Fanfic: Showbiz | Tema: Muse, Avenged Sevenfold, 30stm
"Beep… Beep…" era estável e chato, mas foi o primeiro som que ouvi quando abri os meus olhos, mas ouvia tudo ainda como se estivesse debaixo de água. A minha visão estava desfocada. E quando ficou decente, fechei os olhos imediatamente assim que encontrei um candeeiro de tecto branco e deprimente. A luz era fraca, mas eu tinha acabado de acordar, não sabia onde estava, que dia era, só me lembrava do copo, e da minha estupidez.
Abri os olhos mais uma vez, o cheiro era insuportável e deixava-me doente, cheirava de tudo desde desinfectantes a remédios. Estava obviamente num hospital… Respirei fundo pela primeira vez em qualquer que fosse o tempo que tivesse passado naquela cama. Cama que rangia de uma maneira ensurdecedora com o mínimo movimento. Mas finalmente a minha cabeça assentou e sentei-me.
Olhei em meu redor, havia um cortina ao meu lado, uma porta em que se viam pessoas apressadas de batas brancas de um lado para o outro, vultos de macas. Tudo muito apressado. Mas pude concentrar-me num só vulto, de uma mulher, com a mesma bata branca, com um olhar doce. Falso, como sempre. E o cabelo atado. Sorriu-me, aqueles sorrisos profissionais deixavam-me doente.
– Acordou!- disse com orgulho, como se fosse algo muito especial
– Não me diga?- eu sei, sempre fui rude, não gostava de ninguém a não ser dos meus meninos, foram aqueles com quem cresci, e as únicas pessoas em quem confiava, o resto, eram tudo seres humanos sem rumo que entrariam em curtos episódios da minha vida.- Que dia é hoje? Que hospital é este? Onde estão os meus irmaos?
Ela interrompeu-me gesticulando as mãos. Depois pausou e deu-me mais um sorriso doentio, não retribuído por mim obviamente.
– Só passaram 2 horas desde a sua entrada, você devia ter cuidado com o que ingere, se não agíssemos rápido, a droga poderia ser fatal- franzi os lábios, quem era ela para me dar um sermão? EU sabia o quão idiota tinha sido, e acho que já tinha aprendido a minha lição por estar ali. - O seu irmão mais velho está lá em baixo, aparentemente o resto dos seus amigos ficaram no bar. Mas ele afirmou que estariam aqui depois do concerto.
Só esperava não ter arruinado o concerto deles, nunca mais me iria perdoar. Odiava dar trabalho, especialmente arruinar oportunidades para eles.
Mas aparentemente tudo devia ter corrido bem, fiquei preocupada com o facto de ser apenas o Shannon que estava à minha espera, preocupada com a sua figura de pai, e do seu discurso autoritário. Adorava-o imenso, e a ideia de o poder ter desiludido de alguma maneira aterrorizava-me.
Pouco foi o tempo que tinha para pensar, pois a senhora desapareceu e minutos depois, perante mim estava um homem forte e familiar, com a expressão pesada, mas de uma certa maneira compreensiva. Sentou-se ao lado da minha cama.
– Como te sentes?- rodeios, rodeios, odiava rodeios, queria que ele fosse directo ao assunto. Suspirei com força, ele reparou.- Ok, o que se passa contigo Lil? Tens andado estranha nestes últimos momentos.- Reparei numa certa cumplicidade na sua voz, como se em vez de pai, ele estivesse a ser meu amigo, disposto a compreender-me. Ergueu os seus olhos verdes fixados nos meus à espera da sua resposta.
Não sabia o que responder, não sabia bem o que tinha acontecido comigo. Estava fraca, só me lembrava do encontro com o Dom, não sabia se tinha sido ele a despertar este lado de mim, lembrava-me do seu sorriso gentil e sedutor, dos toques e da proximidade. E depois, senti uma enorme saudade, não tinha passado um dia, mas queria reviver aquele momento… Porquê?
– Não sei Shannon… Fiquei chateada com vocês… e decidi fazer toda merda possível… desculpa… a sério- Shannon não ficou convencido, nem perto, mas sabia que não valia a pena insistir comigo, eu tinha o feitio dele e isso era o que mais lhe irritava em mim. Suspirou.
– Está bem Lil… isso não explica nada… podias ter ficado chateada conosco, mas o Syn mal participou na discussão… e estás bastante distante dele- surpreendi-me, esperei que ficassem contentes por não dar tanta atenção ao Syn, mas claro, era estranho da minha parte. Encolhi os ombros.
– Secalhar está na hora de crescer- ele olhou-me suspeito, não parecia acreditar na mínima palavra que lhe dizia.
– Não me vais contar o que aconteceu, pois não?- Assustava-me cada vez que ele me lembrava que era a pessoa que melhor me conhecia, mentia-lhe várias vezes, ele deixava passar, mas nunca acreditava, sabia de cor cada traço de mim. E quando a mentira vinha ao de cima, ele nunca se surpreendia.
Naquele momento, não lhe queria mentir, mas ao mesmo tempo, não sabia que lhe dizer. Afundava-me em negação cada vez que dizia a mim própria que o encontro com o Dom me tinha sido indiferente. Pois nem estava perto de o ser. Mas que lhe haveria de dizer? Adorava-o, odiava mentir-lhe, mas não sabia como lhe dizer a verdade.
Dei-lhe um olhar suplicante, este preocupou-o, parecia que nunca me tinha visto daquela maneira, estava frustrada entre a verdade e a mentira.
– Não precisas de contar… Não agora…- suspirou, e esperou que ficasse mais calma, mas estava na mesma- Mas não foste passar a noite á casa da prima do Jimmy, certo?
Suspirei
– Não…
Ele olhou-me uma ultima vez.
– Amanha de manha podes sair… Depois falamos. Quando estiveres melhor.
Levantou-se, fiquei assustada, queria que o assunto fosse fechado, não queria voltar a falar naquilo. Mas já o conhecia, deu-me um beijo na testa e saiu.
Estava cansada e fraca, e essa poderia ser a única razão de ter adormecido, pois duvido que se estivesse saudável, não iria dormir nem um minuto, ao imaginar a conversa que teríamos no dia seguinte.
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A minha consciência pesada acordou-me, ainda era bem cedo de manhã, mesmo não sabendo que horas eram. O sol mal se tinha erguido e era fraca a luminosidade que vinha através da janela. Ensaiei o discurso que ia fazer ao Shannon vezes sem conta. Nunca era bom o suficiente, queria dizer-lhe o que se tinha passado, mas ao mesmo tempo não que ...
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