Fanfic: Mancha Escura | Tema: Romance na guerra

Ana acordou perdida. Estava em um lugar escuro e que ventava muito. Tentou fungar o ar na tentativa de reconhecer o local, mas o cheiro não lhe era familiar. Esfregou os olhos limpando um pouco a vista, mas só o que conseguiu ver foram alguns beliches com roupas de cama rasgadas e que pareciam estar sujas.
Tentou levantar-se, porém seu corpo doía muito e havia nele muitas feridas. Lembrava-se apenas de ter apanhado de alguns soldados. Queria ao menos saber se ainda estava na Polônia ou se a tinham levado para a Alemanha, mas não via ninguém por perto para perguntar.
Arrastou-se até uma porta para tentar ver o lado de fora, talvez descobrisse se era manhã, tarde ou noite. Em vão. O céu estava nublado e ameaçava chover, mesmo assim Ana conseguiu ver algo muito tenebroso: uma cerca muito alta de arame farpado. Sentiu um pouco de medo.
Arrastou-se um pouco mais até deixar por completo aquela espécie de sala de madeira e notou uma coisa que a fez temer ainda mais: tudo estava completamente cercado. Não havia maneiras de sair, não havia pessoas, não havia nada. Apenas mais ao longe Ana conseguiu ver algumas casinhas semelhantes àquela, todas de madeira e mal feitas, em condições deploráveis para um ser humano habitá-las.
Encheu-se de esperança quando a hipótese de estar sonhando passou por sua cabeça, mesmo tendo certeza que aquilo era realidade; realidade esta que Ana não conseguia acreditar ser a sua.
O que estará acontecendo? Por que me levaram para este lugar? Qual é o motivo disso tudo? Ana perguntava a si mesma.
De repente avistou aproximarem-se algumas pessoas, todas elas vestidas com a mesma roupa, e mais a frente um ou dois soldados, que as guiavam para dentro do local que Ana estava. Assustada, jogou-se para trás na tentativa de não ser atropelada por eles, pois todos vinham com uma velocidade incontrolável. Logo chegaram até a casinha.
Ana hesitou em perguntar a um dos soldados o que significava tudo isso, pois se lembrava muito bem que apanhara de alguns deles no dia anterior, só não sabia se dos favoráveis à Alemanha ou dos contra. Ela realmente estava mal informada sobre a Guerra, Klaus nunca disse nada a respeito, exceto que seria perigoso. Por que enfatizava tanto nisso? É perigoso a ele também, pensou Ana.
Não havendo outra saída, resolveu perguntar ao primeiro ser que visse, que não fosse soldado. Para isso esperou que eles saíssem de lá — o que não demorou muito — e aproximou-se de um homem:
— Senhor, não entendi como vim parar aqui e queria saber onde estou.
— Minha filha, se nós que estamos aqui já faz um tempo não sabemos… A única coisa que posso adiantar-lhe é que este é um lugar muito ruim… Trabalhamos muito e nos dão de comer muito pouco, além de não sabermos onde nossa família está. Não podemos sair. Eu e meus novos companheiros acabamos de voltar de um trabalho muito pesado. — Respondeu-lhe o homem, desanimadamente.
— Eu só queria saber o porquê disso tudo! Você não tem noção de quão desesperada estou! Não sei o porquê de eu estar aqui, não sei o que vou fazer aqui, não sei de nada!
Nesse momento, outro homem interveio na conversa:
— Haskel, procure acalmá-la. A vida dela daqui para frente será essa, e com certeza, será uma vida muito curta…