Fanfic: Sorry, Not My Fault - ChaMel

- Calma, Chay. - Vitor o reprendeu.

- Você realmente se importa com isso tudo, Vitor? Não, né? - ele bufou, saindo da sala. Começou a caminhar de um lado pro outro no corredor, tentando se acalmar e assim que achou que já estava estável o bastante, caminhou até a recepção e forçou um sorriso. - Eu poderia visitar Melanie Fronckowiak? - torceu mentalmente pra que ela deixasse e a recepcionista o fitou.

- Você é o que dela? 

- Irmão. - limpou a garganta e se mexeu desconfortável com a própria resposta, ela o fitou e sorriu.

- Sim, quarto 14. - apontou pro corredor e ele rapidamente caminhou até tal, antes que ela mudasse de ideia.

Parou em frente a porta e respirou fundo, poderia esperar de tudo, mas mesmo assim, ao abrir a porta, sentiu seu coração pesar e teve vontade de novamente voltar a casa de Valentina e espanca-la, mas dessa vez até uma provável e dolorosa morte. Melanie estava pálida, seus olhos extremamente vermelhos e o olhar fixo em um ponto qualquer do quarto, mas apesar disso, ela parecia bem calma. Ele se aproximou dela e o olhar de Melanie caiu sobre ele, mas o olhar permanecia vazio.

- Nossa, você esta tão calma. - mordeu a própria língua por falar aquilo, "idiota, porque falou isso?!" seu cérebro gritava pra si mesmo.

- Queria que eu estivesse gritando e chorando? - ela sorriu tristemente. - eu já fiz isso. - riu.

-Não, me desculpe, acho que falei isso porque se estivesse na sua situação estaria surtando. - ele murmurou, se sentando em uma cadeira ao lado da cama da garota, e pode ouvir a risada dela.

- Acho que vou ter de me acostumar com isso. - abaixou a cabeça e suspirou.

- Claro que não! Você vai voltar a enxergar.

- Como tem tanta certeza? Eu sei que você venho da sala do doutor e pelo visto a noticia não foi boa...

- Mas não foi péssima, você pode voltar a enxergar, só não sabemos quando! - ele a interrompeu, exaltado.

- Eu não quero discutir com o seu otimismo, - sorriu - Chay?

- Hum? - ele a fitava e percebeu que os olhos da garota estavam marejados.

- Me abraça? - ela ficou levemente corada e o menino sorriu.

- E ainda pede? - ele a envolveu em seus braços como se aquilo pudesse a proteger de tudo e todos, e era isso que ele queria, protege-la. Depois de algum tempo eles se separaram e o menino tocou no rosto dela.

- É esquisito sabe? - ela murmurou. - Eu não sei se estou com os olhos abertos ou fechados. - riu tristemente, limpando as lágrimas.

- Velho na boa, acho melhor você parar de fazer essas piadas. - ele colocou uma mecha de cabelos atrás da orelha dela.

- Só estava querendo aliviar a situação.

- Não conseguiu. - os dois riram.

                            -X-

Dois meses se passaram de uma forma lenta e agoniante pra todos que conviviam com Melanie, que continuava com a cegueira - que agora ela já não acreditava mas ser temporária- a falta de fé dela já incomodava todos ao seu a redor, principalmente Chay, que agora virará tão próximo dela, todos sabiam que ele era o ponto de apoio de Melanie, e por isso, Marina era eternamente grata por Chay estar sempre ao lado de Mel, por não deixa-la agora, já que não sabia mais o que Melanie faria caso algum dia o Chay se afastasse dela.
Nesse período Mel havia aperfeiçoado seus outros sentidos, como se quisesse ocupar o lugar da perda da visão podendo escutar melhor as coisas, isso de certa forma era bom, pois assim Chay ficava mais despreocupado em deixa-la sozinha por breves momentos sem ter de correr por achar que ela poderia se machuca. Mas aquilo o irritava também, ela iria voltar a enxergar, não tinha de se acostumar com a situação!

Chay deslizou a ponta dos dedos e apertou levemente o joelho de Melanie - que estava sobre as pernas dele- como se quisesse que ela soubesse que ele continuava ali, mesmo ela já sabendo. Mel mantinha o olhar perdido em um canto qualquer do quarto enquanto sentia Chay apertar seu joelho, aquilo era uma sensação boa, mesmo sabendo que ele estava ali, aquele simples ato passava mais confiança a ela, apesar de hoje estar triste, o que ultimamente tem sido frequente.

- Chay... - a menina sussurrou e ele a fitou. - você ainda acha que eu vou voltar a enxergar?

- Mel, quantas vezes vou ter que te falar que você vai voltar a enxergar?! - ele suspirou.

- Dois meses, Chay, se passaram dois meses. 

- Mas isso pode demorar três meses. - ele falou otimista.

- Eu acho que você já tem que se acostumar com isso, eu já me acostumei...

- Você fingiu se acostumar, é diferente! - ele a interrompeu, nervoso.

- Eu não fingi, é você que tem que parar de fingir que tudo ta bem e que eu vou voltar a enxergar, porque eu não vou! - ela falou exaltada.

- Seu pessimismo me irrita.

- Eu estou sendo realista. To me sentindo péssima. - ela murmurou.

- Pelo o que?

- To acabando com a sua vida.

- Como? - ele indagou confuso.

- Você passa mais tempo aqui do que em qualquer lugar, nunca sai do meu lado, não sai mas pra se divertir. Chay, você é novo ainda, aproveite isso e pare de se trancar comigo aqui.

- Você também é nova, e eu quero ficar aqui, problema?

- Não vai adiantar eu insistir né? - ela indagou, frustrada.

- Não. - ele sorriu.

- Sabia. - Melanie abaixou o olhar e encostou a cabeça sobre o ombro do garoto. - Eu não quero ficar assim pra sempre. - ela sussurrou, com a voz falha.

- E não vai, eu prometo. - ele beijou o topo da cabeça dela.

- PARA CHAY! - Melanie gritava, em meio as gargalhadas, se contorcendo e tentando afastar as mãos de Chay, que fazia cocegas na garota. 

- Não! - ele sorriu largamente, realmente a gargalhada da garota lhe fazia um falta agoniante, era tão bom vê-la sorrir, se esquecer dos problemas, nem que fosse por meros segundos, mas ele poderia ficar ali eternamente ouvindo sua risada, talvez, fosse o futuro mais feliz e cabível a ele.

- VOU MORRER, - ela afagou pesadamente e gargalhou mais alto, se possível - POR FALTA DE AR!
A menina já estava vermelha quando ele parou, ela respirou fundo enquanto tentava parar de rir, sentindo seus músculos da barriga se contrair, e Chay continuou a fita-la, com um sorriso no rosto, por vê-la tão alegre. Ele se sentia extremamente feliz, era uma sensação ótima, ser o motivo de um sorriso de alguém, principalmente, se esse alguém passará tanto tempo infeliz, talvez, se acostumar com a situação estivesse fazendo realmente bem pra menina, por isso, ele não implicaria, pois a única coisa que ele quer é a felicidade dela.

- Pare de me encarar! - a menina bateu de leve no seu braço e ele pareceu surpreso.

- Como você sabe que eu estou te olhando? - indagou, confuso.

- Não sabia, eu estava jogando verde e você admitiu! - ela riu e ele balançou a cabeça, sorrindo, e deslizando a ponta dos dedos sobre o cabelo da menina que mantinha um sorriso no rosto, mesmo que permanecesse com o olhar perdido.

- Eu amo quando você ta assim. - ele sorriu.

- Assim como?

- Feliz. - ele tocou o rosto dela. - eu amo sua risada, é única. - a menina sorriu largamente. Só que com a mesma rapidez que o sorriso apareceu, rapidamente sumiu. - Ah não! Eu quero ver você sorrindo, nem que pra isso eu precis... - ele começou a fazer novamente cocegas nela e ela se contorceu, rindo.

- DE NOVO NÃO! - gritou e se endireitou no sofá, erguendo os braços e assim que achou o pescoço do garoto, passando os braços sobre o mesmo, ele tocou seu rosto e o puxou delicadamente pra perto de si, selando o lábio dos dois, o beijo logo se tornou intenso, talvez pela saudade em excesso, ou a satisfação de naquele ato provar a todos e a si mesmos que os dois eram muito mais que apenas dois irmãos postiços. Mas logo o beijo se tornou receoso e os dois quebraram o mesmo.