Fanfic: O Poder da Paixão - Adaptada ( Vondy)

Era assim que ele sonhava com ela, sonhos que não chegavam aos pés do que acontecia nos encontros reais.

Ela nunca havia compartilhado sua cama, nem permitido que ele compartilhasse a dela. Encontravam-se sempre em território neutro. Faziam amor, sexo, em camas estranhas. Ela nunca chegara antes dele para preparar uma cena da­quelas. E não importando até que horas da noite tivessem se perdido um nos braços do outro, nem o quanto esgotados pudessem estar depois disso, ela sempre partia. E sempre antes dele. Jamais havia adormecido em seus braços.

Agora seus braços estavam estendidos e suas mãos tremendo como se tomadas por emoções excessivamente brutais, para que a sua compleição delgada pudesse es­conder ou resistir a elas. Emoções que ele sabia que não eram verdadeiras. Que ela não possuía. Sua voz, porém, soava agora como se ela fosse feita apenas de emoções.

- Pare de me atormentar, ya habibi. Fale comigo. Ve­nha para mim. Sabe que quer isso.

Aih, não havia nada que ele quisesse mais do que dei­xar toda e qualquer precaução de lado, arrancar sua roupa e senti-la finalmente sob seu corpo, penetrá-la e arrancar o seu prazer do dela para, finalmente, encontrar a paz.

Mas ele nunca a encontraria. A única mulher que ele havia permitido na vida que penetrasse em seu ser, per­mitindo que ela estendesse seu domínio sobre sua mente e ocupasse suas prioridades e sonhos, não passara de uma ilusão. Ele teria de aprender a conviver com a perda dela ferindo-o eternamente, devorando-o por dentro.

Só uma última vez.

A tentação e a fraqueza o atravessaram como uma lâ­mina. Ela percebeu e ampliou o seu efeito.

--- Tem de falar comigo, Christopher, me contar o que houve de errado. Você deve isso a mim, a nós. Eu me recuso a simplesmente deixá-lo ir embora. Não consigo deixar de amá-lo e sei que você também não. Tenho certeza de que não deixou de me amar.

Ela o conhecia bem demais e ele não sabia nada a seu respeito. Mas agora era diferente. Ele sabia tudo sobre as perversões que poluíam a mente e o corpo dela e corriam pelo seu sangue denso. Assim que obteve uma prova, ele tomou sua decisão. Jamais sucumbiria outra vez. Estava terminado.

Não que ela tivesse permitido que ele desse um fim àquela história. Ela o havia perseguido, fingindo confusão e pesar devido àquela separação repentina, desfazendo-se em infindáveis tentativas de fazer com que ele voltasse atrás em sua decisão de terminar com os longos seis me­ses em que estivera viciado nela.

E o pior era que havia conseguido encurralá-lo. Naque­la noite, em especial. Como ela sabia que sua fome havia alcançado um nível tal que provavelmente faria com que ele se arriscasse a provar um pouco mais dela outra vez?

Chega. Ele não podia permitir que ela o enganasse ou­tra vez. Não suportaria ouvir as falácias que os viciados em mentiras, como ela, não se cansavam de contar.

Mas os olhos dela, aqueles mares de ouro antigo e sin­ceridade, estavam turvos com a prata líquida da angústia, suplicando pela misericórdia dele, determinando sua ren­dição, e, indo contra sua vontade, ele cedeu. A beleza de Dulce parecia se intensificar à medida que a distância en­tre eles se evaporava e o cheiro da excitação dela invadia suas narinas, mexendo com suas entranhas.

Foi então, quando seus lábios se aproximaram dos dela, prestes a cair na armadilha, que ele viu o alívio e o triunfo em seus olhos.