Fanfics Brasil - 2 – Viagem, A Surpresa de Alec Encontro - Legado

Fanfic: Encontro - Legado | Tema: Medieval


Capítulo: 2 – Viagem, A Surpresa de Alec

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Estávamos cavalgando até o porto leste da cidade, para pegar um barco até o continente de Lusinus, para a ponta sul da baía ao norte, onde tinha uma cidade portuária do reino. Logo de manhã, percebi que ele não iria tocar no assunto do que aconteceu ontem á noite. Porém, isso não me impedia de ficar normal de novo. Eu estava, claramente, muito excitado, mas meu pai estava meio diferente, talvez por causa do que ele iria fazer ou fez. Com o olhar distante, seus olhos amendoados fitando algo qualquer no horizonte; o cabelo loiro começando a atingir um tom muito claro, balançando ao vento, assim como a sua invejosa barba. Pode se dizer até nobre, apesar de não usar vestimentas nobres. Um casaco longo, quase uma capa preta, assim como uma camisa e calças pretas, botas pretas. Nada muito refinado, mas de certa forma elegante. E muito diferente de como ele costuma ser. Humilde e discreto.



            Eu, contudo, já era outra história.

            Usava apenas uma camisa larga, branca, de linho, e uma calça também branca, do mesmo material, e umas botas surradas. Independente da roupa que eu usava, continuava um pouco cabisbaixo. Às vezes, me parece que herde mais da minha mãe do que meu pai.
          Astranimus era também o nome do arquipélago onde a capital ficava. O nome é justo, já que de certa forma, todas as ilhas são uma “expansão” da própria cidade. Graças a arquitetos muito talentosos (ou talvez o Pincel de Astra) pontes enormes de pedra conectam todas as ilhas á Astranimus.
         A cidade estava linda na primavera e ocupada como sempre, e o sol finalmente irradiava alto no céu. Pessoas correndo pela rua, carregando vários objetos. Era um dia de grande pompa, pois começariam as primeiras lutas de exibição, e chegariam os primeiros turistas. O torneio em si começaria uma semana mais tarde. Ele proclamava o melhor espadachim conhecido do mundo. Claro que seria apenas o melhor conhecido, pois eu já vira o meu pai lutar e posso dizer que ele era muito melhor do que muitos que de fato entram no torneio. Mercadorias chegando de todas as pontes, e a alta torre do nosso Regente Glen, sempre austera no céu. A Morada do Rei era como chamavam. Seu mármore era diferente, quase mágico: dourado e brilhante inspirava todos que o olhavam. Quem sabe o que Glen fazia no topo... Apenas o seu filho, jovem como eu pelo que diziam os registros, poderia dizer. Ou talvez, nem ele. Mesmo que soubesse, não poderia contar para ninguém... Provavelmente seu pai não o deixava sair. Nunca foi visto em público, o que é uma pena. É nessas horas que eu penso que ser da realeza não seria tão bom assim. Em todas as outras eu entro em devaneios diurnos, pensando como seria. E agora comecei a me lembrar.
 
             "Acordei atordoado e com dor de cabeça.

              Estava na minha cama. Olhei pela janela, e continuava escuro. Mas finalmente pude ver a Maior e a Menor de onde estava. A Menor era azulada e a Maior avermelhada; quando a primeira ainda estava ao oeste e a segunda ao leste, então ainda não havia passado da meia noite, como era o caso. Pareciam ser do mesmo tamanho, mas astrólogos descobriram há muito tempo que não eram. Não estudei isso, então não sei dizer isso o porquê. De toda forma, não queria perder aquilo. Desci as escadas segurando o corrimão, pois ainda me sentia tonto; a sala estava silenciosa. Investiguei o resto da casa e achei Morris e Tyke dormindo, mas nada do meu pai. Será que ele tinha achado meu cachorro depois de me salvar? Sem fome, voltei para o meu quarto, tentando esquecer o pesadelo vivo que tinha acabado de presenciar.
             Antes de dormir, porém, quando as luas estão prestes a se juntarem no céu, eu abro a minha janela e espero. Quando as doze batidas cessam, um raio luminoso verde em direção aos céus aparece ao norte, emitindo sua luz esmeralda por toda Requin para depois desaparecer com um clarão final. A Chama Verde.

                    Só depois de ver o único espetáculo que o Norte tem a me dar toda noite, consegui relaxar e esquecer o que se passou por um momento, o suficiente para mergulhar no sono.
        
 - Surpresa! Feliz renascimento! – Meu pai gritou, me acordando.
- O que é pai? – Bocejei, sentei na cama e fiquei olhando para ele, que me encarou com uma cara animada demais.
- Nós vamos para Lusinus!"

         E aqui estou eu, saindo da minha cidade natal pela primeira vez em toda minha vida.

          Dei-me conta de mais outro devaneio meu, e voltei a observar a beleza ao meu redor, enquanto não perder o equilíbrio conforme o garanhão negro de Alec trotava pelo terreno irregular até o porto, a parte mais baixa da cidade. As folhas verdes de diversas árvores estavam dando sombras ocasionais e incomuns aos corredores de pedra ainda presentes. Decorações destacavam-se por todo lugar, com o símbolo do torneio e recentemente, de Astranimus, uma gota de sangue num fundo dourado. Nunca vi sangue eu mesmo, meu pai apenas me disse o que era. Um líquido vermelho que circulava dentro de nós... Faz sentido. E ocasionalmente, feitiços de teste voavam pelos céus da Academia de Magia de Astrincen. Geralmente era um espetáculo ver as várias magias sendo executadas e testadas no pátio do lado exterior da Academia.
         Ainda estava com medo de tudo aquilo que aconteceu ontem à noite. Não sabia se a guarda conseguiria conter aquilo, caso um dia saísse. Não sabia se existiam mais daquilo no resto do mundo. Mas... É uma mudança na minha vida pacata. Por mais assustador que aquilo fosse, agora tudo mudará. Olhei para trás, tentando memorizar os detalhes de Astranimus. A Luz talvez saiba quanto tempo eu ficarei longe daqui. E então lembrei.
- Pai, não posso nem me despedir dos meus amigos? – Silêncio. Olhei para baixo, desanimado.
- Não se preocupe. – Ele pôs uma mão em meu ombro. – Decidi dar a eles um presente. - Não importava o que Alec havia dado para eles, eu ainda não poderia vê-los por algum tempo... E lembrei de outro detalhe sobre ontem á noite.
- Pai, onde você achou o Tyke? – Ele suspirou.
- Eu já lhe disse, eu o peguei com um velho amigo meu...
- Não, estou falando de ontem á noite. – Ele ficou surpreso.
- Como assim?
- Eu só fui para Aslux porque vi Tyke correndo para lá. – Meu pai fechou os olhos por um instante, e ficou pensativo.
- Filho, Tyke estava em casa o tempo todo. – Seus olhos me duvidavam.
- Mas... - Eu tinha visto ele. Ouvido ele. O que isso significava? Melhor deixar para lá, aquela noite já era aterrorizante demais para falar mais qualquer coisa dela.
- Pai, posso levá-lo? – Juntei as mãos, como se estivesse rezando, e fiz a melhor cara de cachorrinho triste que pude. Ele riu.
- Ele já está no navio, Faon. Não se preocupe. – Sorri, e fiquei um pouco mais animado pelo que vinha á minha frente. Pelo menos eu teria a companhia do Tyke. Mas então...
- E o meu pônei?
- Não vamos precisar dele até onde estamos indo.
- Mas você está levando seu garanhão... – Bufei.
- Sim. E daqui a algum tempo você irá ganhar um. Mas até lá, você irá andar. – Não sabia se ficava feliz ou triste. Optei por ficar feliz, já que Tyke vinha comigo.
           Ele se recusou a falar mais qualquer outro assunto, só continuou andando. Aparentemente até combinou com o capitão do navio para evitar mais quaisquer palavras, pois apenas com um menear de cabeça, a tripulação começou a ajudar eu e meu pai a embarcamos. Esperei nas docas enquanto levavam o cavalo negro até um viveiro na carga, e carregavam nossas bagagens até os nossos quartos dentro do navio.
        Meu pai, Alec Karino, já me ensinara várias coisas desde pequeno. O que era relativamente fácil, já que segundo ele sempre fui apto a aprender. Matemática, História, Geografia, e mais todas os conhecimentos básicos que um bom estudioso deveria saber. Contar, somar, multiplicar. Os registros dos vários reinos, das guerras, dos heróis, e da nossa criação. O mundo como vivemos, seus territórios, climas, etc. Ele chegou até mostrar uns truques dos mais bobos de magia, mas parou de me ensinar depois que eu quase incendiei uma casa inteira com um truquezinho de inflamar qualquer objeto pela ponta do meu dedo. Eu sou inclinado a esses incidentes, mas nunca aconteceu nada de realmente grave, pela graça da Luz.

          Mas a minha aula preferida não tinha a ver com matemática, ciências, história... E sim esgrima.

          Desde que me lembro como gente, provavelmente perto dos seis anos; ele me levava para treinarmos depois do almoço em Astra. Exceto em dias especiais, como ontem e hoje. Mas já não tinha certeza se iríamos voltar a fazer isso. Eu me lembro que a primeira lição fora simplesmente observar os outros lutarem. Fiz tanto isso que acabei me acostumando, e comecei a ver lutas de pugilistas também. Mas se eu vesse um duelo de espadas hoje, eu provavelmente pegaria a primeira arma que encontrasse e me juntaria a eles em sua luta, qualquer que fosse.
          Passei mais de um mês observando as pessoas se enfrentarem tanto na Arena, valendo a morte; tanto na frente da Associação dos Guerreiros, em Astra; morrendo a cada golpe em cheio das espadas de madeira ou sem gume, para que não morressem quando em batalha real. Vi cada movimento, memorizei cada técnica, percebi cada estratégia, até entender o sentido de cada pequena movimentação de qualquer um dos oponentes. Então começou a prática de verdade: meu pai simplesmente me jogou uma espada de madeira ao invés de me fazer sentar, e empunhou uma arma idêntica. E então eu soube o que fazer. E passamos todos esses anos treinando... Até hoje.
          Eu queria ir à praia uma ultima vez, já que agora estava quente para aproveitá-la propriamente: Mergulhar, ainda mais no calor que era o clima daquela região. Eu sempre tive uma infância muito boa, na verdade, apesar da solidão que eu sentia. Meu pai era ocupado demais, nunca tive mãe... E eu nunca soube o que houve com ela, e meu pai nunca quis me contar. Mas agora, ele estava realmente sério. Não sorridente, como era dado á ser. Talvez o que ele pretende fazer seja maior do que eu de fato espero... Já que estamos até indo para outra cidade. Mas porque ir para outra cidade quando já moramos na capital do mundo?


           Subi pela prancha, e depois a retiraram. A embarcação balançava um pouco, mesmo antes de zarpar; mas nada com que não pudesse me acostumar. Esperei ela sair do porto: os marujos, já acostumados com essa rotina, recolheram a âncora, desataram os nós, viraram o leme; até a nau começar a navegar para longe dali, e uma leve brisa passasse a roçar meu rosto. Decidi visitar o meu quarto. Segui as instruções que meu pai me deu, e cheguei ao segundo maior cômodo de lá, o maior sendo apenas do capitão. Duas grandes camas ocupavam uma parte do aposento, e baús ocupavam outra, do lado de cada uma delas. Além das camas, os marinheiros penduraram duas redes atravessando o quarto, para aproveitar melhor o espaço. Havia uma mesa e uma cadeira, perto da janela. Tyke começou a latir para mim, abanando o rabo. E para a minha surpresa, Morris estava lá, dobrando e guardando roupas no seu canto. Sorri:
- Então você vem conosco? - Ele se virou, e sorriu também.
- Sim. A casa ficará abandonada, mas vocês precisarão de ajuda para o que irão fazer.
- Então você sabia o tempo todo o que meu pai estava planejando... - Ele continuou a me fitar, e algo brilhava em seus olhos negros.
- Talvez. Mas você só irá descobrir quando chegarmos lá. - Soltei um suspiro exagerado, e me despedi dele, dizendo que ia conhecer o restante do navio.

                 Estava observando as águas profundas refletirem as estrelas. Depois olhei para cima. A noite caia, e as luas estavam quase juntas. Me virei para o convés e vi um homem encapuzado, certamente diferente do restante da tripulação. No entanto, eu me enganara; quanto mais me aproximava, mais aquele vulto parecia ser um garoto da minha idade que ostentava roupas demais.
- Oi! – Ele se virou, e mesmo debaixo da capa, pude ver seu curto cabelo liso e castanho, e seus olhos negros me fitando. De fato, pelo seu rosto ele parecia ser tão velho quanto eu. Mas foi tudo que eu vi, pois suas roupas ocultavam o resto. Quantos casacos ele estava vestindo, afinal?
- Olá. Tudo bem?
- Sim. Primeira vez viajando de barco? – Ele olhou para o lado, tentando desviar o olhar.
- Ahn... N-não. É a sua?
- É. Eu pensei que eles balançavam bastante, mas até que está tranqüilo, não é?
- É... – Ele parecia um pouco tímido. Mais tímido do que eu era.
- Qual o seu nome?
- Tr-T-Tysen.
- Eu sou Faon! Prazer, Tysen. Você veio fazer o que aqui?
- Eu vim... Voltei para a minha família. Eu ia ver o torneio, mas eu tive que voltar. Eu tive uma emergência.
- Ah. Talvez em terra firme nós possamos... Nos reunir. Abandonei meus amigos em Astranimus, e queria simpatizar com alguém. - Tysen desviou o seu olhar, e então se virou para encarar o mar.
- Eu acho que estarei muito ocupado até então, me desculpe. – Posicionei-me ao seu lado, e fitei o céu, eventualmente percebendo que a Chama Verde estava prestes á começar. Porém, vi algo que nunca tinha visto antes: ao invés do raio verde já comum aparecer vindo do Norte e um clarão verde consumir o raio... Um vermelho forte invadiu o horizonte nortenho, ao invés daquela esverdeada cor esperançosa.
- Estranho, não é? – Eu comentei, olhando surpreso para o céu, que voltava ao seu azul escuro de sempre, pontuado pelas estrelas. Fitei meu novo amigo e seus olhos denunciavam bem mais do que surpresa... Medo.
- É. – Não havia razão para ter medo... Havia? Algo que acontece todo dia mudar assim... Será que amanhã terá outra Chama Vermelha? Não queria responder essas perguntas. Não agora. E o sono estava começando a me alcançar, forçando minhas pálpebras para baixo...
- Eu... Tenho que dormir. Boa noite Tysen. - Ele me deu uma última olhadela, antes de voltar a observar as águas escuras do mar.
- Boa noite Faon.

            Eu estava subindo as escadas de Aslux mais uma vez, acompanhado de meu pai. Estávamos indo investigar, e ambos estávamos seguramente protegidos por pesadas armaduras de metal. Chegamos até onde as sombras tinham me atacado. O chão ainda estava marcado pelo fogo demoníaco que elas invocaram. Prosseguimos, chegando á frente do palácio. Não havia névoa alguma, mas um clima pesado persistia no ar, acompanhado de um crescente cheiro de carne queimada. Eu dei minha atenção á algumas ruínas, perto do castelo, cercadas por grama. Andei até lá e descobri que era um prédio queimado, e que fora brutalmente atacado, pois as marcas de sangue ainda eram visíveis no chão. Então ouvi um grito, e vi uma essência de sombra passar sua lâmina escura por entre as costelas do meu pai, por mais resistente que fosse sua proteção. Logo eu senti o mesmo acontecendo comigo, perfurando aos poucos o meu peito, até eu ver a espada sair pela armadura.

            Eu acordei gritando, completamente suado, no meio da noite. Acabei perdendo o equilíbrio e caí da rede. Levantei-me e olhei ao meu redor.
- Morris? - Ele grunhiu alguma coisa e levantou.
- Sim? - Estranho. Eles não acordaram com a balbúrdia que provoquei enquanto vivenciava o pesadelo...
- Sabe onde está aquele livro?
- Ah, sim. Dentro do seu baú, onde deveria estar. - Acenei com a cabeça, e ele repôs as cobertas em cima de si.
              Sentei-me á frente da mesa, o tomo á minha frente. Estendi o meu dedo, e ele começou a brilhar vermelho. Fluídos etéreos, feixes de luz e como quiser chamar; começavam a sair da minha mão e se estenderam até o pavio da vela, que acendeu. Magia era incrível. Recomecei a ler o livro de onde parei, onde relatava a história de Requin desde seus primórdios até hoje. Ou pelo menos, tentava.
                Estávamos na 2ª Era da existência, a Era da Alma. Ano 997, em setembro. Agora nós temos quatro principais Reinos, e inúmeras Próprias Cidades, entre elas a mais famosa: Astranimus. Criada pelo primeiro Regente há um milênio atrás, onde antes ficava a Cidade dos Dragões. Ela é uma espécie de mediadora entre os reinos, com o Regente sendo o governante máximo. Tecnicamente, os reis estão num cargo maior que o seu, mas a realidade é outra. Existem os Enviados, que eu também conheci, que são seus agentes pessoais. Ele próprio seria uma espécie de Enviado máximo da Alma. A guarda da cidade representa a Luz, e o seu Enviado é também seu capitão. Existem também uma ordem mais abrangente de agentes, que são os Enviados da Alma. Enquanto que não fazem parte da guarda e conselho pessoal do Descendente, são enviados em inúmeras missões e são seus principais representantes fora da cidade, além dos próprios Enviados. Antigamente eles eram conhecidos por todos, e amplos heróis; atualmente, enquanto que às vezes tem seu esforço reconhecido, passam facilmente despercebidos. Dizem também que o Primeiro Regente criara também a Ordem da Sombra, já que também a respeitava como divindade; Dizem que elas faziam o que os outros não faziam: não tinham escrúpulos. Justamente por isso talvez fossem ironicamente os mais leais e fortes, por não se deixarem prender por conceitos como honra, algo que é essencialmente social, para lhes impedir de fazer o que for preciso. Dizem também que essa Ordem ainda existe...
            Deluna, um Antigo Reino, da Água, o qual a Parte Pierum governa. Seu atual rei nada mais é do que uma rainha, Jabrielle Pierum. Fica no norte do continente do leste, Lusinus; e sua capital é O Grande Templo, que é famosa por seu palácio-catedral, onde a própria governante também é a Alta Sacerdotisa, e ministra palestras e sermões todos os dias em seu Templo. Essa Parte envolve uma doutrina religiosa, e como já se percebeu, une política e sua devoção pelos Sete. Por causa disso, eles são os principais aliados de Astranimus, quase a ponto de Glen ser um segundo rei. Ou provavelmente como a rainha gostaria, seu marido. Mas a esposa de Glen morreu há muito tempo. Talvez Jabrielle também gostaria de que a nossa Cidade Própria fazer parte de Deluna. No entanto, eles eram abertos a novas idéias e culturas. Artistas e filósofos normalmente nasciam lá, e provavelmente fora o berço da música e das artes.
            Fluon, o qual a Parte Cross governa, e a Terra dos Torneios e da Glória. Muitas batalhas antigas foram travadas ali, e atualmente muitas competições se passam ali, financiadas pelos campos férteis do rio Único. Sua capital é a quente Cidade do Equador, a beira-mar, onde comumente eram recebidos os participantes de inúmeros torneios, se não o for na margem do seu famoso rio. O pequeno reino, junto de seu rei Richard Cross, a rainha Tanya Cross, e seus vários filhos; prosperavam constantemente, sempre em festa, ébrios em seu passado e seu dinheiro. Apenas outro reino era mais rico que este...
            Lupinus, o Antigo Reino do Vento, extremamente pacífico, e lar dos mercadores em geral; governado pela Parte Sume. Oko Sume é o seu governante, e tem de todos os reinos a maior economia. Dizia-se que por cada concubina em seu harem ele tinha um milhão de dracos. Também falava-se que nenhum homem conseguia ver o fim de seu harem... Deve ser o reino mais cheio de ouro de toda Requin, porém infelizmente não faz bom uso dele. Também é o que mais produz, sendo o maior exportador do mundo, com acesso a todo tipo de produtos. Fica ao sul de Lusinus, a capital Aurum conveniente perto das fontes de várias riquezas e estradas. É também onde fica a presença de maiores quantidades de Próprias Cidades, apesar de terem essa tendência economista do reino que as cerca.
            Sacrevi, outro pequeno reino, era um orgulhoso arquipélago a leste de Fluon, com o velho Rei Jean, casado já pela terceira vez, sendo a noiva da vez a jovem Mary Cross, sobrinha do governante de Fluon. Tinha dois filhos, frutos das esposas anteriores: seu herdeiro Christopher Vandegard e sua donzela Sophie Vandegard. Entre uma predominância pesada da aristocracia, desconfiança dos estrangeiros e uma verdadeira prosperidade, o seu povo criou duas grandes artes: a do florete e a da sedução. Eram fartas as canções sobre os heróis sacrevianos que duelava uma centena de homens e conquistava a mesma quantidade em mulheres.
            Sanctarra fica na região montanhosa, ao sul do equador, em Monbrevis. O Antigo Reino da Terra é uma sociedade de tradição militar, onde todas as famílias nobres são hábeis espadachins, inteligentes táticos que comandam os seus exércitos, e toda a glória vinha da guerra. A Parte que os governa também é a parte que os lidera em batalha, sendo chamada por Bel. Ulric Bel é o seu Grande General agora. A arquitetura de lá era bem diferente do que a nossa e do continente oriental em geral, segundo o que eu li. Eles usavam muita madeira, faziam pilares, portas estranhas e telhados estranhos. Quem sabe um dia eu possa vê-los em sua capital, Espada, cercada por cadeias de montanhas e seus respectivos guardiões.
            Proecen, Antigo Reino do Fogo. Lá, a tradição era de magia e tecnologia: eles fazem vários experimentos mágicos e foram os principais contribuintes para a parte tecnológica do nosso avanço pelos anos, guiados pela grande onda de prosperidade criada pelos Regentes ao passar dos anos. Seu grande rei e maior mágico se chama Baal Vonen. Dizem-se que seus poderes não tem limites, e que usando todo o seu poder ele poderia acabar com o mundo com uma enorme bola de fogo. Meu pai diz que nem se ele morresse conseguiria isso. O seu último feitiço é sempre o mais poderoso...
             Estão sempre estudando o vulcão, lar também da capital Kato e maior cidade do mundo... Excluindo Astranimus; e de que forma podem manipular o seu poder à sua disposição. Compartilha a mesma arquitetura que o resto do continente. Existem alguns reinos menores, porém eles são tão influenciados pelos maiores que não vale a pena serem citados.
            Porém, antes dessa era... Dizia-se que tudo era um completo caos. Tanto é que não havia recordações de, por exemplo, quando despontamos no tempo. Só começaram a contar os anos a partir da Era da Alma, que foi quando um Descendente Dela finalmente conseguira completar seu objetivo, conseguindo paz, ordem e tranqüilidade no mundo e finalmente fazê-lo avançar de muitas formas: magicamente, socialmente, etc. Ele uniu as tribos semelhantes e fundou os reinos, criou Astranimus, o Conselho dos Reinos, o Idioma Requino ou como chamam hoje, Língua de Todos; escolas, cidades, câmbio, etc; Tentou como pôde acabar com as diferenças entre as pessoas, o que infelizmente não funcionou totalmente, já que até hoje existem pessoas como Roderick; E conseguiu estabelecer o seu domínio e o dos Sete Deuses, destronando os antigos deuses pagãos das mais variadas civilizações.
             Pouco sabemos da Era da Escuridão, que foi supostamente quando os Deuses criaram este mundo chamado Requin, há milênios atrás. Desde então o descendente d’Alma vem tentando, geração por geração, a cumprir seu objetivo. E hoje em dia, Glen faz tudo ao seu alcance para continuar a governar sabiamente o seu reino, mesmo com a profecia. Com poderes dados pelos Dragões Primordiais, o primeiro Regente profetizou que nesse primeiro milênio haveria paz, ordem, tudo seria perfeito. No entanto, a cada milênio completado, um conflito abalaria todo o mundo, e nem mesmo o Descendente poderia fazer algo para impedir.  Porém aquilo era muito vago para ser uma profecia. Quem conhece, no entanto, está receoso. Estamos perto do final do milênio, e tudo parece estar em paz... Por enquanto.
           Diz-se que também que na Era da Escuridão, dragões reinavam o nosso mundo. Isto é, até a época do primeiro regente, que provavelmente os exterminara. Até hoje, os únicos “dragões” que existem seriam os tais Dragões Primordiais, que nada mais e nada menos seriam do que a forma física dos Deuses. No entanto, ninguém jamais os vira. Nem mesmo Glen diz qualquer coisa sobre isso, então algumas pessoas desacreditam nos Deuses, nos dragões, ou até mesmo na nossa “mitologia”. Digo dessa forma por que as pessoas acreditam que sejam mitos, mas ninguém sabe de verdade. Os vampiros, por exemplo? Talvez sejam verdade, quem sabe. Mas eles eram apenas um espécime das várias supostas aberrações que existem por aí. Dizem-se que existem entidades abençoadas ou amaldiçoadas por cada Deus, sejam elas feitas ou transformadas. Dizem que um homem verdadeiramente voltado para o Deus da Terra, Curat, poderia se transformar em um lobo gigante, por exemplo. As lendas variavam muito, nada era muito certo. Mas mesmo sendo apenas contos, talvez até para fazerem crianças dormirem assustadas, meu pai ensinou tudo. Quase tudo. Acredito que tudo virá com o tempo, por mais irritado que eu ficasse ás vezes.
            E já não acreditava que várias dessas histórias eram apenas mitos: aquelas sombras me provaram o contrário...

 - Faon! – Meu pai me chamou, algumas semanas depois do começo da viagem, me tirando da minha contemplação do mar, enquanto sinalizava a cidade á vista. Já estava de noite, mas eu conseguia enxergar tudo de onde eu estava, e tudo se confirmou quando eu desembarquei. Era uma cidade muito mais viva. Já não era aquele mármore negro usado em tudo, apenas rochas na base das construções principais e em alguns pilares. Arquitetos viravam artistas ao criar prédio de madeira e outros materiais de forma tão bonita, e que eu nunca antes vira. Eles não usavam portas, e sim...
- Pai, o que são isso que eles usam ao invés de portas?
- São corrediças, feitas de papel de arroz. – Mal sabia que dava para fazer papel de arroz, quanto mais que podia se usar papel de arroz em corrediças. Mal chegara e esse lugar me surpreendia. Mas não fazia sentido...  Pelas poucas pinturas e poucos desenhos que eu vi, essa arquitetura é originalmente ocidental. Ela não pode ser tão excessivamente diferente.
- Pai, por que essa cidade é tão diferente de Astranimus?
- Não sei filho, deve ser por que não é a capital, ela fica no continente, e... – Olhei para ele, ligeiramente decepcionado.
- Pai, você não entendeu... -
- Ah. Certo. Bem, há mais de mil anos atrás, pessoas de Sanctarra fugiram de uma guerra, vindo para cá. Aqui eles criaram uma cidade como as que tinham no continente, na beira do mar, onde poderiam ver se um dia os seus inimigos os iriam perseguir até ali. E portanto, a cultura aqui é predominantemente ocidental, por mais que esta seja agora uma cidade de Deluna.
- Interessante. – Continuei andando, com meu pai de um lado e Tyke de outro, cheirando o chão, o ar, as árvores... E se assustou quando viu um dos vários artistas de rua conforme ele soprava fogo pela boca. Luzes queimavam vindas de várias lanternas coloridas, espalhadas por lampiões e cordas acima das ruas. Os guardas usavam uma armadura feita de placas vermelhas e um capacete ainda mais estranho, pontudo nas extremidades, muito diferente de um elmo. As armas se alternavam entre uma lança, e uma espada muito peculiar... Eu realmente ainda conhecia pouco do mundo, mesmo com tudo que aprendi. Ler era muito diferente que conhecer.
            Esperei na doca enquanto meu pai voltava e trocava palavras finais com o capitão, para então seguirmos em frente. Eu queria olhar a cidade, mas meu pai continuava andando, sem parar. E com toda a seriedade que ele ostentava, não ousei ir à outra direção.
             Entramos em uma taverna, que para o meu alívio era no estilo de Astranimus. Toda feita de mármore negro, do chão ao telhado. Provavelmente era para aqueles viajantes que vinham do restante de Astranimus, o que não era raro, já que era o maior e provavelmente melhor porto de Deluna; e não se sentiam confortáveis na tradicional taverna sanctarriana, como mais tarde descobri, era ainda mais estranho que o exterior. O chão não era pedra, e sim alternado entre madeira e algo confortável e macio, chamado de tatame. As mesmas corrediças usadas fora eram usadas para dentro, e as camas eram basicamente um tatame ligeiramente mais macio. Eu acho que eu preferia uma cama normal. Meu pai conversou com o estalajadeiro sobre arranjar quartos com uma cama grande e quente cada, comida boa e bebida fresca, para passarmos um bom tempo. Era como se estivéssemos alugando esses quartos. E ele tinha todo o dinheiro do mundo para isso.
              Ele foi resolver alguma coisa fora da cidade, e eu fiquei no bar mesmo, bebendo leite. Olhei ao meu redor, e não vi uma cena muito diferente do dia anterior ao meu aniversário: homens que, apesar de vestirem robes longos, entre outras roupas estranhas; estavam cansados de trabalhar o dia todo, limpando a alma e intoxicando o corpo, felizes com suas resoluções simples, e ansiosos por uma mudança em suas vidas. Mas ás vezes, as mudanças não são tão boas.
             Olhei ao meu redor, e vi um homem encapuzado, com muitas roupas marrons, se sobrepondo. Tysen.
- Ei, aqui! – Ele virou o seu rosto, e ao me ver, se dirigiu até mim.
- Então, você também vai ficar aqui? – Perguntei. Ele então ficou vermelho e começou a olhar nervosamente para o lado.
- Err... Minha família não está em casa. Aqui é mais seguro.
- Tudo bem então. – Sorri um meio sorriso. Ele era assim por natureza, tão tímido e tão estranho? Apenas o tempo poderia revelar. De toda forma, eu estava ficando com vontade de ir para a cama...
- Eu já estou com sono. Deve ser o efeito do leite. Vamos tentar nos ver aqui mais vezes, já que você está ficando aqui!
- Pode ser.
- Boa noite então, Tysen! – Disse, enquanto eu subia as escadas para os quartos.
               Meu quarto era bem simples. Consistia apenas de uma janela para a frente da taverna, uma cama e uma mesinha. Eu esperei pelo espetáculo uma vez mais... E ele voltou a ser verde. O que aconteceu ontem para que ele virasse vermelho? Deitei-me pensando nisso.

               O pesadelo se repetiu outra vez, e só me salvei quando fui acordado pelo meu pai, bem cedo.
- Não posso dormir só mais um pouco? – Queria dormir tranquilamente agora, já que o sonho maldito já havia se concretizado.
- Não, temos que acordar cedo para o que vamos fazer. Vá se acostumando. – Levantei de mau humor e troquei de roupa, enquanto meu pai me esperava lá embaixo. Conforme saíamos do bar, eu olhava á minha volta, para a cidade que permaneceria deserta até a hora do pico... E não vi Tysen em lugar algum.
             Finalmente, chegamos numa clareira, não muito longe da estrada. Fiquei muito surpreso, apesar de ser pouco para falar o que estava sentindo. Nunca imaginei que o meu pai fosse mesmo fazer isso. Tyke e Morris já estavam lá, esperando para começarmos.
- Pai, o que é isso?
- Bem, meu filho... Hora de retomar as lições.




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Autor(a): faonkarino

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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A clareira estava cercada por árvores, paliçadas, rochas enormes; todo tipo de obstáculos para torná-la segura. Morris e Tyke estavam de guarda, enquanto meu pai me levava ao "interior" do local. Estantes, estandes, tendas: havia de tudo um pouco lá. - Pegue qualquer arma de sua preferência. – Observei um pouco as armas, at&e ...


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