Fanfic: Sorry, Not My Fault - ChaMel

- Aé? E você pretende esconder isso como? - Larissa cruzou os braços.

- Filha, você acha mesmo que sua barriga não vai crescer? Por falar nisso, já ta inchada e como a gente não notou isso? - Fernanda parecia falar mais pra ela mesma do que para mim.

- Ele não vai ficar sabendo.

- Do que você ta falando, Melanie? - Bárbara perguntou receosa.

- To falando que ninguém vai saber desse bebê. - eu dei de ombros e funguei, finalmente havia controlado o meu choro - vou dar um jeito.

- Melanie, você não vai tirar esse bebê, né? - Bárbara perguntou perplexa.

- Claro que não! Você acha que eu sou o que? Posso ser irresponsável mas não sou um monstro. - eu falei na defensiva.

- E como você vai esconder dele, Mel? Se você não se lembra, você mora na mesma casa que ele. - Larissa parecia curiosa quanto a minha resposta.

- Eu vou tentar esconder o máximo, sei lá, usar camisas largas e quando não der mais pra esconder eu vou morar com a minha avó. - eu dei de ombros.

- Melanie, sua avó não se dá bem com a sua mãe, mas você realmente acha que ela não vai contar pra ela assim que saber? - Fernanda revirou os olhos. Aquilo era realmente verdade, minha mãe havia brigado com a minha avó por causa do seu namoro com o meu pai, e desde então elas vivem nessa briga idiota. Mas apesar disso tudo, Fernanda tinha razão, vovó contaria pra minha mãe. Ela não esconderia algo tão sério nem que eu implorasse.

- Fernanda, você não ta ajudando! - eu senti meus olhos arderem, não, chorar de novo não!

- Sem falar que a gente não vai deixar você sair daqui. - Bárbara falou decidida

- Não? - Larissa olhou pra Bárbara que lhe deu um tapa na cabeça e gesticulou pra mim - Ai! Claro que não!

- Eu não posso ficar aqui, o Chay não pode saber. - eu falei em um tom de suplica.

- Melanie, ele tem de saber, ele é o pai você n...

- Eu não fiz esse filho sozinha, eu sei, nem vem com clichê! - eu bufei a interrompendo e ela soltou um risinho. - pode até ser, mas eu posso criar esse filho sozinha. - eu falei decidida.

- Hey, então pelo menos espere um pouco mais, pensa direito. - Bárbara tentou me convencer e eu fiquei indecisa.

- Por nós, Mel! - Fê suplicou.

- Isso não vale...

- Vale sim, pela nossa amizade, por esse bebê! - Larissa continuou com a imploração.

- Eu odeio vocês. - eu falei entre os dentes. De certa forma, eu acho que eu precisava ficar lá, nem que seja por pouco tempo, o que eu tenho certeza que será. Eu acho que eu não conseguiria levar esse fardo sozinha. Ter de aguentar tanta pressão e desistir dos meus sonhos por esse ser dentro de mim. Confesso que sinto uma certa raiva do bebê, ou melhor, um remorso. Apesar dele não ter culpa, eu não consigo deixar de sentir isso. Eu queria poder ama-lo como uma mãe verdadeira ama o filho, mas eu não o amo. E por isso e por vários motivos, vou precisar do apoio das minhas amigas.

- Eu sei que você nos ama. - Fernanda falou presunçosa.

- Ok, eu vou ficar aqui, mas minha opinião sobre ir embora daqui não muda. Não quero que Chay saiba.

- Melanie, de boa, sou sua amiga e quero seu bem. Se você não contar pra ele nós vamos contar. - Bárbara falou.

- OQUE? - eu gritei desesperada.

- Vamos? - Larissa indagou confusa e foi a vez de Fernanda lhe dar um tapa.

- Caralho que lerdeza hoje. É obvio que vamos! - Fernanda bufou.

- Vocês não fariam isso. - eu balancei a cabeça.

- Duvida? - Bárbara ergueu as sobrancelhas. - Vamos te dar tempo Mel, se você não contar, nós vamos. Você não vai cuidar desse filho sozinho, é responsabilidade sua e dele, e queremos o seu bem.

- O meu bem seria vocês não contarem! - algumas lágrimas escaparam do meus olhos. Que merda. Eu achava que o assunto de "hormônios" na gravidez era mentira, mas realmente é verdade.

- O seu bem é ele estar do seu lado te ajudando nessas horas. Então não questione. - Bárbara falou fria.

- Podem me deixar sozinha, pelo menos? - eu tentei limpar as lágrimas, mas mesmo assim, sempre vinham outras. Pra mim aquilo me parecia uma traição. E o pior, a traição das minhas amigas. Elas se entre olharam e acentiram, saindo.

- Vê se não faz besteira, qualquer coisa nos chama - Bárbara falou antes de sair do quarto. Assim que a porta se fechou eu me deitei na cama e de novo os malditos hormonios atacaram. Eu estava ferrada. Vitor diria o quão irresponsavel eu fui, minha mãe surtaria e Chay, bem o Chay eu nem imagino a sua reação e era disso que eu tinha medo, do improvavel. Ele podia surtar e me mandar abortar, ou na hipotese mais impossivel ele poderia ficar feliz. Mas na verdade, apesar de achar ele um pouco inprevisivel, eu sabia que ele não ficaria feliz. Sabia que ele poderia me mandar abortar. O único jeito era ir morar com a minha avó e assim que eles descobrissem sobre a minha gravidez dizer que o bebê não era do Chay, sabia que disconfiariam, mas pelo menos, eu teria uma resposta já em mente. E foi com esses pensamentos que em pouco tempo eu peguei no sono.

- ACORDA, RAIO DE SOL! - Fernanda pulava em cima da cama.

- Desgraçada! Vá se ferra, Fernanda! - eu grunhi colocando o travesseiro em cima do rosto.

- LEVANTA, PREGUIÇOSA! - Larissa começou a pular junto.

- De boa, voltem pro inferno! - eu tirei o travesseiro do rosto e me sentei, puxando os calcanhares da Fê e da Lari fazendo com que elas caissem sentadas na cama, e logo em seguida as duas gargalharam. Nem parecia que ontem eu havia descoberto que estava grávida. Elas pareciam animadas de mais. - o que vieram fazer aqui?

- Nada, somos suas amigas, oxe! - Fernanda fez cara de santa e eu a encarei.

- Sim é mentira, nós estamos aqui pra ficar de olho em você e força-la a comer. - Bárbara finalmente falou e eu suspirei pesadamente.

- Preciso de babá agora? - me levantei da cama e deslizei os dedos sobre os olhos, tentando fazer o sono passar mais rápido.

- Precisa, e nem reclama, anda toma um banho e se veste, vamos almoçar fora. - Fernanda disse animada

- Almoçar? - eu arregalei os olhos e elas riram. - fora?

- É, você não sai faz tempo, vai apodrecer! - Larissa debochou e riu da própria piada. - foi engraçado gente! Riam! - ela balançou as mãos e nós nos entre olhamos.
- Ok, anda logo, Melanie! - Bárbara me apressou e empurrou as meninas porta a fora.
Eu me espreguicei e fui tomar um banho. O banho de certa forma foi esquisito, digo, agora que eu sabia que estava grávida eu reparei que realmente minha barriga estava maior. Como eu não havia percebido? Não era o normal, o normal seria eu emagrecer por ficar sem comer, quer dizer, eu não estava gorda. Só estava inchada e um pouco dolorida. E como em um ato que depois me pareceu estúpido eu deslizei a mão sobre a barriga. Como uma mãe faz quando quer dar carinho pro filho que ainda está na barriga. Mas eu não queria aquele filho. Não que eu fosse tira-lo, eu não iria fazer e ter de levar esse peso pro resto da vida. Mas do que adiantaria eu ter esse filho e não ama-lo? Ele seria criado sem um pai e sem o carinho da mãe, em quem ele se tornaria quando crescesse? Uma criança depressiva e sem amor, ou talvez, uma criança revoltada. Por mais que eu não sinta afeto por esse bebê, eu não quero que ele passe por isso. Mas não tem outra alternativa. Ou era isso, ou era abortar. E eu não abortaria... Eu acho. 
Balancei a cabeça e me livrei desses pensamentos, terminei meu banho rapidamente antes que as meninas surtassem, sai do banheiro secando o meu cabelo e troquei de roupa. Colocando uma camisa folgada e um short. Era bom eu já começar a usar esses tipos de roupas. Assim não estranhariam se eu do nada começasse a usa-las sem motivo eminente. Penteei meu cabelo e peguei uma sandália, assim que a coloquei peguei minha bolsa simples em cima da cama e desci as escadas depressa.
- Pare de correr, se não você vai cair! - Bárbara bufou.
- Hey, eu não sou criança! Você está muito mandona! - eu bufei, e só pra irrita-la desci os últimos degraus mais depressa.
- Vocês agem como se isso não fosse nada, pelo menos alguém aqui tem que ter responsabilidade por todos, principalmente por esse bebê. - ela retrucou.