parada, no outro eu estava segurando David pelo pescoço contra a parede.


- Nunca mais... Me chame disso novamente. – Ele me surpreendeu ao soltar uma risadinha maldosa.


- Oh. Sério? Vamos ver então... Vadia. – E me tacou contra o outro lado do beco, fazendo minhas costas se bater contra a parede e eu urrar de dor.


- Você me provocou agora. – Fui para a direção dele e lhe dei um chute no estomago.


- Ai! – Ele se recurvou. – Só isso que você tem? – Eu lhe dei um soco no queixo e o lancei contra a parede de novo com um chute no peito. Ele urrou de dor de novo. – Só isso mesmo? Ele estava me irritando... Ah se estava... – Só isso? – Ele começou a dar risada e ajeitou o corpo.


Comecei a andar na direção dele em velocidade rápida dos humanos. Me surpreendi por ele não ter se movimentado, mas continuava rindo enquanto eu ia a sua direção. Boba eu. Quando eu fui dar um soco em seu rosto ele me virou e me botou de cara contra a parede tão rápido que eu nem vi direito. Só vi que eu estava contra a parede de costas para ele e ele estava atrás e colado em mim. Dava até para sentir os músculos e seu peitoral definido. E por um momento senti um volume nas calças dele que estavam entre as minhas pernas. Eu fiquei repetindo em minha cabeça “É só uma estaca. É só uma estaca”. Mesmo sabendo do que se tratava realmente e que não tinha convicção um vampiro andar com uma estaca por aí.


- Me larga! – Eu comecei a me debater tentando me libertar. Esforço inútil. Ele me virou de frente com ele. Ainda me prendendo contra a parede.


Mas dessa vez eu olhei em seus olhos e paralisei. Estavam castanhos claros com alguns pequenos pontos verde escuros. Eu simplesmente não conseguia me mover, não porque ele estava me segurando fisicamente, mas parecia estar me segurando com o olhar. Nem senti que ele começou a aproximar a cabeça da minha. E me deu um beijo. Oh céus... Eu cedi, sem ainda conseguir me movimentar. Ele começou a passar as mãos pelo meu corpo todo, ele havia me soltado e eu nem sequer havia percebido. O beijo dele era incontrolável, o movimento com os lábios que ele fazia... Involuntariamente a imagem de Tyler veio à minha cabeça. Ainda bem. Isso me fez acordar daquele momento. Empurrei-o para trás fazendo-o cair de costas no chão, confuso. Tentei não olhar para seus olhos e saí correndo dali. Comecei a sentir gotas na barra das minhas calças cada vez que eu dava um passo com a velocidade de hibrida. Eu não sabia para onde estava correndo, mas achava que meus pés estavam me guiando para casa. Depois de um tempo me dei conta que estava chovendo, e forte. Eu estava encharcada, os fios compridos de meu cabelo negro batiam em meu rosto com força e as gotas da chuva caindo em meus olhos atrapalhavam minha visão mesmo sendo muito mais apurada do que a dos humanos. Pareceu que eu corri por uma eternidade, e quase fiz uma dança feliz ali mesmo quando avistei a porta de minha casa. Abri e entrei pingando, parei dois passos depois que eu estava dentro da casa. Hunter, Charles, Elijah e Tyler sentados no sofá com expressões de surpresa e confusão. Tyler me olhou torto. Eu voltei a andar e subi as escadas até meu quarto normalmente, como se nada tivesse acontecido ou como se eu não estivesse molhada ali no meio da escada. Fui direto para o banheiro do meu quarto, tirei a roupa, joguei dentro da pia e entrei para tomar banho. A porta abriu, oh merda... Tenho que me lembrar de trancar a porta do banheiro. Eu até achei que poderia ser David, e então ele me veria tomando banho e nua. Por sorte era Tyler e tanto ele quanto eu estávamos acostumados com essa visão.


- Tyler! – Eu gritei quando vi ele entrando no banheiro.


- O que diabos aconteceu? – Ele perguntou sem paciência e irritado.


- Dava para bater na porta?


- Allyson!


- Que foi?


- Posso saber por que você chegou toda molhada?


- Está chovendo.


- Você já saiu no meio de chuva assim e nunca se molhou por que você sempre usa a velocidade para chegar rápido em casa.


- Mas eu não quis...


- Faz ideia de que horas são? – Ele estava com uma mão apoiando o peso do corpo na pia e a outra no quadril. Eu olhei para baixo, estava com vergonha. – São uma e meia da manhã!


- Me desculpe Ty...


- Eu aceito suas desculpas porque eu te amo. Mas é melhor que você nunca mais faça isso. – Depois saiu do banheiro pisando duro e deixou a porta bater atrás dele.


Oh... Eu havia traído Tyler. Meu pior pesadelo era isso. Mas foi David que começou... E eu cedi... David não voltou para casa àquela noite, ele voltou quando estávamos no trabalho, então não vimos ao certo quando ele chegou. David e eu ficamos sem nos falar, ficávamos como estranhos. Às vezes ele perguntava alguma coisa para mim secamente, eu respondia da mesma forma, fiquei com medo de que alguém percebesse isso. Eu queria muito contar para o Tyler. Mas como eu faria isso? Como ele reagiria? Eu não sabia... E não queria perde-lo, eu esperaria o momento certo.


Numa tarde de domingo eu estava sentada no sofá da sala com a TV ligada, mas estava olhando pela janela transparente, não sei exatamente o que eu estava olhando, acho que talvez não estivesse olhando nada, tanto que não sei descrever como o dia estava, eu nem sequer prestei atenção. Hunter veio sentou-se do meu lado, desligou a TV, na hora eu virei minha cabeça.


- Ok. O que aconteceu Aly? – Oh-uh.


- Nada. Por quê?


- Não tente me enganar mocinha. Alguma coisa aconteceu e eu não vou sair daqui até você falar pra mim.


- Não aconteceu nada...


- Eu acho que tem a ver com David, não é? – Eu estava olhando para meu colo, me encolhi um pouco e depois de um tempo eu assenti.


- E o que é? – Eu fechei os olhos, suspirei fundo e olhei para frente, não conseguia encarar ninguém naquele momento.


- Eu... Beijei o David. – Hunter não falou nada.


- E você está com medo agora... – Ele me entendia certinho. Eu cruzei as pernas no sofá e assenti. – De quê? De perder alguém? – Eu assenti de novo. – Esse alguém seria Tyler? – Eu assenti de novo. – Por quê?


- Ele vai ter que saber algum dia. – Eu quase cochichei, um humano no lugar de Hunter teria que se esforçar para ouvir. Hunter me abraçou de lado.


- Sim querida... Ele vai ter que saber algum dia. E você está com medo de perdê-lo não é? – Eu assenti. – Têm de contar a ele algum dia. A hora certa você vai saber quando for.  – Eu senti as lágrimas escorrendo pelo meu rosto. – Ninguém merece ser enganado, querida. – Hunter deu um beijo em minha cabeça e levantou para sair da sala, depois virou o rosto um pouco de lado. – Se ele tem que saber. Que seja por você mesma. A melhor arma de alguém, é a honestidade. – E saiu.


O dia passou muito, muito devagar para mim. Eu acho que fiquei... Na verdade eu tinha perdido a noção do tempo, não sei quanto tempo fiquei sentada naquele sofá imaginando o que Tyler pensaria de mim, mas foi muito tempo mesmo. No outro dia, Tyler havia passado em minha casa depois do trabalho. Estávamos no sofá assistindo um filme de terror abraçados e embaixo de uma manta. Tyler estava ofegante e com medo, já eu estava sossegada, ele estava deitado com a cabeça em cima de minha barriga. Ele se inclinou, pegou o controle e desligou a TV. Por um momento achei que fosse porque ele não aguentava mais ver o filme, mas nem estava tão feio assim.


- Aly? – Ele perguntou sentando-se no sofá.


- O que foi?


- Algo aconteceu. O que é? – Oh-uh.


- Não... Porque você acha isso?


- Por favor, Aly, eu sei quando algo está errado. Me conte, antes que eu tenha de descobrir sozinho. – Eu ia contar para ele... Algum dia... Não tão rápido...


- Tyler não é nada... – Eu olhei para os olhos dele, ele pegou uma de minhas mãos e começou a mexer nela, como se estivesse brincando com ela.


- Allyson... Por favor... Me conta... – Eu não aguentei. Aquele era o momento certo, meus olhos começaram a ficar úmidos e minha voz começou a ficar entalada na garganta. Fez-se silêncio por um tempo, enquanto ele brincava com a minha mão e olhava em meus olhos.


- Tyler... Você não vai gostar nada disso... Eu... Eu...


- O que?


- Eu beijei o David, Tyler. –Tyler estava olhando para mim, voltou o olhar para minha mão e continuou mexendo nela como se eu não tivesse falado nada de grave. Aquele silêncio estava me matando. – Tyler, por favor, fala alguma coisa! – Em vez de falar, ele se levantou, colocou a jaqueta e parou em minha frente. – Você vai me d-deixar?


- Não. Eu vou te dar um tempo para você decidir quem é que você ama. Não se pode ter dois ao mesmo tempo. – E saiu.


A televisão continuou desligada, e eu também. Comecei a pensar diretamente nesse assunto. Como Tyler pôde duvidar do meu amor por ele? Eu amo ele e ponto final!


Ah Allyson... Pare de se enganar...


Eu amo Tyler? Claro e muito. Mas eu também amo David. Não porque eu simplesmente o amo, mas porque é proibido, ele indica perigo, e eu gosto disso. O amor dele é quente, proibido, perigoso... Diferente do de Tyler, puro, limpo, verdadeiro. Mas eu simplesmente não podia jogar tudo para o ar e ir embora com David. Eu não sei se ele é capaz de amar o tanto que Tyler me ama. E o pior, quem garante que David vai enjoar de mim e me deixar? Tyler nunca faria isso. Mas David é um vampiro, e vampiros não são confiáveis, nem eu mesma sou confiável sendo só meia-vampira.


Eu havia tomado uma decisão. E sabia que era a certa.


Entrei no carro e nem sequer percebi que roupa eu estava, só vesti um tênis. Estando de pijama ou camisola, até mesmo pelada, eu não estava nem aí, só teria que ver ele e logo, tinha que deixar essa história limpa de uma vez por todas. Eu precisava fazer isso o mais rápido possível, eu não sei como cheguei a duvidar de tudo dês de o começo. Desci do carro correndo e bati na porta com o punho das mãos bem forte e repetidamente, sem paciência, ele abriu a porta.


- Tyler!


- Allyson.


- Eu não sei como não consegui falar mais nada naquela hora! Aquilo tudo foi um absurdo! Eu te amo! Te amo, te amo e te amo! – E pulei no pescoço dele me pendurando e dando um beijo desesperado. Larguei-o e voltei a olha-lo.


- Vem aqui. – Me puxou para dentro e fechou a porta.


Nos beijávamos e nos batíamos em tudo quando é móvel e parede enquanto andávamos até o quarto. Entramos no quarto e ele fechou a porta, retirou a minha camiseta e eu a dele. Aquela vez foi a mais desesperada e mais uma vez ele me satisfez. Acordei e já era de noite, voltei a dormir, seria domingo mesmo.


Uma semana se passou, eu e David ainda éramos estranhos dentro da mesma casa. Todos haviam saído e só ficou eu e David em casa, fui até a cozinha pegar um livro que Elijah tinha deixado lá, a luz estava apagada, relei a mão no livro e ouvi um suspiro ofegante, olhei para frente e lá estava a mesma silhueta de David. Ele foi até o interruptor e acendeu a luz. Ficamos em silêncio, ele olhou para mim e soltou uma risadinha.


- Te assustei? – Ele estava com as mãos nos bolsos da calça, com uma camiseta verde ilustrando uma aranha negra.


- Não...


- Ok... Allyson.


- O que?


- Você... Sei lá... Pode voltar a falar comigo?


- Mas eu falo com você.


- Não podemos simplesmente esquecer. Mas é isso que devemos fazer, e eu gostaria muito de ficar te atentando de novo... – Nós dois rimos.


- Certo... Os outros estão estranhando...


- É só... Agir como agíamos antes do... “Beijo”. – Eu fiquei pouco a vontade quando ele pronunciou essa palavra, ele percebeu. – Desculpe.


- Tudo bem.


- Eu vou sair.


- Ok


- Tchau.


- Tchau.


Ele saiu. Mas ele andava saindo muito ultimamente, sem dizer para onde ia, eu iria segui-lo. Esperei até que eu não o sentisse mais no meu radar, afinal, se eu estivesse o sentindo, ele estaria me sentindo também. Saí da casa para seguir ele. Subi em cima dos telhados para que ele não me pegasse, sem falar que a distância do radar ficaria menor e eu o estaria vendo. Quando subi eu já o vi, andando por uma rua escura, comecei a segui-lo. Fiquei ao seu lado em cima de um telhado, mesmo assim, bem longe dele, quando fui andar eu tropecei em uma telha quebrada e ela caiu no chão, deslizando para o lado dele. Ele parou e examinou a telha, viu de onde veio, mas não percebeu que eu estava lá. Ele começou a vir em minha direção e eu ia me afastando, ele parou em frente da casa onde eu estava e olhou, simplesmente ficou olhando, eu suspirei de alivio quando ele deu de ombros e voltou ao seu caminho. Continuei a segui-lo. Ele parou no meio de uma rua deserta, sem casas ou pessoas por perto, me escondi atrás de um carro lata velha que estava pelo local, ele se encostou-se a algo que parecia ser um muro destruído ou algo assim. Fiquei lá uns cinco minutos e depois um homem chegou e começou a falar com ele, me esforcei para ouvir mesmo com a audição apurada.


- E então? Descobriu algo mais? – O homem disse. Não pude ver o seu porte físico, estava com uma blusa extremamente larga e vestindo o capuz, só vi que ele era magro e alto e negro. Mais que isso não pude ver.


- Sim. Eu to fora.


- O que? Você é louco garoto? O cara vai te matar!
- Que me mate! Eu não vou fazer isso com ela.


- Então se apaixonou pela garota?


- Eu... Não... Estou... Apaixonado. – Eu senti as palavras saindo forçadas pela garganta. – E mesmo que eu estivesse, ela tem outra pessoa.


- Mas cara! Ela é uma ameaça pra nossa espécie!


- Pra vocês sim. Pra mim não. Eu estou dizendo agora. Eu to fora!


- Ok cara... Eu não vou te matar dessa vez. – David riu. – Vou deixar pro Eric. – É impressão minha ou saiu o nome Eric da boca daquele cara?


- Você pode se enganar o quanto quiser. Godfrey. – O homem foi embora depois disso.


O homem se afastou alguns metros rapidamente. David virou para o muro que estava encostado e o chutou fazendo cair o resto de tijolos laranjas que restavam. Ele começou a correr furiosamente. Eu corri atrás. Ele chegou a uma rua normal, mas como já era tarde da noite, estavam todos dormindo. Ele encostou-se a um muro de costas para a rua, com a cabeça baixa e encostada no muro. Eu comecei a me aproximar dele rapidamente, para que o radar dele não me pegasse.


- O que você ainda tem com Eric? – Eu perguntei fria e seca. Ele virou rápido e surpreso com a minha presença.


- O que você tá fazendo aqui? – Ele perguntou com olhos arregalados.


- Isso não é importante. Eu só quero saber se você ainda tem alguma coisa com o Eric? Tem? – Eu soltei um olhar ameaçador para ele. Ele virou-se de costas para mim e deu um soco no muro, abrindo um buraco com a forma de seu punho.


- Eu não podia mais fazer isso!


- Fazer isso o que? – Eu perguntei já irritada.


- Eu estava com Eric ainda! Eu me infiltrei na sua casa! Eu dei informações suas para ele! Eu te traí! E te beijei! Eu estava apaixonado por você! Não podia mais fazer isso... – Eu simplesmente o olhei de queixo caído. Não sabia o que falar, não sabia a resposta para aquela resposta. Eu tinha beijado um traidor e tinha o abrigado em minha casa. – Eu estou livre agora. Eu... Acho... Se Eric não mandar ninguém atrás de mim... Eu acho que não vai. – Eu pisquei os olhos demorando e depois os abri novamente. Empurrei David no muro e o segurei pela gola da jaqueta.


- É bom que você não esteja mais com ele mesmo. Porque se estiver e eu descobrir, te caço e te estraçalho pedaço por pedaço. Você vai continuar morando em minha casa a não ser que esteja com aquele traste ainda. Mas preste bem atenção. Esqueça. Que. Eu. Existo. – Eu saí pisando duro e depois parei, voltando o olhar para ele. – Por quê? Porque eu? Por que você se apaixonou por mim? Por que se preocupa?


- Quer saber mesmo? – Ele começou a dar passos em minha direção com o olhar ameaçador.


- Quero.


- Que saber mesmo?


- Quero!


- Quer saber... Mesmo?


- QUERO! – Eu gritei. Ele levantou o dedo mindinho.


- Isso. – Depois levantou outro dedo. – Não. – O outro dedo. – Te. – O dedo indicador. – Interessa. – Depois ele olhou para o polegar que estava levantando e voltou o olhar para mim. – Vadia. – E deu as costas para mim. Eu dei um grito de frustração.


- Porque você faz isso comigo? Por quê?


- Eu poderia simplesmente ir ao seu quarto todas as noites e te encher de beijos, fazer você gritar o meu nome enquanto arranha minhas costas por prazer – Ele foi chegando perto de mim e me encostou em um muro, colocando cada mão ao lado de minha cabeça. – Eu poderia fazer você acordar morrendo de dor entre as pernas no outro dia. Eu poderia fazer você implorar por mim. Eu poderia fazer você sentir que eu sou inesquecível. Eu poderia fazer você pedir mais e mais a cada dia que se passasse. Eu poderia fazer você querer me devorar de prazer a cada segundo.


- Então porque não faz isso?


- Porque Tyler é sua alma gêmea. – Quando vampiros ou híbridos tem alma gêmea, a coisa complica. Você simplesmente ama a pessoa desesperadamente, aquela pessoa pode ser quem você mais odeia no mundo, mas você simplesmente a ama. Você não escolhe isso. Como eu não escolhi Tyler, simplesmente queria me divertir.


- Então porque você simplesmente não mata o Tyler e me pega para você? – Eu sei que estava indo longe demais, talvez eu tivesse dando uma ideia a ele... Mas eu queria descobrir, e ele não seria louco a esse ponto.


- Eu queria fazer isso. Mas não posso.


- Por quê?


- Não posso te machucar mais. – Eu inclinei a cabeça e o beijei.


- Mais do que eu estou te machucando? – Eu peguei um graveto afiado no chão e entreguei a ele, depois direcionei a ponta do graveto em meu coração. – Livre-se desse fardo. Me mate. Por favor.


- Acredite querida. Viva ou morta. Você me machuca de qualquer jeito, e morta será pior ainda. E se estiver longe de mim você irá me fazer sofrer mais ainda. Você é minha alma gêmea. – Sim, é possível ter mais de uma alma gêmea. Ele largou o graveto e me deu outro beijo. Ele sumiu, fui para a casa e tentei dormir, devo ter dormido por uma hora.


Quando acordei no outro dia. Acordei com a informação de Hunter: “Eric desistiu. Acabou tudo.” Ele dissera. E eu perguntei sobre o exército que ele estava montando, Hunter disse que ele tinha desistido de tudo, Eric mesmo tinha entregado a informação pessoalmente a David, e ele mesmo vira o encontro dos dois.


 


Continua...



 



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Autor(a): Mac

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Capítulo 6 (Cinco meses depois) Estávamos felizes. Tyler e eu tínhamos voltado ao normal. David tinha comprado uma casa ali em Los Angeles, um emprego no set de filmagem e ia quase todo dia à nossa casa. Estava tudo extremamente perfeito. No momento, os atores e alguns outros funcionários tinham conseguido férias de três sem ...


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