Fanfic: Map of the Problematique | Tema: Muse
– Então tens noiva?- Matt fitava o amigo, nervoso, acostumando-se ao turbilhão de emoções que acontecia no seu interior, apertava as mãos, uma contra a outra, tentando controlar os nervos. Há 5 minutos que estavam naquele bar, e Matt passou os mesmos a observar Dom enquanto telefonava a Dianne avisando que estaria em casa mais tarde, a voz dela soava como gritos preocupados e furiosos, mas impossiveis de perceber. Dom desligou o telefone aliviado, como se esperasse final da chamada antes de sequer a começar. Ele suspirou e fitou Matt, transformando o ar cansado num sorriso. O facto de Dom poder ter sentido o mesmo que Matt mesmo depois daqueles anos era o seu único desejo.
– Tenho sim…- Dom suspirou, embora Matt não soubesse muito, ou até mesmo nada, sobre amor, ele sabia que não era daquela maneira, com uma expressão cansada e desapontada, que se anunciava ter encontrado a pessoa com quem se iria passar o resto da sua vida. Matt arqueou uma sobrancelha, Dom percebeu a sua surpresa e tentou evitar o assunto.
– Não pareces feliz…- Dom sorriu, ele de facto estava feliz, não com Dianne, não com a sua vida, mas com Matt, naquele café, o reencontro estava a acontecer e não era um sonho nem um desejo preso na sua memória, Matt estava mesmo á sua frente, e só tendo passado dois anos ao seu lado, eles eram as pessoas em ambas as vidas que se conheciam melhor. Bastava um suspiro ou um gesto para reconhecerem as suas emoções.
– Não estou… Não estava… enfim… - ele riu abafadamente.- Já chega de falar de mim… já sabes praticamente tudo… O que é feito de ti?
Matt arregalou os olhos, ele não poderia, em circunstância alguma, contar-lhe no que ele se tinha tornado, e por momentos esqueceu-se de quem ele era, pois ele ao pé de Dom, não era o mesmo, ele tinha sentimentos, ele podia senti-los no seu mais profundo e gelado interiror, ele olhava para Dom e não sentia o vazio de que sempre sentira com todas as outras pessoas que passaram na sua vida. Mas também não tinha nome para o que sentia. Porém, dava-lhe um alívio tremendo poder sentir algo. Ele tentava evitar o assunto da sua vida com Dom, tinha acabado de o reencontrar e não poderia perdê-lo agora.
– Não sou nada de mais… Falemos de ti, tiveste uma vida muito mais interessante, porque é que não estas feliz com a Dianne? Ela parece-me uma rapariga óptima…- Matt realmente não acreditava nas suas palavras, ele não gostava de ver Dianne agarrada a Dom, assim como ninguém, pois isso afastava Dom dele… Assim ele o pensava.
– Não é culpa da Dianne, e tens razão, ela é uma rapariga porreira… mas não é para mim…- Dom sorriu seguido de um suspiro, ele não conseguia parar de sorrir por alguma razão.- eu não fui talhado para nada disto, não para gerir aquela empresa, não para casar aos 25 anos, não é suposto eu seguir nenhum caminho para onde a minha vida me quer levar…- Dom encolheu os ombros como se aceitando a sua situação, mas Matt sentia o oposto, ele queria vê-lo lutar pelos seus desejos, e mais que isso, queria fazer parte deles.
– Então… porque ainda a vives?- Matt realmente estava admirado com a atitude de Dom perante a situação, pois o Dom que conhecera, não se conformava com situações daquelas, mas Matt entendia que tinha tudo acontecido há 18 anos, Dom tinha uma família e responsabilidades. Dom soprou um riso.
– Tem de ser… Já me habituei, vou conseguir viver com isso…- Matt enraivecia ao ver que Dom não estava feliz, pois ele era a única pessoa que lhe trazia os sentimentos de volta e a pessoa mais importante na sua vida, mesmo depois de vários anos, ele merecia ser feliz, e se ele tinha perdido 18 anos sem ele para Dom não experienciar a mínima felicidade, então não valera a pena, o coração de Matt ardia com raiva. Ele bateu com o punho na mesa, fazendo Dom saltar da cadeira e olhá-lo admirado. Matt depressa se arrependeu.
– Desculpa…- Dom não respondeu, não pareceu censurá-lo.
– Não faz mal…- Matt precisava de interromper aquele silêncio imediatamente.
– Não mereces isso… porque não lutas, o que é que falta na tua vida que não consigas recuperar?- Matt parecia falar com um tom inspirador. Dom riu, levantou-se da cadeira, deixando uma nota na mesa como pagamento, Matt surpreendeu-se e seguiu-o.
– Dom!!!- Já tinha chegado à esquina onde a conversa tinha iniciado, Dom continuava de costas para Matt, enquanto este estava a poucos metros dele implorando por uma resposta. Ele olhou-o finalmente.
– Diz…- Dom aproximou-se, Matt tinha os olhos vidrados nos dele, o azul dos mesmos parecia um mar em tempestade, movendo-se com a raiva.
– Não me respondes-te… O que é que te falta?- Dom olhou para Matt, mostrando o sorriso encantador tantas vezes esboçado naquele encontro.
– Tu…- ele pareceu deixar escapar a resposta como areia escapava pelas mãos, mas uma vez que a tinha dito, não parecia arrependido, pareceu aliviado, como se finalmente tivesse dito algo verdadeiro em toda a sua vida, que o libertava da mentira que era a sua realidade. Matt olhou-o com surpresa, mas uma surpresa positiva, o olhar pareceu durar eternamente, como se eles não tivessem nenhum lugar para ir, eles pertenciam um ao outro e tudo o resto eram pormenores desinteressantes. Enquanto o sorriso de Dom iluminava a alma de Matt aos poucos, este fitava-o com fascínio. O frio da noite fora aquecido com a proximidade dos rostos, e a pouca luminosidade da rua fora completamente apagada quando ambos fecharam os olhos, concentrando-se nos lábios um do outro. Nada parecia errado, para Dom não existia Dianne nem a sua vida ocupada, ele não se preocupava com o facto de alguém o reconhecer. E Matt esquecera-se que tinha de manter a frieza para poder manter o seu profissionalismo. Ele sabia que Dom poderia ser muito bem uma das suas próximas missões. Mas naquele momento, tudo isso fora esquecido, e o beijo que parecia tão eterno como a espera, iria acabar, e eles tinham de voltar a pisar o chão gelado que era a realidade…
Prévia do próximo capítulo
Matt voltou para “casa” completamente atordoado, ao abrir a porta de madeira escura, e ouvir o ranger da mesma, ao deparar-se com a pequena casa limpa e escura, vazia como ele, ele percebeu que tinha voltado á realidade. Caminhou até ao fim do estreito corredor com paredes coberta de azulejos brancos até um terço da mesma, que se com ...
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