Fanfic: Para viver um grande amor (Laliter) - Adaptada. | Tema: Laliter

Mariana estava fervendo por dentro. Se não estivessem no apar­tamento de seu pai, e se ela não fosse responsável pelo jantar, daria vazão a alguns comentários maldosos!

— Talvez Peter quisesse um chef treinado, e tenha decidido premiar meus talentos com uma aliança de casamento — su­geriu com um humor zombeteiro, lançando um olhar provocante ao marido. Ao encontrar a advertência evidente naqueles olhos escuros, estendeu a mão e tocou os lábios dele com um dedo leve. — Não fique tão zangado, querido! Eu só estava brincando — disse, baixinho. — Agora, se me derem licença, começarei a servir o jantar — falou em voz alta. Tirando a mão da de Peter, escapou para a cozinha.

Dizer que a noite foi um sucesso total é exagero, pois até a pessoa menos observadora teria notado a corrente de ódio que Chantrelle lançou na direção de Mariana.

Mariana teve que fazer um esforço enorme para manter o seu comportamento agradavelmente educado, e quando todos saíram da sala de jantar, transferindo a conversa para a sala de estar, ela soltou um suspiro de alívio. Pelo menos agora não estava mais confinada à mesa, e podia circular entre os convidados.

— Você sabe cozinhar mesmo. Foi uma refeição fantástica. Mariana virou-se para ver Gavin Sanderson a seu lado, e lan­çou-lhe um sorriso agradecido.

—  Obrigada, fico contente que tenha gostado.

— Peter  tem sorte — ele disse. — Se você não fosse casada eu a convidaria para sair. Eu não acho que... não! — Ele sacudiu a cabeça, sorrindo um pouco, e ela lhe deu um sorriso como resposta.

— Você está certo, eu não aceitaria. Conhece Chantrelle há muito tempo?

—  O suficiente. Isso responde à sua pergunta?

Respondia em muitos aspectos, percebeu Mariana. Seus olhos passearam preguiçosamente pela sala e pararam em Peter, que parecia estar tendo uma conversa séria com Joe. Seu co­ração deu uma série de piruetas quando seu pai se afastou e Chantrelle se aproximou e colocou a mão no braço de Peter. Como se atrevia! O rubor iluminou o rosto de Mariana e tornou-se mais intenso quando ela viu o sorriso íntimo que Chantrelle dirigiu para Peter.

Subitamente, ficou consciente da voz de Gavin.

—  Sinto muito! O que você disse?

— Eu voto a favor de separar aquele casal — declarou Gavin divertido, oferecendo-lhe um braço. — Vamos?

Mariana concordou com um sorriso malicioso.

—  Sem dúvida!

Era impossível descobrir muito pelo olhar de Peter — ele podia estar aborrecido ou encantado. Seus olhos pareceram assumir um brilho intrigado quando ela se aproximou, e seu braço levantou-se para descansar em volta dos ombros dela, puxando-a para perto de si.

Parecia perfeitamente natural ficar ali daquela forma, pensou Mariana. Havia um calor, um sentimento de pertencer a ele, que até agora ela não experimentara — quase como se esse homem grande fosse uma parte dela, ligado a ela pelo destino. Estranho, pensou, eu devia odiá-lo. Na verdade, pensei que o odiava. Mas agora...

— Você pretende aterrissar agora ou daqui a pouco? — brin­cou uma voz perto do seu ouvido, e ela levantou os olhos bri­lhantes e confusos, encontrando a expressão levemente diver­tida de Peter. Corou um pouco ao ver o sorriso aberto de Gavin e a expressão de Chantrelle, desafiante.

— Sinto muito. — Tentou dar uma risada trêmula, e olhou para Peter. — Eu estava a quilómetros daqui.

— Mariana — interrompeu Joe —, há uma chamada de Nova Iorque para você. É melhor que atenda no meu estúdio.

— Nova Iorque? Mamãe! — arriscou, incrédula.

—  A própria — confirmou seu pai, secamente. — Já falei com ela, e agora é a sua vez.

A ligação estava notavelmente clara. Emily parecia estar no mesmo aposento. Mariana apertou o telefone e tentou não sorrir, já que depois de um cumprimento inicial sua mãe foi direta-mente ao ponto.

— Que bobagem é essa? Você está mesmo casada?

— Bobagem, mamãe?

— Quem é ele, esse homem?— A voz de Emily levantou-se incrivelmente, e Mariana escondeu um sorriso.

— Papai o aprova — disse, calmamente.

—  Seu pai nunca teve bom senso! — descontou Emily. — Por que não fui informada? Sou sua mãe, afinal de contas! E por que um casamento tão apressado? Você não está... — a pergunta ficou em aberto, suspensa no ar.

— Grávida? É possível, mas não provável — respondeu Mariana, maliciosamente.

—  Não descansarei até ver onde você se meteu — disse Emily, com a voz chorosa. — Claro, você herdou os instintos do seu pai! Você nunca puxou a mim. Ele é?

— E o que, mamãe? — Ela olhou para cima quando Peter entrou no estúdio, e lançou-lhe um sorriso tímido.

— Mariana! Você está me ouvindo ou não? Ele tem dinheiro?

—  Sim, para responder a ambas as perguntas.

— Ele está aí com você? É por isso que está sendo tão evasiva? Mariana cobriu o bocal e seus olhos brilharam.

—  Acho que é hora de você conhecer sua sogra... num te­lefonema internacional. — Ela empurrou Peter para a frente e disse alegremente: — Mamãe, Peter está ao meu lado. Você gostaria de falar com ele?

Passaram-se cinco minutos de conversa entre Peter e sua mãe antes de Mariana pegar o telefone outra vez.

— Mamãe? Papai está dando uma festa agora. Precisamos ir. Além disso, esse telefonema vai lhe custar uma fortuna.

—  O que é o dinheiro? — perguntou Emily, ironicamente. — Preciso vê-la urgentemente, Mariana. Ainda não acredito que não tenha feito nenhuma bobagem. O seu Peter parece uma pessoa simpática, mas as vozes podem enganar. Tomarei o primeiro vôo disponível, depois do Reveillon. Imagino que te­nham um quarto extra para mim...

— Mamãe... — Oh, céus, isso não era nada bom!

— Até logo, querida! — interrompeu Emily, suavemente. — Volte para a sua festa. Feliz Natal!

A ligação foi interrompida e, vagarosamente, Mariana colocou o telefone no gancho. Sua expressão estava confusa quando olhou para Peter.