Fanfics Brasil - III- Man of Misery Delusional

Fanfic: Delusional | Tema: Muse


Capítulo: III- Man of Misery

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– Então, vais finalmente sair do quarto hoje?- A voz dele ecoava nos meus ouvidos como se estivesse a gritar a milhas de mim, mas na verdade ele estava mesmo ao meu lado, na berma da cama, movia-se de um lado para outro com uma agilidade quase sobrenatural… espera...ele é um fantasma… Foda-se! também tinha acordado há pouco tempo, estava no meu direito de ser idiota... mais que o normal. Procurei os lençóis cinza e cobri a minha cabeça com eles, escondendo-me das suas palavras encorajadoras para sair do quarto. Coloquei-me numa confortável posição fetal e procurei voltar a adormecer.- Dom! Acorda! A tua mãe já veio cá à meia hora! Onde vamos hoje?- Vou admitir que as suas tentativas entusiásticas de me acordar eram bastante agradáveis, algo divertidas. Vê-lo mover-se ao redor da cama, e o brilho que florescia nos seus olhos azuis ao ver-me acordar, rezando para que finalmente me levantasse. Via-se que não me conhecia muito bem, mas agora que penso nisso, íamos ter bastante tempo para passar das apresentações e chegar a biografias completas. Puxei os lençóis para baixo, deixando apenas os meus olhos visíveis, que deviam estar com umas olheiras monstruosas. Ele ergueu as sobrancelhas satisfeito, e não pude evitar um sorriso, era querido vê-lo tão contente quando me via a dar sinais de vida.


– Que horas são?- perguntei desinteressado, com a voz mais sonolenta que o normal. Ele quase que esvoaçou pelo quarto até ao relógio digital que estava na secretária.


– 7:20h, não te vais levantar? As tuas aulas começam daqui a uma hora…- Ele disse algo surpreendido com o meu desinteresse. Mas para mim a escola não significava nada, já estava chumbado por faltas, e tinha uma longa coleção de advertências por dormir nas aulas, ou apenas por desinteresse e estar desatento… Será que ele era daqueles cromos que passavam a vida com a cabeça na escola? Em que escola andava? Ele tinha mais ou menos a minha idade… não parecia um cromo… mas estava bastante agitado apenas ao assistir à minha abundante desmotivação escolar.


– Já andas-te a cuscar as minhas coisas?- Perguntei sonolento, sem ter capacidade de soar algo indignado. Ele aproximou-se de mim, colocando-se do lado esquerdo da cama, ergueu uma sobrancelha, o seu rosto era tão único, as suas expressões ficavam extremamente únicas naquele rosto, era tão engraçado vê-lo reagir ás minhas abordagens, contrastava completamente o meu tom indiferente a tudo.


– Sabes… eu não consigo dormir… fiquei a noite toda aqui…- Ergui a sobrancelha, ás vezes esquecia-me que ele era um fantasma, ele era tão expressivo… alegre… vivo! Acho que teoricamente o fantasma era eu…


– Porque não atravessas-te as paredes? Ou foste para outro lugar qualquer?- Ele sentou-se na cadeira que estava á frente da secretária, tentou deslizar até mim nela, mas não conseguiu, não percebi porquê. Tive de me sentar para poder estabelecer contacto visual com ele, normalmente permanecia deitado na cama, mas os olhos dele… eram tão magnéticos, as conversas com ele pareciam não ter sentido sem tirar proveito de poder olhá-lo nos olhos. Ele olhou-me algo cabisbaixo.


– Sabes… Acho que atravessar as paredes é um mito… eu não consigo, tentei, mas acaba por me acontecer o mesmo que te aconteceria a ti… Tentei deslizar a cadeira, mas não estou a conseguir, e acho que é por não ter força. Tu podes passar a tua mão pelo meu corpo, mas eu não posso passar a minha pelo teu… Não sou imune às leis da gravidade e às leis da física.- Fiquei algo surpreendido, afinal os humanos conseguiam acrescentar as coisas mais ridículas aos seus mitos, e fazer as pessoas acreditar neles. Tive pena de Matt, ter de ficar condenado a aturar uma pessoa como eu… Mas ele não parecia assim tão triste com isso.


– Então… como é que tu desapareceste no hospital? Ou apareceste de repente aqui?- Ainda me lembrava vivamente de ficar completamente inseguro assim que ele saiu da sala do hospital, ou quando ouvi a sua voz pela primeira vez no quarto. Ele não estava lá quando entrei, apareceu depois… Ele sorriu, satisfeito por me ver interessado em algo, o que era bastante raro da minha pessoa.


– Para compensar, consigo transportar-me para qualquer lado, ou ter com qualquer pessoa, se me concentrar o suficiente.- Tive de fazer um enorme esforço para não deixar o meu queixo cair no chão, tamanha a minha surpresa, e reprimi a mesma enquanto tentava articular as minhas questões futuras.


– Mas… se tu… porque é que vieste para aqui?! Não tens família?!-A minha voz sonolenta mais os pequenos gritos de surpresa faziam um som… no mínimo engraçado. E Matt deixou escapar alguns risos.


– Claro que fui ter com a minha família, palerma! Não sabes como é estranho veres o teu próprio funeral… Mas ninguém me viu, tentei falar com a minha mãe, mas ela não pareceu minimamente afetada pela minha presença. Depois quis ir ter contigo… Para ver se estavas bem… foi um acidente algo grave… E depois tu viste-me… - Ele sorriu de uma maneira tão contagiante que não pude deixar de o imitar. Ele era tão boa pessoa, como se pode preocupar com o seu próprio assassino? Não pude dizer nada, pois a porta abriu-se de repente, e a minha mãe entrou, deu-me um beijo na testa, passou as mãos carinhosamente pelos meus cabelos e sorriu… como era possível?


– Estás bem querido? Ouvi-te sussurrar…- Esbugalhei os olhos, esqueci-me que estava a falar com um fantasma, eles não ouviam Matt mas ouviam-me a mim… ou seja o louco era eu…


– Estou, mãe… Deve ser do sono, tive um pesadelo…- Ela olhou-me com pena e acariciou-me o rosto, nunca vou entender a razão de tanto carinho da sua parte para um falhado como eu…


– Oh! Precisas de algo? Vou sair para o trabalho, tens o pequeno-almoço na mesa… Se quiseres faltar à escola tens a minha autorização… não que isso mude muito… não é?- ela deu leves palmadas nas minhas costas, contentou-se com o meu comportamento e não sei bem porquê… não percebia a razão de não ter desistido de mim… Sorri amargamente… ela não merecia um filho como eu…


–Obrigada mãe, estou bem… E vou á escola hoje…- Olhei para Matt, que sorria abertamente, tive de reprimir o meu sorriso, ou iria parecer um completo doido. Matt estava bastante entusiasmado só por saber que ia á escola comigo… A minha mãe olhou-me com tanta surpresa que mais lhe podia dizer que estava a fazer aquilo porque o fantasma da pessoa que tinha morto há dois dias estava no quarto, ela iria ficar tão ou menos surpreendida ao saber que eu, iria á escola de livre vontade.


– Que bom! Enfim, vou sair, tem um bom dia filho.- Acenei com a cabeça e esperei a porta de entrada fechar. Matt deu um pulo da cadeira e tentou puxar-me da cama, mas ele tinha razão, não tinha força, conseguia tocar na minha blusa, mas não puxá-la e minimamente movê-la. Vesti-me com os “trajes” normais, o cinzento e preto que predominavam no meu guarda-roupa. O Matt esperou-me na cozinha, apeteceu-me desaparecer quando vi o pequeno-almoço, o cheiro a café aconchegante e a fatia de bolo de limão, que a minha mãe tinha feito naquele mesmo dia para mim com todo o carinho possível, como é que ela conseguia fazer aquilo tudo por mim? E a maneira como eu lhe retribuia...


– Ela é tão querida para ti…- Matt suspirou, enquanto observava a refeição tão bem preparada sobre a bancada da cozinha. Assenti com a cabeça, surpreendentemente triste com a situação, Matt reparou com o seu erguer de sobrancelhas a qual eu já me tinha habituado.- O que foi? É uma coisa boa...- Soltei um riso abafado enquanto me aproximava do banco.


– Eu sei… Por isso mesmo…- Matt olhou-me com os olhos algo arregalados. Mas depressa me deu um ar compreensivo, tinha-me entendido tão depressa, nem tive de abrir a boca para lhe dar a mínima explicação.


– Não sejas assim contigo mesmo… - Suspirei enquanto o líquido quente do café deslizava lentamente pela minha garganta, seguido de um pedaço de bolo. – Vales muito mais do que pensas… Dom…- Não podia negar que fiquei algo comovido com as suas palavras sinceras, mas algo não me permitia acreditar nele. Neguei com a cabeça e engoli o resto do bolo.


– Vamos?- perguntei-lhe como se ele realmente tivesse escolha, o seu ar cabisbaixo ergueu-se e apressou-se para a porta, ri com a sua atitude. Havia algo nele tão luminoso que era impossível descrever… Mas a verdade é que ele tinha sido a única razão dos meus últimos risos e/ou sorrisos reais.




Matt permaneceu atrás de mim enquanto atravessava-mos o corredor, todos os olhares estavam postos em mim, repugna e nojo era o que mais sobressaía neles, não tinha vindo à escola há provavelmente três dias sem contar com o fim-de-semana. Mas as noticias já tinham corrido e todos os sussurros e murmúrios continham algo desagradável sobre mim. Eu era o tópico mais falado naquela escola, como adorava voltar a ser invisível naquele momento…


É, eu sou invisível… ou melhor era, antes de me tornar assassino, não era nenhum poder sobrenatural, mas acontece quando se é alguém como eu, tornamo-nos invisíveis, antes odiava isso, mas agora não desejava outra coisa, poder simplesmente esconder-me atrás da minha antes odiada, invisibilidade. A campainha ecoou pelo corredor e foi a minha salvação, ironia, antes as alturas que passava fora da sala de aula eram as melhores, mas assim que a multidão abandonou o corredor para as respetivas salas, eu pude estar finalmente sozinho livre de quaisquer olhares ou comentários. Dirigi-me à casa de banho, assegurei-me que estava vazia, e olhei para Matt. Que me fitava algo surpreso, extremamente curioso, analisando todo o cenário escolar.


– Como posso falar contigo se estão todos a olhar?- Perguntei receoso, imaginando a sensação frustrante de não poder falar com ele, mesmo se ele estivesse a milímetros de mim. Ele sorriu, radiante pela minha necessidade de estabelecer contacto com ele.


– Simples… pensa…- Arregalei os olhos aterrorizado.


– Lês pensamentos?- Não pude esconder o meu terror com a ideia, a minha mente era algo que ninguém merecia explorar… Era o meu único escape onde depositava os pensamentos mais íntimos, ele não podia de maneira nenhuma entrar lá… Ele riu com a minha atitude.


– Não, não te preocupes, não leio. A mente é o mais sagrado cúmulo da privacidade do humano, ninguém tem o direito de a ler. Mesmo que pudesse, não o faria.- Matt revelava-se cada vez mais surpreendente à medida que o conhecia, mas estava aliviado por não poder ler pensamentos.


– Que queres dizer com “pensa” então?- Perguntei completamente a apanhar do ar. Ele sorriu.


– Nunca tiveste uma conversa mental? Como se imaginasses falar com uma pessoa? É mais ou menos o mesmo… - Assenti, reconhecendo a ideia, já tinha criado vários diálogos mentais para várias pessoas. Não iria ser difícil.


“ Assim?”- Fiz um primeiro teste, Matt sorriu e ergueu o polegar, em sinal de aprovação. Satisfeito, segui caminho para a sala.


Senti todos os olhares postos em mim mais uma vez, para além da minha fama repentina, tinha de chegar atrasado. Resultado: o burburinho da sala de aula fora todo concentrado em mim, podia ouvir o meu nome algumas vezes. Sentei-me no meu lugar habitual, na ultima fila, no canto da sala, cruzei os braços e deitei a cabeça nos mesmos, desligando-me totalmente do meu redor. Matt estava sentado na cadeira ao meu lado, observando atentamente toda a gente da turma.


–Não tens amigos?- Ele perguntou como se fosse algo impossível para uma pessoa como eu.


“Tenho colegas… ou melhor tinha…”- Ele fitou-me triste, não percebi porquê… bastava olhar para mim para ver que não era alguém minimamente popular, dava para ver que era o maior solitário daquela cidade… Isto é, se as pessoas chegassem a reparar em mim para se quer chegar a tais conclusões.- “Em que escola andavas?”- mudei de assunto, a minha vida era o assunto mais morto e aborrecido que se poderia falar numa conversa, mas Matt, uma pessoa tão curiosa, devia ter umas boas histórias na sua curta vida, que eu tinha terminado…


–Na do sul da cidade… provavelmente nunca nos encontraríamos…- O tom da sua voz soava algo triste, como se fosse um grande sacrifício não poder ver-me.


– “Quem me dera…”- Matt ergueu a sobrancelha indignado, apressei-me a “falar” antes dele.- “Não é isso… quem me dera que nunca me tivesses encontrado…”- Ele voltou a descontrair a expressão, e olhou-me com alguma reprovação.


– Dom…- Ele não disse mais nada, mais uma pessoa que insistia em ser querida comigo… nunca vou entender o porquê, mas havia algo na companhia e carinho de Matt que eu prezava, e desejava que nunca desaparecesse. Ao contrário da minha mãe, que não culparia se me mandasse para a rua.


O dia correu monótono, Matt foi a única coisa que me conseguiu entreter durante todo o dia, esqueci os olhares e os comentários, e não me importei se alguém me tivesse visto a sorrir como um idiota sem razão aparente. Afinal, má fama já eu tinha para dar e vender, se quisessem acrescentar “doido”, não iria fazer muita diferença. Vagueei pela escola durante algum tempo depois do toque final soar por toda a escola. Contrariando todas as correrias de alunos sedentos de liberdade. Eu preferia afastar-me e ficar longe do movimento.


– Vamos? Acho que até os contínuos saíram da escola antes de ti…- Sorri-lhe, e assenti com a cabeça. Estava mais alegre, a razão era óbvia, tinha olhos azuis e seguiu-me pela escola o dia todo, a fazer perguntas sobre todas as pessoas da minha turma, professores, e etc… Dirigi-me ao portão, a minha expressão levemente alegre mudou de repente. Senti Matt atrás de mim congelar, tentando perceber o que se tinha passado. Não lhe respondi, estava completamente paralisado fitando a silhueta masculina que me esperava do outro lado do passeio, encostado ao carro preto e velho. Não conseguia falar… Senti uma gota de suor frio escorrer-me a testa, Matt colocou-se à minha frente. Despertava do choque aos poucos, ouvindo os seus gritos suplicando por alguma reação minha.


– Dom! Estás bem?! O que se passa?! DOM!- Respirei fundo, ainda a tremer, a respiração voltava a descompassar-se contra a minha vontade, e o meu coração dava pulos desde o meu estômago até à minha garganta. Desta vez, nem o azul dos olhos dele me acalmava. Pois através dele, olhavam-me um par de olhos cinza cruéis, iguais aos meus… Os cabelos aloirados com vestígios de grisalho chegavam-lhe até ao fim do rosto. Ele aproximou-se, os meus pés suplicavam para começar a correr imediatamente, enquanto o meu cérebro congelado não processava tal informação.


– Filho! Na escola? Estarei a ver bem? Ou já bebi demais hoje?- O sorriso repugnante dele fez o meu estomago andar em círculos sem parar. Matt virou-se de repente para ele. Olhou o meu pai com tanta repulsa que eu nem consegui entender. Tentava impedir o meu corpo de tremer, mas era impossível.


– P… pai?!- Ele ergueu as sobrancelhas grisalhas e sorriu mais uma vez, passou a mão nos meus cabelos, Matt tentou agarrar no seu pulso, numa tentativa de impedir o toque, mas era inútil, ele não conseguia. Matt parecia entender a situação mesmo que eu nunca a tivesse mencionado. Tive de conter os vómitos com todas as minhas forças assim que a ponta dos seus dedos passou pelo topo da minha cabeça, o seu cheiro a álcool era tão nojento que acho que até Matt tinha sido afetado com ele.


– O que foi? Não te posso visitar?- Matt olhou para mim algo preocupado, algo no seu olhar me deu a força de lhe agarrar no pulso e empurrá-lo. Ele olhou-me com bastante agressividade, fazendo-me arrepender de ter sido corajoso uma vez na vida. Ele voltou a aproximar-se, desta vez não sorria, havia tanta raiva na sua expressão, que até Matt, totalmente imune a ele, estava com medo. Afastei-me, mas depressa as minhas costas encontraram as grades da escola.- Desde quando me levantas a mão, Dominic Howard?- Apertei os olhos ao ouvir o meu nome, como odiava ter o mesmo apelido que ele. Não lhe respondi. Apenas o fitei aterrorizado. Matt gesticulava e gritava atrás do meu pai, mas era inútil. Não impedi uma lágrima escorrer-me pelo rosto assim que a mão enrugada e seca dele se ergueu, tapando todo o meu campo de visão. Batendo bruscamente na minha pele. Vi Matt atrás dele completamente enraivecido e incrédulo com a cena. Coloquei a minha mão na cara, para amparar a dor da chapada, não conseguindo olhar o meu pai nos olhos.


– Deixa-me em paz!- Gritei-lhe desesperadamente, que ele queria? Porque não desistia de mim de vez? Vi o seu sorriso abrir-se quando me recompus. Ele agarrou no queixo, fitei-o totalmente imobilizado com o medo.


– Como posso deixar em paz o meu querido filho? Onde está o teu entusiasmo? Já não me vias há semanas.- Mordi o lábio inferior com raiva.


– Era demasiado bom para durar.- Por muito aterrorizado que estivesse, não quis demonstrá-lo no diálogo, ele ia pôr-me as mãos em cima de qualquer das formas. Arranjei forças para colocar as minhas mãos no seu peito. Recolhi toda a força que consegui e empurrei-o com uma força desumana, vendo-o cair com bastante impacto no chão. Corri sem destino marcado, só queria despistá-lo, Matt corria atrás de mim, chamando pelo meu nome. Mas involuntariamente também estava a fugir dele, tamanha era a vergonha que tinha.


Uma parede grafitada marcou o fim da minha correria, sentei-me no canto da parede. Abraçando os joelhos e escondendo as lágrimas. Senti Matt chegar, sua companhia naquele momento me incomodava-me imenso. Limpei as lágrimas e fitei-o, ele olhava-me ainda em choque, e também triste.


– Dom…- ele balbuciou, mas depressa se silenciou, não por faltar assunto de conversa, mas sim porque queria que eu iniciasse a mesma.


– É isso Matt… o meu pai bate-me… A minha mãe livrou-se dele, sobrou para mim…- Ele olhava-me compreensivo, de repente a sua companhia tornou-se aconchegante, deixei de desejar que ele não estivesse ali, e pelo contrário, queria que fosse real…


– A tua mãe não sabe?- Abanei a cabeça.


– Claro que não… não posso… - Matt ergueu as sobrancelhas, eu levantei-me pronto para regressar a casa. Tentando ignorar o quaisquer que fossem as palavras seguintes de Matt.


– Mas Dom! – O seu grito transbordava preocupação, o meu coração pareceu aquecer ao sentir que alguém realmente se importava comigo. Quer dizer, a minha mãe não sabia… não podia dizer-lhe, ela estava tão feliz por ter arranjado forças para abandonar o meu pai para finalmente ter uma vida melhor ao meu lado… Eu não lhe poderia arruinar tudo…


– Deixa, Matt… é algo que já aguento há muito tempo. Isto…- Apontei para o lado do meu rosto que tinha sido afetado, que estava algo avermelhado.- Já nem dói…- Matt estava de tal forma incrédulo que não conseguiu pronunciar a mínima palavra, ou produzir algum som, senti-o correr para mim. Os seus braços rodearam-me, arregalei os olhos.- Matt…- Ele não se moveu, o seu abraço era tão caloroso... mas a razão da minha surpresa não era o seu gesto. Mas sim o facto de eu sentir o seu toque, tentei, mas a minha mão, já não consegui atravessar o seu corpo, era como se ele fosse real… mas invisível a todos os outros.


– Eu sei…




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Acordei de uma forma diferente, e devo dizer, bastante mais agradável que nos últimos dias. Tinham passado duas semanas desde que Matt soube sobre o meu pai, e desde aí os seus gritos vindos da cozinha acordavam-me. Ele gritava com todas as suas forças que ainda sobravam no seu estado morto para a minha mãe, denunciando as atitudes do meu ...


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