Fanfic: Map of the Problematique | Tema: Muse
É claro que Chris tinha desconfiado do comportamento de Matt, especialmente porque conhecia Matt melhor que ninguém, pelo menos a faceta psicopata dele, não a maneira aterrorizada que lhe olhou no minuto em que esboçou o seu famoso sorriso. Mesmo que Matt escondesse, Chris percebeu, arrancar algum sentimento de Matt era algo fascinante para ele que nunca na vida o esperou, e vê-lo comportar-se com a pessoa que lhe despertou todos esses sentimentos seria divertido. Chris iria assistir cada minuto deliciado, ele iria obrigar Matt matar Dom á sua frente, ele iria ver o rancor e a raiva acomodarem-se no seu coração mais uma vez. Chris não tinha medo de morrer, ele sabia que Matt não iria ter coragem naquele momento. E depois de ver Matt matar Dom, Chris estaria satisfeito o suficiente que abandonar aquele mundo não iria ser nada de mais.
Ele deixou Matt sair, observando os seus movimentos atordoados com um brilho especial nos olhos, aquilo dava-lhe um prazer imenso, “Matt com sentimentos”… era algo inalcançável até aquele momento, mas agora era real, e ele tinha de recuperar o seu prodígio, o seu maior tesouro, e se Dom era o problema, então o problema iria ser eliminado, assim, sem mais nem menos, ele sabia que Matt não poderia recusar, e duvidava das suas capacidades de fugir á missão. Matt era um ser imprevisível, mas também uma alma perdida, e não iria abandonar o local a que pertencera durante a sua vida daquela maneira. Ele deixou um sorriso doentio estampar-se na sua cara assim que a porta se fechou, era tanta a ânsia de vê-los juntos…
Matt fechou a porta com um estrondo, sem tomar muita atenção, nem á porta, nem a nada, aquela fora a primeira missão que recebera sem sentir o vazio de sempre, pelo contrário, era inexplicável o turbilhão de emoções na mente dele, ele só queria que parasse, ele não queria sentir nada por Dom, se não poderia ter Dom, então ele preferia matá-lo a sangue frio. Mas era impossível, ele nunca na vida poderia olhá-lo nos olhos enquanto sentia a vida abandonar o seu corpo, ele não iria conseguir viver consigo mesmo. Não iria ser como normalmente, ele não iria sentir o mínimo prazer ao ver o corpo morto de Dom perante si. Mas, Dom não lhe pertencia… ele era de Dianne, ele era o seu oposto, ele nunca na vida o poderia ter, Matt enterrou as suas mãos nos seus cabelos, ofegante, a raiva era tanta, ele queria Dom para ele. Mas estava a ser infantil, lançou um grito, ninguém o ouviu, pela maneira como o local estava deserto.
Matt não se controlou, e quando se finalmente ficou calmo, deixou para trás os cacos de tudo o que era de vidro naquele corredor, a desarrumação, objectos espalhados preenchendo todo o local, ele não se controlava, a ira dele era imensa, ele iria ter Dom, ele sabia que sim, mas ele tinha de ser única e exclusivamente dele, Matt era uma pessoa doente, se havia alguém importante na vida dele sentimentalmente, ele tornava-se a pessoa mais possessiva que já pisara a superfície da Terra.
Mas mais uma vez, a sua mente doentia fora invadida com pensamentos sofucantes, tornando-se escravo dos seus próprios pensamentos, Dom iria saber quem ele realmente era. E todos os sentimentos recíprocos de… amor, ainda era difícil admitir para Matt que estava apaixonado, e por quem estava apaixonado, esses sentimentos poderiam transformar-se em medo. Dom iria temer Matt, e Matt iria perder tudo mais uma vez.
Olhou para as horas, apressou-se para a esquadra, mesmo com todos os papparazi e policias, os olhos de Matt distinguiam Dom sem dificuldade, para ele, não existia mais ninguém, esperou encontrar Dom sozinho, saiu do carro, que estava estacionado a alguns metros depois do dele. Dom saiu atrapalhado do carro, parecia não querer chegar ao seu destino. Fez uma paragem no seu caminho para observar Matt, incrédulo.
– Matt?- perguntou, para Dom, era óbvio que era Matt, se havia alguém no mundo único para ele, era ele. Mesmo assim, era surreal vê-lo ali.
– Não faças a queixa…- Matt pronunciou, não sabia bem para onde queria levar a conversa, mas ele tinha de sair dali com Dom… ele sentia-se um traidor, o maior traidor que alguma vez existira, iria aproveitar-se da confiança que Dom depositava nele, para matá-lo… Dom olhou-o com compreensão, ele também não queria fazer a queixa, ele esquecia-se do que Matt tinha feito, para ele Matt era um homem puro, sem nenhuma má intenção… ele a seus olhos, era simplesmente perfeito.
– E faço o quê? Não é assim tão fácil Matt… eu não a quero fazer…- Matt olhou-o pensativo, ele hesitava na sua resposta… era agora ou nunca… ou passava o resto da vida preso, ou matava a única pessoa que alguma vez marcou a diferença na sua vida. Mas havia muito mais por detrás da decisão, havia a empresa, havia os seus últimos 18 anos… havia Chris.
– Vem comigo- Matt disse apelativo, apontando para a porta do carro- Podes escapar a tudo Dom… eu sei que tu queres…- Matt dizia-o num tom inegavelmente sugestivo, Dom não pensou nas consequências, já estava farto da sua vida, aquela era a única oportunidade de escapar a tudo. Soprou um riso.
– Está bem…- Matt não queria ouvir aquela resposta… ele não sabia o que queria ouvir, ele não gostava de nenhuma das soluções. Dom entrou no carro, Matt hesitou em fazer o mesmo, ele iria voltar para um ambiente totalmente doloroso, ainda lhe parecia distante, ele vivia na negação, ele não se via a matar Dom, mesmo que fosse o seu dever. Entrou no carro sem trocar a mínima palavra, Dom parecia á parte de tudo, sem arrependimentos, ele sentia-se aliviado a fugir da sua vida. Especialmente com Matt, observou-o, ele não acreditava que uma pessoa como ele fosse capaz de fazer aquilo que o acusavam fazer…
A primeira vez que Dom se sentiu ansioso, foi ao ver o quão longe eles estavam de sua casa, ele tinha deixado de ver os altos arranha-céus da cidade, as calçadas e as largas estradas de asfalto. Ele não estava habituado aquele ambiente, mas assim que olhava para Matt, sentia-se seguro. Nunca na vida ele estaria em perigo enquanto estivesse a seu lado. Matt estacionou. Dom mirou o edifício gasto, ainda um pouco distante deles, teriam de atravessar um bom pedaço de terreno para lá chegarem. Por muito suspeito que parecesse, Dom confiava em Matt. Este suspirou, apertando as mãos contra o volante, a vontade era de fugir dali com Dom, mas ele não podia, a sua mente distorcida nunca o iria deixar fazer algo assim. Ele sabia o que iria acontecer assim que Dom saísse do veiculo, e odiava-se por isso.
Matt saiu, seguido por Dom, que pisou o terreno de terra pela primeira vez, Matt ainda estava na estrada, do outro lado do carro. Ficou paralisado, era uma questão de segundos. Ruido atrás de ruido, Matt sabia que o momento ficava próximo, Dom procurava a fonte dos barulhos, chamava por Matt mas este estava completamente apático, ele não queria ver o amigo passar por aquilo. Dom chamava-o suplicantemente, a maneira como Matt se transformou numa estátua assustava-o, ele não sabia o que se passava. Mas percebeu pouco depois, duas mãos bruscamente lhe agarraram em cada braço, de uma maneira tão forte que ficou marcado mais tarde. Dom não estava a perceber, chamava o nome de Matt em vão, ele estava a ser levado e Matt nada fazia quanto a isso. Seriam estas as intenções de Matt desde o inicio? Ele estava enganado em pensar que alguma vez Matt respondia com os mesmos sentimentos? Se não, porque isto lhe estava a acontecer, porque não via Matt a lutar por ele? Ele permanecia congelado, sem lhe olhar nos olhos.
Matt não aguentou, fitou o chão escondendo toda a culpa, raiva e tristeza da situação, Dom estava completamente vulnerável, Matt era a única pessoa que Dom confiou totalmente e ele tinha-o traído daquela maneira, e os gritos dele eram como agulhas que lhe furavam o coração de forma lenta e dolorosa, agulha atrás de agulha, Dom estava desesperado. O coração de Matt pesava, ele tinha de se controlar, aquele era o seu trabalho…
– Matt!!!- Dom gritou uma ultima vez antes que a distancia o tivesse calado, o ultimo grito anunciou o inicio da mais desafiante missão que Matt alguma fez fizera…