Fanfic: Sorry, Not My Fault - ChaMel

Eu repensei na possibilidade de não ir, mas parecia que as coisas só pioravam, minha vista estava embaçada e minha garganta seca. Eu tentei chamar pelo Chay, deixaria o orgulho de lado por enquanto, mas a voz não saia, só saia um sussurro. Por isso tive de cambalear até a porta, e ir me apoiando nas paredes até a porta do quarto do Chay, que pra minha sorte, estava aberta. Apoiei-me no batente na porta e tentei chama-lo, apenas um sussurro, não enxergava direito. Escutei ele falar algo como "O que você ta faze..." mas ele não terminou, provavelmente ao ver minha situação, ou simplesmente eu desmaiei e não pude escutar o resto.

Chay - Que merda, garota! Você não imagina o susto que eu levei quando você desmaiou. - ele bufou, parecendo preocupado, quando eu abri os olhos.

Mel - Como se você se preocupasse. - eu murmurei e ele me fitou.

Chay - Eu me preocupo com o que sua mãe iria achar se eu deixasse você desmaiada no chão.

Mel - Pronto. Não precisa mais se preocupar com isso. - eu sorri sarcástica.

Valentina - Ela acordou, já ta bem, amor. Não é mesmo, querida? - ela sorriu interrompendo nossa conversa.

Chay - Eu vou te levar pro hospital. -eu balancei a cabeça.

Mel - Não! Você ouviu, eu já to bem, amor - eu debochei com uma voz fina e a loira oxigenada me fitava furiosa.

Chay - Eu não perguntei, você vai.

Mel - Não, não vou. Já to bem, a pressão deve ter abaixado de novo. - eu dei de ombros desejando que aquela oxigenada saísse do quarto. Que por acaso era do Chay.

Valentina - Amor, eu quero ir pra casa. Me leva? - eu fechei os olhos e os punhos, me controlando pra não esmurrar a dona daquela voz irritante.

Chay - Você não sabe ir sozinha? - ele a encarou e ela abriu a boca, perplexa. Enquanto eu segurava o riso.

Valentina - Mas...

Chay - Você não escutou?

Mel - Pode levar ela, eu to bem. - ele me fitou. - É sério.

Chay - Não vou te deixar sozinha. 

Valentina - Chama as amiguinhas dela. - ela falou com desdém.

- É, chama as minhas amiguinhas. - eu debochei e Valentina bufou - Sério. Pode ir, eu vou ficar bem. Na verdade, eu já estou bem.

- Sério? - ele indagou incerto.

- Sim, vai logo! - eu bufei ele me deu um beijo na testa e quando eu bufei de novo ele se afastou, risonho, e foi direção da porta, mas assim que chegou perto dela, parou e deu um olhar significativo pra Valentina. Um olhar parecido com a de um pai, pedindo pra filha mais velha cuidar da mais nova. Aquilo chegava a me deixar enjoada. Assim que ele fechou a porta o sorriso falso no rosto de Valentina murchou e ela me fitou, se aproximando da cama.

- Olha aqui garota, eu sei que você fez isso só pra chamar a atenção do MEU Chay... - ela destacou o "Meu" e eu me limitei a rir. - Qual é a graça?

- Coitada, tão iludida. - eu balancei a cabeça, ainda rindo.
- A iludida aqui é você, por achar que ele gosta ou já gostou de você. - ela me fitava, furiosa.

- E você acha que ele gosta de você? - eu ergui as sobrancelhas me inclinando pra frente.

- Eu não acho. Tenho certeza. Ele me ama. - ela sorriu convicta.

- Depois a iludida sou eu né? Pelo amor de Deus, garota. Ele só ama a si próprio.

- Você fala isso porque ele só te usou. Fingiu gostar de você, ganhou sua confiança. Tirou a sua virgindade e te jogou fora. - ela riu - Eu tenho dó de você. Depois de tudo o que ele te fez, você ainda corre atrás dele.

- Você não sabe de nada. Tanto que acha que eu corro atrás dele. Eu não me chamo Vadia, ou melhor, Valentina. - eu tentei me demonstrar firme, enquanto ela ria.

- Não corre? Então porque foi justamente pro quarto dele?! Você ficou trancada nesse quarto durante tantos dias, sem comer, sabia que passaria mal e por isso esperou a hora certa pra chamar a atenção dele.

- Não que eu me preocupe com você. Mas eu acho melhor você se afastar dele. - eu respirei fundo e ela riu. 

- Pra que? Pra você dar em cima dele? Nem pensar!

- Não. Não é pra isso! - eu exclamei sem paciência. - Ele vai te usar. Como me usou. Como usou várias meninas. E por mais que você mereça isso...

- Ele não vai me usar. Comigo é diferente. - ela me interrompeu e eu me inclinei mais pra frente, de novo.

- Porque com você é diferente? Você é uma menina como qualquer uma que ele já pegou. Quer dizer, você é mais atirada.

- Porque ele ME ama - ela sorriu provocativa.

- Ok, acredite no que quiser só não fala que eu não avisei. - eu respirei fundo, e voltei a me deitar na cama, de uma forma mais confortável.

- Só porque ele te usou, queridinha, não quer dizer que ele vá me usar. Você só foi um brinquedo pra ele. Um passatempo. - ela provocou.

- Já falou o que tinha de falar? Pronto. Agora sai. - eu apontei pra porta sem esperar resposta.

- Você sempre faz isso. - ela se levantou, rindo, e andando em círculos pelo quarto.

- Fazer o que? - eu franzi a testa. - ah, nem quero saber! Pode sair?

- Isso. Sempre que se sente indefesa tenta se afastar da pessoa, expulsa-la. - ela me fitou, ainda andando pelo quarto e pegando a camisa vermelha em cima da pequena estante ali. A camisa que eu havia devolvido fazia uns dias. A camisa que eu tanto disputei por ter a "guarda" isso chegava a ser idiota agora.

- Eu não me sinto indefesa! - eu retruquei - mas confesso que quero sim que você saia!

- Não - ela falou simplesmente abraçando a camisa e eu senti meu estomago revirar. - o quarto não é seu, querida, não haja como se fosse.

- Larga essa camisa. - eu falei entre os dentes.

- Vai me dizer que você usa roupa de menino agora e essa camisa é sua? - ela debochou e eu bufei.

- Como se ela fosse sua!

- Não. Ela não é minha. - ela foi aumentando o tom de voz. - mas é do MEU namorado então vo... - ela se interrompeu ao escutar a porta do quarto se abrir. - então, querida, fico feliz de você já estar bem melhor. - ela sorriu falsadamente com uma voz extremamente irritante, que me dava gastura.

- Ta tudo bem aqui? - Chay indagou desconfiado e as meninas bufaram ao ver a Valentina ali.

- Está sim, amor. Sua irmã já melhorou. - ela respondeu rapidamente, me provocando. - vamos... - ela se aproximou da cama e colocou a camisa em uma estante ali. - se conforme, ele é meu, ele só te considera como uma irmã pirralha. Uma irmã. Apenas. - ela sussurrou pra que só eu escutasse e caminhou em direção do Chay, e em um ato de provocação passou os braços sobre os ombros dele e o beijou. Eu abaixei o meu olhar e senti meu estomago revirar de novo, desejando que eles saissem logo dali. O Chay se afastou dela dando um sorriso sem graça e caminhou em minha direção.

- Depois eu volto. - ele sorriu e beijou minha testa, se afastando da cama e assim que chegou perto das meninas pude escuta-lo dizer - cuide dela. - ele foi até a porta e a oxigenada me olhou de novo com um olhar de raiva e o beijou de novo. Senti meu estomago embrulhar com a cena e coloquei a mão sobre a boca, o Chay se afastou dela e bufou enquanto saia do quarto a arrastando. Assim que a porta de fechou eu não aguentei e corri em direção ao banheiro.

- Vou chamar o Chay! - Bárbara falou da porta do banheiro enquanto a Fê e a Lari tentavam afastar meu cabelo do meu rosto. Minha barriga doía por estar apoiada naquela porcelana vomitando o pouco que havia comido por obrigação.