DUDA NARRANDO
-I want monay –cantarolei o primeiro verso da música que tocava alta no quarto. ‘’Successful’’. Drake& Trey songz.
Movimentava meu corpo no ritmo da música enquanto me arrumava pra ir tomar algo com o Will, que passaria aqui em alguns instantes.
Vesti uma roupa qualquer, arrumei meu cabelo em um rabo de cavalo alto e desci o esperando.
-olá –a senhora e o porteiro me cumprimentaram. Até hoje não sei o nome deles.
E também não quero saber (:
-oi –sorri e me sentei nos banquinhos da portaria. Eles se entreolharam e cochicharam.
Oh, RLY?
-hey, mocinha. Qual seu nome? –o porteiro perguntou
-Duda. Por que? –juntei o cenho. Juro que minha ficha com a polícia voltou a estar limpa. Quer dizer... nunca esteve suja.. cof, cof.
-Não, é porque você é nova aqui. E não sabemos quase nada sobre você –a senhorinha sorriu. Ri
-pois é. –dei de ombros
-tem quantos anos? –ela perguntou
-vinte. Qual o nome de vocês? –perguntei por pura educação.
DONA MARIA (mom) POWER
-Sou Joana, essa é mark –a senhora disse. Que fofa ela.
Sabe aquelas velhinhas, BEM velhinhas mesmo, gordinhas e baixinhas? Bem assim.
-prazer. –sorri
-você é esposa do governador, certo?
-na verdade, ex esposa –murchei o sorriso para a pergunta de mark
-COMO ASSIM? –os dois se assustaram
-estamos em processo de separação –ri sem humor
-o que? Mas menina, ele vem aqui direto –a senhorinha disse. Ô coisa fofa, não irrita.
-ele está com um papo de me reconquistar –suspirei pesado
-e por que não aceita? –mark perguntou
-por que deveria? –perguntei
-pelo simples fato de que quando um cara corre tanto atrás, como ele anda correndo de você, é o sinal de que vale a pena perdoar. –a senhorinha disse.
Voltando a ser fofa em 3,2,1.
-mas é que... argh! Sempre tive a filosofia de que traição é imperdoável –bufei
-ele traiu? –mark comentou surpreso
-sim, sim. Mas não sei porque a surpresa. Justin sempre teve a fama de galinha. Desde o colegial –revirei os olhos
-você também tinha fama de casca dura. Mas pelo que vimos aqui, é uma menina que sente falta do amor do marido, mas é orgulhosa –a senhora, ex fofa disse
-não... –ela me cortou fazendo um sinal
-por favor, não fale baboseiras –ela disse. Mark riu. Ergui as sobrancelhas
PERDEU A VONTADE DE VIVER, VELHA?
-não é baboseira! –disse apenas
-não acho que ele faria isso. Ele tinha mesmo fama de galinha, e aí ele abriu mão de tudo pra ficar com você. Meu primo trabalhava no governo, e disse que nunca viu homem mais apaixonado pela esposa depois de quase quatro anos, como o Bieber –mark se sentou
-anh... as pessoas mudam, não é? –dei de ombros
-mudam. Mas sabe que esse não é o caso. –a ex fofa disse
-o que vocês estão falando? Nem nos conhecem! –disse normal
-mas conhecemos o caso! Sabemos que se casaram primeiramente pela cidade. São corajosos, porque soube também que eram inimigos –ela riu –e pensar que uma marquinha de nascença fizesse o amor ser reconhecido. Não acho que a história dos dois termine aqui. –ela disse
-concordo! Todos tem idas e voltas, mas tem que pegar pesado pra não desistir de algo que seja sua vida –ele disse.
Eu não tive resposta.
Abria e fechava a boca várias vezes, mas nada saia.
Dizer o que? Eles estavam certos.
-ei, vamos menininha? –me virei dando de cara com Will parado ao meu lado
-anh... vamos sim. Eu vou pro trabalho, gente. Até mais –sorri fraco e fui em direção a saída com Will.
-ei, tudo bem? –ele perguntou enquanto caminhávamos
-tudo sim, porque? –perguntei. Obvio que não
-nem me cumprimentou –ele fez bico. Ri fraco.
-oi –disse e acenei. Ele riu revirando os olhos, e em seguida me puxou pela cintura dando um beijo demorado do lado da minha boca. Arregalei os olhos. Vish.
-seria bem melhor assim –ele piscou. Dei um sorriso amarelo, ainda chocada.
-milk shake ou suco? –ele perguntou
-milk shake –respondi o mais natural possível.
Enfim, foi chato.
Quer dizer, levar cantadinhas não é bem lá um esporte.
Dei a aula naturalmente, tentando evitar de parecer mais do que uma colega de trabalho, principalmente hoje.
Como sempre, Will se ofereceu pra me levar, mas a desculpa, foi simplesmente o fato de eu ter que me encontrar com meu advogado.
-oi –disse entrando em seu carro
-wow. Que ânimo –ele riu
-vá pra merda –sorri sínica
-o que aconteceu, gatinha? –ele riu do próprio linguajar.
-meu amigo, me dando cantadas –revirei os olhos
-e qual o problema? –ele deu de ombros
-cara, eu to me separando –disse obvia
-o que te leva a ser uma mulher solteira. Então, está livre –ele piscou
-que seja –dei de ombros. Só eu achava isso muito estranho?
Enfim, chegamos no apartamento dele. Já fui logo me sentando em um dos sofás chiquérrimos enquanto ele trazia sua maleta.
-então, duda. Tem uma coisa que provavelmente vai nos ajudar muito
-sério?
-aham. Vocês tiveram alguma relação sexual? –revirei os olhos bufando
-eu fui casada durante quase quatro anos. Acha mesmo que eu ainda seria virgem?
-ai. Não precisa ser grossa também! –rimos
-mas do mesmo jeito, não teve filhos –ele sorriu
-é... mas achei que Justin fosse assinar de uma vez –fiz careta
-capaz do Justin até assinar, o problema, é que o advogado dele viajou
-apaputaquepariu! 365 DIAS NO ANO E O VELHO SAI AGORA? –revirei os olhos
-calma –ele riu –está tudo em andamento –bufei.
-ei, sabia que tem olhos lindos? –ele perguntou chegando mais perto. Quando digo mais perto, quero dizer, BEM mais perto.
-henrique, você tem três segundos pra se afastar de mim antes que eu te deixe banguela –disse calma. Ele se afastou rindo
-preferi arriscar –revirei os olhos
-e quase leva um murro –me levantei rindo. Talvez tenha sido brincadeira mesmo.
-ei, vou nessa –disse rumando a porta
-te levo –ele disse pegando as chaves do carro
-não, não precisa. Anh... eu vou... vou ao supermercado
-duda, são quase dez horas –ele riu
-e não tem nada pra comer em casa –balancei a cabeça negativamente –tchau –disse, e antes que pudesse ouvir qualquer argumentação, bati a porta.
Não, eu não queria ir ao supermercado.
Só andar.
Coloquei meus fones de ouvido, junto ao celular no bolso de trás do short e fui caminhando as ruas escuras ouvindo ‘’nosso pequeno castelo’’ .
Onde ouvi? Brasil, claro. É, na minha lua de mel consegui tirar proveito de algumas coisas. Mas além de tudo, o que essa música me lembrava?
Ele. Como não? Quando de manhãzinha estávamos sentados em meio ao lençóis macios e brancos, ele de frente pra mim com o violão, enquanto eu só sorria feito uma otária, tentando manter a alça fininha da camisola presa, já que ela insistia em cair. Ele cantava com aquela voz aveludada, capaz de levar qualquer uma ao delírio –embora, ele nunca tenha dado brechas de ser um músico na escola, porque achava coisa de boiola –ele dedilhava as notas, cantando em um português completamente embaralhado e...
PARA TUDO, quem foi o energúmeno que me derruba no chão quando eu to filosofando.
-CACETE. Por que não jogou a mãe no chão? –perguntei ainda sentada
-porque ela está em paris, e de qualquer jeito, ela me daria uma surra se assim fizesse –ouvi a voz rouca rir. Corei na hora. Ele estendeu a mão, assim que segurei-a, ele me puxou.
-por que está coradinha? Pensando em mim, de novo? –ele riu mais uma vez. Bufei.
-tchau –tentei passar por ele, mas foi em vão.
-ei, sabe que é perigoso andar por aí essa hora. –ele disse
-não é perigoso.
-perigoso pra outras pessoas –rimos
-achei que só fosse ouvir isso no colegial
-você não muda –ele sorriu de lado. –vem em casa? –juntei o cenho
-ta bêbado? –perguntei
-não, é só que Chaz vai pra lá. Vamos ter a noite dos machos –ele riu
-OH, EU TOPO! –pulei. Justin sabe que eu me divertia mais nas noites dos machos do que as festas do pijama das meninas.
-então, vem! –ele disse me estendendo a mão. Pensei várias vezes, mas a vontade falou mais alto