Fanfic: Map of the Problematique | Tema: Muse
Matt saiu imediatamente da sala, e mais uma vez se perguntou a razão de sua reacção tao explosiva, mas era inútil, não havia nada na sua cabeça que explicasse seus actos, ele fazia tudo por fazer e era cada vez mais frustrante, nao passava de uma máquina, ele queria voltar a sentir, nem que fosse a minima coisa, queria saber se o que estava a fazer era certo, queria deixar de agir por impulso, queria que tudo no seu cérebro deixasse de ser mecânico e dependente da lógica, queria que a sua mente deixasse de ser um puzzle em que a única peça que faltava estava desaparecida e existia apenas na sua memória.
Depois de 18 anos, era de esperar que seguisse em frente, mas Matt não podia, nem queria largar a única coisa que o deixava perto de se sentir vivo, cada vez que alimentava o desejo de voltar a ver Dom e destruir todos os obstáculos no seu caminho, Matt sentia-se vivo, ele voltava a ser humano e não apenas um escravo de seu passado distante.
Um toque, bastou um toque para Matt voltar á realidade da sua vida sem rumo e ele sentiu raiva percorrer-lhe as veias, não queria que nada interrompe-se o seu desejo que o aproximava da humanidade á muito perdida, e a raiva que sentia no momento era mais um dos seus impulsos, o que despertava ainda mais raiva nele.
–Matt, amor? Preciso de te dizer uma coisa- Ele odiava o afecto dela, e tudo o que ela sentia por ele, por não possuir tais sentimentos, ele não os queria sentir por ela, ele apenas queria poder olhá-la sem se sentir vazio, pois era tudo o que ele era, um completo corpo vazio. Ele podia ficar horas a olhar Kate e partilhar mais noites com ela, mas ele nunca, nunca, iria amá-la. Nem amar nem odiar, ele não sentia nada por ela.
Encostou-a á parede enfurecido, o pânico que Kate sentia era o que ela mais adorava naquela relação, ela sabia que Matt podia matá-la naquele momento e isso ainda a deixava mais entusiasmada, a adrenalina de poderem encontrar o seu corpo morto deixava-a em completo êxtase. Mas Matt mais uma vez desistia, soltava-a e ela respirava pela primeira vez após o susto, ela sempre se perguntava o que passava na cabeça de Matt para desistir. Mas era impossivel chegar ao mais profundo limite da mente enigmatica e indecifravel da sua pessoa.
–O que foi?- A voz dele soava vazia, como tudo nele.
–Vou começar a trabalhar, não aqui, numa empresa bastante bem posicionada na cidade, e nós sabemos até onde a ganancia pode chegar- Kate sorriu, via-se que ela pertencia aquele lugar, ela era tão doente como todas aquelas pessoas, ela apenas era humana o suficiente para amar e recusar-se a matar. Matt encolheu os ombros, mais uma vez, aquilo não lhe significava nada. Ele virou as costas á loira, que o fitou admirada por tamanho desprezo.
Matt ignorou todos os seus gritos para lhe chamar a atenção, ele não a iria aturar, não naquele dia.
Na mesma hora, e na outra ponta da cidade, Dom olhava através da enorme janela que completava uma parede inteira do seu escritório, ele poderia ver a cidade toda, e ao fitar através daquele enorme vidro cintilante, ele procurava o que faltava na sua vida, ele procurava, por muito que não gostasse de admitir, Matt, ele esperava que ele apenas aparecesse um dia numa daquelas ruas que ele via facilmente a partir da sua janela, e bastasse descer o prédio para ter o seu enternamente esperado reencontro.
Mas tinha de voltar á sua dura realidade , o cheiro de café encheu o ar de repente, Dom tirou o olhar da janela e fitou a senhora elegante, alta, com o cabelo escuro atado num rabo-de-cavalo alto para trás, com grandes óculos de massa, para completar o look profissional que era padrão numa empresa como aquelas, trazia na sua mao o café que Dom pedia sempre pela manhã, e na outra mão um fino monte de folhas.
– Senhor Howard, trago as informações dos novos trabalhadores, para escolher quem quer entrevistar.- Ela colocou a caneca na secretária enquanto Dom movia a sua cadeira de novo para trás da mesma, os papeis foram postos na sua frente de forma a que Dom se concentrasse totalmente neles- Ah! E a sua noiva ligou…
Dom olhou-a confuso, o trabalho que ele tanto odiava fazer, e que não passava de uma misera maneira de agradar os pais, tinha-se tornado o seu único escape da sua vida pessoal, Dom esquecia-se de Dianne e de sua família, afundava-se em trabalho e na paisagem que aquela janela lhe oferecia, e chegar a casa, era a pior parte do seu dia.
– Eu ligo-lhe mais tarde- disse friamente, ele não iria deixar Dianne arruinar os únicos momentos que podia escapar-se. A senhora acenou positivamente com a cabeça, em forma de despedida, e saiu. Dom pegou nos papeis, papel atrás de papel, ele apenas olhava para as fotografias, julgando as pessoas pela sua imagem, ele não queria saber dos seus currículos, se houvesse alguém que lhe captasse a atenção, ele iria escolhe-la/o, pois odiava aquele trabalho e não se sentia motivado para o levar asserio.
Quando chegou ao último papel, ele analisou bem a pessoa que se mostrava na foto, não ficou muito surpreendido com os seus cabelos loiros e os seus olhos azuis, mas era de facto, uma mulher bonita, ela poderia muito bem preencher os padrões de imagem daquela empresa, passou o seu olhar apressadamente pelo currículo. E escolheu-a. Pegou imediatamente no telefone.
– Estou? Já se podem marcar as entrevistas, até agora, so quero que contractem esta tal de Kate, os outros não me interessam- Pousou o telefone e iclinou-se para trás na cadeira, mirou o tecto mais uma vez, o branco deste misturou-se com o azulado do candeeiro, tudo estava turvo, o cansaço refletia-se nos seus olhos. Respirou aquele aroma a café pela milésima vez, aquela rotina era doente, e ele não sabia se a aguentava mais um minuto.
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– Estou bem?- Matt olhou de esguelha para ela, inspeccionou-a com desprezo, estava de facto, bastante apresentável, com os cabelos encaracolados que iam até depois dos seus ombros, os seus fios loiros cintilavam como nunca, vestia um fato bastante profissional e com um toque feminino. O seu sorriso tentava atrair Matt, mas em vão, Matt reco ...
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