Fanfic: Showbiz | Tema: Muse, Avenged Sevenfold, 30stm
A minha consciência pesada acordou-me, ainda era bem cedo de manhã, mesmo não sabendo que horas eram. O sol mal se tinha erguido e era fraca a luminosidade que vinha através da janela.
Ensaiei o discurso que ia fazer ao Shannon vezes sem conta. Nunca era bom o suficiente, queria dizer-lhe o que se tinha passado, mas ao mesmo tempo não queria explicar como o simples convite para passar a noite na suite dos Muse me tinha mudado.
Mas também era isso que tinha medo de descobrir, tinha medo de analisar o que realmente se tinha passado comigo quando fitei pela primeira vez os olhos acinzentados e maliciosos de Dom, que, depois, numa outra conversa, se tornaram mais irresistíveis, quando ele formava aquelas frases meigas. Sempre me arrepiava quando voltava a sentir mentalmente a sua mão na minha cintura, e a maneira como estivemos próximos. Mas eu não estava apaixonada por ele, não podia.
As horas passaram demasiado rápido, e o fim do tempo que tinha para pensar foi anunciado com dois toques leves na porta à minha frente, que estava aberta. Reparei na pessoa atrás da mesma, sorridente. Que se inclinou para poder entrar, pois era normal para um poste como ele, a sua franja comprida de cabelos negros tapava um dos seus olhos, aproximou-se de mim, beijou-me a nuca e colocou no meu colo a minha mala.
– Tens 15 minutos para te vestires- e dito isso, Jimmy saiu. Encostou a porta, a enfermeira tinha-me dado alta há algum tempo.
Estava ansiosa para sair daquele lugar. Queria voltar para casa com eles todos, queria que a conversa com o Shannon fosse esquecida, queria que o Dom fosse esquecido, queria regressar á minha vida "normal". Já tinha saudades do ar enjoativo das garagens, das noites loucas que passávamos juntos, e até de ter de arrumar tudo no dia a seguir.
Fui encaminhada até à sala de espera, não pude guardar o sorriso para mim, estava especialmente feliz por vê-los. Não pareceram julgar-me. Abracei-os a todos, se bem que o abraço com o Shannon foi mais constrangedor. Pois eu sabia a conversa que me esperava.
Decidi ir ao lado de Syn no carro, como era normal, e porque a viagem ao lado dos meus irmãos ia ser silenciosa e longa. Não queria levar com os olhares de Shannon através do espelho do carro.
Estava ao lado de Syn apenas em corpo presente, e ele estava a reparar na maneira como o estava a “esquecer”, eu até gostava disso, no fundo, ainda tinha aquele desejo infantil de querer que ele sentisse saudades minhas, e que fosse a correr atras, queria vê-lo a lutar por mim. Acabei por adormecer no seu ombro.
Acordei minutos antes da chegada, já se podia ver a estrada circular, onde nas suas bermas se encontravam as casas brancas erguidas de uma maneira lindíssima, escondendo toda a rua nojenta que se encontrava por trás. Todas elas eram réplicas umas das outras, o branco das suas paredes parecia ser limpo todos os dias, assim como as janelas e seus esverdeados jardins floridos.
Um estranho silêncio invadia a rua, pois ainda era de manhã cedo, nenhuma banda estaria a ensaiar, provavelmente estariam todos a recuperar da sua noite anterior. O carro foi estacionado.
Saí, e permaneci ao lado de Syn até entrarmos em casa, onde cada um seguiu seus caminhos. Matt, Zacky e Johnny foram para a garagem, Jimmy e Syn para a sala, Tomo e Jared desapareceram, pois perceberam que, Shannon iria querer falar comigo. Este puxou suavemente o meu braço por trás, e conduziu-me para a cozinha, sentámo-nos na mesa, á frente um do outro.
– Podes falar…- Não pareceu estar com paciência para rodeios.
– Não aconteceu nada de mais naquela noite Shannon… prometo… - Shannon suspirou, cansado de mentiras. Parecia que contia um depósito delas e que estava pronto a explodir, era nesses momentos que me sentia bastante mal comigo própria, odiava mentir-lhe.
– Prefiro que me digas que aconteceu algo e que não me queres contar- suspirou zangado- desde quando é que precisas de me mentir?
Olhei para ele triste, ele tinha razão, nunca lhe quiz mentir, nunca tive de lhe mentir, afinal ele era uma das pessoas em que mais podia confiar. Não sabia porque o que lhe queria tanto esconder.
– Não tenho… desculpa… não sei bem o que aconteceu, a verdade é que nem sei o que me deixou desta maneira… Mas passa… Ainda só passaram 2 dias… Não te preocupes- foi talvez a primeira fala sincera que disse ao Shannon há bastante tempo. Ele olhou-me satisfeito com a verdade, levantou-se.
– Tudo bem Lil… mas sabes onde estou se precisares de mim.- acenei com a cabeça. Fiquei minutos sentada a fitar a mesa amarela limpa, tão limpa que reflectia, embora não como um vidro, o meu rosto… O meu rosto confuso, algo se passava e eu não sabia o que era.
Sempre que tirava alguns segundos para pensar, era sempre interrompida, desta vez pelo telemóvel, que vibrou no balcão da cozinha, levantei-me e peguei nele. Tinha algumas chamadas não atendidas e uma mensagem.
“Estou em Huntington beach daqui a dois dias, tenho saudades tuas. No hotel ás 20:00h?
Dom”