Fanfic: Sorry, Not My Fault - ChaMel

- Eu sei me cuidar!

- Sabe mesmo?

- Hey! Parem vocês duas. - Larissa entrou entre nós duas como se estivessemos prestes a sair no tapa.

- Vamos comer, estou com fome. - Fê quebrou o clima pesado ali, e nós a olhamos. - Desculpa se sou ser humano e tenho necessidades. - ela revirou os olhos andando.

- Devia ter necessidade de calar a boca também. - Larissa bateu na cabeça dela, e ela se virou olhando furiosa pra ela. - Anda, não tava com fome?

- Só porque eu to com fome, se não você ia ver! - ela fez bico e nós rimos.
E foi assim que se seguiu o almoço, Larissa e Fernanda "brigando" eu e a Bárbara trocando olhares desconfortaveis. Não sei porque ela estava assim. Parecia ligar mais para o bebê do que para mim. Ou era eu que ligava mais pra mim do que para o bebê. Bem, eu ainda não sabia ao certo e de qualquer forma isso era o que menos importava no momento. Assim que saimos do restaurante eu obriguei as meninas a pararem em uma sorveteria, desejo. Só que não era aqueles desejos esquisitos que tanto falam. Era um simples. Sorvete de açai. O problema é que digamos que não está na época de açaí e tivemos que revirar o bairro todo a procura do tal sorvete. Mas achamos, graças a Deus que não quer que meu filho tenha cara de açaí. Mas graças a toda essa enrolação a Fernanda decidiu se vingar e nos obrigou a parar em uma doçeria pra comprar um saco de bala de coca-cola. E quando falamos que ela não estava grávida ela disse que tinha lombriga. Eu mereço. 

- Af, ainda não acredito que fiquei 1 hora procurando sorvete e depois meia hora procurando um saco de bala. Puta qui pariu. - Larissa grunhiu, enquanto a gente chegava perto de casa, rindo.

- Eu tenho meus motivos. - falei presunçosa. Sim, depois dessa tarde eu finalmente consegui tirar um pouco de graça e vantagem na desgraça de estar grávida.

- Eu também. Lombriga. Já disse. - Fernanda fez cara de séria.

- Não é um bebê, Fernanda! - Bárbara balançou a cabeça rindo. A gente entrou dentro da minha casa e fomos pro quarto, nem sinal de Chay, nem minha mãe e muito menos Vitor.

- Onde o Chay está? - Indaguei.

- Quando a gente chegou ele tava saindo pra casa do Diego, ele tem passado muito tempo lá. Refazendo os papeis que você rasgou. - Fernanda deu de ombros, dando um risinho.
Eu ignorei isso e ficamos um tempo no meu quarto conversando, mas as meninas foram embora, elas até me perguntaram se eu queria ir com elas ou se queria que elas ficassem, mas eu preferi ficar sozinha. Estava de saco cheio delas ficarem no meu pé, desde que descobrimos a gravidez elas tem feito isso. Como se estivesse me vigiando pra vê se eu não faria algo errado ou não desistisse do maldito bebê. Sem falar no tempo que elas tem me ocupado, sempre tentam me deixar distraída, como se isso me fizesse esquecer por um momento que eu levava uma vida indesejada dentro de mim. Mas era o contrario, isso só me lembrava mais e mais. Não que eu esteja desprezando o que elas estão fazendo por mim. Por que se elas não me arrastassem sempre pra algum lugar eu ficaria sozinha nessa casa enorme remoendo toda a situação e chorando. 
Eu fui até o meu guarda-roupa e o abri, pegando uma camisa solta e um short. Isso virou o básico pra mim nesses últimos dias. Peguei a toalha que estava sobre uma cadeira e fui para o banheiro tomar o meu banho. Como qualquer ato de rotina eu chorei enquanto tomava meu banho, era um dos únicos momentos em que eu podia chorar sem me preocupar com uma das meninas dizendo que eu não deveria ficar triste porque aquilo de certa forma era uma bênção, ou simplesmente fazendo piadinhas idiotas pra que eu ria e siga esse caminho difícil sorrindo. Terminei meu banho sentindo um mau-estar, me troquei dentro do banheiro, mesmo sabendo que não havia ninguém em casa. Sai do banheiro secando o meu cabelo e senti um enjoou, me sentei na cama como se aquelas sensações ruins fossem passar, mas parecia piorar. Meu corpo formigava e soava frio, meu estomago embrulhou e eu senti minha vista embaçar um pouco, mesmo com esse último detalhe, eu resolvi me levantar e cambaleei até o banheiro na esperança de vomitar logo pra que toda essa situação passasse, mas assim que entrei no banheiro a vontade de vomitar sumiu, só que a tontura aumentou, minha vista escureceu e a única coisa que eu pude sentir foi minha bochecha contra o piso frio do banheiro.

POV Geral

- Mel! Melanie, pelo amor de Deus, acorde! - Chay chacoalhava o corpo da garota de um lado para o outro, mas não obtinha resultado. Pegou uma toalha de rosto que tinha ali, dobrou e molhou uma das ponta com água. Voltou rapidamente para perto da garota e começou a passar o tecido sobre o rosto da menina na esperança que ela acordasse.
Em poucos segundos, a menina acordou assustada, a respiração acelerada. Chay quase conseguia ouvir o coração dela tamborilando contra as costelas dela.

- Por Deus, Melanie! O que aconteceu? - ele indagou e viu os olhos da garota se encherem de lágrimas e não demorou muito pra que ela caisse no choro. Maldito hormonios. O garoto sem entender puxou-a para si, dando o abraço mais reconfortante que podia. Melanie estava insatisfeita com aquilo, não queria mentir pro garoto, e por um momento cogitou contar tudo pra ele, esse pensando a fez ficar por um segundo rígida nos braços que a envolviam. Não, ela não poderia contar. Não devia ser tão fraca a esse ponto. Devia levar tudo consigo sozinha, nem as meninas deveriam saber disso. Mas sabiam, e talvez, fosse melhor assim. Já estava sendo dificil levar aquilo com elas, imagine sem elas? Esse pensamento fez com que ela começasse a chorar mais, se possível. Escutar a choro da garota era torturante pro Chay, ele sentia seu coração apertar com uma força que o fez pensar que estava ficando sem ar. Ele a balançava para frente e para trás, na tentativa de niná-la. Nem se importava muito com a resposta no final de tudo, era importante simplesmente vê-la bem. Vê-la com um sorriso e não com lágrimas, apesar de sua curiosidade em perguntar novamente o que aconteceu aumentar, ele não o faria, não queria que a garota voltasse a chorar tanto quanto no começo, já que agora ela parecia se acalmar. Deixaria pra perguntar outro dia, ou talvez, se a curiosidade apertasse muito, naquele mesmo dia só que mais tarde.

- O que você está fazendo aqui? - ela indagou depois que pareceu ter parado finalmente de chorar, agora só fungava e tinha os olhos levemente marejados.
Ele sorriu. Pelo jeito seco que a pergunta tinha sido feita, parecia que realmente Mel já tinha se recuperado. 

                                                                            -X-

- Precisamos conversar. - Chay se apoiou no batente da porta e fitou Mel que estava deitada na cama, com um olhar caído e triste. Triste por não poder contar mais pra ninguém.

- Sobre o que aconteceu hoje de tarde? - Ela o fitou, apreensiva, de qualquer forma, sabia que era aquilo. E era. O menino não aguentou a curiosidade e preocupação e mesmo tendo quase certeza de que ela não contaria, ele queria perguntar, queria tentar.

- Sim. - Ele acenou com a cabeça e se aproximou dela, puxou sua cadeira do computador e se sentou ao seu lado. - Tem alguma coisa pra me contar?

- Não. Porque eu teria? - ela mexia com os seus dedos, nervosa.

- Ontem conta? - ele falou sarcástico.

- Eu só to com uma virose, sei lá! - ela o olhou rapidamente e logo voltou seu olhar para o seus dedos.

- Você está passando muito mau para uma simples virose. - ela sentiu o olhar de Chay queimar seu rosto.

- É uma virose! E pra que você quer saber sobre isso hein? - ela o olhou irritada.

- Porque eu me preocupo com você, Melanie. - ele falou calmo, diferente da garota que pedia mentalmente pra que ele saísse logo dali, antes que ela deixasse escapar algo ou antes que começasse a chorar, de novo.

- Pois não devia, é algo simples, já, já passa. - ela sentiu seus olhos arderem, sabia que não passaria, nunca mais.

- Mel, eu to aqui pra te ajudar. Se você tiver com problemas, o que eu sei que está, pode contar comigo. - ele a fitou apreensivo, ela não contaria. Ela acenou com a cabeça e ele lhe deu um beijo na testa, antes de sair.

- Você não sabe o quanto está certo. - ela murmurou.

Melanie colocou as chaves da porta sobre a mesinha da sala e suspirou exausta. As meninas dessa vez haviam a arrastado até uma pracinha e ficaram fazendo palhaçadas a tarde toda. E ela não me arrependia de ter ido, agradecia a elas por isso. Mas estava realmente cansada. Subiu as escadas devagar e reparou no quão a casa estava silenciosa, bem, aquilo não era novidade, afinal, ultimamente todos tem saído e ela ficava sozinha em casa, mas isso não aconteceria se dependesse das garotas, já que todo dia elas insistiam em ficar ali, a vigiando e vendo se ela não faria nada de errado, mas claro que Mel sempre negava. Não gostava de ficar sendo vigiada, a fazia lembrar da criança que parecia crescer cada dia mais, diminuindo seu tempo naquela casa. Balançou a cabeça espantando o pensamento e pegou roupas leves enquanto ia tomar um banho. Definitivamente sua barriga estava grande, logo, logo, desconfiariam, reparou enquanto tomava seu banho. Terminou o banho e se trocou no banheiro. Tentou secar o máximo seu cabelo e saiu do banheiro. Seus olhos se estreitaram e sua garganta ficou seca.

- O que você ta fazendo aqui? - Mel fitou Valentina que fitava a tela de um celular, aparentemente de uma das meninas que havia esquecido ele ali.

- Own, que fofo você e o Chay juntos, parecem dois namorados apaixonados. Amei essas fotos. - Ela fitou as fotos que as meninas haviam tirado no tempo em que Mel e Chay estavam "juntos" e deixou o celular escapar de sua mão, só que mesmo com o impacto ele não sofreu nada mais do que pequenos arranhões na tela. - Oops!

- O que você ta fazendo aqui? - Melanie repetiu impaciente assim que pegou o celular do chão e colocou sobre a mesa.

- Que jeito mais educado de tratar uma visita. - Valentina sorriu cínica, causando mais raiva e temor em Melanie.

- Não te considero uma visita. SAI DAQUI! - ela apontou pra porta.

- Erro meu, sorry, querida. - Ela se aproximou de Mel -eu não sou visita, já que sou a namorada do Chay.

- Desculpe aí, não to sabendo de namoro algum. - Mel soltou um risinho debochado.

- Você não é dona dele, não precisa saber de nada. - Ela bufou. - Não quero prolongar mais do que já foi prolongado essa visita. 

- Então fale o que venho fazer aqui. - Mel bufou.

- Irresponsável, você não? Eu já desconfiava, sua barriga estava inchada querida, mas eu achava que era gordura mesmo. - Ela riu sem graça e puxou o teste de gravidez mostrando Mel, que sentiu seu coração bater com mais força contra a costela.

- C-como? - Melanie prendeu a respiração.

- Devia ter jogado no lixo querida, o Chay podia ter descoberto e nem você nem eu queremos isso, certo? Por isso eu estou aqui, pra resolver a sua burrada.

- Oque?!

- Se esse filho for realmente do Chay, eu vou fazer de tudo pra que ele não saiba. - Valentina andava ao redor de Mel, que estava perplexa.

- Você ta louca?! Você não tem nada haver com a minha vida, garota. - Mel bufou.

- Quer dizer, eu nem posso arriscar né? É melhor eu cuidar disso antes mesmo. - Valentina soltou um risinho. E ficou de frente pra Melanie.

- Cuidar disso? - Mel perguntou temerosa pela resposta.

- Você não pode ter essa coisa! - Valentina bufou.

- O que você vai fazer?

- Vou fazer o que você devia ter feito, desculpe querida, vai doer um pouco... Vai ser divertido. - Valentina sorriu e antes que Mel pudesse falar alguma coisa, empurrou a garota ao chão e se sentou sobre a sua barriga, sem dó nem piedade, o que rendeu um bom grito de dor de Melanie que se desesperou e tentou tirar a garota de cima a qualquer custo, mas parecia que a dor tirava suas forças. 

- Pelo visto ainda não perdeu a coisa. - Mel olhou furiosa pra Valentina e implorou com um olhar. Mas a menina ignorou e jogou todo o seu peso pros joelhos sobre a barriga de Mel que dessa vez gritou mais alto, se possível, mas na expectativa da garota ela não escutava nenhum grito. Seus olhos já se enchiam de lagrimas de agonia e desespero. Ela queria que alguém chegasse. Ela queria que oChay chegasse. Sua visão estava turva quando escutou Valentina murmurar um "acho que assim já está bom, apesar de querer faze-la sofrer mais" e não sentiu mais nenhum peso sobre sua barriga, várias lágrimas rolavam pelos seus olhos. Sua visão se escureceu.