Fanfic: The Allyson diarie | Tema: Vampiros e hibridos
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- Não se preocupe Allyson, ele está muito bem e vai continuar assim. – Hunter dizia no set enquanto andávamos pelo local da cena. Já tinha se passado uma semana que Nate era um hibrido.
- Mas ele está conseguindo se controlar.
- Pelo amor de Deus Allyson! O Nate está bem, está progredindo e VAI ficar bem, ok? Agora pare de me perguntar isso e vai procurar alguma coisa pra fazer!
- Mas e a família dele?
- Os tempos mudaram Aly, não podemos simplesmente contar para os pais dele que ele virou um hibrido assim como contamos para os seus. Não vai dar.
- E o que você fez pra ele morar na sua casa? Os pais dele deixaram? – Hunter franziu o cenho. – Hunter, você...
- Sim, tivemos que hipnotiza-los ok?
- Mas são os pais do – Ele me interrompeu colocando a mão na minha frente.
- Você quer que ele consiga se controlar. Ou não?
- Claro que quero!
- Então me deixe fazer o que tem que fazer, certo? – Eu suspirei.
- Certo. Mas temos que ir pra Inglewood, não podemos enrolar mais ainda.
- Claro, mas não podemos deixar Nate aqui. É questão de uma semana até que ele consiga se controlar pelo menos um pouco. E lá não iremos ficar no meio de várias pessoas. Vamos pra floresta.
- Mas podemos simplesmente – Interrompida de novo.
- Não, não podemos deixa-lo com ninguém. Quem aqui é confiável agora? – Eu não respondi. – Exato. – O diretor o chamou. – Já estou indo Bill! – Ele disse levantando a mão, o diretor estava do outro lado do cenário. – Por favor, Allyson, fique tranquila, ele vai ficar bem.
- Ele nunca mais vai ficar bem.
- Ainda pensa assim Aly? – Eu me inclinei um pouco para o lado.
- Bill precisa de você. – Ele soltou um suspiro e foi andando, depois se virou começando a andar de costas.
- Fique bem!
- Pode deixar!
Ele se virou novamente e continuou no seu caminho. Eu fiquei parada onde estava e observando as pessoas à minha volta. Gracielle conversando com Tyler, Charles e Elijah estavam lendo alguma coisa e David estava conversando com uma garota. Espera... Uma garota? Uma garota loira de olhos azuis? Magra, alta e bonita? Uma atriz fresca que eu odiava? E pelo jeito não estava falando, pelo sorriso que ele soltava e pelas risadas e movimentos frescos dela, ele a estava cantando, eu sabia reconhecer David quando ele estava cantando qualquer garota, ou até me cantando. Os dois deram risadas e ela colocou a mão no braço dele. Eu não aguentei. Não, não aguentei. Abri um sorriso enorme que vinha de orelha a orelha e comecei a caminhar na direção deles, ela percebeu e tirou a mão dele, ótimo. Cheguei e me coloquei ao lado de David, colocando a mão no braço dele e a deixei pousar ali sem tira-la em nenhum segundo.
- Oi gente! – Eu disse com uma voz super fresca.
- Oi Aly. – Ele disse um pouco sem jeito.
- Olá. – A garota falou com uma cara horrível de desgosto.
- Eu precisava conversar um pouco com você. – Eu disse olhando para ele.
- Agora? – Ele ficou com uma expressão do tipo “sério mesmo? ’.
- Agora. – Eu disse seca.
- Ok. Depois a gente se vê Anne. – Lembrei o nome dessa vadia.
- Tchau David! – Agora o tom dela foi fresco junto com um sorriso fresco e tosco. Eu puxei David para bem longe dela e fechei a cara quando não dava para ela nos ver.
- O que foi? – Ele falou confuso.
- O que você acha?
- É ela?
- Não quero que você fique conversando com essa idiota fresca!
- Ciúmes é?
- Não. Eu só não gosto dela.
- Mas aqui você e eu não podemos nos beijar.
- E?
- Porque você não deixa.
- E?
- Você não é minha dona. Eu posso muito bem conversar e cantar quem eu quiser. Não estamos oficialmente juntos.
- Mas isso não é – Eu parei quando ele levantou as sobrancelhas com um sorriso estampado. Merda. Ele tinha razão. Eu dei um grito baixo de frustração. – Eu te odeio!
- Mentira, você me ama.
- Ok. Mas vai falar com aquela vadiazinha. Pode ir. Vai ter o troco.
Eu virei as costas e o deixei lá. Não vi qual foi a reação dele à minha resposta e filho da mãe... Ele tinha razão, o filho da mãe tinha razão! Mas, o que ele não esperava era o troco. Eu estava com uma calça leg de cor clara e bem apertada, uma regata também apertada vermelha com um desenho de uma garota assoprando bolhas de sabão. O troco já havia começado quando eu saí pelo local meio que rebolando, não precisei olhar, eu senti que David me secava com os olhos. Mark, aquele ator que Tyler havia me impedido de morder estava por lá, quieto encostado em uma mesa pequena de madeira do cenário, observando tudo e todos que passavam por ali, com um saquinho azul em mãos. Mark sempre teve uma queda por mim, e agora que eu estava solteira ele aproveitava todas as situações possíveis para conversar e se engraçar comigo, David sempre ficava com ciúmes. Eu virei de costas para Mark e comecei a remexer nos papéis que estavam em minha mão e ufa! Eu tinha achado um papel com o nome de Mark, que certamente eu deveria entregar a ele. Soltei um sorriso, me virei para ele de novo com o sorriso ainda no rosto, o cumprimentei e avisei que tinha algo para entregar, comecei a remexer nos papéis de novo, fingindo estar procurando, peguei-o e entreguei para ele, propositalmente eu fiz o saquinho azul cair um pouco à frente de nós. Desculpei-me e falei que eu pegaria, fui até a frente dele e me inclinei para pegar, me inclinei de modo que dava para que David lá longe e Mark vissem cada curva minha e cada músculo meu se alongando e matando-os de desejo, eu vi por um reflexo de um pé de uma mesa que Mark havia arregalado os olhos e estava com o queixo caído. Me levantei bem devagar e entreguei o saquinho em sua mão, ele agradeceu e colocou os olhos no papel. Coloquei o que estava em minhas mãos na mesa qual ele estava encostado e fui prender um rabo de cavalo em meu cabelo bagunçado. Retirei um prendedor preto que eu mantinha no bolso de trás da calça e comecei a prender meu cabelo, procurando fazer somente movimentos sexy. Mark ficava dando rápidas olhadas para mim toda hora. Terminei de arrumar o cabelo e avistei Taylor Smith, aquela em que eu fui ao aniversário com Tyler. Eu dei alguns pulos acenando para ela e fazendo meu corpo balançar.
Na hora de ir para a casa, eu sempre ia com David. Ele estava no carro na rua e me esperando para irmos para casa. Eu entrei no carro, ele estava esticado com um dos braços apoiados no banco do passageiro. Ele não ligou o carro, simplesmente ficou olhando para frente sem fazer nenhum movimento. Não havia mais ninguém e nenhum carro na rua além de nós e estava de noite.
- Ahn... Não vai ligar o carro? – Eu perguntei.
- Você não podia fazer isso.
- Ahn... Fazer o que?
- Me provocar.
- Como assim? – Eu perguntei mesmo sabendo do que se tratava. Meu troco surgiu efeito.
- Você sabe que eu te desejo mais que ninguém. Você sabe que toda hora que eu te vejo o volume em minha calça aumenta. Você sabe como me deixar louco. Porque foi tão maldosa?
- Eu não to entendendo o que você tá dizendo. – Ele se inclinou para meu lado, colocou as mãos debaixo do banco onde eu estava e o empurrou bem para trás, de modo a encostar no banco de trás. – Ei! – Em um segundo ele já estava em cima de mim, com os braços de cada lado meu, impedindo qualquer movimento meu.
- Agora você tem que ter um castigo.
- David!
Ele começou a apertar meu corpo inteiro, inclusive minhas coxas, me fazendo gemer enquanto beijava meu pescoço. Os movimentos dele eram violentos. Ele começou a abaixar minha calça até os joelhos, deixando minhas coxas à mostra, depois retirou minha blusa. Então de repente ele me deu um tapa em uma de minhas coxas, um tapa que doeu muito mesmo, eu o empurrei para trás.
- Ei! Isso doeu! – Então ele deu outro tapa no mesmo lugar. Eu segurei a mão dele. – Pàra com isso! - Mas com uma mão só ele prendeu as minhas acima da cabeça e começou a dar tapas sem parar. Minha pele começou a ficar roxa com os tapas doídos. Mas minha calcinha... – Pàra! – Eu protestei de novo. Minha voz saiu bem fina e sexy... David abriu um sorriso.
- Ah cala a boca! – Ele me beijou na boca e voltou a dar tapas seguidos e doídos. Eu parei de protestar e cedi.
Sim, estava doendo. Mas aquilo estava me dando muito prazer. Muito mesmo. E então eu inverti nossas posições, ainda estávamos nos beijando. Ele havia parado de dar os tapas em mim. Eu peguei uma das mãos dele e coloquei um pouco acima das minhas coxas onde ele apertou com força. Eu parei de beija-lo, recuei e comecei a colocar minha roupa de volta, ele olhou confuso.
- O que diabos você tá fazendo?
- Me vestindo.
- Eu não sou cego, mas porque está se vestindo?
- Você também vai ter um castigo.
- Ahn? – Eu saí de cima dele e pulei para o bando do motorista. Liguei o carro e comecei a dirigir para casa. – Ei!
- Que foi?
- Isso não é justo! Você quer me matar? Pàra o carro agora!
- Pra que? Pra você me bater mais? Não vou parar.
- Então eu vou pular em cima de você.
- Batemos o carro e você fica com um prejuízo enorme. – Ele trouxe o banco que ainda estava para trás para frente e deu um suspiro.
- Você vai ver quando chegar em casa.
- O que? Vai me prender com algemas na cama pelada e me bater?
- É uma ideia. – Eu o olhei surpresa.
- Você é nojento!
- Agora que percebeu querida? – Ele disse sorrindo.
Continuamos quietos. Eu estacionei o carro na garagem, dei a chave para ele e entramos em casa. Joguei minha bolsa em cima do sofá ficando com as mãos livres. Depois eu estava contra a parede e David estava atrás de mim prendendo minhas mãos nas costas e me despindo rapidamente.
- David. Pàra com isso!
- Não.
- David, por favor.
- Castigo se paga com castigo querida.
- Eu nunca ouvi esse ditado.
- Tá ouvindo agora.
- Sério. Não quero nada. Eu já estou ficando enjoada de você. Tudo igual, sempre tudo igual todas as noites. Você me apertando e depois acaba tudo do mesmo jeito. Pfft... – Quando me dei conta eu já estava só de calcinha e sutiã. Eu havia corado, era difícil mentir tendo que falar aquilo.
Ele posicionou um dos dedos do lado direito do meu quadril e começou a levantar bem devagar traçando minhas curvas. Eu soltei um pequeno gemido e depois mordi o lábio inferior para que não saísse mais nenhum.
- Viu? Você nunca vai enjoar de mim Aly. Nunca.
- É claro que... Eu vou. Já enjoei.
- Mentira. É tudo mentira. – Ele cochichava em meu ouvido com a voz de veludo. – Você me ama Aly. Você geme com meu toque. – Ele abaixou a mão até aquele local. – Você fica toda molha – Eu o interrompi.
- Por favor, não continue.
- Então você não quer muita falação né? Ok. Chega de falação para a minha pequena vadiazinha.
Ele me virou de frente com ele e me socou na parede me beijando violentamente logo em seguida. Levantou-me em seu colo e minhas pernas se cruzaram em suas costas. Os apertões dele em minhas coxas no começo estavam bons e prazerosos, mas de uma hora para a outra ficaram extremamente violentos e doloridos. Parecia que minhas pernas iriam explodir. Eu comecei a empurra-lo como protesto, mas ele não se desgrudava de mim, ele era mais velho e mais forte que eu como um hibrido. Eu comecei a empurra-lo mais forte, mas os apertões dele começavam a aumentar de força fazendo minhas pernas vermelhas e roxas. Não estava mais prazeroso, estava doendo de verdade agora. Ele começou a beijar meu pescoço ainda me apertando.
- David você tá me machucando. – Eu disse ainda tentando empurra-lo.
- Você tá gostando.
- Não David! Tá doendo muito! Pàra, por favor! Pàra.
Ele não parou. Eu concentrei toda a minha força e dei um empurrão nele, eu caí sentada no chão com as costas na parede e ele ficou parado de frente comigo com uma expressão indecifrável. Depois de dez segundos ele havia sumido pela porta. Eu me levantei com dificuldade pela dor que eu sentia nas pernas, minha calça e minha camiseta estavam todas rasgadas e destroçadas. Os vergões que David havia feito em minhas pernas começaram a sumir lentamente. Eu levantei e apontei o rosto para fora da porta, e quando olhei para o balanço. David sentado com a cabeça baixa olhando para seu colo. Eu me sentei ao lado dele e fiquei olhando para ele. Meu rosto estava molhando, sem perceber eu comecei a chorar pela dor que David me fez sentir.
- Sai daqui... Você não vai querer me ver depois disso.
- Não David. Eu disse que você nunca iria me perder. – Eu vi uma lágrima caindo de seu rosto que ele limpou rapidamente esperando que eu não tivesse visto.
- Me perdoa Allyson... Eu só acho que não sou mais forte o bastante pra ver você me provocando com outro homem.
- Eu te perdoo David. Eu te perdoo. – Milhões de lágrimas caíram juntos de seus olhos, eu o abracei.
- Eu te machuquei?
- Já passou.
- Por favor, me perdoa Aly, me perdoa, por favor...
- Já disse que eu te perdoo Davi, agora vamos entrar ok? – Ele limpou o rosto molhado com as costas da mão.
- Ok.
Eu o ajudei a se levantar pelo braço e o levei até o nosso quarto como se ele fosse uma criança. Ele mesmo se soltou, pegou uma calça de pijama qualquer na gaveta da cômoda de madeira envernizada escura e colocou. Eu havia tomado banho e colocado uma camiseta preta enorme que cobria meu bumbum e uma calcinha branca de algodão. Eu me deitei na cama, mas ele continuou sentado no pé da cama, olhando para o colo no escuro. Eu me levantei e sentei-me ao lado dele. Peguei sua mão e coloquei-a em meu colo a acariciando com as minhas. Depois ele começou a passar os dedos pelas minhas pernas como se fosse um cristal precioso que com qualquer toque errado ele poderia quebrar, muito diferente de como ele havia tratado minhas coxas antes.
- Vamos dormir ok? – Eu falei.
- Eu não vou conseguir dormir. Eu machuquei a mulher que eu amo.
- Me disseram que o amor machuca. – Nós dois rimos.
- O amor machuca. Eu tenho ódio de você Allyson. – Ele começou a falar, eu simplesmente fiquei quieta olhando para a janela que ficava clara com a luz do luar. – Eu tenho ódio, mas eu tenho amor por você. Os dois sentimentos andam lado a lado. E eu preciso de um pra que eu possa sentir o outro. Acho que antes, o ódio era a coisa mais próxima de amor que eu poderia sentir por você. Ódio porque eu não podia te ter. Ódio por te desejar. Ódio pela reação que você causava em mim. Ódio porque antes a minha meta dentro da sua casa era te matar. Eu tenho ódio por você, por te amar. Eu simplesmente odeio te amar. Entre milhões de vampiras, hibridas ou lobisomens no mundo, você teve que ser a minha alma gêmea. E o engraçado é que por mais que eu tente me apaixonar por outras, eu não consigo. – Ele deu uma leve risada. - É como se eu fosse uma mariposa e você fosse a luz, a única luz. E onde quer que eu vá, eu não consigo ser feliz sem você.
- Eu não sei resposta pra isso. – Eu o beijei romanticamente. – Eu te amo, David.
Ele começou a me deitar enquanto me beijava. Passava as mãos pelo meu corpo todo, mas com movimentos suaves e macios, novamente como se minhas pernas fossem cristais que estava prestes a quebrar. Até o modo dele de se deitar em cima de mim foi cuidadoso. Claro que foi bom, mas eu não queria isso. Eu queria violência. Eu não queria cuidado. Eu comecei a apertar as coxas dele e arranhar suas costas. Ele parou de me beijar e ficou com a respiração ofegante, posicionou as mãos em minhas coxas e deu um leve apertão que eu quase não percebi. Movi meus quadris de um lado para o outro para provoca-lo, para que ele me apertasse.
- Por favor, Allyson... Eu não quero te machucar de novo.
- Você nunca vai me machucar.
Eu coloquei uma das minhas mãos em cima da dele que estava em minha coxa e a apertei, fazendo ele me apertar. Ele deu um suspiro demorado, estava de olhos fechados. E em uma investida ele me apertou contra seu corpo e deu um apertão em minha coxa, me beijando violentamente... Isso... Era isso mesmo que eu queria. O David violento. Não o David cuidadoso.
Abri os olhos sonolentos devagar e me sentei na cama. Não havia ninguém do meu lado. Meu celular apitou. Era uma mensagem de David, falando que ele havia saído e voltava rápido. Eu olhei para a janela e tinha pingos de água. Levantei-me e fui até a janela, estava chovendo e mais para longe na cidade se encontrava um mar de guarda-chuvas coloridos. Senti uma brisa gelada passando por minhas pernas, mas eu não sentia frio mesmo. Fui até o banheiro e me olhei no espelho. Meu cabelo estava horrível e todo bagunçado e minha cara estava horrível, eu estava mais parecendo uma pessoa bêbada do que uma que acabou de acordar. Peguei a escova de dente, coloquei a pasta e comecei a escovar os dentes. Ouvi o barulho da porta do quarto bater e lá estava David, acabado de chegar em casa e eu nem sequer tinha percebido. Não estava nem um pouco molhado pela chuva, parecia que as gotas de água tinham medo e tomavam o maior cuidado para não cair na pele de seda morena e pálida dele, era incrível, ele era a coisa mais linda e mais magnífica que eu já tinha visto na vida, mas nunca tinha parado para observar isso, era até mais bonito que Tyler, sim, infelizmente, tudo nele era melhor que Tyler e era melhor do qualquer homem que eu já tenha conhecido, ou beijado. David conseguia ser incrível e magnífico do jeito dele. O jeito violento e sensível de ser. Por tudo isso só posso chegar à conclusão que eu o amo mais que ninguém, o amo como nunca amei ninguém. Simplesmente isso. Eu o amo. É simples dizer, mas realmente, o amor não é tão simples, é simples sentir, é simples falar, mas não é simples lidar com as consequências que o amor coloca à frente. Consequências variáveis, da dor emocional até a dor física.
- Eu amo quando você fica assim. – Ele disse entrando no banheiro e se se encostando ao batente da porta.
- Quando eu acordo parecendo um zumbi?
- Você não parece um zumbi!
- E do que você me chamaria?
- Uma vampirinha sexy. – Eu ri enquanto ele me puxava para junto de seu corpo.
- Uma vampirinha sexy? Tem alguma coisa melhor aí nessa cabeça? – Eu coloquei a mão na cabeça dele com os punhos fechados e dei leves batidinhas. Ele piscou duas vezes com um riso de lado.
- Ah, obrigado. – Eu ri.
- Você está bem? – Eu olhei confusa.
- Porque não estaria? – Ele pegou minha mão e a beijou.
- Não sei. Só quis perguntar.
- Oookey...
O meu telefone tocou. David estava beijando meu pescoço, eu o pulei e peguei meu celular que estava na cômoda. David continuou dando beijos em meu pescoço me abraçando por trás enquanto eu falava no celular.
- Alô?
- Allyson? É o Hunter.
- Ah oi Hunter.
- Oi. O que foi? Tudo bem?
- Tudo bem sim. Só queria avisar se dava pra você e o David virem aqui em casa mais tarde.
- Que horas?
- Ahn... Umas três horas, hoje é domingo e com certeza todo mundo vai estar aqui. E liga pra aquela garota. Acho que chama Gracielle.
- Ah ok. Mas é sobre o que você quer falar?
- Ah não é nada com o que se preocupar. Você sabe que eu odeio falar as coisas por telefone. Venha aqui.
- Ok. – Eu desliguei o celular e o joguei na cama.
- O que era? Eu não consegui entender tudo. – David disse.
- É pra gente ir lá umas três horas da tarde. Pra conversar.
- Sobre o quê?
- Não sei ainda.
- Temos que nos...
-Não, ele disse que não temos com o que se preocupar.
- Ok.
Eu mandei uma mensagem para Gracielle a avisando do encontro na casa de Hunter. Tomei banho, vesti uma roupa normal e depois fui para a casa dele. Bati na porta, não atendeu. Como eu sou muito impaciente comecei a apertar a campainha repetidamente e impacientemente. Elijah abriu a porta com um olhar de que quem estava no meu lugar era um ET ou um monstro.
- Sabe o significado da palavra “esperar”? – Ele falou fechando a porta logo depois que entramos.
- Me desculpe, não sei. Pode fazer o favor de me explicar?
- Claro! É a mesma coisa que ficar em algum lugar até que chegue alguém ou alguma coisa que se tem como certa ou provável. – Ele deu uma piscadela depois. Eu retribuí com um olhar furioso. – O quê? Eu ainda explico e você me trata assim?
- Quer o papel do Charles agora? – Eu falei me referindo ao jeito palhaço de Charles ser.
- Não, obrigado. Não quero ser um retardado.
- Ei! Eu ouvi isso. – Charles disse entrando com nós na sala principal. Hunter desceu as escadas e se sentou no sofá.
- Sentem aí. – Ele falou.
- Ok. – Todo mundo falou.
A campainha tocou de novo. Ninguém se levantou para atender, mas todos os olhares foram para mim, com certeza deveria ser Gracielle. Eu levantei preguiçosamente do sofá e fui até a porta. Girei a maçaneta e lá estava ela. Eu dei uma rápida girada que é normal quando abrimos a porta, e vi a expressão de Charles, a boca aberta e os olhos de cor violeta arregalados e brilhando, as mãos soltas e leves, só faltava babar literalmente. Gracielle estava normal. Com uma calça jeans de lavagem escura e uma camiseta verde escura enfeitada com algumas rendas na gola, um casaco comprido negro cuja mão estava nos bolsos e uma bota de cano baixo preta de couro com saltos enormes que eu com certeza me recusava a usar. Eu assenti com a cabeça, ela retribuiu e entrou na sala. Charles ainda estava com a boca aberta e... Aquilo que eu vi foi uma baba saindo da boca dele?
- Gente, essa é a Gracielle. – Eu disse para todos. Ela acenou com a cabeça, os outros deram sorrisos ou acenadas. – Gracielle, esse é... David, que você já conhece. Elijah, Hunter e esse é... – Charles fechou a boca e se encolheu um pouco olhando para baixo quando percebeu que eu ia falar dele. – Charles... – Charles levantou a cabeça rapidamente e deu uma acenada com ela. Ele foi o único que cumprimentou oralmente.
- Oi. – Ele disse bem tímido.
- Oi. – Gracielle respondeu também tímida. Por algum motivo ela também estava um pouco nervosa com a presença de Charles, mas era mais discreta que ele em demonstrar isso. Ela se sentou ao meu lado que estava ao lado de David.
- Então vamos ao assunto principal. – Hunter disse se inclinando para frente e apoiando os cotovelos nas pernas. – Todos sabem que há noventa por cento de chance de haver uma casa pequena feita de carvalho branco em Inglewood. No caso, o único material que pode matar Eric, o que todos que estão presentes nessa sala querem. – Todos assentiram. – Por isso vamos viajar para lá, mas ao chegarmos lá nos dividiremos em pequenas fazendas e sítios que estão divididos pelas florestas de lá, onde supostamente a casa pode estar. – Elijah deu um pequeno riso. – O que foi Elijah?
- Engraçado... A bruxa de quem Allyson falou com certeza deve ter localizado a casa com seus “poderes mágicos”, mas depois de queimar as árvores os originais com certeza pediram para que uma bruxa localizasse qualquer destroço da árvore. Como eles puderam deixar uma CASA escapar?
- Bom... A mãe natureza é a mãe da magia. Ela com certeza teve alguma coisa com isso, deve ter colocado a casa lá depois que eles destruíram as arvores ou sei lá. No mundo mágico tudo tem que ter uma fraqueza, tudo tem que ter um meio de reversão. Tem de ter. Esse é o equilíbrio que sempre deve ser mantido. Como um vampiro tem fraqueza a madeira, lobisomens a prata... Etc. – Elijah se encostou ao sofá e assentiu com uma expressão de satisfação.
Charles olhava para Gracielle e desviava o olhar quando ela o olhava e Gracielle fazia o mesmo. É impressão minha ou... Não, eu acho que não...
- Bom, aqui... – Ele começou a pegar papéis em cima da mesa de centro e começou a entregar para alguns. – Aqui está o nosso programa. David e Allyson, vocês irão para essa casa distante, o endereço está escrito aí e você com certeza vai saber encontrar. – David pegou o nosso papel e começou a ler, não me importei em pegar, não estava a fim de ler, era David quem dirigiria mesmo. – Elijah, você vem comigo e levaremos Nate conosco, ficaremos em uma pequena casa para o norte de Inglewood. Charles e Gracielle. – Ok... Então os dois iriam juntos. Hum. – Vocês vão ficar aqui nessa fazenda pequena que é mais próxima de nós. – Hunter disse apontando para o papel na mão dela. Os dois estavam sem graça. - Todos vocês na verdade irão ficar em minhas casas que eu tenho espalhadas por Inglewood, eu já morei lá por muito tempo.
- E quando iremos? – Eu perguntei.
- Se possível. Hoje. Vão fazer as malas, já vamos partir.
- Como assim? Hoje? E o nosso trabalho? – Gracielle perguntou se levantando.
- Nós já cuidamos disso. – Respondeu Hunter.
- Ok...
- Espero que você não tenha nada marcado para os próximos dias. – Eu disse dando um sorriso.
- Não... Ultimamente eu tenho sido mais excluída do que um nerd na escola.
- Ahn... Ótimo. – Charles disse. – Não por você ser... Excluída, mas porque pelo menos... – Ele se encolheu mais um pouco. – Vocês entenderam.
- Sim Charles, entendemos. – Eu disse. Gracielle deu um leve riso de lado. Charles percebeu e se encolheu mais ainda.
-Bom. – Hunter se levantou e ficou na frente de todos. – É isso, é melhor vocês irem agora arrumar as malas e partir, iremos todos separados porque vamos para a mesma cidade, mas o destino é diferente, então, vamos lá. Não podemos enrolar mais. E mais uma coisa, quando chegarmos lá, vamos simplesmente sair pelas florestas e procurar, não fazemos a mínima ideia da onde a casa está e não sabemos por onde começar. Vai ser uma procura indefinida.
- Ok... – Todos disseram juntos e começaram a se levantar.
Todos saíram normalmente pela porta, os últimos foram eu e David. Nós dois chegamos em casa e fomos direto para o quarto, pegar as roupas e tudo que colocaríamos na mala.
As malas estavam todas arrumadas, eu e David havíamos tomado banho, tínhamos pegado tudo. Entramos no carro e partimos para Inglewood. Não havia muito o quê falar, deitei minha cabeça na porta do carro e fiquei olhando as paisagens com gotas de água que caíam no vidro e depois caíam em uma trilha de cima até em baixo. David continuava a dirigir com os olhos atentos que iam do vidro da frente até os retrovisores e se voltavam para frente. Em um momento eu dei um suspiro, um suspiro que eu gostaria que tivesse levado embora tudo aquilo de ruim que eu sentia, o sofrimento que eu os fiz passar, a expectativa de que “talvez” existisse uma árvore que poderia matar Eric e... Eric. David passou a mão pelo meu joelho e me deu um rápido sorriso depois voltando o olhar para frente, eu retribuí o sorriso. Involuntariamente a imagem de Tyler me veio à cabeça, eu não sei por que, talvez eu não o amasse mais que David, mas eu ainda amasse. Quem vê pensa que eu sou mesmo uma galinha, mas é que eles não se colocam em meu lugar, não sentiram o que eu senti e não precisaram ficar tão divididos entre dois lados, sem saber o que fazer e serem pegos de surpresa em todas as decisões.
- Allyson, acorde, vamos lá, aí está a casa. – David disse me cutucando delicadamente.
Eu abri meus olhos sonolentos e olhei pela janela agora aberta, não estava chovendo mais e já era umas onze horas da noite. Estávamos em uma casa que não era nada pequena, elegante e tinha um ar de antiga. Não havia nenhuma casa que eu pudesse ver, só árvores, árvores e árvores que cercavam a casa e um pouco distante dava-se para observar um pequeno lago com pedras do lado direito da minha visão. Eu estava com os braços cruzados como se estivesse com frio, mas claro que eu não estava. David pegou uma mala e algumas bolsas que eu trouxe com alguns itens extras que eu sempre gostava de trazer. Só havia mais uma mala que David com certeza iria pegar depois. Mas eu a peguei e a levei para dentro da casa. A casa era fria e bastante espaçosa, espaçosa do tipo que nem um milhão de móveis a deixaria cheia. Tinha uma brisa gelada que parecia estar em todo canto da casa, o piso de madeira de cor clara, não havia televisão e nem área de celular, também... Era de se esperar quando se está no meio de uma floresta. A escada de madeira escura era em forma de espiral com um corrimão arredondado branco. Subi-as com a mala em mãos, atrás de David. David começou a abrir as várias portas de muitos quartos do segundo andar e cada porta ele falava “aqui não”. E então ele abriu uma porta e depois um sorriso em seu rosto e falou “esse aqui”. Eu fui ver e era um quarto enorme, com os lençóis da cama de seda branca que pareceram nunca ser usados e cortinas transparentes em cima. O grande guarda-roupa de duas portas de madeira escura com vários desenhos em volta da porta, o carpete vermelho escuro que dava um ar sensual ao quarto. Eu entrei e coloquei a mala ao lado do guarda-roupa, me sentei na cama e senti um pequeno incômodo, me levantei para ver e era um papel escrito:
“Tudo aqui é novo e nunca foi usado, dês de os lençóis até as roupas dentro da gaveta. Fiquem à vontade. A casa é minha, eu a construí e nunca a usei.
PS: Hunter”
Eu mostrei a David, ele soltou um “uau” e foi remexer nas gavetas, eu levantei e me inclinei para ver o que tinha nas gavetas onde ele estava mexendo. Calças de moletom masculinas e femininas, pijamas, roupas normais do dia-a-dia, antigas e algumas feias. David arregalou os olhos e levantou nas mãos um lingerie, a direcionou para mim esticando-a. Era uma camisola de renda bem transparente e extremamente curta, vermelha, as únicas partes que eram cobertas eram os seios, se você não colocasse uma calcinha ou um short iria ficar tudo à mostra. Ele a abaixou e mostrou um sorriso safado para mim.
- Eu não vou botar isso! – Eu disse para ele com uma cara de brava. Ele colocou a camisola em cima da cômoda e enlaçou seus braços em minha cintura.
- Ah, por favor...
- Não! Isso não é meu e talvez até alguém usou.
- Ah deixa de frescura, Hunter escreveu no papel que ninguém usou e está limpo, porque a preocupação?
- Mas... Mas... – Ele ergueu as sobrancelhas. – Eu não vou colocar isso. – Ele começou a beijar meu pescoço.
- Vai... Coloca pra eu ver... Quando a gente for “dormir”... Por favor.
- Não David! Eu não vou colocar...
- Vai sim...
- Não... – Eu soltei um gemido quando ele mordeu minha orelha.
- Vai sim...
- Não!
- Vaaai!
- Ah desgruda, vai. – Eu o empurrei delicadamente para longe de mim. É... Ou eu colocaria ou ele me enxeria o saco a noite inteira. Ele deu um sorriso, sabia que tinha ganhado.
Não desarrumamos as malas, só deixamos tudo lá dentro e pegaríamos o que precisássemos. O que mais nos preocupamos em fazer foi pegar roupas para caminhar, porque a casa ficava no meio da floresta e uma roupa refinada não combinaria muito, mesmo com nós sendo híbridos. Demos uma rápida olhada na casa, nem sequer reparei nos detalhes ou na cor dos móveis e nem nos móveis. Na hora em que íamos dormir eu fui ao banheiro como de costume e quando cheguei lá aquela maldita camisola vermelha estava em cima da pia, eu cruzei os braços e mordi os lábios dando um sorriso. Aquele David é um desgraçado safado, é isso que ele é. Coloquei uma das mãos na cintura e apoiei a outra na pia olhando para aquela camisola curtíssima. Eu dei uma risada, tranquei a porta do banheiro e comecei a tirar a roupa que eu estava, entrei tomar banho e saí do box, me sequei com uma toalha que eu havia trazido, mesmo a casa sendo de Hunter eu não ficava à vontade usando as coisas dele. Tirei a toalha do cabelo e o sequei e depois o penteei. Fiquei olhando para mim refletida no espelho e para a camisola. Tirei a toalha e coloquei a maldita camisola, eu nem havia percebido mas eu tinha pegado aquela mesma calcinha vermelha meio fio-dental que David me obrigou a ficar só com ela e uma camiseta. Meu corpo inteiro estava visível a não ser os seios, eu estava sem sutiã, não gostava de dormir com algum. Olhei-me no espelho e aquilo estava realmente... Sexy. Ok, eu sei que isso soa muito estranho. Respirei fundo e girei a maçaneta da porta do banheiro, saí nas pontas dos dedos dos pés. David tirou os olhos do livro que estava lendo e o colocou de lado, começou a me olhar com olhos arregalados e o mesmo sorriso safado de sempre, ele estava só de camiseta com uma calça fina cinza de pijama, ótima para rasgar.
- Uou! – Ele falou se inclinando um pouco para frente. Eu sentei na cama de frente com ele.
- Ah cala a boca. E agora?
- Agora você vem aqui. – Ele me puxou, eu fui mais rápida e fiquei em cima dele, segurando suas mãos acima da cabeça.
- Hoje não.
- Ok... – Ele colocou os lábios em meu ouvido. – Sou todo seu. – Um sorriso se abriu em minha boca.
Eu comecei a beija-lo e soltei suas mãos, colocando as minhas em seus braços musculosos. Eu estava beijando-o bem devagar, bem devagar mesmo! Eu sabia que logo ele iria ficar louco com aquilo e faria do seu jeito violento. As mãos dele começaram a subir em minhas pernas, eu as tirei de minhas pernas e coloquei-as de volta na cama, ele voltou suas mãos mais algumas vezes e eu as coloquei de volta na cama todas às vezes. Ele parou de me beijar e fechou os olhos.
- Para com isso... – Ele falou por entre os dentes.
- Isso o que? – Eu movi os quadris um pouco, ele colocou as mãos de novo em minhas pernas e eu as tirei.
- Por favor, para, eu não quero te machucar.
- O que você tá falando?
Ele abriu os olhos precisos e me olhou furiosamente, depois deu um pulo e inverteu nossas posições, voltando a me beijar desesperadamente e violentamente, apertando minhas coxas e levantando a camisola, do jeito violento que eu gostava.
• • •
- David, estamos perdidos!
- Não Allyson! Não estamos! É só voltar por...
- Por onde?
-Ahn...
- Viu? Estamos perdidos! PERDIDOS!
Nós discutíamos no meio do caminho. Havíamos saído cedo para procurar pela tal casa no meio da floresta, mas David decidiu sair um pouco da trilha e agora estávamos perdidos no meio da floresta, à noite.
- Ah quer saber? Só vamos continuar andando!
- Pra onde?
- Não sei. Simplesmente vamos!
- Ok.
- E cala a boca, por favor, não aguento mais ouvir você falando.
- Blá blá blá. – Ele falou para me provocar. Eu virei com um olhar furioso e depois continuei andando.
- Ei espera... Aquilo é uma casa? – Eu disse apertando os olhos, um humano não localizaria aquilo nem a pau.
- Não Allyson, aquilo é uma carroça gigante.
- Cala a boca, idiota.
Começou a chover, eu e ele nos entreolhamos e saímos correndo em direção àquela casa. Era uma casa comprida e bem esquisita. Não parecia mesmo uma “casa” e por sinal, não havia ninguém morando ali, eu não sentia a presença de ninguém, nem sequer um humano. Entramos na varanda e David começou a passar a mão pelas colunas que seguravam o telhado da varanda e depois as paredes da casa.
- É... Isso não é de carvalho branco.
- Ah... Você acha mesmo? – Eu disse por entre os dentes em um sorriso sarcástico.
- Acho sim. – Eu revirei os olhos. – Não há ninguém aqui, está chovendo, não conseguimos enxergar porcaria nenhuma mesmo com a nossa visão... Acho melhor passarmos a noite aqui.
- E se alguém morar aí?
- Nós matamos. – Eu ergui as sobrancelhas, ele deu um riso. – Fique tranquila, é só hipnotizar ou qualquer coisa, damos um jeito. Mas essa casa parece que não há ninguém morando aqui. Sério mesmo.
- Ok. Vamos ver o que tem aí.
Entramos na casa, demos direto com a sala, uma sala normal com uma TV pequena e antiga que parecia não pegar, os sofás com tecido xadrez laranja e amarelos, o tapete de pele legitima de urso negro. Tentei acender a luz mas não acendeu, não precisava mesmo, mas era um costume chegar aos lugares e acender a luz. David e eu nos entreolhamos, aquela casa simplesmente dava medo. Passamos para a cozinha, uma cozinha normal bem caipira. Depois os quartos, simples, com as paredes beges, grandes guarda-roupas coloridos e uma cama de madeira com lençóis beges, e um carpete bege. Eu e David nos entreolhamos quando encontramos uma porta meio aberta e escura. Aquela estava parecendo uma casa de terror. David foi à frente e empurrou a porta com um dos dedos, tinha uma escada comprida em espiral que dava até algum tipo de corredor em um porão. David e eu nos entreolhamos de novo, engolimos em seco e entramos, eu sei... Você está pensando: “que idiotas! Não entrem aí, porque vocês têm de ser tão idiotas?”. Não estamos sendo idiotas, mas não gostaríamos de dormir tranquilamente em uma casa sem saber o que há abaixo dela quando se tem um porão daqueles e a curiosidade estava matando. Terminamos de descer a escada e o que vimos não foi um corredor, mas só um pequeno cômodo com uma porta de ferro que parecia ser para vampiros ou híbridos, David abriu a porta que não estava trancada e encontrou correntes no chão, uma cadeira no meio coberta por uma manta branca e uma pequena janela em cima, com certeza para que o sol entrasse e queimasse vampiros. Aquilo definitivamente era uma casa de horror para híbridos e vampiros. Começamos a andar para trás para que pudéssemos sair correndo daquele lugar horrendo, mas ouvimos o grande barulho de uma porta de ferro batendo e quando nos viramos a porta estava fechada, estávamos no escuro felizmente podendo enxergar só um pouco, mas não o bastante. David e eu começamos a bater na porta com os punhos gritando: “Ei! Nos deixe sair!”. Vimos por entre as pequenas grades de um pequeno espaço que tinha na porta um homem subir tranquilamente a escadas e fechar a porta do porão. David desesperado começou a bater na porta com as costas e depois tentou puxa-la e soca-la com as próprias mãos enquanto veias começavam a aparecer em seu rosto, os olhos começavam a ficar florescentes e os caninos começavam a aparecer.
- Pare David! É inútil! Isso é uma porta reforçada para vampiros e híbridos, soca-la não vai funcionar.
- Desculpe Allyson, não devíamos ter entrado. Eu que falei para entrarmos.
- Por favor, não comece a se culpar, não foi sua culpa, não foi. Agora vamos esperar amanhecer para que possamos ver o que iremos fazer.
- Ok... Mas vamos simplesmente ficar aqui?
- E o que mais sugere? – Ele ficou quieto e se sentou no chão cobrindo a cabeça. Eu me sentei ao lado dele e deitei minha cabeça em seu ombro. Ele passou um dos braços por cima de mim e ficou brincando com o meu cabelo.
- Sério? Até amanhã? E se esse cara quiser fazer alguma coisa com a gente? Quer dizer... Ele QUER fazer alguma coisa com a gente! A gente tem que arrumar um meio de escapar! A gente não pode ficar aqui com um maluco querendo matar a gente! – Eu respirei fundo.
- Calma, só vamos esperar. Nada vai acontecer ok? Só mantenha a calma.
Por mais que eu estava tentando manter David calmo e seguro, por dentro eu não estava nada assim, eu estava apavorada, morrendo de medo com o que aquele desgraçado podia fazer conosco. Ficamos em um silêncio total e a única coisa que podíamos ouvir era aquele desgraçado assobiando uma musiquinha infantil, o que nos dava mais medo ainda, o cara parecia ser mesmo um louco, e não podíamos ver se ele era ou não um vampiro, a distância não permitia. Não podíamos fazer nada além de ficarmos abraçados no escuro, sentados e esperando até que amanhecesse. David levantou de repente e deu um soco na porta, o barulho deve ter estrondado na casa inteira.
- O QUE VOCÊ QUER SEU DESGRAÇADO? O QUE É EIN? ME TIRA DAQUI SEU DESGRAÇADO! – E deu outro soco na porta.
- DAVID! – Eu gritei me levantando. Ele encostou a cabeça na porta e fechou os olhos, dando um último soco na porta. – Isso não vai adiantar, ok?
Eu o puxei de volta e ele se sentou novamente, ouvimos o barulho da porta do porão sendo aberta e depois pés que desciam as escadas. De repente a porta se abriu e quando eu vi quem era, me levantei na hora com um olhar furioso e confuso.
- Mason.
- Olá querida! – Ele disse dando um sorriso. - Como está indo com a vida? Bem? Ah e me desculpe pelo que eu te fiz passar, você sabe, aquele dia, entre suas pernas... Eu sinto muito mesmo, aquela não era a hora certa.
E de repente, aquele momento voltou, não só na minha memória, mas de verdade. Aquela mordida voltou e começou a arder, pior do que a última vez, muito pior. E não só entre as minhas pernas, mas mais mordidas começaram a surgir pelos meus ombros, minha barriga e meu pescoço, queimando minha pele e minha roupa, eu me recurvei de dor e caí no chão. Mason estava me mordendo com a mente, e aquilo que fazia arder parecia ser um tipo de veneno, meu corpo inteiro parecia estar pegando fogo, como se eu fosse uma vampira e tivesse saído no sol, eu só consegui sentir uma coisa naquela hora: dor, somente dor. Mais nada. David foi para cima de Mason, mas ele simplesmente deu um soco no peito de David que o fez voar na parede e desmaiar. Eu o olhei e tentei me arrastar até ele, mas Mason fez as mordidas arderem mais e eu parei para dar um grito, eu estava toda suada e minha roupa queimada, eu colocava a mão em alguma mordida e ela queimava minha mão.
- Por quê? Porque você tá fazendo isso Mason? – Eu disse me encostando à parede com os olhos fechados. – Só me mata de uma vez... Por favor... Eu não aguento mais isso. – Ele deu uma risada.
- Querida... Ninguém te quer morta. Eric não te quer morta.
- Então porque ele tá fazendo isso comigo? Por quê?
- É um jogo. – Ele estava encostado no batente da porta, as mordidas já paravam de queimar e estavam se fechando.
- Um jogo de quê?
- Um jogo que eu não quero participar.
- Então não participe.
- Eu preciso.
- Não, não precisa.
- Com licença, mas você conhece o Eric? – Ele gritou. – O Eric é simplesmente o Fodão, ele tem mais de mil anos, é um vampiro original e o primeiro que surgiu de todo o mundo! É o mais forte de todos que existem nessa Terra, ele pode com tudo e com todos. Ele é simplesmente invencível. Se eu não posso derrota-lo, eu me junto a ele.
- Mas o que Eric quer com tudo isso? Qual o objetivo de tudo isso? – Ele soltou uma risada e fechou a porta, subiu as escadas, fechou a porta do porão e sumiu.
Eu me sentei e fiquei paralisada, com minhas roupas com buracos queimados nos ombros, na barriga e nas pernas, me virei e me arrastei até David desacordado, o deitei e encostei minha cabeça em seu ombro e fechei meus olhos. Não me pergunte como eu consegui dormir, eu não faço a mínima ideia, eu acho que eu estava muito cansada e não consegui resistir. Acordei com a cabeça no colo de David que estava acordado, com os olhos fechados e a cabeça levantada. Ele percebeu que eu acordei e me deu um beijo na testa, eu me sentei ao lado dele e encostei a cabeça em seu ombro.
- Allyson... Me desculpa...
- Pelo quê? – Eu levantei a cabeça, olhando para ele confusa. Eu realmente estava muito confusa. Eu já tinha falado que não era culpa dele a gente ficar preso lá. – Eu já disse que não é sua culpa a gente ter ficado preso aqui!
- Não é isso...
- E o que é?
- Eu só achei... Que não era a hora certa pra te contar antes... Eu ia te contar algum dia...
- O que? Fala logo!
- Sua irmã estava grávida não é?
- Sim... Ela já deve ter tido o bebê...
- Sim, ela teve, mas...
- Mas o quê?
- Ela morreu no parto. – Eu congelei na hora. – Hunter me deu a noticia pra que eu falasse pra você, mas eu não consegui. O bebê era humano, mas era filho de um vampiro... Muito forte pra ela...
- E cadê o bebê? – Essa foi a única coisa que eu consegui perguntar. Eu lutava contra lágrimas que insistiam em cair dos meus olhos.
- Pelo que eu sei está com sua mãe. É uma criança normal, talvez possa ser um lobisomem porque Eric é um hibrido, mas... É cedo pra descobrir. – Ele me abraçou. – Eu devia ter contado antes, me desculpe, por favor.
- Faz quanto tempo?
- Um mês. – Eu me deitei em seu ombro de novo. Ele quis falar alguma coisa de novo, mas não falou, ele compreendeu que o que eu mais queria era silêncio.
Ele envolveu seu braço em meus ombros e me deitou em seu peito. Eu iria demorar a digerir aquela informação... Sim, eu havia ficado brava por ele não ter me contado da morte da minha irmã, se fosse outro momento talvez eu até discutisse, mas aquele era um momento precário. Notícia ruim atrás de notícia ruim. Eu não sei descrever o que senti naquela hora, não foi um sentimento de angustia normal como quando sua irmã morre, foi algo muito maior, parecíamos estar ligadas mentalmente, parecíamos ser a mesma pessoa, parecíamos sentir a mesma dor. Eu amava muito Melissa e em todos os anos sem ela, eu nunca havia acordado um dia sem que eu pensasse no rosto pálido dela com os fios de cabelo negro que batiam um ao outro quando ela estava no vento. Era realmente doloroso aquilo. Eu nunca havia perdido alguém da minha família. Quer dizer... Eu fiquei sem noticia da minha família inteira esses anos, incluindo tias, tios, avós, primos e primas. Com certeza alguns deles devem ter ido deste mundo, mas eu não sabia quais foram e quais ficaram, eu não estava presente no momento para chorar ao lado da minha irmã e dar um abraço em minha mãe. E eu senti uma sensação única. A sensação de querer sumir do mundo, ir para outro mundo escuro onde não exista ninguém ou não exista sentimentos. Eu senti vontade de evaporar do mundo. Simplesmente... Ahn... Sumir. Me isolar em um canto escuro de quatro paredes, sentada no chão segurando os joelhos.
E então a porta se abriu de novo. Nos dois recuamos um pouco e nos encolhemos no chão. Mason olhava com um olhar ameaçador enquanto estava encostado na parede, e então, as mordidas e as queimaduras voltaram... Pior ainda! Eu não sabia como tinha conseguido aguentar da ultima vez, então eu não dava certeza de que dessa vez eu conseguiria. David se levantou, eu me lembro de ter gritado para que ele continuasse no lugar enquanto eu me retorcia e gritava de dor.
David’ POV
Eu não sei o que havia dado em mim. Mas quando eu olhei Allyson, os gritos de dor dela... Eu não aguentei vê-la assim sofrendo, gritando por ajuda, gritando para que alguém fosse ali e dissesse a ela que o monstro havia ido embora. Mas o verdadeiro monstro não estava ali, ali estava somente uma das garras do verdadeiro monstro. Eu me levantei, Allyson gritou “David! Por favor! Não faça isso! Ele vai te matar!”. Mas um sentimento me tomou... O sentimento da raiva me tomou e eu simplesmente não aguentei. Eu avancei para frente em pequenos e demorados passos enquanto Mason ria da minha cara por tentar enfrentar ele. Ele só não sabia que com raiva eu sou melhor ainda... Muito melhor. Eu fiquei de frente com ele, minhas presas estavam para fora e as veias extremamente escuras e negras de raiva circundavam meu rosto. Eu cheguei bem perto dele, coloquei uma das mãos em seu pescoço e outra em seu ombro. Depois eu puxei para os dois lados, e a única coisa que eu vi depois foi sangue, sangue pelo meu corpo todo, sangue de Mason. Duas partes de um vampiro em cada uma das minhas mãos se fazendo em pó. Eu o tinha dividido ao meio. Os gritos de Allyson cessaram. Eu larguei os destroços de Mason que eram quase cinzas e me virei para ela, meu rosto estava coberto de sangue que surpreendentemente começava a sumir assim como o corpo destroçado, isso não era comum. O corpo sumia e não o sangue. Mas eu não dei muita atenção a isso. Peguei uma manta branca que cobria a cadeira no centro do quarto e passei pelo meu rosto. Segundos depois eu estava limpo, qualquer destroço de Mason haviam se tornado cinzas, do sangue até o corpo. Allyson estava sem marcas de mordidas, mas estava suada, com as roupas furadas e com a cara aterrorizada. Ela mesma falou que as mortes que ela causou foram as piores da história. Mas eu tinha certeza de que a expressão aterrorizada se devia ao fato de que o assassino ali era eu. Todas as mortes que eu havia causado voltaram à minha memória. Enquanto eu vivia com Eric eu era um assassino sangue frio, eu matei muitas e muitas pessoas, perdi a conta, e assim como Allyson se descrevia, eu não sentia um pingo de culpa ou remorso. Ela se queixava de ter sido uma assassina cruel, mas ela não sabia o animal sem coração que um dia eu fui, antes de aparecer com as malas na casa dela.
Allyson’s POV
Medo.
Pela primeira vez eu senti medo. Medo de tudo. Não medo de David, mas medo do que ele poderia fazer. Não medo do presente, mas medo do futuro. Não me pergunte, eu não sei explicar isso. Simplesmente senti medo.
David começou a se aproximar em passos lentos, automaticamente eu recuei um pouco para trás, ainda sentada no chão, ele percebeu e parou de se mover. Mas aí eu me lembrei de que eu havia causado mortes muito piores, sem piedade ou um pingo de remorso. Eu não era melhor que David, eu não era melhor que ninguém. Eu não era melhor que o Freddy Krueger. Eu engoli em seco e tentei me levantar, fiquei em pé, mas cambaleei, David pegou meus braços e me segurou. Depois ele me pegou em seu colo e me levou para fora daquela maldita casa. Estávamos sem sangue há dois dias. Claro, podemos aguentar até pelo menos uma semana e meia sem sangue, mas nós dois nunca havíamos ficado sem nem um dia sem sangue, não éramos acostumados. David entrou na mata comigo em seus braços, ele não sabia para onde estava indo, só estava andando, esperando encontrar aquela casa. Ele começou a suar, as veias negras começaram a aparecer. Ele estava ficando louco sem sangue. Ele parou, parou no meio do caminho, virou um pouco a cabeça de lado, como se para olhar com os cantos dos olhos algo que estava atrás dele. Um cervo, dos grandes. Ele me sentou encostada em uma árvore, sem que o cervo nos visse. Então ele se aproximou com sorrateiramente com a beleza e o cuidado de um gato, um felino pronto para atacar. O cervo levantou a cabeça em alerta, David entrou atrás de uma árvore rapidamente. Mas o animal passou os olhos em volta pelo local e não viu nada, continuou a comer a pequena quantidade de capim. David saiu de trás do tronco enorme e começou a se aproximar, pisando nas folhas secas sem fazer algum barulho e então se jogou em cima do cervo, cravou os dentes no pescoço do animal e arrancou um pedaço, causando morte instantânea. Pegou o animal morto pelos pés e o arrastou até do meu lado.
- Está servida? – Ele perguntou se abaixando ao lado do cervo.
- Eu não vou comer essa... Coisa.
- Ok. Então seque aí.
Ele cravou os dentes no pescoço do animal novamente, mas em um local diferente e começou a sugar desesperadamente. Ele estava parecendo um verdadeiro felino, um animal. Mas eu estava com muita fome e não podia me dar ao luxo de conseguir um humano e colocar seu sangue em um copo de uísque. Eu fiquei olhando um pouco David sugar o sangue do cervo e não aguentei. Quando me dei conta meus dentes também estavam cravados no corpo do animal, um pouco abaixo do pescoço. Nós tínhamos drenado o animal. Eu parei antes de David que continuou a sugar o sangue desesperadamente, parecendo ter perdido o controle. Seus olhos estavam de cor vermelho escuro, salpicado de pequenos pontos castanhos.
- David, já está bom, acho melhor parar. – Ele não deu ouvido, continuou a sugar o sangue do cervo. – David... – Eu continuei falando. – David! – Eu comecei a falar com a voz um pouco mais pesada. – David! – Eu gritei. – DAVID! – Eu empurrei um pouco seu ombro. O animal estava totalmente seco, não dava para tirar mais nenhuma gota de sangue, David continuava a insistir, mas quando eu dei esse empurrão ele recuou e se jogou de costas em uma árvore.
- Eu... Desculpe.
- Tudo bem, é só um cervo. Vamos indo.
Eu limpei minha boca ensanguentada com as costas das mãos e me levantei, David fez o mesmo. Ele chegou perto de mim e fez o movimento com um dos braços para me pegar no colo, mas eu recuei e fiz que não com a cabeça, eu já estava boa o bastante para andar, e o sangue havia restaurado meus sentidos. Caminhamos sem rumo por um tempo, até que eu avistei a trilha e soltei um “graças a Deus”. Continuamos o caminho pela trilha e enfim avistamos a casa de Hunter. Você não sabe o alívio enorme que eu senti quando eu vi aquela casa antiga e enorme do meio do nada, pelo menos eu já sabia o caminho para sair dali.
Eu entrei na casa calada e David também. Dês de que ele havia falado que Melissa morreu, algo em mim havia mudado, parte de mim parecia ter sumido, e eu tinha inveja dessa parte, ela parecia se isolar no escuro de quatro paredes e isso era o que eu disse e o que eu mais queria fazer mesmo. Entrei direto para o banheiro para tomar banho. Quando saí eu me sentei, ainda de toalha na cama. David se sentou ao meu lado e começou a passar a mão pelos meus braços e por minhas pernas como se minha pele fosse de seda. E eu não pude conter as lágrimas que caíram pelo meu rosto e depois pingavam no peito nu de David que afagava minha cabeça encosta ali. Eu chorei tudo o que eu podia chorar. Chorei as lágrimas que não eram somente por minha irmã, mas que há muito tempo eu guardei. E elas pareciam não acabar mais. O tempo tomado pelo meu choro foi enorme e eu não sei quanta foi a paciência de David para ficar ali afagando minha cabeça e me beijando, tentando me confortar, mas foi muita. Ele levantou, pegou uma camiseta minha velha e enorme que eu dormia, tirou minha toalha e a colocou em mim, como se eu fosse uma criança, eu dei uma risada com muito esforço para agradecer, já que eu não conseguia pronunciar palavras. Ele arrumou as cobertas e se deitou, me puxando logo em seguida.
- Ei pequena. Me escuta, tudo vai ficar bem ok? Logo vamos achar aquela maldita casa e vamos matar o Eric ok? Isso tudo vai acabar logo logo. – Eu assenti e fechei os olhos depois de ele me dar um beijo. Mas não era isso que eu pressentia.
“Muita coisa ainda está por vir”, isso que se repetia em minha mente toda hora, me impedindo de dormir. As palavras se repetiam junto com a imagem de minha irmã grávida me abraçando, ou ela em uma cadeira de balanço com seu bebê nos braços. Era horrível. Era sombrio. Aquilo me assombrava a noite inteira. Era tudo culpa minha. Não sei explicar de que ponto é minha culpa, mas só sei afirmar isso, é tudo culpa minha, sim, culpa minha. Tudo isso que aconteceu foi por minha insistência. Talvez eu devesse jogar tudo para o ar, ir embora para a Austrália com David como eu sonhava e deixar tudo isso para trás, deixar Eric e seu plano maligno nos Estados Unidos, aqui em Los Angeles, deixar todas as mortes em Atlanta e seguir em frente. Talvez assim eu não machucasse mais ninguém, talvez assim eu não botasse mais ninguém em perigo. Talvez fosse até melhor que David não viesse comigo. Eu também tinha que preservar a vida dele. Eu sentia que todas as vidas, todos os mundos, todas as decisões, todas as ações, tudo infelizmente, dependia de mim agora.
Acordei, confortável e descansada, me sentei apoiada nos braços e olhei em volta do quarto vazio, aí que eu me lembrei de tudo que havia acontecido... E então de uma hora para a outra eu parecia não eras mais confortável e nem descansada, eu parecia estar cansada, cansada daquela merda de vida, a não ser pelo David. Parecia que aquela vontade de sumir do mundo sempre iria permanecer em mim, enquanto minha irmã estivesse morta, aquela sensação sempre iria estar dentro de mim, como se fosse uma parte de mim, uma parte que não poderia mais faltar para se fazer a minha pessoa, pessoa que eu prefiro chamar de animal. Levantei cambaleando pelo sono que eu sentia e fui até o banheiro, fechei a porta e sentei no chão, em um canto escuro do banheiro, segurando os joelhos com a cabeça encostada neles, não era como eu queria mesmo fazer, eu queria um mundo onde não houvesse mais ninguém, mas enquanto isso...
- Allyson... Você está bem? – David deu leves batidas do lado de fora na porta, eu limpei as lágrimas que haviam saído de meus olhos.
- Sim... Estou sim, David.
- Ok...
Eu me levantei e comecei a escovar os dentes, ainda estava com sono e meus olhos estavam um pouco mais fechados do que o normal. Entrei para tomar um banho e levei um escorregão, David já havia batido na porta, mas eu havia falado que fora só um tombo e estava tudo bem. Eu saí do banheiro e comecei a colocar a roupa para uma caminhada, David me olhou torto.
- O que está fazendo? – Ele perguntou.
- Me arrumando para achar a casa.
- O quê? Você vai sair? Depois de tudo.
- Sim.
- NÃO! Você não vai!
- Ok se você não quiser ir, mas eu vou! – Eu me levantei e fui saindo pela porta.
- Não! Eu não vou deixar você ir. – Ele se posicionou na frente da porta. Suspirei fundo. – Eu não vou perder você, me ouviu? Nós vamos embora para a casa e ponto final.
- David, eu preciso que entenda uma coisa, eu escolhi acabar com o Eric e ponto final, isso é uma escolha minha e ponto final. – Ele começou a se desesperar.
- Colocar sua vida em risco não é uma escolha! – Ele começou a chorar, limpando as lágrimas rapidamente. Eu segurei seu rosto com as mãos.
- Pode me fazer um favor?
- Qualquer coisa.
- Vá embora.
- O quê?
- Eu é que não posso te perder, não posso colocar sua vida em risco.
- Não, é você que tem que ir embora, você não pensa nos outros? Na falta que vai fazer?
- Você não pensa em mim? No mal que você vai me fazer se eu te perder? – Ele se calou e abaixou a cabeça. – Eu tenho que achar essa casa o mais rápido possível.
- Mas Aly...
Batidas na porta da casa. Nós dois nos entreolhamos, o que diabos alguém iria querer batendo em uma porta de uma casa no meio do nada? Tirando o fato de que eu entrei numa casa assim na noite anterior... Descemos para o andar debaixo, David hesitou e abriu a porta, então eu paralisei. Pernas compridas e pálidas, magra e alta, com os cabelos negros que lhe batiam nas costas e olhos cor de âmbar escuro. Melissa.
- Mel? David ela não estava...
- Sim Aly, ela estava... – David falou, nos referíamos a Melissa estar morta, como aquilo era possível? Espera não...
- Eu adoraria conversar com vocês se me convidassem pra entrar.
- Precisa de convite? – David retrucou.
- Sim, eu preciso. – Melissa parecia entediada e... Diferente. – Para conversar sobre isso. – Ela mostrou uma estaca, não uma qualquer, mas uma de carvalho branco. Eu e David arregalamos os olhos. Melissa tentou entrar e então foi barrada, pelo nada, como se tivesse uma barra invisível, era uma vampira.
- Você é uma vampira? – David perguntou. – Você estava morta!
- E estou morta. – Ela retrucou.
- Melissa, entre. – Eu falei, David olhou bravo para mim. Eu ignorei. Ela se jogou no sofá.
- É tão bom te ver de novo irmãzinha. – Eu ainda estava um pouco em choque, não a respondi.
- Ok, para de enrolar e vai direto ao assunto. – David falou. Ela revirou os olhos.
- Ele é sempre mal educado assim? – Ela disse o encarando, ele a olhou furiosamente. – Ok, ok. Direto ao ponto. Estão perdendo tempo procurando a casa.
- Ela não existe? – David colocou um dos pés na poltrona e continuou com o outro no chão, com o braço apoiado na coxa, Melissa o secou, eu senti uma grande pontada de... Confesso, ciúmes.
- Não, essa estaca é a última que existe, ao conhecimento dos vampiros. – David fez o movimento para pegar a estaca, Melissa recuou. – Na-não. – David fez uma expressão de confuso. – Favor em troca de favor.
- Como assim? – Ele perguntou ainda confuso.
- Vocês querem a estaca, só se eu tiver meu bebê de volta.
- Mas está com a nossa mãe. – Eu falei.
- Não, não está. Eric o pegou. – David se colocou de pé fazendo uma cara de preocupado.
- Trato feito. – Eu falei, David me olhou com o mesmo olhar. – A estaca pelo bebê. – Melissa hesitou, mas se levantou e entregou a estaca a David.
- É a única, faça-me o favor de não perde-la.
- Certo. – David disse.
- Eu tenho que ir agora.
- Mas Mel, espere!
- Você não tem o direito de me chamar de Mel! – Ela retrucou. – Você foi embora há oito anos e só se importou em nos ver esse ano! E ainda saiu correndo! Me deixou casada com um assassino e nem sequer ligou! Você não tem mais o direito de ter o amor que eu tinha por você, Allyson. – E então ela saiu pela porta.
Capítulo 9
- Essa é a última estaca então? – Hunter falava girando a estaca na mão.
Depois que Melissa havia saído eu não estava falando muito. Como não havia mais nada para procurar, David e eu fomos avisar o resto do pessoal e ainda estávamos em Inglewood, na casa em que eu e David havíamos ficado.
- Sim, é a última. Do conhecimento da nossa espécie.
- Agora é só fazer uma emboscada. – Charles falou, do lado de Gracielle, apoiado em uma cadeira. Eu soltei uma risada sarcástica.
- Desculpe Charles, mas não é tão fácil como você pensa. Ninguém vai se machucar, eu vou fazer isso.
- Não Allyson, somos uma equipe, vamos fazer isso juntos.
- JÁ DISSE QUE NINGUÉM VAI SE MACHUCAR! – Eu saí da sala subindo para meu quarto.
David’s POV
Ela subiu as escadas para seu quarto pisando duro. Eu não acho que qualquer pessoa ou um vampiro possa ser capaz de aguentar o que ela estava aguentando, e para piorar tudo, a rejeição da irmã.
- Por favor... Paciência com ela... – Eu disse puxando uma cadeira e depois me sentando. – Ela têm passado por muita coisa ultimamente, não é surpresa que ela está assim.
- E ela continua se jogando ao fundo do poço, achando que todo o peso do mundo e de nossas vidas está nas costas dela. – Elijah falou.
- Sim. Ela acha que tudo o que temos passado foi culpa dela. Já tentei tirar isso da cabeça dela, mas aquela é mais dura que pedra de cachoeira. Só me pergunto pelo que mais ela vai passar se continuar assim desse jeito.
- De qualquer jeito, a Allyson é a pessoa mais forte que eu já conheci.
- Sim, ela é.
- Como alguém pode aguentar tudo isso?
- Eu sinceramente não sei.
- E temo que ela vá passar por muito mais. – Hunter falou. Todos o olharam. – Eric não está morto, qualquer chance ainda é válida. Temos que protegê-la. – Todos assentiram.
Fez-se silêncio. Eu saí da sala e subi as escadas atrás de Allyson. E então do nada ouvi algo na minha cabeça, não era eu que estava pensando aquilo, simplesmente veio aquela voz em minha cabeça. “Por favor, não venha aqui.” A voz falou, eu a reconheci. “Allyson? Como está fazendo isso?” “Acabei de descobrir que posso fazer isso.” “Agora? Neste momento?” “Sim.” “Onde você está?” “Em um dos quartos.” Eu fui até a porta de um quarto e a abri lentamente. Allyson estava sentada no meio da cama de costas para a porta.
- Oi. – Eu disse entrando no quarto e me sentando ao lado dela.
- Oi.
- Allyson, precisa saber de uma coisa. Nós todos aqui somos uma equipe, temos de fazer tudo juntos, não é algo simples como jogar tudo nas suas costas.
- Mas é obrigação minha. – Eu ri.
- Não é obrigação sua.
- O Eric tá fazendo tudo isso por causa de mim.
- Pàra ok? Só pàra com esse pensamento, por favor. Todos nós estamos aqui pra fazermos isso juntos. Somos uma equipe e estaremos sempre aqui pra você ok? Você nunca vai ficar sozinha. – Eu a abracei, ela assentiu.
Eu a beijei, mas ela estava diferente, era isso que eu sentia, que Allyson era a mesma garota, mas estava diferente.
Allyson’s POV
Depois que David saiu do quarto eu não sei o que deu em mim, uma vontade enorme de sair correndo, e por instinto foi isso que eu fiz. Abri a janela e pulei para fora como um gato, sem fazer um mínimo barulho entre as folhas secas que caíam no chão, e então eu corri, simplesmente corri, como se não houvesse amanhã ou como se minha vida dependesse disso. As gotas de chuva começaram a cair, quando eu olhava para cima elas caíam em meu rosto em câmera lenta. A chuva foi aumentando e se tornou uma tempestade, fria, ventosa, nada gentil. Mas eu continuei correndo e então tropecei em uma raiz de uma árvore enorme e permaneci no chão, eu não estava enxergando nada, nem mesmo com a minha visão apurada, mas não por causa da lógica, talvez eu não quisesse enxergar nada naquele momento. Então eu me sentei encostada com as costas na árvore e comecei a chorar. As lágrimas se misturavam com as gotas da chuva em meu rosto, não permitindo saber qual era qual. E então eu senti uma mão, uma mão pegando a minha e me levantando, eu continuava não enxergar nada. Mas aquele não era David, não era Charles, Elijah ou Hunter. Eu não sabia ao certo quem era, só sabia que não era algum desconhecido. Eu me deixei levar, me levantei e deixei que ele me guiasse, ainda não enxergando nada. E então a chuva cessou, mas o barulho não, eu estava em alguma varanda ou lugar parecido, eu só ouvi três palavras em meu ouvido: “Transforme-o ou mate-o.” E depois a pessoa foi embora. Aí que me dei conta que na verdade, o tempo inteiro meus olhos estavam fechados, então eu os abri e vi a coisa mais assustadora que eu já tinha visto. Tyler deitado no chão, com os pulsos cortados e sangrando, o chão estava encharcado e ele estava com os olhos fechados e a respiração lenta, já devia ter perdido muito sangue. Eu não estava em mais nada do que uma cobertura feita de madeira e palha no meio da floresta, como um lugar para fazer churrascos. Eu corri até ele com as roupas molhadas e pesadas, então eu liguei as palavras com a situação que eu estava. Ou eu o transformava em hibrido, ou ele morria, simples assim, não dava mais tempo de leva-lo até um médico, ele já havia perdido muito sangue, e se eu quisesse cura-lo eu teria de dar meu sangue a ele, mas na situação dele, não iria funcionar, eu iria dar meu sangue a ele, ele morreria e depois seria um hibrido. Ou a segunda opção, eu deixava que ele morresse. Mas eu não podia perdê-lo mesmo que ele não pertencesse mais ao meu coração. Eu não queria fazer aquilo, eu não podia fazer aquilo, mas também não podia perdê-lo, eu não podia transforma-lo no que eu era ainda mais quando eu sempre me odiei pelo fato de ser aquilo, eu nunca quis ser aquilo, ser uma assassina, eu não podia transforma-lo, mas o tempo estava acabando e eu era egoísta sim, eu não podia perdê-lo. E o mais importante, não podia tirar dele os direitos os quais foram tirados de mim, era injusto. Assim como foi injusto comigo, eu não tinha feito nada e mesmo assim aconteceu. Ele não fez nada, passou por muita coisa e ainda teria que aguentar mais esse enorme infortúnio? Eu simplesmente não sabia o que fazer.
Tyler abriu os olhos lentamente e os fixou nos meus, uma lágrima desceu pelo meu rosto e caiu em sua camiseta. Eu... Não tinha mais ele, mas eu não podia só pensar em mim, eu tinha que pensar nas pessoas que tinham ele, mesmo eu não sendo uma delas. Peguei meu pulso e o rasguei, eu senti dor, não me importei em regular isso. O sangue escorreu pelo meu braço, eu estendi meu pulso para ele e ele bebeu, sem reclamar, com os olhos fechados, ele levantou as mãos devagar e colocou-as em meu braço enquanto me sugava. Ele estava terrivelmente quente, com certeza uma febre, afinal, ele estava no frio em meio do nada. Ele parou de sugar e deixou que seus braços caíssem para os lados, eu recuei o meu braço e o fiquei olhando. Então... Ele abriu e fechou os olhos. Eu deitei minha cabeça em seu peito e ouvi seus batimentos cardíacos, cada vez mais devagares, e então eu ouvi o último bater de seu coração, depois seu corpo se quietou e dentro dele não havia mais batidas. Ele havia morrido. Eu o abracei e mais lágrimas escorreram pelo meu rosto. Eu fiquei na mesma posição por algumas horas, até que eu ouvi a primeira respiração ofegante. A transição estava completa e ele era um hibrido. Abriu os olhos e olhou fixamente para mim, como se tivesse acabado de acordar de uma noite de sono. Eu fechei os meus e senti suas mãos passando pelo meu rosto molhado. Ele se sentou e não falou nada, colocou a mão em seu peito e arregalou os olhos lentamente, não sentia nada. Ele olhou para mim ainda com os olhos arregalados, como se perguntando com os olhos se ele era um hibrido, eu assenti, ele se levantou cambaleando. Eu o peguei pelo braço e caminhamos juntos até a casa onde todos estavam. Eu... Eu não sei explicar como eu estava àquela hora, mas não era um sentimento bom.
Eu abri a porta, a chuva já havia parado quando Tyler acordou. Todos me olharam com olhos arregalados e queixos caídos, eu estava toda molhada e segurando Tyler ensanguentado e sujo pelo braço.
- Você não estava lá em cima? – David perguntou surpreso.
- Não. – Eu entrei e quando demos o primeiro passo Tyler desmaiou, certamente por estar com fome. Eu o coloquei deitado no chão e fechei a porta.
- O que aconteceu com ele? – Hunter disse se aproximando de Tyler.
- É um hibrido.
- Dês de quando?!
- Dês de há alguns minutos.
- Você o transformou?
- Qual escolha eu tinha? –
Eu dei as costas e subi as escadas de novo. David foi atrás de mim.
- Você é louca? Saiu no meio de uma tempestade sem ninguém saber? Você é louca?
- Sim David! Eu sou louca!
- O que aconteceu? Me conta.
- Só me deixa descansar ok? Eu quero voltar pra Los Angeles amanhã. – Eu entrei no banheiro e bati a porta, sem olhar a expressão dele.
- Ok... – Eu o ouvi falando do lado de fora da porta.
Eu tomei um banho e joguei minhas roupas molhadas na pia. Depois coloquei um vestido justo na parte de cima e rodado em baixo, azul, até um pouco acima dos joelhos. Depois eu deitei em uma cama de um dos quartos que ninguém estava usando, a chuva havia voltado e tudo que eu via eram gotas de água no vidro transparente da janela. Senti uma vontade imensa de sair correndo novamente, pular pela janela e me molhar de novo, mas algo me impediu de fazer isso de novo, David me impediu. Ele entrou no quarto e não falou nada, não precisava falar. Todos haviam ido embora para arrumar as coisa e partirem amanhã para Los Angeles, estávamos sozinhos na casa de novo. Eu estava de bruços na cama com o olhar fixo na janela, David se deitou do meu lado e eu virei o rosto para olha-lo... Eu só consegui pensar em como ele era lindo, o desenho perfeito de seu peitoral musculoso e definido, as curvas perfeitas de seus músculos, a pele morena perfeita, tudo... Extremamente perfeito, ele era lindo, certos momentos dava até medo de tocar e aquela perfeição se desmanchar em um segundo. Ele colocou uma das mãos em meu rosto e me beijou, o beijo mais perfeito era o dele, a mão começou a abaixar e enlaçou-se em minha cintura, já estávamos com os corpos colados, ele foi levantando meu vestido para que apertasse minhas pernas como sempre fazia, subi em cima dele e arranquei sua camiseta cuidadosamente, revelando aquela... PERFEIÇÃO. E por algum motivo eu me dei conta de que eu não tinha somente atração pelo corpo dele, mas era também seu coração, o jeito como ele se preocupava comigo, o jeito dele, tudo dele sobre mim, eu o amava por tudo isso, simplesmente o amava. Era como se fossemos feitos sob medida um para o outro, tudo nele me completava, tudo em mim o completava. Eu estava embaixo dele e meu vestido já estava no chão, as roupas dele também. Minhas pernas enlaçavam seus quadris e seus beijos enchiam meu pescoço e meus lábios. Acabou como sempre, e eu nunca iria me enjoar disso.
David havia dormido, mas eu não, não conseguia dormir. Agora Hunter teria dois alunos para ensinar a se controlar, e Tyler teria que ficar um tempo longe dos amigos, longe do set. Sem dúvida foi Eric que havia trazido ele para lá e cortado seus pulsos. Quem mais seria? Quem mais conheceria Tyler e saberia que ele teve algo comigo? Quem mais faria essa crueldade, senão a crueldade em pessoa? Ninguém a não ser Eric. O maior filho da mãe desgraçado que eu já conheci. O que eu mais ficava intrigada era... Porque tudo isso? O que aquele desgraçado queria? Porque eu? Ah... Tantas perguntas... Talvez seja melhor você ver isso tudo do ponto de vista de outra pessoa, o problema é, ninguém conhece isso tudo melhor do que eu.Finalmente consegui dormir, de noite. Acordei nove horas da manhã, David estava se trocando no quarto e soltou um sorriso para mim quando viu que eu estava acordada.
- Acordou pequena? - Bom, vamos voltar hoje para Los Angeles.
- Vou me arrumar.
- Ok, mas se quiser dormir mais um pouco... – Eu fiz que não com a cabeça e dei um sorriso.
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I know where you hide
(Eu sei onde você se esconde)
Alone in your car
(Sozinha no seu carro)
Know all of the things that make you who you are
(Sei todas as coisas que fazem você ser quem é)
I know that goodbye means nothing at all
(Eu sei que adeus não significa nada)
Comes back and begs me to catch her every time she falls
(Volta e me pede pra que a segure toda vez que ela cair)
Trecho da música: She Will Be Loved – Maroon 5
O carro andava e David cantava a música junto com o rádio, olhando para mim e dando sorrisos. Eu deixei me contagiar e comecei a cantar também. Ele me olhava como se estivesse falando para mim “Essa eu canto para você”. Nesse momento David havia se tornado o cara mais fofo do mundo inteiro. Mas por mais que eu me mostrasse ali feliz, me mostrasse animada e capaz de fazer qualquer coisa... Por dentro eu estava caindo em pedaços, estava como um poço sem fundo e escuro, ou até mesmo como uma velha casa assombrada e grande com teias de aranha para todo lado. A música havia acabado, o sorriso no rosto de David ia lentamente sumindo, e de pouco em pouco eu ia encostando minha cabeça na porta do carro. De pouco em pouco o clima ia ficando silencioso e sem graça de novo e eu dormi. Acordei com um barulho de pessoas falando como se tivesse acontecido algo, na verdade, havia acontecido algo. Eu ainda estava dentro do carro parado, David olhava para fora com olhos precisos, eu me inclinei um pouco e vi uma mulher deitada no chão, morta, com uma enorme mordida no pescoço, o vestido florido inteiro ensanguentado, era bonita e nova... Uma vida inteira pela frente. Eu só conseguia ouvir as pessoas falando e comentando, muitas falavam “Ele veio e simplesmente a mordeu! Como um verdadeiro animal!”. Oh-uh, a sociedade vampiresca (me referindo à vampiros e híbridos) está com um grande probleminha... E Hunter é o caçador dessa cidade, ou seja, nosso grupo, Elijah, Charles, Hunter e eu, somos nós que resolvemos esses casos geralmente... Outro problema não... Por favor...
- Eu acho que Hunter tem um pequeno probleminha... – David disse colocando o carro de volta em movimento.
- Se ele ainda me considerar do grupo...
- Ahn, ele ainda te considera do grupo, mas não acho que ele irá querer colocar você no meio disso. O problema é que a sociedade vampiresca está com um grande problema. – Eu não disse? – Pelo jeito, o cara atacou aqui no meio de todo mundo, todo mundo viu, terão que falar que o cara veio de uma tribo canibal ou sei lá... – Eu ri. – Ué, quais as outras possíveis desculpas?
- Ahn... Drogas, lucidez... Sei lá.
- Drogas?
- É... Acho que pode ser uma possibilidade.
- Ok. Vou levar isso como uma.
- E você acha que o cara vir de uma tribo canibal é muito provável...?
- Ah, sei lá, vai que... – Ele fez uma pausa. – Né? – Eu ri de novo.
- Ah claro, pelas redondezas daqui tem muitas tribos canibais né? – Nós dois rimos.
- Talvez tenha, ué.
- Ok David, ok. – Eu soltei um riso de novo.
Ele voltou a dirigir normalmente. Chegamos em casa de novo, ah como era bom, pelo menos ali tinha uma chance menor de eu ser presa de novo em alguma sala de tortura para vampiros. Levamos as malas para cima e as desfizemos, estava tudo normal de novo. Não havia muita coisa para fazer e o que eu mais queria por esses dias era ficar longe um pouco desse drama todo de querer matar Eric, ou de minha irmã ser uma vampira e todos os outros dramas presentes em minha vida. A chuva havia voltado, peguei uma manta e me enrolei nela, me sentei no balanço da varanda de trás da casa que era coberto, ali não dava para a rua, só o muro da casa e um jardim com grama e algumas flores mortas. Fiquei observando as gotas de água cair do céu e baterem na grama do jardim mal cuidado da casa de David. David saiu de dentro da casa e se espreguiçou, viu que eu estava no balanço e se sentou ao meu lado, depois se deitou e colocou a cabeça em meu colo. Eu comecei a acariciar seus cabelos negros, penteando e o arrumando, depois o bagunçando de novo. David estava com os olhos fechados, sem camisa (ah... Que novidade), e com uma calça jeans clara surrada e rasgada, descalço. Se ele estivesse sujo seria um legitimo mendigo, mas tinha acabado de tomar banho e ele daquele jeito estava muito... Sexy. Eu passei um dos dedos pelo seu ombro, seus pelos eriçaram. Depois eu o dei um beijo. Ele soltou um riso depois que eu recuei minha cabeça.
- O que foi? – Eu perguntei.
- Se você me conhecesse antes, não diria que eu sou o mesmo cara.
- Por quê?
- Eu andava com Eric, Allyson. Eu também era um assassino, eu matei muita gente, eu já fui o hibrido mais temido de algumas cidades, eu fui terrível. Eu era frio, seco, sem coração. Não consigo que acreditar que você me fez mudar tanto. Minha vida era só farrear, fazer os serviços pro Eric, beber, transar e mais nada. Tudo que eu fazia, eu fazia sem emoção.
- Quer dizer que você gostou ou não de eu ter te mudado?
- Eu não posso mais pegar ninguém, não posso mais beber tanto, não posso mais matar em disparada... Mas ficar com você equivale a tudo isso...
- Ai que fofo que você é! – Eu disse fazendo uma cara de fofinha.
- Ah... Por favor, não comece com isso.
- Você que tá todo romântico.
- Eu acho que já disse que odeio que você me faça ser romântico, não disse?
- Já. – Eu ri.
- Então chega de romantismo.
Ele se levantou e me colocou em cima dele, me beijando violentamente como sempre fazia, como eu sempre adorava.
- Ah! Ele é tão lindo Aly! Você tem que ver! Ele me trata como uma princesa! – Taylor falava, no trabalho, sobre um rapaz que ela estava gostando. – Ele é tão carinhoso! – Pffft... Prefiro os violentos (eu quase falei). – Ele é tão bom pra mim! Achei meu par perfeito! – Os olhos dela brilhavam.
- Que bom Taylor! – Eu disse remexendo em alguns roteiros.
- E o Tyler? Vocês largaram? – Ela perguntou um pouco sem jeito.
- Sim... Não demos muito certo.
- Que pena, vocês formavam um casal tão lindo.
Eu não percebi que David estava um pouco atrás de nós, ele veio até do meu lado e colocou uma das mãos em minha cintura, não legitimamente como um namorado, mas dava para perceber qualquer coisa. Eu quase tirei a mão dele dali, mas eu sabia que se eu fizesse isso eu iria nos entregar mais ainda. Ninguém ainda podia saber que tinha algo entre mim e David. Mas Taylor já era minha melhor amiga, eu contava tudo para ela, quer dizer... Quase tudo, não o fato de eu ser uma hibrida, de Tyler virar um hibrido, David ser um hibrido, etc. Taylor olhou um pouco torto e ficou ainda mais sem graça.
Continua...
Autor(a): Mac
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Capítulo 10 - Ahn... Eu tenho que ir lá, parece que o Bill tá me chamando... – Taylor deu esta desculpa para poder sair dali. - Ok. Depois a gente se fala então. - É. Tchau Aly, tchau David. - Tchau. – Eu e David falamos juntos. - Eu não estou aguentando mais isso. – David falou se apoiando em uma mesa com as ...
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