Fanfics Brasil - VII- Falling Away With You Delusional

Fanfic: Delusional | Tema: Muse


Capítulo: VII- Falling Away With You

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Um peito forte roçou levemente na minha testa, pelo menos era o único sítio que não estava ferido, o tecido de suas roupas alargou-se um pouco com os meus movimentos, os meus braços fracos e doridos rodeavam-no com força, embora eu soubesse que ele não ia sair dali, estava completamente colado a ele, o seu corpo firme não parecia incomodado, a ausência de um bater de coração, a falta de movimentos respiratórios e de temperatura, embora de certa forma estivesse mais quente com ele por perto, fez-me reconhê-lo imediatamente. Também, quem mais para além de um fantasma estaria autorizado a deitar-se comigo numa cama de hospital? Apertei-o com mais força, após culpar a dor de cabeça pela minha reflexão idiota, ignorando a dor que se manifestava nos braços cada vez mais, ele mexeu-se um pouco por cima dos lençóis e acariciou as minhas costas de maneira delicada, a ponta de sua pele era suave como a petala de uma flor deixava e uma sensação agradável nas minhas costas, não me doía, mesmo com os hematomas e as feridas.


– Não abras os olhos.- Ele sussurrou por cima da minha cabeça, a voz suave fez os meus ouvidos abalarem um pouco no bom sentido, o seu queixo acomodou-se no topo da minha cabeça, deixando o meu nariz encostar no seu pescoço, encolhi-me um pouco mais, procurando mais conforto naquela cama estreita e fria, cujas características desapareciam quando estava perto dele.


– Porquê?- A minha voz era tão rouca que nem me preocupava com o facto de falar alto, pois era impossível para alguém que não estivesse tão próximo de mim como Matt de a ouvir. Ele tirou a mão das minhas costas e colocou-a na parte de trás da minha cabeça, movimentos lentos percorreram a minha nuca, tão suaves e pausados que davam vontade de adormecer.


– Dói-te a cabeça?- A pergunta dele soou calma, especialmente acompanhada com as caricias nos meus cabelos, Matt tinha ganho a capacidade de os entrelaçar nos seus dedos e não apenas passar a mão por eles, as minhas pálpebras permaneciam juntas sem esforço algum, uma suave sonolência fazia o trabalho por mim. Estar tão perto de Matt fez-me esquecer da enorme dor de cabeça que tinha naquele momento, para não mencionar o corpo dorido, nódoas negras, feridas e etc, tentei mover-me um pouco mais bruscamente, mas reparei que tinha uma faixa rodeando-me o tronco, não perdi muito tempo a tentar mover-me e voltei para a posição original, encolhido perto de Matt.


– Sim…- Ele parou de me acariciar, a sonolência desapareceu assim como a presença de seus dedos nos meus cabelos, mas continuou próximo de mim.


– Está muito claro aqui… Ia doer-te ainda mais…- Acenei com a cabeça, esfregando o nariz um pouco das roupas de Matt, que embora não fossem reais, eu sentia na mesma.


– Estamos no hospital, não estamos?- ele riu um pouco, e sorri com a boca encostada ao seu peito quando o ouvi, há algum tempo que não ouvia o seu riso… há demasiado…


– Claro que sim, palerma…- Imitei o seu riso, embora o meu saísse muito mais rouco, tamanha minha estupidez, embora fosse um bocado difícil imaginar como tinha lá chegado, pois a ultima coisa que me lembro foram os soluços intermitentes de Matt e os passos do meu pai serem ensurdecidos pela distância. Matt pareceu ler os meus pensamentos confusos e apressou-se a clareá-los. – O Chris encontrou-te…- ele disse com certo desprezo, suspirei forte e apertei os olhos.


– Para com isso… Se não fosse ele, estava morto…- Ele imitou o meu suspiro e a força do seu abraço dissipou-se um pouco. Não me movi, mesmo que quisesse ficar mais perto dele.- O que tens contra ele, de qualquer das formas? Ele não fez nada de mal…- Ele voltou a abraçar-me com mais força, mas não disse nada por breves momentos, contou na proximidade dos nossos corpos para procurar uma resposta. Se calhar ainda tinha de passar por muito para a obter…


– Tens razão… desculpa…- O seu pedido de desculpa soava muito mais calmo do que o último, que de certa forma me acalmou, não gostava de o ver como da última vez, odiava, para ser exato. Aproximei-me dele, pois ainda era possível.


– Tudo bem… mas para de ser idiota com o Chris… por favor. – Ele silenciou-se, não se moveu, mesmo que pensasse que depois de pedir aquilo ele me largasse, ele permaneceu perto de mim. A sua mão firme percorreu as minhas costas e parou a meio.


– Está bem… eu paro de ser idiota…- A sua voz soou sincera perto do meu ouvido, fazendo o meu coração amolecer, e a minha boca esboçar um sorriso, não queria passar pelo mesmo e ter de dizer aquelas palavras horríveis ao Chris… Especialmente sobre tamanha pressão, Matt tinha um controlo assustador sobre mim, e isso aterrorizava-me, não fazia ideia das suas capacidades…- Com o Chris…- Ele afastou-se de mim, e largou-me, a cama era estreita, e quando parei de sentir o seu corpo perto, senti a insegurança que costumava sentir quando não sentia a sua presença, sem ele, metade de mim desaparecia, por isso tinha de constantemente assegurar-me que não andava por aí quebrado ao meio. Impulsionei-me para a frente e aninhei-me novamente no seu corpo, ele riu e colocou um braço á volta da minha cintura.


– És muito mimoso quando dormes…- Não pude evitar arregalar os olhos com o comentário dele, mimoso? Isso é tão… mas mesmo assim, acho que sempre fui, ele tinha razão, afastei-me um pouco e o riso dele soou mais uma vez, desta vez um pouco mais nítido.- Não disse que era mau…- Apertei os olhos envergonhado, esperando que isso escondesse a vergonha, e aproximei-me a medo, ele abraçou-me e aproximou-me do seu peito, Matt não tinha muita força mas era suficiente para me empurrar alguns centímetros para a frente.


– Mas é um pouco estranho… entre amigos…- Disse tentando em vão não parecer tão atrapalhado como estava, mas acabei por ser alvo de mais um dos harmoniosos e agudos risos de Matt. Encostei o queixo nervosamente contra o meu peito, as minhas maçãs do rosto começavam a aquecer e procurava várias alternativas de as esconder.


– Entre amigos, sim…- Ele riu, não percebi bem as entre linhas do seu comentário, embora fosse óbvio que existiam, mas doía-me demasiado a cabeça para pensar. Ele aproximou-me de si com força, entrelacei as nossas pernas, e ficámos assim por momentos.- Sou só eu que sabe da tua mania das caricias?- ele perguntou divertido, as minhas bochechas esquentaram e embora não as pudesse ver, sabia que tinham ficado levemente rosadas.


– Mhm…eu… mhm…- Tossi nervosamente tentando recompor-me, pois estava a passar por um idiota, haviam certas coisas que me deixavam muito envergonhado, normalmente ficava indiferente a tudo, mas com Matt era diferente… Matt riu, e desta vez não pude sorrir por causa do embaraço, passei as mãos pelo meu rosto, tentando esfriá-lo…- Sim…- Respirei fundo e senti o rosto de Matt alagar-se num sorriso triunfante.


– Fico feliz…- Fechei os olhos com força tentando não corar, Matt sempre mexeu comigo de uma forma que eu nunca entendi, mas as vitimas da minha mania das caricias até agora tinham sido almofadas, nunca ninguém realmente soube dela… e a primeira era um fantasma… um rapaz… era no mínimo… estranho?- Não precisas de ficar tão envergonhado, embora admita que é bastante querido.- O tom dele soava gozão, mas uma parte de mim acreditava que havia um pouco de verdade nas suas palavras, as minhas bochechas rosadas deviam ter passado a vermelho vivo depois de Matt rir mais uma vez.- Agora descansa… as visitas só chegam mais tarde…


Chris POV


O branco banhava todo o local, desde as paredes ao chão, o silêncio instalava-se num ambiente tranquilo, raro de hospitais, não sabia dizer se me agradava ou não, pois odiava hospitais, naquele momento preferia que tudo estivesse calmo, contrastando um pouco o turbilhão de pensamentos ameaçando tomar controlo sobre a minha mente, e parecia que por uma vez naquele dia me tinham feito a vontade. O estofo da cadeira arranhava-me a pele ligeiramente, desisti de mudar de posição e procurar conforto. Olhei em volta, mas não havia sinal de um dos médicos encarregues por Dom. O silêncio ensurdecedor do local sofria leves protuberâncias com o bater nervoso dos meus sapatos no chão, tinha passado a noite no hospital, recusava-me a sair, era paranoia da minha parte, mas da única vez que tinha deixado Dom sozinho, o que sucedera não tinha sido bom, e mesmo estando num hospital, não me sentia à vontade. Para além da culpa que me torturava pelo acontecimento, a covardia também decidiu fazer-me uma visita, impedindo-me de ser eu próprio a avisar a mãe de Dom do seu estado... Idiota... Ela tinha entrado super atrapalhada e a luta enorme por tentar manter o controlo fazia com que ficasse ainda mais estressada, e para minha surpresa, não me censurou por tê-lo deixado sozinho, nem me perguntou o que tinha acontecido para tal. Naquele momento tinha saído, a sua mala ainda descansava na cadeira ao lado, tinha saído para buscar comida, pois estava aqui à horas e o meu estômago teve de se contentar com as guloseimas das máquinas que os meus trocos ainda conseguiram comprar.


Era uma senhora bastante amável, para dizer o mínimo, acho que começava a entender Dom um pouco mais, era de esperar visto que tinha de passar o dia todo com ele, mas realmente pouco mais tinha aprendido na sua companhia, Dom sempre foi bastante reservado... Não sei se é a palavra correta, fechado era mais apropriado, ele raramente falava, não respondia à frustração dos professores com o seu comportamento nem às bocas constantes de alguns idiotas da escola, embora que depois de começar a andar comigo isso tivesse melhorado. Para uma pessoa como Dom, saber o seu nome já era um luxo. Deve sentir-se bastante culpado pela maneira como retribui à sua mãe pelos esforços da mesma por fazê-lo feliz, mal ele sabe que ela sente o mesmo, e tenta constantemente recompensá-lo pela vida que ele tem... que não consigo descrever pela falta de conhecimentos. Ia ser no mínimo interessante conhecer Dom...


Cerrei o punho, as minhas unhas cravaram-se na minha própria pele deixando uma subtil marca, odiava-me por ter tido a atitude idiota de manter segredo por tanto tempo, e ter a simpatia de avisar Dom acerca do episódio que tinha assistido com o seu pai e sobre como iria informar a mãe dele... Nunca na vida me tinha passado pela cabeça que o pai dele fosse capaz de fazer algo daquele calibre... Preocupava-me o facto de a polícia ainda o procurar... Mas o que eles andam a fazer afinal? Quantos ossos, Dom ainda tem de partir para eles realmente se concentrarem em encontrá-lo e perceber o quão perigoso ele pode ser? O pensamento de fazer justiça com as minhas próprias mãos ocorreu-me, mas afastei-o, não sou assim, quer dizer... Podia muito bem abrir uma exceção para um amigo... ele que se atreva a aparecer no meu caminho...


Uma silhueta baixa apressou-se para o meu encontro, os cabelos curtos loiros apareciam nos limites da minha visão, posicionou-se bem na minha frente e obrigou-me a levantar a cabeça, ela olhou-me com cumplicidade e sorriu, sorri de volta, visivelmente forçado.


– Toma, deves estar faminto!- Uma embalagem aqueceu ligeiramente as minhas pernas, olhei para baixo e reconheci o formato da caixa de hambúrguer, o seu cheiro escapava ligeiramente pela embalagem e o meu estomago chamava pelo conteúdo da embalagem, sorri.


– Não era preciso... Mas obrigada...- O meu estomago soltou uma dor forte contradizendo a minha fala, ela abanou a cabeça em reprovação e desviou a mala do assento, acomodando-se na cadeira, inclinou-se para traz e quebrou o silêncio com um forte suspiro de cansaço, a sua respiração ainda era audível pela correria que devia ter dado para buscar tudo. Engoli o hambúrguer quase imediatamente e o meu estomago acalmou-se em aprovação, saciando a fome que o acompanhava por horas. As minhas pernas foram forçadas a sair do estado de dormência para se dirigirem ao caixote do lixo para livrar-me da embalagem. A caminhada lenta foi substituida por passos apressados assim que vi um dos médicos a falar com a mãe de Dom a metros de distância, suficientes para calar as suas vozes e ser impossível de as ouvir na distância a que estava, aproximei-me bruscamente, o homem foi forçado a identificar-me, o breve choque desapareceu ao perceber quem era. Virou-se para mim, passou as mãos pela bata, sacudindo-a e mostrou um pequeno sorriso.


– Já podem ir visitá-lo.




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