Fanfics Brasil - Capítulo 3 Map of the Problematique

Fanfic: Map of the Problematique | Tema: Muse


Capítulo: Capítulo 3

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Os cobertores brancos lavados reflectiram toda a sua luz assim que a manhã começou, Dom acordou mais uma vez, rodeado daquele odor lavado e perfeito, tudo estava perfeitamente arrumado e no seu lugar, a sua vida por fora não poderia estar mais organizada. Tinha uma casa luxuosa, daquelas que qualquer pessoa se fascinava ao passar por ela, imaginando a sua história, o seu preço, o seu interior, e quem seriam os sortudos a morar num local de tanto luxo. Ao seu lado, naquela cama de casal tão familiar para Dom, estava mais uma vez, aquele corpo feminino tão desejado por todos, mas que só Dom poderia ter. Os cabelos castanhos encaracolados preenchiam toda a almofada, e os seus olhos azuis estavam adormecidos.


Dom perguntava-se todos os dias porque os seus atributos físicos lhe atraíram tanto, ele poderia ter escolhido entre tantas outra lindas mulheres, mas aquela era a única possuidora de tal aparência, Dom viu algo para além dos seus olhos azuis e dos seus fios castanhos imensos caídos pelos seus ombros, mas não era por ela, Dom não estava feliz com ela, apenas aceitou que a sua vida iria tomar aquele rumo, em breve, eles estariam os dois perante si, ela iria vestir um vestido branco e um sorriso enorme e Dom o seu sorriso fingido de sempre, iriam declarar votos que para Dom eram puramente falsos. Ela era Dianne, sua noiva.


Dom faria tudo aquilo para agradar os seus pais, ele via em Dianne outra pessoa, aqueles olhos azuis reflectiam alguém perdido na sua memória, alguém que Dom custava relembrar, apenas o seu nome o fazia tremer, Dom achava aquela atitude idiota e infantil, mas eram sentimentos que nunca iriam mudar. “Matt, Matthew, Matt…” ele fazia este exercício diariamente, queria que um dia ele pudesse dizer o seu nome e não sentir nada, para além daquele coração apertado cujo transbordava saudade. Dom lembrava-se todos os dias de ser forçadamente levado por aquele casal desconhecido, enquanto olhava para o seu amigo, ele não queria abandona-lo, nunca quis…


Ninguém na sua nova vida sabia dele, Dom tentava esquece-lo todos os dias, não percebia porque é que ele ainda vivia na sua mente diariamente, afinal, ele tinha a vida perfeita:


Dinheiro, um emprego fantástico e estável, uma posição alta na sociedade, a família perfeita e a casa perfeita, uma noiva linda que o amava incondicionalmente, da qual Dom se culpava por não poder retribuir tais sentimentos. A vida dele, tão organizada e estável, era o oposto de toda a desordem na cabeça e coração de Dom.


Um toque, um simples e leve toque acordou-o de todos os seus pensamentos, Dianne sorriu-lhe como fazia todas as manhãs, Dom forçava um sorriso e esperava pelo beijo de bons dias.


– Bom dia querido- ela sussurrava docemente e depois saía da cama em direcção da cozinha, Dom perdia-se nos seus pensamentos, vestia-se e apenas quando o aroma delicioso dos cozinhados de Dianne chegava ao quarto, ele descia. Ele olhou para a sua agenda. Aí ele tinha percebido o rumo que a sua vida tinha levado, tudo o que tinha marcado para o dia eram preparativos para o casamento, casamento que ele estava longe de desejar, Dianne era uma mulher linda e maravilhosa, mas nunca poderia realizar os desejos mais íntimos de Dom, esses nem ele conhecia bem.


Apertou a camisa, e colocou a gravata, olhou-se ao espelho, ele era capaz de ver porque as pessoas se sentiam tao atraídas por ele, ele era um homem charmoso, bem-parecido e educado. Depois de se vestir, desceu as escadas em direcção a cozinha, aquela era a casa que ele sempre sonhara, moderna e cheia de luz natural, aliás, ele possuira todos os materiais que poderia desejar, mas não passavam disso, meras posses materiais que poderiam ser facilmente substituídas.


Beijou a noiva na cara, Dianne já se habituara a falta de atenção da parte de Dom, ela sabia que Dom, por alguma razão cuja ela já tinha desistido de tentar descobrir, nunca a iria amar da mesma forma, ela amava-o incondicionalmente, ele era o homem da sua vida, daqueles que as meninas sonhavam com, ela via-se ao lado dele até ao fim dos seus dias. Mas Dom, nem por isso, ele tinha muitos objectivos distantes que queria conquistar, ele nunca quis Dianne no seu futuro, ele nunca quis aquela fortuna. Ele trocaria aquilo tudo para voltar ao orfanato, ele queria voltar a ver Matt.


Era talvez por isso que, contra a vontade da família, Dom nunca mudou de cidade, ele sabia que Matt poderia ter sido adoptado ou poderia estar a viver no outro lado do mundo, mas para Dom, ele nunca poderia estar mais perto dele como estava ao viver naquela cidade, ele desejava todos os dias encontra-lo mais uma vez.


– Hoje temos de experimentar mais dois menus para o casamento- sorriu Dianne para Dom, que não retribui tal sorriso.


– Mais um?- Dom parecia chateado, ele odiava aquele casamento, ele queria fugir de todas as suas responsabilidades de vez, ele queria correr atrás do seu passado e nunca mais voltar.


– Sim amor, já sabes como vai ser um grande acontecimento- Dianne descrevia tudo com um brilho especial nos olhos, Dom sabia como ela o amava, e como aquele casamento era o maior sonho dela, Dom apenas queria não participar nele, ele desejava o melhor para a mulher que estava perante ele, mas simplesmente não queria estar com ela.- tem de estar tudo perfeito- ela acariciou o rosto de Dom uma ultima vez, e após servir o delicioso pequeno almoço típico da sua família britânica, dirigiu-se para a porta.


– Hoje é o dia, vou buscar o vestido- o entusiasmo transbordava na voz dela, e Dom sentia-se cada vez mais ansioso assim que o dia chegava mais perto. Ele sorriu forçadamente mais uma vez, ele tinha dominado a arte de fingir sorrisos, pois não tinha feito outra coisa nos últimos 18 anos.


Dom sentiu-se aliviado assim que ela abandonou a casa. Pode sentar-se na cadeira calmamente ao apreciar o pequeno almoço sem ter de a ouvir falar do casamento toda a hora, Dom gostava de Dianne, mas não a amava, queria que ela fose feliz, mas não queria que fosse com ele, pois ele nunca iria ser feliz com ela.


E mais uma vez, ele estava sozinho naquela cozinha moderna e ampla, bastante luminosa, o aroma da comida desaparecia á medida que Dom terminava a refeição, aqueles eram os últimos minutos de sossego que ele tinha nos dias ocupados dele. E assim que o relógio anunciava as nove horas em ponto, ele sabia que mais um dia de sentimentos fingidos, iria iniciar.


 



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