Fanfic: Sorry, Not My Fault - ChaMel

Mel abriu os olhos de novo e não acreditou no que viu, ou melhor, no que não viu. Breu de novo. Não era um pesadelo, era a mais cruel realidade, e a medida que caia em si seu desesperado e angustia aumentava, estava imóvel, fitando um canto qualquer daquele maldito quarto cujo nem a cor ela poderia saber. Ouviu a porta se abrir, e teve vontade de gritar e chorar, mas seus músculos não se mexiam. Fechou os olhos com força.

- Filha, eu to aqui! - Mel ouviu a voz da sua mãe do ao lado esquerdo, enquanto tentava assimilar o que estava acontecendo consigo mesma. A menina estava querendo escutar da sua mãe que tudo ficaria bem, ela sempre dizia isso quando algo ruim acontecia, não seria diferente agora, né?

- Mãe me ajuda por favor! - Melanie falou com a voz falha, se controlando pra não gritar e nem chorar.

- Claro filha, mas o que você está sentindo? - Marina indagou preocupada.

Melanie abriu os olhos lentamente, ela tentava se convencer de que abriria os olhos e veria que tudo estava bem e que tudo aquilo foi só um pesadelo. Mas o que ela viu foi o breu de novo, não podia ser.

- MÃE EU NÃO TO ENXERGANDO, TA TUDO ESCURO, EU TO CEGA! - Mel gritou chorando, desesperada. Não conseguia parar de chorar. Sua mãe falou algo que foi inaudível pra Melanie que chorava alto e escutou a porta bater com força, logo em seguida ouviu a porta se abrir de novo e escutou cochichos, a vontade de dormiu evadiu seu corpo e ela foi perdendo os sentidos. 

- Oque? - Chay estreitou os olhos, eles só podiam estar brincando!

-O médico falou que pode ser cegueira temporária, por causa do baque, mas também pode não ser, ele vai fazer uma ressonância magnética, pra ver se o nervo óptico foi atingido. - Vitor falou enquanto abraçava Marina que chorava. 

Chay estava extremamente irritado com a situação, não tinha como a Mel ter feito aquilo sozinha, alguém havia feito isso com ela. Arthur, Vitor e as meninas tentavam acalmar Chay que andava de um lado pro outro pensando em quem poderia ter feito aquilo. Sentiu seu sangue ferver e fechou os punhos, como não tinha percebido antes? Bateu com força o punho contra a parede e grunhiu.

- EU MATO A VALENTINA! - gritou entre os dentes sem se preocupar com os olhares e correu pela porta de vidro do hospital, mesmo que todos o chamassem.

- Arthur, vai atrás dele! - Fernanda bufou e Arthur assentiu um pouco desnorteado por ter presenciado um Chay furioso, o que era extremamente raro, e correu atrás do amigo.

- Valentina ta fodida. - Larissa balançou a cabeça.

- Nada que ela não mereça. - Bárbara murmurou fitando a porta do hospital. Todos ali sabiam como era o temperamento de Chay, ele era muito brincalhão e se ficasse irritado é porque era sério, mas nunca tinham visto ele tão furioso, nem quando Mel espalhou na festa que ele era gay e nem quando Mel perdeu o bebê. Chay havia avisado Valentina de ficar longe de Mel, se não, não se preocuparia se ela fosse mulher, e eles sabiam que apesar de ser na maioria das vezes um mentiroso, quando se tratava de ameaça ele sempre cumpria.
Chay estacionou o carro em frente ao apartamento de Valentina e bateu a porta com uma força descomunal, enquanto subia as escadas, não estava com paciência de esperar o elevador. Arfou de ódio assim que chegou em frente a porta da casa dela, se amaldiçoou mentalmente ao perceber que não estava com a chave da casa dela. E com um instinto tentou abrir a porta, o que pra sua surpresa, aconteceu. A porta se abriu em um pequeno rangido e estalo.
Ele olhou os lados e viu o quão estava vazia e silenciosa o apartamento, subiu as escadas e entrou dentro do quarto de Valentina, e ela estava lá, deitada. Chay limpou a garganta e a menina olhou pra ele, abrindo um sorriso.

- Own amorzinho, sabia que você voltaria atrás e voltaria pra mim. Só eu que te amo e aquel... - ela ergueu os braços se levantando rapidamente e meio que correndo pros braços do Chay, mas antes que seus dedos pudessem se encostar nele, o braço de Chay girou subitamente em um soco, arfando de raiva ele fitou a garota que caiu no chão tamanho foi a força do murro. O corpo de Valentina bateu com força contra o chão em baques surdos, mas não sentiu nada. Seus olhos reviraram em sua cabeça, e um som de campainha começou a reverberar em seus ouvidos. Lutou contra a tontura que ameaçava a fazer desmaiar. Ela virou a cabeça pro lado e se sentou no chão atordoada, engolindo o choro ao sentir pontadas de agonia por toda lateral esquerda de seu rosto. Ela mal pode lidar com a dor daquele golpe espontâneo. Que esperanças teria de aguentar uma violência calculada e intensa cujo os olhos de Chay demonstravam querer fazer com ela? Ela deslizou a ponta dos dedos sobre os lábios ao sentir um gosto metálico e fitou seu dedo logo em seguida vendo o liquido rubro na ponta dos seus dedos. Fitou Chay perplexa com o que acabará de fazer.
Chay se sentiu satisfeito ao ver o sangue descer pelo canto dos lábios inchados da garota e ver o quão seu rosto estava vermelho do lado esquerdo. Pode parecer doentio, mas ele não se arrependia. 

- Porque você fez isso? - ela falou com uma voz embargada.

- EU TE AVISEI PRA NÃO SE APROXIMAR DE MELANIE! - ele gritou apontando pra ela, se controlando pra não dar outros murros.

- Eu não fiz nada, nem me aproximei dela! - a menina se defendeu, se apoiando na cama pra se levantar.

- ELA PODE FICAR CEGA PRA SEMPRE, POR SUA CULPA. - ele fechou os punhos ao escutar a gargalhada da menina.

- Eu não fiz nada, mas me lembre de agradecer a quem fez isso. - ele puxou ela com força, segurando em seus ombros e ela se questionou se seus ossos estavam quebrando tamanha força que ele segurava.

- ME SOLTA, ESTA ME MACHUCANDO.

- Essa é a intenção! - ele sacudiu ela. - pare de ser cínica! Assuma logo que foi você que fez isso com ela. 

- Me solta primeiro! - ela tentou se afastar dele e ela o soltou, respirando fundo. - Ok, fui eu que fiz, ela não te merece Chay! E outra, foi um acidente, eu não queria! - ela começou a falar depressa.

- COMO UM ACIDENTE?! ELA QUASE MORREU! - ele a interrompeu.

- Quer saber? foda-se, que pena que não morreu. - Chay olhou furioso pra ela e quando ela pode abrir os olhos estava no chão, de novo. Chay ergueu a mão mas Arthur entrou correndo a tempo, o puxando pra longe de Valentina que limpava o sangue de sua boca, com um pouco de dificuldade.

- Ta louco, Chay?! - Arthur quase gritou quando empurrou Chay pra fora do quarto e fechou a porta atras de si. - Você bateu em uma mulher!

- Foda-se, eu avisei. Por mim eu matava, mas o defensor das vadias chegou. - ele debochou bufando, enquanto descia as escadas e saia dali.

- A Mel precisa de você com ela, e não atrás das grades. Torça pra que Valentina não te denuncie.

- Arthur. - Chay gargalhou irônico. - Brasil, não vai acontecer nada! - ele revirou os olhos e Arthur assentiu, enquanto entravam no carro e voltavam pro hospital.
Chay voltou pro hospital com o Arthur e ficou lá o resto do dia, sentado na cadeira de espera como todos ali, esperando alguma informação do médico, que pro alivio - ou não- de todos dali, chegou rapidamente mais uma vez com a prancheta sobre as mãos ligeiras e o óculos levemente caído.

- Ela se estabilizou e já está dormindo, os resultados dos exames sairá amanhã, por isso acho melhor vocês irem pra casa descansar. - ele ergueu o óculos com o dedo indicador, o que não adiantou muito pois o mesmo foi escorregando de novo.

- Vão vocês. Eu fico aqui. -Vitor falou, desviando sua atenção do jornal pro resto que estava presente ali.

- Não, eu vou ficar aqui. - Chay se manifestou e Vitor balançou a cabeça, era tipico do Chay.

- Não, você está cansado, vai com nós. - Marina interferiu, fungando. - Liga se acontecer algo, amor? - fitou Vitor, interrompendo o manifesto de Chay que bufou.

- Claro, descansem. - ele sorriu e Chay foi obrigado a ir com todos ali, mas antes de sair se dirigiu ao seu pai.

- Se acontecer algo, ligue mesmo! - ele falou em um tom de ordem o que fez Vitor soltar um risinho e afirmar com um aceno de cabeça. 
E todos voltaram a sua devida casa enquanto Vitor lia seu jornal tranquilamente. Apesar de ter voltado no intuito de descansar, Chay e Marina demoraram a pegar no sono, certamente a preocupação e ansiedade lhes tomava o sono que era cabível depois desse longo dia. Mas toda a ansiedade foi tomada por mais preocupação quando acordaram do sono curto que tiveram, porém, não reclamaram, comeram alguma coisa em silencio e foram pro hospital. Se encontraram com Vitor na sala de espera e esperaram pelo médico que até então não havia aparecido por ali, segundo Vitor. Depois de longos e torturantes 27 minutos ele apareceu ali assim como ontem.

- Poderiam vir até a minha sala? - ele gesticulou e os três se levantaram prontamente, caminhando a passos curtos atrás do médico que entrava dentro de uma sala. Se sentaram nas cadeiras e o médico arrumou o óculos abrindo um envelope. - ela realmente teve um dano grave, o nervo óptico foi atingido.

- E o que isso significa? Simplifica, meu filho! - Chay se mexeu desconfortável e recebeu um olhar de reprovação de seu pai.

- Nós não sabemos se é cegueira temporária ou não, mas as chances de não ser temporária são pequenas, porém, não sabemos quando e nem se a visão dela voltará, mas graças a Deus é só esse dano.

- Graças a Deus? Uma menina de 19 anos ta cega e tu fala "Graças a Deus"?! - Chay falou nervoso.